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quarta-feira, 22 de junho de 2022
“Obi-Wan Kenobi” termina de forma constrangedora
Série ridícula é mais um prego no caixão da franquia Star Wars que a Disney parece estar disposta a enterrar
- por André Lux
Termina de forma patética essa série que obviamente foi
produzida sem o menor cuidado por gente que não conhece Star Wars com uma única
intenção: espremer a franquia o máximo possível no menor tempo disponível.
Chega a ser constrangedor ver bons atores como Ewan McGregor,
Jimmy Smiths e Liam Neeson (numa rápida
e inútil aparição) em algo tão ruim e mal feito. Se fosse só isso nem teria
tanto problema, todavia essa série ainda arrebenta com a continuidade do que
foi visto antes na trilogia original e nem mesmo tenta arrumar desculpas para
isso. Quer dizer então que a princesa Leia teve essa emocionante aventura
com o mestre Jedi Obi-Wan Kenobi e dez anos depois manda uma mensagem impessoal
a alguém que “lutou ao lado de seu pai nas guerras clônicas”? Ninguém merece!
Novamente vemos um duelo entre Obi-Wan e Darth Vader que não
apenas é pessimamente dirigido e coreografado, mas não tem peso algum e
apresenta uma série de situações simplesmente ridículas, tais como o vilão virando
as costas e saindo depois de soterrar Kenobi com um monte de rochas e depois
Kenobi fazendo o mesmo quando Vader estava praticamente derrotado, inclusive
com a máscara destruída (o que foi copiado descaradamente da série “Rebels”). “Ah,
tudo bem, vou deixar ele aí para morrer, né?”, certamente pensou o Jedi. Claro
que vai dar certo, afinal deu certo da outra vez que deixou ele queimando na
lava, não é mesmo?
E que porcaria é essa tal de Reva? Não bastasse ser
interpretada por uma atriz péssima, é uma personagem ridícula que age de forma totalmente
incoerente e tem motivações que não fazem o menor sentido. Sem dizer que
certamente é imortal, afinal foi atravessada no peito pelo sabre de luz de Darth
Vader, mas continuou correndo por aí apenas com um leve desconforto. Lembrou-me
do Cavaleiro Negro do hilariante “Monty Python em Busca do Cálice Sagrado” o qual,
depois de ter seu braço decepado pelo Rei Arthur, brada: “Não foi nada, apenas
um ferimento leve!”. E como foi que ela conseguiu sair daquele planeta e viajar
até Tatooine se não havia nenhuma nave naquele lugar onde foi abandonada?
O mais ridículo é ver os produtores da série tentando criar
suspense e tensão com cenas de perseguição contra personagens que todo mundo
sabe que NÃO VÃO MORRER! Outra besteira insuportável: Kenobi é apresentado nos
primeiros episódios como alguém abatido por estresse pós-traumático e desconectado
da Força, incapaz até de mexer um pequeno objeto, porém do nada ele
simplesmente começa a lutar, segurar inundações e levantar pedras enormes numa
boa, como se nada tivesse acontecido. Como assim?
A reação dos fãs tem sido tão negativa que tentaram salvar
alguma coisa neste episódio final – chegaram até a finalmente usar os temas
clássicos compostos por John Williams! Porém, é muito tarde e não tinha mesmo
como arrumar o que já havia sido filmado e tudo termina de forma grotesca. “Obi-Wan
Kenobi” acabe sendo apenas mais um prego no caixão da franquia Star Wars que a
Disney parece estar realmente disposta a enterrar. Lamentável.
Cotação: *
quarta-feira, 15 de junho de 2022
Quinto episódio de “Obi-Wan Kenoby” é o melhor até agora
Mas a série continua ruim e não tem a menor razão de existir do ponto de vista dramático
- por André Lux
Depois de quatro episódio desastrosos (o quarto não vale a
pena nem comentar de tão ruim), a série “Obi-Wan Kenoby” apresenta seu melhor capítulo
até agora. Não que isso seja um grande elogio, mas perto dos outros até que deu
para gostar de alguns elementos.
As besteiras, situações ridículas, furos no roteiro e incongruências
com o que foi visto antes nos filmes continuam e são tantos que dá para escrever
um livro sobre eles, mas algumas pontas soltas foram ao menos parcialmente
explicadas (como o fato da Terceira Irmã saber que Anakin é Darth Vader e o
mesmo ter deixado ela viva no episódio anterior). Os diálogos são menos
constrangedores e algumas cenas de ação e luta parecem menos letárgicas.
Há um flashback de duelo entre Kenobi e Anakin rejuvenescidos
por CGI na época das prequels que gera uma certa nostalgia positiva, por mais
que estes filmes sejam sofríveis e seria melhor esquecer que existem.
Todavia, a direção de Deborah Chow continua péssima, algumas
tomadas aparentam ter sido feitas sem qualquer empenho e Obi-Wan insiste em
agir como um completo imbecil, muitas vezes atuando tal qual um covarde - chega
ao ponto de deixar uma mensagem comprometedora contra Luke e Leia nas mãos de
um notório vigarista!
Irrita também o fato de não usarem os temas clássicos de
John Williams nem mesmo quando a série clama por eles, principalmente com Vader
em cena! A série certamente seria bem menos sofrível se tivesse uma música
melhor e que fizesse uso dos temas canônicos interpolados ao material novo. Pelo
visto a Disney não quer pagar direitos autorais ao Williams, pois só isso
explica uma decisão estúpia como essa.
Enfim, a série continua muito ruim e não tem a menor
razão de existir do ponto de vista dramático simplesmente porque sabemos de
antemão que nenhum dos personagens principais vai morrer, já que estão todos vivos
e passando bem no episódio IV da trilogia original.
“Obi-Wan Kenobi” é só mais um tiro no pé que a Disney dá em
relação à franquia criada por George Lucas e vai continuar agradando apenas os
fãs menos exigentes, do tipo que tem orgasmo com qualquer porcaria desde que
traga o título Star Wars atrelado a ela.
Cotação: **
sexta-feira, 3 de junho de 2022
Episódio 3 de “Obi-Wan Kenobi” traz luta patética entre o protagonista e Darth Vader
Série péssima continua desrespeitando a mitologia da saga e
consegue transformar até o icônico vilão num idiota incompetente
- por André Lux
Terminei minha análise dos episódios 1 e 2 de “Obi-Wan
Kenobi” dizendo que a série poderia melhorar, mas infelizmente não vai. O terceiro
é igualmente ruim, desconjuntado, desrespeitoso com o que foi visto antes nos
filmes e consegue transformar até o icônico Darth Vader num idiota incompetente.
Isso mesmo!
O episódio começa com Kenobi e Leia chegando a um planeta
aleatório e, depois de uma série de incidentes tediosos onde o Jedi age
novamente como um completo imbecil, eles são salvos por uma mulher que vai
levar ambos para fora do planeta. Mas, os Inquisidores descobrem que eles estão
lá e enviam sondas e o próprio Darth Vader vai atrás de Kenobi.
Isso já levanta várias questões: por que demoraram tanto
para descobrir o paradeiro deles, afinal a nave onde estavam era um cargueiro e
certamente tinha um plano de voo bem fácil de alcançar, certo? E por que
simplesmente não pegaram a nave antes mesmo de deixar a atmosfera ou
imediatamente no momento que chegou ao destino? O Império ficou sem radares e
naves por acaso? Esses tipos de furos no roteiro só existem para tentar causar suspense,
porém falham miseravelmente e revelam apenas incompetência e preguiça dos
autores.
As cenas em que Vader aparece são as melhores, porém quando
começa o inevitável confronto entre ele e Kenobi tudo fica constrangedor. A
coreografia da luta é bisonha e a música é simplesmente patética, nem mesmo
utilizam o tema de Vader, da Força ou qualquer outro que lembre minimamente
Star Wars. Uma vergonha!
Vader domina Obi-Wan com uma facilidade que dá pena e ele só
não vira churrasco porque o vilão desiste no meio da tortura e o joga longe,
dando assim chance para que um personagem aleatório provoque um pequeno caos
que permite o resgate do Jedi. Mas, olha, essa cena é ridícula, pois o
todo-poderoso Darth Vader, que está a poucos metros do seu ex-mentor do qual
sente ódio monstruoso, simplesmente fica parado olhando ele ser levado por um
robô lento quando poderia facilmente atravessar o fogo, flutuar sobre, dar a
volta rapidamente, apenas pegar os dois com a Força e trazê-los até ele ou
simplesmente APAGAR O FOGO COM A FORÇA COMO ELE MESMO TINHA FEITO MOMENTOS
ANTES!
Darth Vader: "Fale com a mão" |
Claro que não fez nada disso e ficou lá parado como um pateta porque a série precisa continuar e vão obviamente fazer os dois lutar novamente mais à frente. Então, dane-se qualquer lógica ou respeito à mitologia dos personagens canônicos. O mais importante é esticar ao máximo possível a metragem da produção para gerar lucro aos acionistas da Disney.
Cotação: *1/2
quarta-feira, 1 de junho de 2022
Episódios 1 e 2 de “Obi-Wan Kenobi” apontam para mais um desastre produzido pela Disney
É triste ver Star Wars sendo destruída por uma corporação que tem como único objetivo ganhar dinheiro sem qualquer preocupação com a qualidade
- por André Lux
A Disney parece mesmo determinada a destruir a franquia Star
Wars produzindo incontáveis séries, filmes e subprodutos sem qualquer
preocupação com a qualidade e até mesmo com a própria mitologia da saga.
Depois da problemática trilogia “sequel” (episódios 7, 8 e 9
da história principal), a Lucasfilm concentrou sua produção em séries para seu
canal de streaming que vem variando do medíocre (“O Mandaloriano”) ao
simplesmente ridículo (“O Livro de Boba Fett”).
Chega agora a mini-série “Obi-Wan Kenobi” que se passa dez
anos depois dos eventos narrados no grotesco “Episódio 3: A Vingança dos Sith”,
certamente o pior filme da saga. Acompanhamos agora Kenobi vivendo exilado no
planeta Tatooine (lá de novo!) enquanto observa o menino Luke Skywalker e é procurado
por Inquisidores do Império que caçam Jedis sobreviventes.
É uma premissa até interessante, mas os dois primeiros episódios
já deixam claro que tudo será arruinado por roteiros ridículos, direções pífias,
atores canhestros perdidos em personagens rasos e caricatos, efeitos especiais
fracos e trilha musical genérica (crime dos crimes em se tratando de Star
Wars), onde até mesmo o tema principal composto pelo mestre John Williams soa sem
inspiração.
Ewan McGregor retorna ao papel de Kenobi catatônico, abatido
e desprovido de motivações. Ora, uma coisa é ele estar traumatizado pelos fatos
trágicos que levaram à queda de seu pupilo Anakin e pela ascensão do Império,
outra é agir como alguém que parece estar morto por dentro, sem qualquer
sentido de vida. Mas não foi ele quem quis ir para o planeta deserto justamente
para proteger Luke a fim de um dia poder treiná-lo e restaurar a ordem Jedi? No
mínimo Kenobi estaria em constante movimento, aprimorando suas habilidades Jedi
para essa missão. Mas, não. O que vemos aqui é um chato de meia idade se
arrastando como um zumbi pelo deserto...
Se não bastasse isso, o personagem age de forma incoerente
com o que foi mostrado antes, tomando decisões burras, se expondo
desnecessariamente ou simplesmente apanhando de vilões que ele deveria derrotar
com um simples aceno de mão. Chega a irritar a estupidez dos roteiros que ainda
por cima são repletos de furos e batem de frente com o que foi apresentado nos
filmes. Enfiaram até a coitada da princesa Leia no enredo como uma criança de
10 anos irritante e mimada.
Pode ser que melhore? Pode, mas sinceramente eu duvido. É
realmente triste ver uma franquia tão bacana e amada como Star Wars sendo
literalmente destruída em pedaços por uma corporação que tem como único
objetivo ganhar dinheiro tirando leite de pedra sem qualquer preocupação real pela
qualidade dos produtos.
Cotação (Episódios 1 e 2): *1/2
domingo, 20 de fevereiro de 2022
Chato e desconjuntado, “Mães Paralelas” ao menos tem mensagem contra o fascismo
A única cena que passa alguma emoção é a derradeira, uma denúncia dos horrores da guerra civil espanhola contra o fascista general Franco
- por André Lux
“Mães Paralelas” é mais um filme chato, desconjuntado e
modorrento do cineasta Pedro Almodóvar, queridinho da crítica especializada e
de cinéfilos pomposos, que faz tempo não produz nada que realmente tenha a
qualidade de alguns de seus trabalhos antigos.
A única cena interessante e que passa alguma emoção é a
derradeira, uma denúncia dos horrores da guerra civil espanhola contra o
fascista general Franco, porém é tão desconectada do resto do filme que
praticamente passa em branco.
Sobra então assistir uma trama tola e arrastada sobre duas
mães que dão à luz no mesmo dia e se envolvem de forma nada convincente
enquanto um mistério acontece envolvendo os bebês delas. Mas o suspense é muito
mal construído e quando vem a revelação do que realmente aconteceu não tem
qualquer impacto. A trilha musical é exagerada e às vezes descamba para o
terror sem a menor lógica.
O elenco é fraco, com Penélope Cruz novamente tentando em
vão parecer uma mulher linda e exuberante, enquanto a atriz que faz a outra mãe
é simplesmente pavorosa. Ao menos nem todos os homens no filme são apresentados
como estupradores abusivos: Arturo é apenas um adúltero que tenta forçar a
protagonista a abortar, o que é um avanço no caso de Almodóvar, não é mesmo? As
mulheres, porém, são retratadas como descontroladas, possessivas e sofredoras como
sempre.
A mensagem contra o fascismo é sempre bem-vinda, mesmo sendo
tão frouxa e mal amarrada. Por causa disso “Mães Paralelas” ganha uma estrela a
mais. Claro que ninguém em sã consciência pode falar mal de Almodóvar caso
contrário será xingado e cancelado. Ainda bem que eu nunca tive essa tal de sã
consciência...
Cotação: * *
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
“Matrix Resurrections”: Wachowski trola os fãs e dá um tiro no pé da franquia
Boas ideias são desperdiçadas em roteiro fraco e
precariedade técnica, algo que entra em conflito gritante com a trilogia
original
- por André Lux
Expectativa é tudo quando se trata de apreciar um novo filme
que pretende dar continuidade a uma franquia bem sucedida. Foi assim com Star
Wars. É assim com Star Trek. E não poderia deixar de ser com Matrix. Ou seja, é
praticamente impossível para qualquer apreciador assistir ao novo produto sem
trazer consigo a bagagem de tudo que veio antes.
O primeiro filme data de um longínquo 1999 e revolucionou a
sétima arte em termos de novas tecnologias de filmagem, efeitos especiais e incorporação
de diversos aspectos da cultura pop e filosóficos em uma única obra. Visto
hoje, o “Matrix” original continua impressionante, porém seu impacto jamais
será o mesmo para quem o assiste pela primeira vez agora, haja visto as
centenas de imitações que vieram na sua esteira. Os efeitos e truques de
filmagens que na época eram inovadores, hoje parecem meros clichês.
Até mesmo as duas continuações, “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”,
falharam em impressionar e muita gente simplesmente não gostou porque os
realizadores, os irmãos Wachowski, subverteram as expectativas e fecharam a
trilogia de forma bem diferente do que se esperava do clichê da “jornada do
herói”. Eu fui um dos poucos que realmente sacaram as intenções dos dois filmes
e gosto deles até hoje, mesmo reconhecendo seus defeitos (leia aqui minha análise da trilogia).
Chega agora, 20 anos depois de “Revolutions”, a quarta parte
da franquia, intitulada “Matrix Resurrections”. A grande pergunta sobre o filme
é: por que foi feito? E a resposta está no próprio longa, em uma das várias tiradas
sarcásticas que os roteiristas inventaram para rir de si mesmos: porque a Warner
Brothers, detentora dos direitos, iria dar sequência à franquia com ou sem a
participação de seus criadores, que hoje são duas mulheres transexuais Lana e
Lily Wachowski (antes Larry e Andy), embora somente Lana aceitou participar da
produção de “Resurrections”.
Já que foi forçada a fazer a nova sequência contra sua
vontade, a cineasta optou por sabotar seu próprio filme. Embora “Revolutions”
tenha fechado a trilogia original sem deixar muitas pontas soltas para uma
continuação, obviamente o universo de Matrix poderia ser explorado de inúmeras
formas, mas Lana optou pelo caminho mais fácil: fazer uma espécie de reboot do
primeiro filme ao mesmo tempo que dá sequência aos eventos do último, algo que
está na moda hoje em Hollywood e quase sempre resulta em fracasso junto aos
fãs.
“Resurrections” é uma colcha de retalhos que mistura boas ideias,
nostalgia e soluções simplistas. Mas são as duas últimas que predominam e as
(poucas) premissas interessantes são desperdiçadas e não chegam a lugar algum.
A melhor coisa acaba sendo o primeiro ato, quando Neo, novamente preso à
Matrix, começa a perceber que algo está errado quando é obrigado a fazer uma
continuação da série de videogames de sucesso chamado, bem... Matrix. E aí Wachowski
aproveita para alfinetar a lógica corporativa que quer tirar leite de pedra
dessas franquias, ao mesmo tempo que ironiza a falta de entendimento do público
médio sobre os reais significados de Matrix.
É uma pena que tudo isso seja esquecido a partir do segundo
ato que vira uma mera releitura do que já foi visto (inclusive com várias
inserções de cenas dos filmes anteriores), com os personagens repetindo o que
já foi feito, só que sem a menor vibração, suspense ou emoção. Keanu Reeves
nunca foi um bom ator, mas aqui está catatônico, sussurrando seus diálogos como
se estivesse... prestes... a... ter... um... ataque... de... cólica... intestinal. O resto do elenco é fraco e parece saído de uma série para adolescentes
da Netflix. No terceiro ato alguns diálogos mais profundos melhoram a
experiência, mas ainda é muito pouco perto do que já foi mostrado antes.
O que mais chama a atenção, além do roteiro fraco e sem qualquer
inspiração, é a precariedade técnica do filme, algo que entra em conflito gritante
com a trilogia original: lutas coreografadas de modo apressado, perseguições simplórias
e efeitos visuais capengas. Fica evidente que faltou dinheiro e certamente a
pandemia da Covid-19 atrapalhou bastantes as filmagens. No final das contas,
parece um filme feito por algum fã de Matrix.
Já vi duas vezes “Matrix Resurrections”. Na primeira algumas
passagens chegaram a me deixar constrangido. Na segunda achei menos ofensivo,
certamente porque já estava sem qualquer expectativa. Infelizmente não é por
isso que o filme deixa de ser fraco, apenas fica mais tolerável. E novamente a
gente se pergunta: por que diabos fizeram esse filme? Embora a resposta seja
óbvia, fica difícil de entender porque deixaram ser realizado dessa forma, já
que é uma clara trolagem contra o estúdio e os fãs que já estão enfurecidos
xingando o filme nas redes sociais e nos canais de youtube. Ou seja, mais um
tiro no pé - só que em “bullet time”...
Cotação: **
domingo, 24 de outubro de 2021
Novo “Duna” é um prato requintado que vai agradar quem procura ficção científica de qualidade
Filme é extremamente bem realizado, repleto de nuances e inflexões narrativas que captam a rica essência da obra original, porém com voz própria na linguagem cinematográfica
- por André Lux
Sou grande admirador da saga “Duna”, criada pelo escritor Frank
Herbert a partir de 1965 e que influenciou diretamente um sem número de outros
produtos começando com “Star Wars”, passando por “Matrix” e até “Game of Thrones”,
a qual descobri a partir da adaptação feita por David Lynch para os cinemas em
1984. Versão essa que tinha inúmeros problemas e fracassou nas bilheterias,
porém possuía também qualidades, entre elas um elenco formidável, além de desenhos de produção, figurino e de criaturas sensacionais, sem falar da música
competente do grupo Toto (veja aqui minha análise das adaptações de "Duna" anteriores).
Confesso, portanto, que sempre tive grande dificuldade de
aceitar outra versão de “Duna” para as telas tão ligado que sempre fui ao filme
de 1984. Foi assim com a minissérie da Sci-Fi realizada no ano 2000 que embora
fosse muito mais fiel à obra original, foi feita com parcos recursos
financeiros e tinha um visual risível, parecendo muitas vezes desfile de escola
de samba.
Chega então a última adaptação do livro gigantesco de
Herbert, desta vez realizada por Dennis Villeneuve, cineasta brilhante que tem
feito ótimos filmes (meu favorito é de longe “A Chegada”), um verdadeiro artista
que, a exemplo do que foi Ridley Scott no passado, transforma cada fotograma em
verdadeiras obras de arte. E “Duna” não é diferente. O filme é um espetáculo deslumbrante
(e por isso exige ser visto ao menos uma vez nas telas dos cinemas), com
fotografia e efeitos visuais de tirar o fôlego sempre acompanhadas por um senso
de escala que impressiona. Os desenhos de produção e figurinos vão na direção
oposta do barroco colorido do longa de Lynch, apostando em linhas retas e
curvas sóbrias dignas da arquitetura contemporânea.
O mais interessante no meu caso é que não gostei muito do
filme na primeira vez que assisti (no Imax). Embora tenha achado o visual sensacional,
tive dificuldades em entrar na proposta da nova adaptação. Culpa disso
certamente foi o meu apego ao “Duna” de 1984 e também ao extenso conhecimento do
livro e suas tramas políticas complexas e intrincadas. Certamente se tivesse
escrito minha análise depois dessa primeira experiência ela seria
majoritariamente negativa. Mas senti que algo não estava correto e fui ver
novamente no cinema. E isso fez toda a diferença!
Já sabendo o que ia encontrar, fui capaz de me distanciar da
versão de Lynch e também do livro e finalmente consegui mergulhar de cabeça.
Nem mesmo a música do abominável Hans Zimmer me incomodou na segunda exibição.
Sim, a sua partitura para “Duna” sofre de quase todos os defeitos do resto do
seu trabalho: é intrusiva, simplória, pesada, opressiva e ensurdecedora! Porém,
me arrisco a dizer que mesmo assim essa provavelmente é sua melhor trilha pois,
a despeito dos problemas, possui alguns momentos inspirados e até impactantes (dentro
do baixo padrão Zimmer de qualidade, que fique claro).
O roteiro consegue sintetizar bem as grandes questões da
obra de Herbert sem entrar em muitos detalhes e excesso de informações, fatores
que deixaram o filme de 1984 incompreensível para quem não leu o livro. Apesar
de enfurecer os fãs mais puristas, foi uma decisão acertada que deu leveza e
permite um acompanhamento mais fácil por parte do espectador não familiarizado
com o material.
Gostei muito da maneira como Villeneuve se manteve fiel à lógica
do enredo original, no qual o conceito de “messias” e “escolhido” não passa de
maquinações engendradas pelas Bene Gesserit para facilitar a manipulação e
dominação dos povos dos mundos daquele universo, sempre ávidos por crenças religiosas
em seres sobrenaturais. Esse, por sinal, foi o erro mais grotesco da versão de 1984
já que transformou Paul em um messias real com poderes mágicos, algo que
arrebenta com toda a construção do livro.
Filme tem visual impressionante |
Algumas escolhas prejudicam o ritmo da trama, especialmente o
arco que envolve o traidor dos Atreides apresentado aqui de forma muito
apressada, culminando com o ataque dos Harkonnens que parece acontecer apenas poucos
dias após a chegada dos Atreides em Arrakis. O elenco é muito bom, embora
alguns personagens importantes tenham pouco tempo de tela, o que afeta a
composição dos atores, porém não enfraquece a narrativa principal que fica
focada mais em Paul e sua mãe Jessica (aqui bem mais emotiva e insegura do que
no livro).
O filme tem 2 horas e 35 minutos, mas parece menos, o que é
sempre um dos melhores elogios, terminando de forma abrupta no que seria o
início da segunda metade do livro e deixando um gosto de quero mais. O fato da continuação
ainda não ter sido confirmada pelo estúdio aumenta ainda mais a ansiedade pois,
diferente de “O Senhor dos Anéis” cujos três filmes foram filmados
simultaneamente, Villeneuve rodou apenas a primeira parte.
“Duna” é um prato requintado que vai agradar em cheio quem
procura ficção científica de qualidade e sabe apreciar um filme extremamente
bem realizado, repleto de nuances e inflexões narrativas que captam a rica essência
da obra original, principalmente as alegorias ao petróleo, ao cristianismo e islamismo e à ecologia, porém com voz própria dentro da linguagem cinematográfica.
Cotação: ****1/2
domingo, 10 de outubro de 2021
“007 Sem Tempo Para Morrer” pode ser o fim da franquia do personagem
Talvez seja melhor mesmo deixar James Bond morto e enterrado, junto com os valores apodrecidos que ele tão bem representa
- por André Lux
É impossível falar sobre o novo filme do 007 sem fazer uma análise
histórica da franquia, portanto aqui vai (contém spoilers!).
O personagem do agente secreto britânico James Bond, codinome
007, foi criado pelo escritor Ian Fleming em 1953 e gerou a mais longa franquia
do cinema com 26 filmes cujas qualidades variam bastante, do ótimo ao
francamente bisonho.
O problema do 007 é que ele é extremamente datado, um
verdadeiro dinossauro que foi criado na época da guerra fria entre EUA e a
extinta União Soviética cujas características principais eram o machismo e,
claro, a defesa irrestrita do imperialismo ocidental (afinal, é um agente do
MI6 britânico). Ou seja, em linhas gerais era a encarnação perfeita do chamado “macho
alfa” que detona os inimigos do capitalismo enquanto usa e descarta as mulheres
a seu bel prazer.
Essa fórmula funcionou bem até mais ou menos 1985 com o
último filme de Roger Moore interpretando Bond, “007 Na Mira dos Assassinos” (“A
View To a Kill”), mas logo os produtores tentaram dar um upgrade no personagem
em 1987 com “007 Marcado Para a Morte” que eu considero talvez o melhor filme
da série, trazendo o personagem mais próximo da realidade, diminuindo sua
misoginia e deixando a trama menos caricata. O ator Timothy Dalton ficou
perfeito no papel, mas infelizmente fez apenas dois filmes e logo foi substituído
pelo insonso Pierce Brosnan, cujas encarnações de Bond estão entre as piores da
série.
Corta para 2006 e entre em cena então uma nova tentativa de revitalizar a franquia. Inspirados pelo sucesso dos filmes com Jason Bourne, personagem parecido com Bond, porém muito mais realista e mundano, os produtores contratam o feioso Daniel Craig (que lembra muito o nosso Didi Mocó de “Os Trapalhões”) para viver 007 em “Cassino Royale” e criam um ótimo filme, porém cada vez mais distante do personagem original.
O Bond de Craig é inseguro, nervoso e altamente incompetente (o que se justifica no primeiro filme por ele estar estreando no serviço), porém essas características são levadas para todos os outros filmes, fator que irrita os fãs da série.
James Bond e Didi Mocó: trapalhões |
Além disso, a trama do primeiro filme é levada para a continuação “Quantum of Solace”, algo inédito na franquia. Até aí, nada de errado. O problema é que em “Skyfall” (leia aqui minha análise) resolvem abandonar a continuidade, só para a retomarem em “Spectre” (leia aqui minha análise) inventando de forma absurda uma organização do mal capitaneada pelo vilão Blofeld que estaria por trás de todos os eventos dos filmes anteriores.
Chega então “007 Sem Tempo Para Morrer” que já se anuncia
como o último filme da era Craig e o resultado não poderia ser mais decepcionante.
Confesso que não esperava grande coisa depois dos fiascos de “Skyfall” e “Spectre”,
porém é bem pior do poderia imaginar. O longa começa com Bond novamente aposentado
(ele foi substituído por uma mulher, porém isso não tem a menor relevância na trama)
vivendo um grande amor com a personagem feita pela Léa Seydoux (que ao menos
está menos inexpressiva). Mas logo sofrem um atentado e Bond a abandona achando
que ela a traiu.
Temos então a invasão de um laboratório secreto do qual é
roubado um tipo de vírus que pode matar pessoas específicas baseado no DNA
delas. Por trás do roubo está a Spectre que continua sendo comandada por
Blofeld mesmo ele estando preso em segurança máxima (e o filme nunca explica de
forma inteligível como faz isso). Todavia, existe um outro vilão (feito de forma
caricata por Rami Malek) que busca vingança contra a Spectre e quer usar o
vírus para matar Blofeld e, depois, eliminar grande parte da humanidade. Os
motivos dele nunca ficam claros, mas parece que quer dar uma de Thanos, da
série dos “Vingadores”.
Enfim, o roteiro é tolo, a trama não tem pé nem cabeça e é arrastada demais (o filme tem quase 3 horas de duração), a direção é burocrática, as cenas de ação, lutas e perseguições são muito fracas, as motivações dos vilões não fazem sentido e o Bond de Daniel Craig continua incompetente e burro, incapaz de se salvar sem ajuda de outros ou de perceber óbvios traidores.
E se não bastasse tudo isso, ainda inventam uma filha para o 007, recurso que terá efeito dramático praticamente nulo para a trama e só serve para tentar sem sucesso dar mais emoção a perseguições e confrontos. E o que foi aquilo dos membros da Spectre se reunirem todos numa festa em Cuba? Mais uma estupidez do roteiro inventada só para tentar manchar novamente a reputação da ilha, como se lá fosse terra de ninguém.
Não foi boa ideia chamarem o abominável Hans Zimmer para
compor a música de “Sem Tempo Para Morrer”, pois seu “estilo” é completamente errado
para os filmes da franquia que sempre contaram com partituras excelentes,
grande parte delas composta pelo mestre John Barry. Mas Zimmer não chega a
incomodar, criando uma trilha musical banal mas funcional na qual cópia sem
grande talento o que já foi estabelecido na série por Barry e David Arnold. As
melhores faixas acabam sendo as que Zimmer incorpora sem maiores explicações o
tema criado por Barry para “A Serviço Secreto de Sua Majestade” (de 1969), cuja
canção interpretada pelo grande Louis Armstrong encerra o novo filme.
E, para fechar o desastre com chave de outro, resolveram
simplesmente matar James Bond. Isso mesmo: está morto o personagem icônico do
cinema que basicamente era imortal (tanto é que está vivo desde 1953 e já foi
interpretado por seis atores). E nem mesmo uma morte gloriosa o coitado teve,
sendo eliminado de forma idiota por causa de erros que ele mesmo comete! Um verdadeiro
trapalhão esse James Bond.
Vai ser difícil para os produtores da franquia retomarem o
personagem daqui para frente. Primeiro porque o mataram e segundo
porque fica quase impossível manter a fleuma de James Bond viva sem ter que
descaracterizar ele completamente. O que no final das contas pode ser uma boa
notícia, já que realmente não existe mais lugar no mundo para esse tipo de “macho
alfa” sedutor, invencível, imperialista e misógino que encantava certas pessoas
no passado. Talvez seja melhor mesmo deixar James Bond morto e enterrado, junto
com os valores apodrecidos que ele tão bem representa.
Cotação: **
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
"Rambo 3" mostra como os EUA financiaram o Talibã
- por André Lux, crítico-spam
“Rambo III" é sem dúvida o ponto mais baixo da trilogia com o personagem que foi apresentado no primeiro filme (o interessante “First Blood”) como um veterano da guerra do Vietnam desajustado e marginalizado pela mesma sociedade que supostamente defendeu com seu sangue, só para ser transformado em super-herói invencível no segundo capítulo, no qual vence sozinho a guerra que os EUA perderam.
Animado com o sucesso mundial daquela bomba fascista e panfletária da era Reagan, que entre outras ofensas pregava abertamente em favor da interferência direta dos EUA no assunto de países soberanos, o brucutu Sylvester Stallone resolveu ir mais além entrando no conflito que estava ocorrendo no Afeganistão, que na época havia sido invadido pela extinta União Soviética.
Rambo então deixa a batina e vai para aquele país quente e repleto de barbudos mal-encarados a fim de resgatar seu colega militar e, de quebra, destruir sozinho e com um estoque aparentemente infinito de flechas explosivas o abominável exército vermelho - o qual, depois de uma sessão de tortura contra inimigos, ataca aldeias miseráveis por esporte, matando cruelmente inclusive criancinhas indefesas (na certa para comê-las no jantar).
Também é inútil enumerar todos os clichês deploráveis e preconceitos que pipocam na tela a cada cinco segundos, particularmente aqueles que nos ensinam o quanto são malvados e pervertidos os comunistas e também como são ineptos e atrasados os afegãos (no caso representando qualquer povo que use turbante) frente à superioridade moral, tecnológica e estratégica dos ocidentais. Pior que tem gente que acredita nesse tipo de ladainha racista até hoje.
Só que agora com a desculpa de ser uma "guerra contra o terror" para capturar o terrorista Osama Bin Laden – que, vejam só que ironia, em “Rambo III” podia ser muito bem um daqueles rebeldes Mujahadin do Talibã financiados e armados pelos EUA que ajudam o herói a derrotar os soviéticos!
O absurdo chega a níveis gritantes quando lembramos que o "engajado" Stallone ainda fez questão de incluir a seguinte frase na conclusão da sua obra: "Esse Filme é Dedicado ao Valente Povo do Afeganistão". Como se vê, até o incorruptível Rambo tem "dois pesos e duas medidas". Seria risível se não fosse tão trágico...
Mas, para espanto geral e graças a atual política bélica e reacionária de Bush Júnior, Rambo vai voltar às telas em breve, agora para lutar contra sequestradores e ladrões de suprimentos (clique aqui para ver uma foto do deformado Sylvester Stallone durante as filmagens de "Rambo IV" e corra para o abrigo mais próximo!). Sinceramente, ninguém merece!
Depois de tudo isso alguns incautos e outros nem tanto ainda vêm me falar que o cinema e outros produtos da indústria cultural não sao usados descaradamente como máquina de propaganda imperialista. Imaginem então se fosse...
Cotação: ZERO
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quinta-feira, 22 de abril de 2021
A esquerda precisa entender a importância de Felipe Neto
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MEMÓRIAS DE UM ALIENADO: Como deixei de ser um "papagaio de direita":http://tudo-em-cima.blogspot.com/2015/08/memorias-de-um-alienado.html
quarta-feira, 21 de abril de 2021
terça-feira, 20 de abril de 2021
Interferência dos produtores dilui impacto de “A Sombra e a Escuridão”
A pior coisa é o caçador interpretado por Michael Douglas, personagem inventado para que pudessem enfiar um estadunidense na história
- por André Lux
“A Sombra e a Escuridão” tem uma premissa bastante interessante, ainda mais ao sabermos ter sido baseado em uma história real. O filme mostra a construção de uma ponte em Uganda, na África, que é ameaçada pela aparição de dois leões sanguinários que começam a matar indiscriminadamente e com requintes de crueldade, muito diferente de como agiriam em uma situação normal.
Infelizmente “A Sombra e a Escuridão” não cumpre todas as suas expectativas. A pior coisa do filme é, sem dúvida, o caçador Remington, interpretado por Michael Douglas (que é um dos produtores do filme) que aparece do nada para tentar ajudar a matar os leões. Personagem, diga-se de passagem, "inventado" pelos roteiristas para que de algum jeito pudessem enfiar um estadunidense na história.
Os leões verdadeiros estão em um museu |
Entretanto, o filme tem várias qualidades, a começar pela bela fotografia do mestre Vilmos Zsigmond, passando pela trilha musical extremante rica e complexa do maestro Jerry Goldsmith. “A Sombra e a Escuridão” traz ainda algumas cenas de ataques de leões das cenas mais impressionantes do cinema. É particularmente assustador o embate final entre Kilmer e um dos deles.
Pena que mais uma vez a política dos grandes estúdios tenha interferido no resultado de um filme que poderia ter se tornado um clássico do gênero, transformando-o em apenas uma diversão de qualidade, mas que resulta banal e fria.
Cotação: * * *
"Eu me Importo" desperdiça boa premissa com situações ridículas e humor pastelão
segunda-feira, 19 de abril de 2021
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sexta-feira, 12 de março de 2021
“WandaVision” mistura sitcom com o universo Marvel e tem resultado capenga
- por André Lux
Não deu para entender o que a Marvel quis exatamente com
essa série “WandaVision”. A impressão que fica é que alguém falou: “Ei, que tal
colocar os personagens numa espécie de sitcom antiga?”, acharam genial e, a
partir dessa premissa mínima, começaram a construir o roteiro de forma capenga.
A série começa com Wanda e Visão num daqueles programas cômicos
em preto e branco dos anos 1960, tipo “Dick Van Dyke” e “A Feiticeira”, com direito
a trejeitos exagerados e faixa de risadas. Algumas pequenas pistas de que a
realidade não é bem aquela aparecem, mas é só mesmo a partir do terceiro
episódio que as explicações começam a ser apresentadas e as pontas com o universo
Marvel vão sendo atadas.
O problema é que essas duas realidades não casam e
levantam um monte de perguntas que acabam não sendo respondidas (tipo, por que
e como Wanda gravava e transmitia a vida deles para fora do escudo de força?).
E nos últimos episódios qualquer traço de originalidade dá lugar às velhas
lutas com raios e pancadarias genéricas de sempre.
Os realizadores enfiam vários fan-services durante os
episódios, porém acabam tendo pouco impacto na trama, sendo o pior colocarem o
ator que fez o Mercúrio nos “X-Men” da Fox como o irmão da Wanda, o que gerou
uma avalanche de teorias, mas que no fim era só uma besteira sem nexo que culminou
com uma piada sexual rasteira.
O fato de Wanda estar sofrendo com o luto pela morte do
Visão em “Vingadores: Guerra Infinita” não é justificativa para os atos dela e
o fato de encerrarem a série sem maiores consequências deixa tudo com um gosto mais
amargo.
É uma pena que não souberam aproveitar a interessante premissa
melhor, desperdiçando o talento dos atores Elizabeth Olsen e Paul Bettany em
episódios que possuem sequências muito boas desconectadas do todo, mas que
deixam a desejar no âmbito geral do que tentaram construir.
Cotação: * * *