DESCARTÁVEL
O filme é divertido, cheio de piadinhas e referências ao
mundo nerd, mas chega uma hora que tudo isso meio que cansa e perde a graça
- por André Lux, crítico-spam
Fãs de quadrinhos e críticos em geral gostaram muito dessa
adaptação de um personagem pouco conhecido da Marvel, o “Deadpool” (que já havia aparecido no desastroso "X-Men Origens: Wolverine"), mas,
sinceramente, não achei assim tão bom.
Ok, o filme é divertido, cheio de piadinhas e referências ao
mundo mágico dos nerds, tem uma apresentação dos créditos bem sacada, mas chega
uma hora que tudo isso meio que cansa e o excesso de brincadeiras e micagens do
protagonista perdem a graça.
Nada tenho contra o
ator Ryan Reynolds, que é esforçado e simpático, mas aqui está excessivamente
posado e confiante (chega a citar a si mesmo!) em um personagem que no final
das contas não passa de uma mistura de Wolverine (tem fator de cura que o deixa
praticamente imortal) com o Homem-Aranha (que também é o rei das piadinhas e da
auto-gozação).
Não consegui me envolver na trama, pois é simplesmente a busca
por vingança e retaliação do Deadpool contra o sujeito que o transformou depois
de longas sessões de torturas. Não ficam muito claros quais são os poderes e as
fraquezas do herói, além do fator de cura, que chega ao exagero quando continua
tranquilo depois de levar uma facada na cabeça! Ele já lutava e se movia como
um super-ninja antes ou isso foi efeito da mutação também? Ninguém explica.
Isso derruba qualquer tentativa de criar suspense, como se importar com o
destino de um super-herói que parece ser indestrutível e nunca perde o bom
humor?
No final, “Deadpool” recorre aos mais batidos clichês dos
filmes do gênero e vira uma overdose de lutas entre bonecos criados
digitalmente e explosões exageradas, sem falar que o clímax é a briga entre um
sujeito praticamente imortal contra outro que é incapaz de sentir qualquer dor...
Mais emocionante que isso só mesmo uma corrida de tartarugas.
O filme também é excessivamente violento e assustou vários
pais que levaram seus filhos pequenos aos cinemas, ao ponto de terem que
colocar um aviso bem à vista de que não era recomendado para menores de 16
anos.
Repleto de músicas pop e recheado com uma trilha incidental
horrenda composta pelo tal de Junkie LX, espécie de DJ “descoberto” pelo
abominável Hans Zimmer, “Deadpool” acaba sendo mais um daqueles filmes que
começam prometendo subverter a lógica desse tipo de produto, só para se render a
ela e terminar tão descartável como qualquer outro. Uma pena.
Cotação: * * 1/3
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