TRISTE FIM
Decadência do ex-garoto propaganda do imperialismo dos EUA transforma despedida do "Garanhão Italiano" num show deprimente
- por André Lux, crítico-spam
É um pouco chocante testemunhar nas telas a decadência, tanto física quanto artística, do canastrão Sylvester Stallone. O ex-fortão, que outrora foi um dos mais orgulhosos garotos-propaganda das políticas imperialistas de extrema-direita dos EUA nos cinemas, transformou-se hoje em um sessentão perdido e esquecido.
Sem muitas opções para tentar recuperar o velho prestígio e os dólares, resolveu ressuscitar o personagem do boxeador Rocky Balboa, que lhe rendeu um inacreditável Oscar de melhor filme em 1976 (para você ver como devemos levar a sério esse tipo de premiação da indústria cinematográfica estadunidense), dividendos generosos e uma série com cinco filmes progressivamente piores.
Nessa suposta despedida do “Garanhão Italiano” (nunca diga nunca em Hollywood, que ninguém fique surpreso se amanhã aparecer um "Rocky no Espaço"...), Stallone não tem muito o que fazer, exceto passar metade do filme repetindo o mote do bobo-bonzinho que deu o tom aos dois primeiros filmes da série - isso antes de Rocky virar o “Rambo dos Ringues” na parte III e IV, aonde ele chega a desbancar, enrolado na bandeira dos EUA, um monstruoso boxeador comunista, cujas cenas em que devorava criancinhas certamente foram cortadas na última hora.
Já na parte final, repete as manjadas seqüências de treinamento e da luta propriamente dita, agora contra o atual campeão mundial de pesos-pesados (30 anos mais jovem), que é interpretado por um sujeito franzino e sem graça, que de peso-pesado não tem nada. De tão inverossímil, tudo acaba ficando até desfrutável. Ao menos a música do veterano Bill Conti continua empolgante, embora reciclada.
Stallone sabe como manipular sua platéia, injetando altas doses de sacarose (nas lamentações à esposa morta e no seu indefectível olhar de peixe-morto) e de frases feitas dignas do que existe de pior na literatura de auto-ajuda (principalmente no relacionamento entre pai e filho) que seriam intragáveis, não fosse a sua sinceridade macarrônica - o ator/diretor/roteirista realmente tem fé naquilo tudo, coitado!
Mas acima de qualquer outra coisa, impressiona e deprime a presença física do ator, completamente deformado e inchado (provavelmente pelo excesso de anabolizantes ingeridos durante sua vida), o que acaba transformando “Rocky Balboa” num show triste e melancólico, de fim de carreira mesmo - no pior sentido que o termo possa significar. Chegou a me provocar lágrimas, confesso. Afinal, em tempos de alienação e ignorância, eu também torcia empolgado pela vitória dos Rambos e Rockys da vida em favor do "american way of life"...
Felizmente, hoje em dia essa ladainha não convence mais ninguém. Sem dúvida, um triste fim.
Cotação: * * 1/2
10 comentários:
todo mundo envelhece um dia cara, vc acha que um dia vc também não ficar 'acabado?' sua critica não teve nenhum sentido técnico, vc apenas jogou lama porque ele é um simbolo americano.
O problema do Rambo é que ele ficou assim acabadão e deformado de tanto tomar anabolizantes. Quanto a ele ser um "símbolo americano", triste o país que tem símbolos como esse, não?
andré, infelizmente suas criticas não avaliam nenhum aspecto técnico,pois vc julga os filmes como sendo propaganda do 'regime imoperialista americano', então vc já vai com a inteção de massacrar os caras, com certeza stallone não é um bom ator, mas estes tipos de filmes são feitos apenas para o divertimento, ou vc achar que alguém tá ligando se rocky tá segurando uma bandeira americana, brasileira, ou japonesa, vc acha que faz alguma diferença?
Jardel, eu avalio sim qualidades técnicas do filme em questão, como a trilha do Bill Conti. Não falo de outras por entender que não há mais nada que mereça ser comentado.
Minha opção por destacar mais a ideologia contida em filmes como esse é pessoal, pois entendo que filmes como Rocky e Rambo são feitos para ajudar a disseminar a industria cultural e o modo de vida estadunidense mundo afora e, claro, lucrar alguns milhões para os bolsos de seus autores.
Se você não percebe isso, não é culpa minha.
mas vc não que isso é normal, por exemplo, se o brasil fosse a maior economia do mundo e tivesse a maior indústria cinematográfica do mundo, vc acha que as superpruduções brasileiras não iriam exaltar(mesmo que indiretamente), as glórias brasileiras? vc acha que não haveria nos filmes brasileiros a ilusão de que o nosso exercito é repleto de hérois? o cinema americano mostra isso por causa que o eua é a maior industria cinematográfica do mundo, mas eu tenho certeza que qualquer pais faria a mesma coisa, isso se chama 'puxar a sardinha para o seu lado' vc não concorda?
Se a indústria cultural brasileira produzisse filmes de propaganda ridículos como os Rambos ou Rockys da vida eu meteria o pau neles da mesma forma.
Essa foi, sem medo de errar, a pior crítica já feita na história das críticas.
É a glória!
Ah sim. O filme retrata o estadunidense de vida. Pois sim. Tanto assim que o sujeito acaba sem a mulher, situado numa classe média baixa após viver a riqueza. Pois então né... Acho que o fanatismo em ver tudo de cabeça pra baixo atrapalha o julgamento de um EXCELENTE filme, não? Ô crítica meia boqueta...É fácil falar mal de Rocky. É legal falar mal também, falar bem não tem graça né? Um belo filme. Assistam que vale a pena, e nem é preciso asssitir aos anteriores para pegar a bela mensagem e acompanhar o grande sujeito Rocky.
Crítica (crítica?) absolutamente incoerente. Ao mesmo tempo que o crítico (crítico?) quer trespassar a todo custo a idéia de que os estadunidenses e seu regime compõem o câncer da terra (o que, à evidência, não é assim. O ser humano é mil vezes mais respeitado na sua dignidade nos EUA de Bush do que no Brasil de Lula, o que demonstra que o problema é mais embaixo, não na superficialidade de regimes de governo), critica o filme em razão do protagonista não ter atingido o american way of life e acabar "pobre". Isso é um desserviço pra quem gosta de cinema. O filme vale muito a pena de ser visto, revisto e comprado. Personagem extraordinário, interpretado magistralmente por Stallone - o que os falsos intelectuais de plantão (talvez o crítico seja um deles) já repudiam de plano, emociona e passa belas sensações. E o filme fica muito tempo depois de ter sido visto. Assistam, por favor. E venham aqui opinar!
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