Nada faz sentido neste filme grotesco que acaba sendo um desserviço à causa feminista que pretende defender
- por André Lux, crítico-spam
“A Substância” é mais um daqueles filmes ruins que por
motivos misteriosos vira queridinho da crítica e ganha prêmios nos festivais da
indústria cultural.
Sim, eu entendi a MENSAGEM do filme de criticar a ganância
dos executivos dessa mesma indústria cultural, que desprezam as mulheres depois
que chegam à maturidade em sua ânsia por lucrar em cima dos corpos perfeitos
das jovenzinhas. Essa lógica é concentrada num personagem extremamente caricato
vivido por Dennis Quaid.
Mas mensagens não garantem a qualidade de uma obra de arte,
por mais bem intencionada que seja. E aqui essa pretensão de criticar a
ditadura da beleza é rasa como uma poça de água já que, em momento algum, toca
na real causa dela: o capitalismo.
Criticar essa realidade sem enfiar o dedo na ferida do modo
de produção capitalista, que busca o lucro acima de tudo e de todos, não faz
sentido. Por isso “A Substância” vira apenas uma colcha de retalhos de clichês
de filmes de terror “gore”, apelando a todo momento para lente grande angular, efeitos
especiais nojentos, sangue e vísceras, virando uma espécie de “A Mosca” encontra
“O Enigma de Outro Mundo” – dois excelentes filmes do gênero.
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Demi Moore virando A Coisa |
Sobra para a coitada da Demi Moore ficar o tempo todo fazendo caras e bocas, enquanto tem seu corpo cada vez mais coberto com maquiagem grotesca ao ponto de virar um monstro no fim do filme. Por sinal, a conclusão é simplesmente ridícula, digna de risos, ainda mais porque é levada a sério. Faria sentido se, no fim, descobríssemos que tudo não passou de um pesadelo ou delírio da protagonista, mas como isso não acontece não dá pra acreditar que aquela figura monstruosa não provoque reações de nojo nas pessoas, que inclusive a aplaudem.
O roteiro é cheio de furos e não explica nem mesmo como
funciona a tal substância, quem está por trás dela e sequer como é comprada. A
atriz que faz a jovem Demi Moore é sofrível e aparece o tempo todo
hiper-sexualizada para atrair atenção, fazendo justamente aquilo que o filme
dizia criticar. E se ela era uma versão jovem da protagonista, como é que
ninguém a reconhecia?
Enfim, nada faz sentido neste filme grotesco que no fim das
contas acaba sendo um desserviço à causa feminista que pretende defender. O
mais triste foi ver Demi Moore perdendo o Oscar de melhor atriz justamente para
uma atriz jovenzinha, confirmando aquilo que o filme critica, mas reforçando
que essa lógica nunca vai mudar enquanto o capitalismo existir.
Cotação: *
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