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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Filmes: "Fahrenheit 11 de Setembro"

DEDO NA FERIDA

Michael Moore não tem medo de mostrar os bastidores do poder no comando do país mais poderoso do mundo

- por André Lux, crítico-spam

A principal sensação que fica após o término da exibição de “Fahrenheit 11 de Setembro” é a de revolta. Não contra seu autor, Michael Moore, nem tanto contra os fatos por ele apresentados (que obviamente não devem ser novidade para qualquer pessoa minimamente bem informada e de bom senso), mas sim pela triste constatação de que o documentário atesta o que a maioria de nós já sabe faz tempo: o jornalismo, ao menos em sua concepção original investigativa e de prestação de serviços públicos, está morto e enterrado.

O que Moore fez durante toda projeção de seu filme nada mais é do que mostrar aqueles lados das notícias que nunca sequer são cogitados em aparecer nos grandes meios de comunicação de massa, justamente o lado dos excluídos e dos que realmente sofrem com os atos mesquinhos e irracionais dos governantes – no caso, George W. Bush e seus assessores.

Ao contrário da esmagadora maioria dos jornais e revistas auto-proclamados “sérios”, o cineasta em questão não tem medo de mostrar os bastidores do poder no comando do país mais poderoso do mundo. Ou seja, ele enfia o dedo na ferida sem dó. Não é a toa, portanto, que o sujeito é odiado e acusado a todo instante de manipulador, exagerado e até mentiroso. Essa técnica não é novidade: ao invés de se atacar a mensagem e os fatos apresentados, ataca-se o interlocutor, tentando-se denegrir sua imagem pessoal a fim de desviar o foco das informações contundentes que tenta divulgar.

Moore faz jornalismo engajado, o que, em última instância, é o único tipo que existe. Ou será que existe alguém ingênuo o suficiente para crer que as grandes empresas de comunicação realmente praticam aquele utópico “jornalismo imparcial”, que se aprende no primeiro dia de aula de Jornalismo e que alguns ainda defendem com unhas e dentes – como se o ser humano fosse realmente capaz de transmitir dados e informações sem deixar suas emoções e crenças interferir no processo...

O que mais impressiona no caso de “Fahrenheit 11 de Setembro” é que, diferente de seus outros documentários (como “Tiros em Columbine” e “Roger e Eu”), o cineasta procura ser o mais discreto possível, limitando-se a levar à tela o máximo de informações possíveis a cerca de tudo que os atuais membros do governo dos EUA tem feito nas últimas décadas, culminando com a invasão do Iraque. O maior trabalho de Moore, no caso, foi o de esmiuçar todas as declarações dos tais líderes, buscar documentos, colher depoimentos e simplesmente ligar A com B.

Mesmo assim ainda o acusam de ser sensacionalista e mentiroso. Não vou entrar no mérito de tentar convencer ninguém de que aquilo que é mostrado na tela seja uma verdade absoluta, mesmo porque isso não existe. Mas será mesmo possível que TUDO que foi mostrado em “Fahrenheit 11 de Setembro” não passe de uma armação feita por um lunático que quer apenas chamar a atenção para si mesmo atacando os pobres familiares de Bush e seus amigos ricaços?

Afinal, pense bem, não foi Moore quem nomeou o secretariado do governo dos EUA, o qual era 99% composto por ex-diretores e/ou proprietários de grandes indústrias de armamentos, grupos de investimento ou multinacionais petrolíferas. Não é Moore também quem mantém relações comerciais bilionárias com a família do suposto mentor dos atentados que destruíram as torres gêmeas do WTC. Nunca vi o cineasta se auto-proclamando o “presidente da guerra” e forjando invasões a países que nunca ameaçaram a soberania dos EUA. E se alguém aí testemunhou Moore arregimentando jovens de classes econômicas inferiores para servir no exército de seu país, por favor, me avise.

Por sinal, achei Moore até menos contundente do que de costume, evitando entrar em assuntos por demais inflamatórios sobre os quais não teria provas suficientes para amarrar uma argumentação lógica. Ele, por exemplo, apenas deixa no ar a possibilidade de que os “atos terroristas” perpetrados em solo estadunidense em 11 de setembro de 2001 tenham sido planejados com a ajuda de gente interna de seu próprio país. As pistas estão lá, para quem quiser ver: relatórios sobre atividades de terroristas dentro dos EUA sendo sumariamente ignoradas pela alta cúpula do governo, empresas ligadas diretamente ao clã dos Bush e dos Bin Laden lucrando horrores graças aos ataques, etc.

Ciente de que essa linha de raciocínio o distanciaria de seu objetivo e levantaria a possibilidade de ser chamado mais facilmente de paranóico e demente, Moore preferiu manter seu foco na demonstração clara e evidente de que as últimas guerras arrumadas por Bush tinham nada mais do que objetivos comerciais: a construção de um gasoduto no Afeganistão e a conquista dos poços de petróleo do Iraque. Os atentados e a campanha de amedrontamento contra a sua própria população apenas serviram como desculpas para isso.

E a conseqüência de tais atos são milhares de mortos e feridos, em sua maioria civis, que nem mesmo sabem porque estão sendo atacados. Não é de se estranhar que sintam tanto ódio contra os EUA e, por tabela, contra toda a civilização ocidental. Não é por acaso que um dos momentos mais repulsivos do documentário acontece quando presenciamos jovens militares estadunidenses (nada mais do que nerds fantasiados de soltados) relatando entusiasticamente que tipo de música gostam de ouvir enquanto matam seus “inimigos”, no melhor estilo video-game.

No final, Moore tenta convencer (sem sucesso) membros do senado estadunidense a alistarem seus filhos no exército para que sejam enviados ao Iraque, a fim de ajudar nos esforços de guerra que eles mesmos tanto defendem. Em paralelo a isso, acompanhamos o depoimento emocionado de uma mãe que defendia o alistamento de seus filhos, até que ele foi morto em combate no Iraque. A mulher vai até Washington ver de perto a Casa Branca na tentativa de entender os motivos que levaram aqueles que governam seu país a enviarem seu filho à morte. Ela encontra uma senhora iraquiana que protesta timidamente contra Bush. No meio desta cena arrebatadora, aparece uma mulher com um sorriso irônico que solta o que é, de fato, a maior crítica que Michael Moore vem recebendo: “Isso é tudo uma encenação”.

A resposta que aquela mãe pesarosa, cuja vida foi destruída com a morte sem sentido do filho, dá a Moore em relação a esse comentário é, em todas as instâncias, o resumo básico da condição humana, a qual está nos levando cada vez mais para o fundo do poço enquanto uma minoria desumana obtém lucros exorbitantes com isso. Quem viu “Fahrenheit 11 de Setembro” vai lembrar-se da frase. Quem não viu... bem, o que é que você está esperando?

Cotação: * * * *

Um comentário:

Anônimo disse...

Antes do JFK, teve um presidente nos EUA chamado Dwight Eisenhower, e pelo pouco que sei sobre ele, era melhor ele ter ficado como comandante das forças armadas( era isso que ele era antes de assumir a presidência)...

Só que no último discurso dele, o cara advertia a população sobre o crescente poderio do complexo industrial/militar americano, e que uma hora ia dar merda.

Deu no que deu...