Outros filmes do diretor Eggers sofrem do mesmo defeito: são desnecessariamente obscuros, modorrentos e pretensiosos
- por André Lux, crítico-spam
Fazia tempo que não via um filme tão chato e equivocado como
esta releitura de “Nosferatu” dirigida pelo cineasta Robert Eggers, que vem se
especializando no gênero terror e virou queridinho da crítica. Porém, o único
filme dele que me agradou foi “O Farol”. Os outros sofrem do mesmo defeito
deste: são desnecessariamente obscuros, modorrentos e pretensiosos.
Como todo mundo já sabe, o “Nosferatu” original é um filme
mudo dirigido por Murnau em 1922. Na verdade, era para ser uma adaptação de “Dracula”,
de Bram Stoker, mas quando os realizadores não conseguiram os direitos da obra,
simplesmente mudaram o nome dos personagens e algumas situações, o que gerou um
processo movido pela viúva do escritor e na quase destruição total da película
(felizmente algumas cópias sobreviveram). A mesma história foi novamente
adaptada por Werner Herzog em 1979, com Klaus Kinski no papel título.
Agora é a vez de Eggers fazer a releitura do original e, rapaz,
ele falhou feio desta vez. Ele erra em alguns elementos que deveriam ser primordiais
para o sucesso da empreitada. A começar pela fotografia que, embora tenha
vários planos bonitos, é escura ao ponto de simplesmente ser impossível ver o
que se passa na tela grande parte do tempo. Uma coisa é ser sombrio e
contrastado, outra é ser um completo breu. O cineasta também abusa de
movimentos de câmera repetitivos que saem do nada e chegam a lugar nenhum, em uma
tentativa “artística” de gerar medo.
O roteiro também não traz nada de novo ao gênero, ou seja,
quem já leu o livro ou viu as inúmeras adaptações cinematográficas de “Drácula”
vai ficar entediado e até irritado por causa da edição modorrenta do filme. O
personagem feminino principal não tem qualquer nuance ou arco. Ela já começa o
filme totalmente histérica e não tem para onde ir, o que obriga a atriz
Lily-Rose Depp a gritar, espumar e rolar pelo chão de forma cada vez mais
ridícula e descontrolada, ao ponto de gerar risos na plateia. Perto dela, a
menina de “O Exorcista” parece calma.
Nem mesmo o coitado do Willem Dafoe escapa da canastrice geral, fazendo o caçador de vampiros que deveria ser o Van Helsing do original, e também se perde numa atuação caricata na qual ainda tem que proferir ataques contra a ciência em favor de um misticismo tosco, algo muito inadequado para os dias de terraplanismo em que vivemos.
Mas a âncora que afunda de vez o filme é personagem título, em uma caracterização ridícula feita por Bill Skarsgard, com direito a bigodão estilo Leôncio do Pica-Pau, cujo sotaque extremamente carregado me fez lembrar do Drácula da animação “Hotel Transylvania”, do Adam Sandler.
Para piorar, o diretor
parece que ficou com vergonha do seu Nosferatu e o deixa escondido a maior
parte do filme, chegando a desfocá-lo em primeiro plano, algo que consegue
apenas gerar irritação pois dá a impressão que a projeção está fora de foco!
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Nosferatu e Drácula do Adam Sandler: separrrrrrradossssss no nasssssscimentooooooo |
A trilha musical de um tal de Robin Carolan é fraca e repleta de clichês do gênero terror. Basta comparar com a música sensacional composta por Wojciech Kilar para o “Drácula” de Francis Ford Coppola. Por sinal, é impossível não comparar “Nosferatu” com a exuberante obra de Coppola e o novo perde feio, mas muito feio, em todos os quesitos.
Enfim, uma grande perda de tempo que não merece os elogios
que vem recebendo por aí. Novamente estão julgando um filme pelo que ele
deveria ser e também pela pretensão de quem o dirigiu e não pela obra em si
que, diga-se de passagem, é uma bela porcaria.
Cotação: *
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