terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Filmes: "TROPA DE ELITE 2"

CONSCIÊNCIA PESADA

De certa forma o diretor José Padilha acaba confirmando que quem acusou o primeiro "Tropa de Elite" de ser fascista estava certo

- por André Lux, crítico-spam

A impressão nítida que fica depois do final de "Tropa de Elite 2" é que o diretor José Padilha ficou com a consciência pesada por causa da mensagem fascista (involuntária) embutida no primeiro filme (que agradou a extrema direita brasileira a ponto de ganhar uma capa positiva do maior panfleto nazi-fascista do país, a revista Veja) e tentou se redimir na continuação.

De certa forma ele acaba confirmando que quem acusou "Tropa de Elite" de ser fascista estava certo (eu entre eles, clique aqui para ler minha crítica ao filme e aqui para uma análise mais profunda).

Por isso, o segundo filme é bem diferente do original. O Bope, a chamada tropa de elite, e o personagem André Matias (que era o narrador original da história e verdadeiro protagonista do primeiro filme) aparecem bem pouco e o foco fica em cima do capitão Nascimento (Wagner Moura) que, depois de uma ação violenta no presídio Bangu I que cai no gosto da população de classe média para a qual "bandido bom é bandido morto", é promovido a subsecretário de Segurança do Rio de Janeiro.

Nesse sentido, "Tropa de Elite 2" não tem qualquer sutileza devido à ânsia do cineasta em provar que não é de direita. Assim, o herói do filme é um professor de História e defensor dos direitos humanos (dizem que esse personagem foi inspirado em um político do PSOL), que acaba ganhando os holofotes da mídia e é por isso eleito deputado estadual, gerando à princípio profundo ódio no Nascimento (no início do filme ele xinga o sujeito de "intelectualzinho de esquerda que ganha a vida defendendo vagabundo").

Mas, devido a uma série de circunstâncias descritas no roteiro, o defensor dos direitos humanos e o capitão Nascimento acabam tendo que unir forças para lutar contra os bandidos (no caso, policiais e políticos corruptos que comandam as milícias nas favelas cariocas).

"Tropa de Elite 2", entretanto, segue muito mais a linha dos filmes de ação estadunidenses do que os de denúncia no estilo de Costa-Gravas e, por isso, acaba não tendo o impacto necessário para mudar consciências (o estrondoso sucesso de bilheterias confirma isso, já que filmes que fazem as pessoas pensarem não fazem muito sucesso).

O exagero no didatismo ideológico, a falta de nuances e a unidimensionalidade dos personagens "maus", o primarismo psicológico dos protagonistas (Nascimento é de uma ingenuidade incompatível com sua experiência como comandante do Bope e o ativista de esquerda parece um super-homem!) e a maneira idealizada com que encara o trabalho da mídia (jamais uma denúncia daquelas contra políticos da direita seria publicada na imprensa corporativa) tira a chance do filme atingir patamares mais elevados.

Herói é esquerdista defensor dos direitos humanos!
Todavia, no aspecto técnico o segundo filme perde feio para o primeiro. O que o "Tropa de Elite" original tinha de dinâmico, ágil e forte este tem de lento e sem graça. A fotografia, um dos pontos altos do primeiro, não tem a mesma vibração e naturalidade na continuação.

Um dos pontos mais baixos do segundo é o seu elenco de apoio, principalmente o defensor dos direitos humanos que é feito por um ator pavoroso que às vezes mal consegue pronunciar seus diálogos. Nem mesmo Wagner Moura tem muito a fazer e fica quase o filme todo com cara de coitado, embora sua narração insista em retratá-lo como se fosse alguém descolado e esperto.

Entre mortos e feridos, "Tropa de Elite 2" é bem menos nojento que o primeiro filme, porém, paradoxalmente, tem bem menos impacto e por isso mesmo gera muito menos polêmica. Mas o importante é que o diretor Padilha teve a chance de se redimir e deve agora estar dormindo mais tranquilamente.

É o primeiro caso que eu conheça de uso do cinema para expiar uma crise de consciência! A revista Veja não deve ter gostada nem um pouco.

Cotação: * * 1/2

domingo, 13 de fevereiro de 2011

DVD: "JORNADA NAS ESTRELAS - O FILME" (Versão do Diretor)

PRESENTE PARA OS FÃS

Sai em DVD a versão definitiva da primeira e mais problemática viagem da Enterprise nos cinemas

- por André Lux, crítico-spam

"Jornada Nas Estrelas - O Filme" marcou em 1979 a volta da tripulação da nave Enterprise para as telas (no caso a do cinema) após ficar quase uma década afastada com a extinção da série televisiva. Mas esse retorno decepcionou muitos fãs, que acusaram o filme de trair o espírito original da série, cujo mérito era driblar habilmente a falta de recursos técnicos e financeiros com idéias engenhosas, roteiros enxutos e muito bom humor.

Mas, ao que parece, esqueceram de tudo isso ao transpor a série para os cinemas. O maior defeito deste filme é basicamente a falta de humor. Os personagens estão secos e arredios, quase não interagindo entre si, o que impede o surgimento da boa e velha química que mantinha a série original sempre atraente. Isso deve-se, em grande parte, à direção fria e distante de Robert Wise que, embora fosse um veterano da ficção-científica ("O Dia em que a Terra Parou" e "O Enigma de Andrômeda") não era a pessoa mais indicada para dirigir ""Jornada nas Estrelas".

A história sobre uma nuvem de energia desconhecida que vai destruindo tudo em seu caminho até a Terra é bastante interessante, mas o filme acabou sendo derrubado pelas infinitas discordâncias entre o criador da série, Gene Rodenberry, e sua equipe de roteiristas. São famosas as histórias das mudanças de última hora no roteiro, realizadas às vezes antes das cenas serem gravadas. Só para se ter uma idéia da confusão, na primeira versão do roteiro Spock fora deixado de fora - isso porque o ator Leonard Nimoy recusava-se a voltar a interpretar o vulcano de orelhas pontudas.

E para piorar tudo, a empresa de efeitos especiais contratada não conseguia dar conta do recado e teve que ser substituída na última hora pela de John Dykstra (de "Star Wars") e de Douglas Trumbull (de "Contatos Imediatos de Terceiro Grau").

O filme terminou de ser montado e mixado apenas dois dias antes da sua estréia, o que resultou numa série de problemas. Várias cenas incompletas tiveram que ser eliminadas e muitas sequências com os efeitos especiais foram adicionadas do jeito que vieram, pois não havia tempo para editá-las - o que resultou nas infames seqüências onde somos obrigados a observar a Enterprise deslizando interminavelmente pelo vazio, enquanto os atores fazem cara de impressionados.

Nova cena em Vulcano, com efeito melhorado
Muitas dessas falhas foram finalmente resolvidas nessa "Versão do Diretor" lançada em DVD. O diretor Wise, com a ajuda da atual tecnologia em computação gráfica, pode melhorar algumas cenas (como as do planeta Vulcano) e acrescentar detalhes que antes não foram possíveis de serem realizados. Isso ajuda muito o filme, deixando-o mais dinâmico e humano, principalmente no último ato que ganhou em dramaticidade, com a inclusão de cenas que haviam sido cortadas na época (como Spock chorando por V'Ger) simplesmente por não haver efeitos visuais suficientes para intercalá-las.

Essas melhorias ainda não resolvem todos os problemas, mas mesmo assim "Jornada Nas Estrelas - O Filme" ainda continua sendo um belo exemplar de ficção científica da melhor qualidade (embora mantenha-se um pouco distante do universo criado pela série original). E a trilha sonora do maestro Jerry Goldsmith (de "Alien: O Oitavo Passageiro" e "Instinto Selvagem") continua sendo uma das mais impressionantes da história do cinema.

O DVD duplo traz ainda vários extras bacanas que certamente vão fazer a cabeça dos fãs da série, tais como uma faixa de comentário em áudio com o diretor Wise, os supervisores de efeitos Trumbull e Dykstra, o compositor Goldsmith e o ator Stephen Collins. Há também, no segundo disco, um ótimo documentário retrospectivo divido em três partes que analisa todos os aspectos da produção, além de 16 cenas deletadas e adicionais (oriundas das várias versões do filme), storbyboards e diversos trailers e teasers de TV. Imperdível para os fãs.

Cotação: * * * 1/2

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"O Discurso do Rei" é acusado de ignorar antissemitismo

"
Eu avisei que o filme era superficial
O longa O Discurso do Rei, que estreou nesta sexta-feira (11/2) e lidera o número de indicações ao Oscar 2011- 12 ao todo - pode não reinar na noite do dia 27 de fevereiro devido a uma recente polêmica de bastidores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ligando seu protagonista, o rei George VI, ao nazismo.

Um e-mail anônimo circula entre os membros da Academia alertando para indícios de que o rei era antissemita e simpatizante das ideias de Adolf Hitler. O e-mail cita trechos de documentos oficiais e alerta para o fato de que a suposta inclinação do rei George VI ter sido ignorada no filme O Discurso do Rei.

Por tocar o antissemitismo, assunto sabidamente sensível à Academia, que tem um grande número de judeus como membros, o longa-metragem pode ser rejeitado por muitos votantes e acabar prejudicado na cerimônia do Oscar.

Em defesa do filme, os produtores alegam que o roteiro foi escrito por David Seidler, judeu que teve familiares mortos no Holocausto.

Fonte: Cineclick

Comentário: Eu já havia avisado que o filme em questão é bem superficial e mais parece ter sido feito por encomenda dos relações públicas da família real inglesa... Agora está comprovado.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Filmes: "SKYLINE - A INVASÃO"

VALE QUANTO PESA

Se gosta do gênero, não dê bola para os profissionais da opinião e mergulhe de cabeça que não vai se arrepender

- por André Lux, crítico-spam

Depois de perder meu tempo vendo vários filmes péssimos altamente recomendados pelos profissionais da opinião mundial, resolvi partir para a direção oposta. 

Assim, assisti a um filme que foi literalmente massacrado pela crítica, no caso "Skyline - A Invasão". 

E olha que acertei: o filme é bem divertido e desfrutável, nada a ver com as análises furiosas dos que vivem de tecer opiniões sobre o trabalho alheio.

Trata-se de um filme de ficção científica e terror que mostra uma invasão alienígena nas ruas de Los Angeles. No gênero, é um dos melhores que eu já vi, deixa no chinelo porcarias como "Guerra dos Mundos" que o Spielberg fez com o Tom Cruise ou "Sinais", com Mel Gibson! 

A obra também tem certa semelhança com "Cloverfield - Montro", já que mostra a invasão pelo ponto de vista de um grupo que está fechado dentro de um apartamento de luxo.

O importante é que "Skyline - A Invasão" vale o quanto pesa. Ou seja, entrega o que promete: muita ação e suspense, efeitos especiais excelentes (os monstros e as naves são bem convincentes), uma trilha musical adequada, surpresas e alguns sustos reais. Tudo na medida certa, sem mensagens pretensiosas, explicações didáticas ou exageros, nem mesmo de cenas nojentas.

Ajuda também os atores serem todos desconhecidos (e meio canastrões também), pois assim nunca sabemos qual será a próxima vítima dos ataques extremamente selvagens dos aliens. 

É muito interessante a maneira que as criaturas atraem os humanos, por meio de uma luz azul que lembra aquela que usamos para atrair as moscas para armadilhas letais.

Se você gosta do gênero, não dê bola para os profissionais da opinião e mergulhe de cabeça que não vai se arrepender (rola até uma explosão nuclear!). É diversão garantida.

Cotação: * * *

Cine-Trash: "REQUIEM PARA UM SONHO"

MAS QUE DROGA!

Boa premissa é destruída pela mão pesadíssima do diretor, que apela a todo momento para moralismos totalmente descabidos e maneirismos estéticos excessivos

- por André Lux, crítico-spam

O diretor Darren Aronofsky virou queridinho de pseudo-intelectuais depois de realizar o obscuro e pretensioso ''Pi '' (daqueles que ninguém entende e, por causa disso, ficam achando que viram algo genial). Seu próximo filme, ''Réquiem para um Sonho'', foi também louvado por muitos mesmo sendo uma grande e inegável porcaria.

Explico. O filme pretende mostrar a dura realidade de vários tipos de drogados, não se limitando somente ao universo dos usuários de entorpecentes ilegais, mas abordando também aquelas pessoas que são viciadas em outros tipo de drogas, as legais (TV, remédios, alcool, etc). Num mundo onde somente os usuários de drogas proibidas são alvo de campanhas e ataques da sociedade hipócrita, a intenção é até louvável, embora obviamente pretensiosa (a começar pelo título). Pena que ela seja destruída pela mão pesadíssima do diretor, que apela a todo momento para moralismos totalmente descabidos e maneirismos estéticos excessivos. No final, não da nem para entender direito o que Aronofsky quis dizer com seu filme, já que muda a todo momento os rumos e as características de seus personagens viciados em drogas.

O principal exemplo dessa "esquizofrenia" conceitual já é notada logo de cara no próprio protagonista (o sempre péssimo Jared Leto, de ''O Quarto do Pânico''), pintado como um jovem desajustado e bandido, que inicia o filme roubando a TV da própria mãe (Ellen Burstyn) para trocá-la por drogas. Ele e sua namoradinha (Jennifer Connelly, que tem uma rápida e gratuita cena de nudez frontal a qual a atriz hoje deve repudiar), também mostrada como sendo uma jovem despudorada e sem o menor escrúpulo, passam o filme transando em lugares proibidos e causando pequenas delinqüências, enquanto injetam drogas pesadas nas veias. Não faz o menor sentido, portanto, quando ambos têm arroubos de bom-mocismo (ele tentando mostrar para a mãe que drogas fazem mal e ela ficando toda enojada e com crises existenciais ao fazer sexo oral em um negro - ela é racista? - e participar de uma orgia para descolar drogas). Moralismo dos mais estúpidos e canhestros, diga-se de passagem, sem dizer que essas reações são incompatíveis com a personalidade que o autor imputou a eles no início.

É estranho também o rumo que Aronofsky dá à trama. No início todos vão muito bem, enquanto a dupla de amigos (completada pelo horrível Marlon Wyans, cujo curriculo inclui coisas como ''Todo Mundo em Pânico'' e ''Dungeons and Dragons'') consomem suas drogas sem parar e aproveitam para ganhar dinheiro fácil, diluindo e vendendo o que sobra (é assim que pretendem realizar os tais ''sonhos'' aos quais o título do filme se refere!). A coisa só fica ruim mesmo quando o traficante do bairro é morto e não conseguem mais comprar seus entorpecentes.

Parece que o diretor quer dizer que você só terá problemas com drogas se elas faltarem em sua casa, afinal é só a partir dai que passam a se dar mal - e sempre por causa da falta de droga, nunca pelo seu uso! E tudo fica ainda mais ridículo quando a dupla sai da sua cidade para tentar buscar a razão de seu vício em Miami, uma viagem de mais de 600 km. Só sendo muito ingênuo mesmo para acreditar que numa magalópole como Nova Iorque iam conseguir comprar drogas só de uma pessoa!

"Socorro, minha geladeira quer me pegar!"
Triste mesmo é ver uma grande atriz como Ellen Burstyn interpretar uma senhora obesa (nem isso é convincente, pois percebe-se claramente que ela é uma pessoa magra usando roupas folgadas) que passa o resto de seus dias vendo programas de TV do tipo "auto-ajuda" (encenados de maneira incrivelmente estereotipada) e que fica viciada em remédios para emagrecer (baseados em anfetaminas) depois que é convidada para participar de seu show favorito. Para se ter uma idéia da fria em que a atriz se meteu, o ponto alto de sua participação no filme é quando passa a alucinar e fugir dos ataques da sua geladeira psicopata! Sua indicação ao Oscar, portanto, deve ter sido fruto da simpatia que os membros da academia sentiram por sua coragem de submeter-se a tão humilhante experiência.

Se não bastasse toda essa bobagem, o diretor ainda cisma em prender a câmera nos atores e filmar tudo em velocidada acelerada, talvez para tentar passar a sensação de "viagem" que estão tendo. Mas o efeito é usado à exaustão e cansa. Há também, a cada dez minutos de projeção, a inserção de uma cena rápida de aplicação de droga e regozijo (com direito a efeitos sonoros do tipo "Fzzzz-Shiiiii-Ahhhh!!"), que parece ter sido extraída de algum video-clipe psicodélico, sem falar do excesso de efeitos visuais e do uso de lentes angulares que nada acrescentam à trama, exceto para deixá o filme com aquele aspecto "moderninho" a lá MTV.

E quanto mais perto da conclusão chega, mais ridículo ''Réquiem para um Sonho'' fica, ao ponto de virar fita de terror em seus momentos finais, com direito a longas sessões choques elétricos (sem que haja a menor razão ou lógica para isso), membros esquartejados e bacanais sado-masoquistas doentios. E dizem que a versão que saiu aqui no Brasil é censurada. Isso quer dizer que a sem cortes deve ser ainda mais exagerada e repulsiva. Se quiser ver um filme que trata o problemas das drogas de forma muito mais lúcida e pertinente, prefira ''Traffic'', pois esse aqui é, me perdoem o trocadilho, uma verdadeira droga.

Cotação: *

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Filmes: "O CISNE NEGRO"

TERROR PARA PIMBAS

Se você tirar fora toda a baboseira pseudo profunda que permeia a obra, vai perceber todos os cacoetes de qualquer filme de horror do mais vagabundo

- por André Lux, crítico-spam odiado por PIMBAs

Vou ser sincero: de todos os cineastas pretensiosos e metidos a besta que existem por aí não existe nenhum mais ridículo do que esse tal de Darren Aroflonsky (sim, escrevi o nome do sujeito errado. De propósito). Todos os filmes do rapaz transbordam uma necessidade sufocante de impressionar aquela turma que adora ser enganada no cinema por filmes que não tendo qualquer sentido ou significado plausível, passam a a ser adorados como obras primas da sétima arte. Assim, os filmes do Arotrontsky variam de incompreensíveis ("PI") a simplesmente grotescos ("Requiem para um Sonho"). Isso quando não são as duas coisas ("A Fonte da Vida").

Não por acaso, o sujeito é adorado por todos os PIMBAs (pseudo intelectuais metidos a besta) de plantão. É que esse pessoal adora ser enganado por charlatões como o em questão pois, incapazes de entender o significado de uma obra propositalmente sem sentido, acham que estão diantes de algo sublime e espetacular. Assim, podem dizer a todos que não gostaram da obra em questão a frase preferida deles: "Humm! Você não entendeu o filme!".

A nova empreitada do Arronofskly, "Cisne Negro", segue na mesma toada, no que é, essencialmente, um filme de terror só que feito para agradar PIMBAs, os quais invariavelmente sentem repulsa por esse gênero que consideram mundano demais para suas nobres capacidades mentais. Mas, se você tirar fora toda a baboseira pseudo profunda que permeia a obra, vai perceber todos os cacoetes de qualquer filme de horror do mais vagabundo: câmera inquieta que fica o tempo todo andando atrás dos personagens para causar tensão, profusão de cenas que lembram pesadelos (muitas delas recheadas de imagens subliminares que vão obrigar o PIMBA a assistir ao filme mais vezes na tentativa de decifrá-las), sustos (a maioria falsos), efeitos visuais e de maquiagem (tem até monstrão!) e, claro, sequências de violência sangrenta explícita com gente enfiando facas ou se auto mutilando.

"Faz três noites que eu não durmo, pois perdi o meu galinho"
Enfim, nada que George Romero ou Dario Argento não tenham feito antes de maneira muito mais honesta e divertida. Para disfarçar seu filmeco de terror psicológico, Aronofoskly obrigou a pobre da Natalie Portman a ficar o filme inteiro com cara de "faz três noites que eu não durmo, pois perdi o meu galinho", o que é um total absurdo se levarmos em conta que, segundo o roteiro, se trata de uma bailarina experiente que acaba de ganhar o papel principal numa nova montagem de "O Lago dos Cisnes", de Tchaykovsky (entenderam como é chique o negócio?). Ela só muda a expressão em uma única cena, quando incorpora o cisne negro!

O que poderia ser ao menos um estudo dos bastidores de montagens artísticas como essa acaba mesmo sendo um desfile de cenas sem sentido, devaneios, delírios, sexo gratuito entre duas mulheres e violência - tudo travestido de uma pretensa profundidade que não resiste a cinco minutos de análise mais apurada.

Se você se impressionar com esse tipo de baboseira, então vá em frente, pois o filme foi feito milimetricamente para agradá-lo. Caso contrário, não dê bola e procure coisa melhor feita por gente menos arrogante e mais honesta.

Cotação: *

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Filmes: "COMER REZAR AMAR"

CASO OU COMPRO UMA BICICLETA - O FILME


Se conseguir sobreviver a duas horas de tortura, terá nas mãos um excelente compêndio dos dilemas que afligem a classe média

- por André Lux, crítico-spam

Olha, não vou dizer que esse "Comer Rezar Amar" é o filme mais ridículo que eu já vi porque seria uma injustiça com tantos outros ridículos que existem aos montes por aí. Mas chega perto.

E não posso nem reclamar de não ter sido avisado, afinal o livro que deu origem ao filme recebeu, de tão pertinente, as capas das famigeradas revistas Veja e Época!

O interessante de tudo, no final das contas, é que se você conseguir sobreviver às duas horas de tortura que é ver este filme, terá nas mãos um excelente compêndio de todos os dilemas e males que afligem a classe média, essa que, na luta de classes estudada por Marx, é a que mais sofre com questões fundamentais e profundas como "não sei se caso ou compro uma bicicleta".

Talvez seja porque o capitalismo permita que a classe média tenha, de vez em quando, acesso a tudo que só os ricos e famosos tem - como por exemplo, passar uma semana num hotel cinco estrelas e depois pagar as prestações da viagem o ano inteiro. Estudantes de sociologia, fiquem atentos!

O fato é que o personagem principal de "Comer Rezar Amar", interpretado pela ridícula Julia Roberts, é uma dessas representantes típicas da classe média: vazia, perdida, alienada, infeliz e angustiada que, no caso, não sabe se pede o divórcio ou compra uma bicicleta. O marido dela, por sinal, é apresentado com um verdadeiro chato porque se propôs, vejam vocês que absurdo, a conversar com ela sobre a falência do sistema de ensino público estadunidense!

Depois de muito pensar (cerca de cinco minutos na cama), ela decide que a parada é mesmo comprar uma bicicleta e sair pelo mundo em busca de "deus" (eufemismo para "um guru que me guie pela vida e me dê respostas fáceis para perguntas difíceis") depois de mais um fracassado romance com um atorzinho bobo.


Ela, coitadinha, passa então 4 meses em Roma, onde conhece um monte de italianos caricatos, depois muda-se para a Índia, onde medita num templo e conhece um monte de indianos caricatos.

Por fim vai para Bali, que é o local onde, além de um monte de balineses caricatos, encontra-se o seu guru espiritual, uma espécie de mestre Yoda dos pobres que toma decisões por ela com frases feitas do tipo: "Enxergue com o coração, não com a cabeça" (e eu aqui achando que a gente tinha que enxergar com os olhos!) ou "Para manter o equilíbrio é preciso se desequilibrar por amor".

Graças a essas frases de efeito profundas como uma poça de água ela resolve então se entregar ao novo amor de sua vida (eufemismo para "paixão de adolescente"), um galante brasileiro e dublê de príncipe encantado interpretado pelo espanhol Javier Barden (o que garante ao menos várias canções de bossa nova na trilha e algumas frases em português carregado de castelhano).

O mais impressionante de tudo é que o filme é sério pra caramba, não pense que toda essa baboseira digna dos piores livros de auto ajuda é tratada com leveza ou ironia. Nada disso, o lance é denso mesmo, pra, tipo, fazer você pensar, sabe? Uma verdadeira lição de vida, sacou? 

Tudo digno mesmo de merecer a capa da revista Veja! É ou não é?

Cotação
Como filme: Zero
Como material de pesquisa sociológico: * * * * *

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Filmes: "MINHAS MÃES E MEU PAI"

SEM SAL NEM AÇÚCAR

No final, fica a impressão de que os realizadores se perderam no meio do caminho e não souberam bem que rumo dar para a história

- por André Lux, crítico-spam

"Minhas mães e Meus Pais" é mais um delírio coletivo da crítica em geral que eleva ao status de obra prima um filme mediano. Não que seja ruim, mas é apenas assistível, não trazendo nada de muito interessante ou relevante em seu enredo.

Trata-se da história de um casal de lésbicas (tema que poderia chocar alguém nos anos 1950) cujos filhos resolvem descobrir quem foi o doador de esperma para as suas inseminações artificiais. Em suma, querem conhecer o pai biológico (Mark Ruffalo, sempre um ator fraco). Desse encontro nasce uma pequena amizade e alguns conflitos entre as duas mães lésbicas - a dominadora e fechada, interpretada por Annete Benning, e a meio hyppie e submissa feita por Juliane Moore.

Fora a boa interpretação da dupla de atrizes, pouco sobra nessa obra escrita e dirigida por Lisa Cholodenko, que fez o bem mais interessante "Laurel Canyon - A Rua das Tentações". Não espere muito da relação entre os jovens e seu pai. Também não acontecem grandes conflitos, nem mesmo quando a personagem de Juliane Moore tem uma "recaída" e começa um tórrido caso amoroso com o pai biológico de suas filhas. Apesar de algumas rusgas, tudo é resolvido numa boa, sem grandes traumas ou confrontos.

No final, fica a impressão de que os realizadores de "Minhas mães e Meus Pais" se perderam no meio do caminho e não souberam bem que rumo dar para a história, ficando assim tudo num meio termo, um pouco sem sal nem açúcar, nem drama, nem comédia e nem "filme cabeça". Você espera sempre um algo mais que nunca chega, nem mesmo na conclusão que também é bem fraca.

Cotação: * * *

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Filmes: "O DISCURSO DO REI"

"Falar ou não falar, eis a questão!"
POBRE REI GAGO

Feito sob medida para concorrer a várias estatuetas em todos os prêmios possíveis, filme só não é mais soporífero porque conta com uma estupenda atuação de Geofrey Rush

- por André Lux, crítico-spam

Entra ano e sai ano e de uma coisa você pode ter certeza: pelo menos um filme sobre a família real inglesa será produzido e fatalmente estará entre os concorrentes mais fortes nas premiações autoaduladoras da indústria cinematográfica.

Agora é a vez de "O Discurso do Rei", melodrama que tem como intenção principal mostrar que mesmo sendo ricos, poderosos e famosos, os de sangue real também são gente como a gente. Aqui conta-se a história do rei George VI que, coitado, sofria de gagueira! Imagine o quão terrível deveria ser para o soberano de um vasto império sofrer desse terrível mal...

Feito sob medida para concorrer a várias estatuetas em todos os prêmios possíveis (está concorrendo a 12 Oscars, que glória!), "O Discurso do Rei" só não é mais soporífero porque conta com uma estupenda atuação de Geofrey Rush, no papel do sujeito que tenta ajudar o pobre rei a vencer sua gagueira. Ele é o único que consegue se sobressair com muito entusiasmo e verdade em um produção cheia de pompa e circunstância, feita milimetricamente para agradar críticos profissionais esnobes e responsáveis por nomeações a prêmios.

No papel principal temos Colin Firth, mais conhecido por inúmeras encarnações de bobo alegre em filmes como "O Diário de Bridget Jones" e similares, aqui lutando para manter a dignidade enquanto torra o saco do espectador ao proferir seus diálogos recheados da gagueira do rei em questão.

O filme termina com o rei feliz da Silva por ter sido capaz de ler um discurso sem gaguejar muito - o fato do conteúdo ser uma declaração de guerra a Alemanha nazista de Hitler passa batido, afinal o importante mesmo é que o herói conseguiu vencer seus traumas de infância e repetiu tudo direitinho! E viva a família real inglesa! O que seria de nós sem eles, não?

Cotação: * *

Luto: Morre John Barry, um dos maiores compositores de trilhas de cinema

O mestre John Barry
LONDRES — O compositor britânico John Barry, vencedor de cinco Oscar e conhecido pelas trilhas sonoras de 11 filmes de James Bond, faleceu aos 77 anos, anunciou a família do músico.

Barry morreu no domingo em Nova York, onde viveu nos últimos anos, vítima de um ataque cardíaco.
O compositor ganhou fama com os filmes da série 007, entre eles "Goldfinger", "Da Rússia com Amor" e "Só se vive duas vezes".

"Eu acredito que James Bond teria sido bem menos 'cool' sem John Barry", afirmou David Arnold, que sucedeu o músico como o compositor das trilhas de 007, que descreveu a morte de Barry como uma "perda profunda".

Apesar de não ser o compositor do tema clássico da série, que ficou a cargo de Monty Norman, Barry foi o responsável pelos arranjos da melodia que virou a marca registrada das aventuras do agente 007.

No entanto, as aventuras de 007 representaram apenas parte dos mais de 100 filmes nos quais Barry trabalhou durante a carreira e que lhe renderam uma OBE (Order of the British Empire, Ordem do Império Britânico) em 1999.

O compositor venceu os Oscar por "A História de Elza" (1966), pelo qual além de Trilha Sonora também faturou a estatueta de Canção Original em "O Leão no Inverno" (1968), "Entre Dois Amores" (1986) e "Dança com Lobos" (1991).

Também foi indicado ao prêmio da indústria cinematográfica americana outras duas vezes, por "Mary Stuart, Rainha da Escócia" (1971) e "Chaplin" (1992).

Entre as mais de 100 trilhas sonoras que compôs na carreira, um dos destaques é a de "Perdidos na Noite" (1969), pela qual venceu um Grammy. A última foi a de Enigma, de 2001.

Nascido em 1933 na cidade inglesa de York (norte), desenvolveu a vocação desde pequeno. O pai era proprietário de várias salas de cinema, e a mãe, pianista.

Depois de estudar piano e trompete, Barry montou em 1957 um grupo de rock and roll, o "The John Barry Seven", antes de começar a trabalhar na televisão e no cinema.

Casado quatro vezes, uma delas durante três anos com a atriz Jane Birkin, John Barry vivia desde 1978 com a quarta esposa, Laurie, nos Estados Unidos. Tinha quatro filhos e cinco netos.

"É com grande tristeza que a família do compositor John Barry anuncia sua morte em 30 de janeiro de 2011 em Nova York", afirma um comunicado.

A família também informou que o funeral será privado.

Filmes: "A REDE SOCIAL"

O NERD PSICOPATA

A única emoção que o filme passa é uma vontade imensa de encerrar a conta do Facebook!

- por André Lux, crítico-spam

O diretor David Fincher virou queridinho em Róliudi por causa do brilhante "Seven", porém depois só fez filmes fracos (como "O Quarto do Pânico" e "Zodíaco") ou simplesmente desprezíveis (como "Clube da Luta" e "O Curioso Caso de Benjamin Button"). Quase todos fracassos de bilheteria. Mesmo assim, continuou com seu prestígio inabalado - o que é comprovado com esse "A Rede Social", que trata da criação do site de relacionamentos Facebook.

Louvado pelos profissionais da opinião no mundo inteiro e agraciado com dezenas de indicações aos prêmios autoaduladores da indústria cinematográfica estadunidense, "A Rede Social" não passa de um semi documentário filmado com pretensão que no final resulta vazio e dramaticamente nulo. O fundador do Facebook, Mark Zuckerburg (Jesse Eisenberg), é pintado como um nerd que é tão idiota quanto genial e o filme não passa disso. Impressiona a falta de escrúpulos e de qualquer sensibilidade do sujeito, que parece mesmo ser quase um psicopata ao trair sem qualquer pudor até mesmo seu (único) amigo, o brasileiro Eduardo Saverin.

Fincher poderia ter usado essa premissa para fazer um estudo sobre a atual sociedade em que vivemos, onde a busca por sucesso e dinheiro a qualquer custo transforma até jovens em monstros e na qual o mundo virtual da internet serve de depósito para todo tipo de rancor e frustração. Nesse sentido, "A Rede Social" poderia ter sido o "Cidadão Kane" da nossa época. Todavia, o diretor opta por filmar tudo à distância e com mão pesada, sem tentar humanizar os personagens que são de uma unidemensionalidade impressionante. Por causa disso, "A Rede Social" resulta num filme frio e chato até - principalmente em seus primeiros dois terços, na qual assistimos a dois tempos narrativos: o passado, da criação do Facebook e da interação de Zuckerburg com os outros personagens, e o presente, dos processos legais que os que se sentiram prejudicados moveram contra ele.

É só na última parte, quando é mostrada a traição contra o colega brasileiro, que "A Rede Social" consegue passar algum tipo de emoção - nem que seja uma vontade imensa de encerrar a conta no Facebook! Fora isso, trata-se de mais um delírio coletivo dos profissionais da opinião e da indústria do cinema estadunidense, que tentam elevar à categoria de obra prima um filme sem qualquer relevância (nem mesmo técnica). Se for para ver nerds irritantes em ação, prefiro o Sheldon de "The Big Bang Theory" que ao menos é comédia.

Cotação: * *

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

DVD: "SOLARIS"

ENIGMA SEDUTOR

Quem procura algo mais no cinema do que simples diversão e entretenimento descerebrado pode e deve assistir "Solaris".

- por André Lux,crítico-spam

Há pelo menos uma cena antológica em "Solaris" de Steven Soderbergh: ao falar sobre a descoberta do estranho planeta que dá nome ao filme com seu amigo psiquiatra Chris Kelvin (George Clooney), o cientista Gibarian descreve: "Ao observarmos Solaris, ele reagia como se soubesse que estava sendo observado". Ao mesmo tempo em que essa fala é proferida, observamos a bela Rheya (Natascha McElhone) desfilando sedutoramente na tela, reagindo ao olhar penetrante de Kelvin. Essa cena primorosamente dirigida e editada é a chave para a compreensão do filme como um todo, especialmente a sua conclusão.

Baseado no livro do escritor polonês Stanislaw Lem, "Solaris" narra a história de um grupo de cientistas a bordo de uma estação espacial em órbita de um planeta que parece ter vida própria e estranhos poderes, capaz de materializar sonhos e desejos dos tripulantes levando todos à beira da loucura. Para tentar solucionar o enigma, é enviado ao local o psiquiatra Kelvin, que passa também a sofrer com as aparições de sua falecida esposa cuja morte o deixou traumatizado.

Essa trama já havia sido adaptada para os cinemas em 1972 pelo pretensioso cineasta russo Andrei Tarkovsky. Embora a nova versão também tenha um ritmo lento e bastante cerebral, as semelhanças entre as duas versões acabam aí. No primeiro filme predominava um clima árido e desprovido de emoção e sobravam discussões filosóficas enigmáticas e enfadonhas, bem como intermináveis seqüências que nada acrescentavam à trama (como um passeio de carro pelas ruas de Moscou que dura longos minutos!). Tudo isso prejudica a narrativa e aliena o espectador, de tal forma que transforma a conclusão do filme do Tarkovsky em algo praticamente indecifrável (exceto para quem leu o livro).

Já Soderbergh, também autor do roteiro e montador da nova versão, preferiu investir em um clima mais humano dando maior ênfase ao relacionamento do casal central, cujos encontros e desencontros são apresentados por meio de uma narrativa brilhante e convincente, na qual presente, passado e futuro se misturam e se fundem sem nunca perder o fio da meada. É louvável o grau de maturidade que o diretor tem ao analisar a relação do casal, fato que parece incomodar algumas pessoas (prova disso é a ridícula polêmica levantada em relação à nudez de Clooney em uma cena totalmente casual).

Ao contrário da verborrágica e indecifrável fita de Tarkovsky, as questões levantadas pelo autor do livro - muitas delas relativas à própria natureza do ser humano - ficam perfeitamente claras na nova versão e, portanto, tornam-se relevantes tanto para a trama do filme quanto para o espectador mais atento. É nesses momentos que "Solaris" chega perto de tornar-se uma obra-prima da ficção científica.

Pena que o filme caia um pouco quando surgem em cena os atores coadjuvantes Jeremy Davies (como Snow) e Viola Davis (na pele da comandante Gordon), pois ambos são muito fracos e destoam completamente do restante. O visual do planeta também deixa a desejar (ficou parecendo uma bexiga cor-de-rosa que brilha no escuro) e perde feio se comparado ao do filme de Tarkovsky, que era muito mais enigmático e perturbador. Muitos reclamam também da conclusão do novo filme, que realmente difere da do livro e da primeira versão, mas a verdade é que ela em nada afeta o resultado final. Apenas demonstra que Soderbergh não teve medo de apresentar sua própria versão do que o planeta buscava - fato deixado em aberto na obra original.

Mas, gostem ou não do resultado final, "Solaris" é mais uma prova da versatilidade e da coragem desse jovem cineasta que não se cansa de surpreender ao buscar novas e diferentes fontes de inspiração para suas obras, ao invés de render-se a fórmulas de sucesso fácil. Basta lembrar que logo depois de realizar "Erin Brockovich", um filme comercial feito para promover a celebridade Julia Roberts (em papel que lhe rendeu até um Oscar de melhor atriz!), Soderbergh dirigiu "Traffic", um pertinente e inquietante drama sobre o tráfico de drogas - assunto que muitos considerariam como anti-comercial.

Quem procura algo mais no cinema do que simples diversão e entretenimento descerebrado pode e deve assistir "Solaris". O restante certamente deve passar longe, já que não se trata de uma ficção científica que procura dar respostas ou mesmo soluções fáceis e certamente vai exigir um maior grau de maturidade e atenção da platéia. Assim como acrescenta um dos personagens acerca do natureza do enigmático planeta, o filme apresenta apenas escolhas, cabendo ao espectador fazer a sua.

Cotação: * * * *

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Filmes: "TRON: O LEGADO"

SAUDADES DO ORIGINAL

O que os nerds fizeram em 1982 usando um processador do tamanho de uma geladeira, os atuais, que dispõe de tecnologia avançada, não chegaram nem perto de conquistar

- por André Lux, crítico-spam

Eu vi o "Tron" original nos cinemas quando tinha uns 12 anos. Lembro bem que o filme foi causou forte sensação entre a moçada principalmente pelos seus efeitos visuais (os primeiros feitos em computador, no caso na "unha" pelos programadores já que naquela época não existiam programas como conhecemos hoje). 

E também pelo desenho de produção de cair o queixo (entre os criadores do visual do mundo virtual estava o grande Jean "Moebius" Giraud).

A história? Bem, era uma confusão das grandes, mas o que importava é que o personagem principal, Kevin Flynn (Jeff Bridges, super divertido), era sugado para dentro do computador e obrigado a lutar em vários tipos de jogos bacanas pelo vilão (o programa "Master Control" que, claro, havia adquirido consciência e queria dominar o mundo).

As lutas com os discos e com as motos geraram trocentas imitações, impressionam até hoje e o resto é história. E eis que, 29 anos depois do original, chega a continuação "Tron: O Legado", que utiliza tudo que há de mais moderno em computação gráfica. E, acreditem se quiserem, o novo filme parece bem mais datado e não chega nem perto da graça que continha o original! 

O que os nerds da informática fizeram em 1982 usando um teclado e um processador do tamanho de uma geladeira, os atuais, que dispõe de tecnologia avançada, não chegaram nem perto de conquistar. Inacreditável! O desenho de produção é feio, sem graça, tudo é escuro e, pior, meio brega (principalmente o personagem Castor, que beira o ridículo com aquele cabelinho branco cheio de gumex).

Eita programa brega!
A história consegue inclusive fazer menos sentido que a do original e agora envolve o surgimento de uma nova forma de vida dentro do computador (hein?), que passa a ser dominado por um programa enlouquecido criado pelo próprio Kevin Flynn (que está preso no mundo virtual há duas décadas) à sua imagem (a recriação em CGI de um Jeff Bridges novinho em folha para representar o personagem impressiona).

Enfim, por uma série de artimanhas forçadas do roteiro, o filho do Flynn (feito por um rapaz inexpressivo) vai parar dentro do computador também e aí repete-se o enredo do original - mas as lutas de discos e motos são mil vez mais confusas e sem graça que as do original!

Só no finalzinho, na sequência da perseguição das naves é que o filme empolga um pouco. Mas é só. Nem a linda Olivia Wilde (a 13 do seriado "House") tem o que fazer, num personagem bobo e inútil. O único que sobra é Bridges, ainda divertido como Flynn. O Tron então, coitado, quase nem dá as caras no filme e tem uma participação vexaminosa.

A música, composta por uma dupla de DJs franceses que se auto-intitulam Daft Punk, é fraca e vai soar velha daqui há alguns meses - pior é que eles tentam incorporar às suas batidas eletrônicas o som de uma orquestra e ao fazer isso imitam o "estilo" do abominável Hans Zimmer, com aqueles repetitivos e intermináveis ostinatos do "Batman Begins"! E pensar que a trilha do "Tron" original era espetacular, composta pela transexual Wendy Carlos que escreveu as partituras originais para os filmes "Laranja Mecânica" e "O Iluminado", de Stanley Kubrick, ainda sob o nome Walter Carlos.

Uma tremenda decepção, até para quem estava com as expectativas bem baixas. A única emoção capaz de fazer a gente sentir é saudades do filme original...

Cotação: *

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Filmes: "Incontrolável"

UM ENLATADO DOS BONS

Para quem gosta de um bom filme de ação repleto de suspense e correrias esse é uma boa pedida

- por André Lux, crítico-spam

De vez em quando a máquina de fazer enlatados de Roliudi acerta e produz um bom filme de ação e suspense. É o caso desse "Incontrolável" dirigido pelo irmão menos talentoso de Ridley Scott, Tony Scott que foi responsável por algumas das maiores bombas do cinema, entre elas o insuperável "Top Gun".

"Incontrolável" conta uma história real, mudando alguns fatos (como o local da ação) e, claro, acrescentando detalhes mais dramáticos. Por incompetência de dois funcionários da companhia de trens, um deles sai correndo sem ninguém a bordo em uma das linhas principais, ameaçando os outros trens que vem ao seu encontro e as comunidades que existem em volta da linha.

O filme é muito bem feito e tem efeitos especiais bem convincentes para recriar trombadas, descarrilhamentos e outros acidentes que vão acontecendo enquanto os responsáveis pela companhia tentam recuperar o controle do trem e evitar maiores tragédias.

Paralela a essa ação de resgate, somos apresentados ao dois funcionários da empresa - um veterano, interpretado com a propriedade de sempre por Denzel Washington, e um novato rebelde, na pele de Chris Pine (o novo capitão Kirk de "Star Trek"), que cumprem um trabalho rotineiro de conduzir um trem de carga a outra estação. No meio do caminho, eles cruzam com o trem desgovernado e decidem partir em seu encalço, de ré, para tentar pará-lo.

Enfim, não é nada de novo nem vai revolucionar a sétima arte, porém para quem gosta de um bom filme de ação repleto de suspense e correrias esse "Incontrolável" é uma boa pedida.

Cotação: * * *

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Emocionante: Ennio Morricone ao vivo

Ennio Morricone rege ao vivo o tema principal de "Quando Explode a Vingança" ("Duck You Sucker!" ou "A Fistfull of Dinamite"). Simplesmente de arrepiar todos os fios de cabelo do corpo...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Luto: Morre o ator Leslie Nielsen

O ator Leslie Nielsen morreu neste domingo (28) aos 84 anos em um hospital de Ft. Lauderdale, no estado americano da Flórida. O canadense teria morrido de complicações devido a uma pneumonia.


A notícia foi divulgada pela rádio canadense CJOB, com informações de um sobrinho de Nielsen. Nielsen foi um dos protagonistas do clássico "O Planeta Proibido", de 1956, no qual interpretou o capitão da nave espacial. Depois, estrelou "O Destino do Poseidon", de 1972.


Mas ator é lembrado especialmente por seus papéis cômicos em filmes como Apertem os cintos, o piloto sumiu!" (1980), "Corra que a polícia vem aí" (1988) – e as sequências "Corra que a Polícia Vem Aí 2½" (1991)" e "Corra que a Polícia Vem Aí 33⅓" (1994) –, "Drácula - morto, mas feliz" (1995), "Duro de espiar" (1996), "Mr. Magoo" (1997), além de ter participado da série "Todo mundo em pânico".

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Filmes: "Fúria de Titãs" (2010)

LIXO DESPREZÍVEL

Refilmagem de clássico juvenil vira mais um filme para machos em delírio movido pelo ignóbil tema “vingança e retaliação”

- por André Lux, crítico-spam

Eu vi o “Fúria de Titãs” original quando tinha uns 11 anos de idade. Fiquei várias noites sem dormir por causa da Medusa. Para a minha geração aquele filminho despretensioso, cujos efeitos visuais baseiam-se inteiramente na técnica do stop-motion criada pelo genial Ray Harryhausen, marcou época.

E eis que os “jênios” de Roliudi resolveram refilmá-lo, agora com efeitos especiais de última geração! Mas não se engane: esse novo “Fúria de Titãs” não tem nada a ver com clima romântico da aventura original, sendo apenas mais um desses filmes para machos em delírio movidos pelo ignóbil tema “vingança e retaliação” que faz a cabeça de brucutus descerebrados mundo afora.

Assim, o roteiro sem pé nem cabeça segue os passos do igualmente desprezível “Gladiador”, trazendo um Perseu de cabelo raspado (Sam Worthington, de “Avatar”, expressivo como uma escultura de pedra) cuja missão é vingar a morte dos pais pelas mãos do deus Hades (um Ralph Fienes atacado por algum problema que o deixou afônico). Mas o que ninguém sabe é que Hades está tramando a derrubado do chefão Zeus (Liam Neeson, com visual “Jesus Cristo em armadura brilhante”) que está perdendo os poderes porque os humanos não rezam mais como antes.

Furioso, Zeus manda o Kraken, que aqui tem a altura de um prédio de 30 andares e tentáculos infinitos, destruir a cidade de Argos a não ser que o rei mate em sacrifício sua filha Andrômeda (pelo jeito isso vai fazer todo mundo voltar a rezar). No original, Perseu, que é filho de Zeus com uma humana, e Andrômeda se apaixonam e ele sai em missão a fim descobrir como deter o Kraken para salvar sua amada. Nesse novo, ele não está nem aí para a bela mocinha e só pensa em se vingar do malvado Hades, ao lado de um monte de guerreiros fortões mal humorados.

Por sinal, Perseu aprende a lutar magistralmente com uma espada depois de uma aula que dura exatos 30 segundos (tudo bem gente, ele é um semideus!). O mais estranho é que Zeus fica toda hora dando uma mão para o seu filho Perseu. Ué, mas não foi ele mesmo quem mandou o Kraken destruir Argos para dar uma lição nos humanos? Um caso clássico de esquizofrenia divina, na certa...

E aí Perseu e sua trupe passam por mil perigos, enfrentam monstros digitais genéricos, encontram os incríveis homens-carvão (é sério!), lutam com a Medusa (que desliza mais rápida que uma Ferrari), tudo ao som de uma “música” ridícula de um Zé Ruela de nome impronunciável que não passa de mais um dos clones do abominável Hans Zimmer (e lembrar que o original tinha uma trilha maravilhosa composta por Laurence Rosenthal!).

É tanta besteira e ruindade juntas que não dá nem para dar risada, pois além de tudo o filme é “super sério”, cheio de frases de efeitos e tomadas posadas. Isso quando você consegue ver alguma coisa, pois a edição frenética é daquelas que deixam qualquer um com dor de cabeça.

Perto desse lixo desprezível, o filme original vira um verdadeiro clássico! Sem brincadeira...

Cotação: *

sábado, 7 de agosto de 2010

Filmes: "A Origem"

MATRIX” COM MANUAL

Falta de maiores pretensões impede o filme de alcançar patamares mais elevados e tornar-se memorável.

- por André Lux, crítico-spam

A comparação entre “A Origem” e “Matrix” é inevitável, afinal ambos retratam pessoas realizando atos impossíveis em mundos virtuais. Mas o filme de Christopher Nolan (o mesmo de “Amnésia” e os dois novos “Batman”), mesmo tendo incríveis efeitos visuais e cenas de ação de tirar o fôlego, não chega ao mesmo nível da obra dos irmãos Wachawsky.

Primeiro porque o roteiro, escrito pelo próprio Nolan, não tem a mesma complexidade e profundidade de “Matrix”, que durante toda a trilogia joga peças de um quebra-cabeça que só pode ser montado pelo próprio espectador na última cena do capítulo final. E segundo – e principal – por não trazer nenhum comentário sócio-político-cultural. No fundo, trata-se apenas de um filme de entretenimento com uma trama um pouco acima do mundano, do tipo que exige o máximo de atenção do espectador e um pouco de raciocínio crítico para ligar os pontos complicados (e isso pareceu ser demais para alguns, pois vi uma dezena de pessoas simplesmente saindo do cinema no meio da projeção!). E olha que Nolan criou pelo menos dois personagens que tem a função de explicar o filme para a platéia de vez em quando! Ou seja, é “Matrix” com manual de instruções.

Não há nada de errado numa obra querer apenas divertir, é claro. Porém, essa falta de maiores pretensões impede “A Origem” de alcançar patamares mais elevados e torná-lo memorável. É o tipo de filme que prende a atenção durante a exibição, mas não fica na mente depois do seu término. No final das contas, é apenas uma fita sobre espionagem industrial, só que aqui tudo se passa no mundo dos sonhos, já que os protagonistas, liderados por um eficiente Leonardo Di Caprio, são especialistas em “roubar” informações empresariais dos subconscientes de suas vítimas enquanto elas dormem. Ou seja, não passam de criminosos comuns, o que torna a catarse final pouco emocionante - embora a conclusão seja esperta.

O filme tem alguns defeitos graves. O diretor Nolan falha ao situar a ação no tempo e no espaço, não conseguindo criar uma sociedade (futurista?) verossímil, na qual entrar nos sonhos alheios seja algo comum. Fica tudo jogado no ar, meio sem nexo. Outro problema grave é sua trilha musical, composta pelo abominável Hans Zimmer (indicado ao Oscar por imitar Ennio Morricone e Wagner em “Gladiador”), que polui o filme com uma massa musical amorfa, opressiva e sem qualquer sensibilidade temática. É difícil entender como um “músico” tão pavoroso consegue tantos bons trabalhos e, sinceramente, qualquer diretor que contrate esse sujeito já não merece muita consideração para começar.

Enfim, “A Origem” é um bom filme de entretenimento. Não espera nada mais do que isso e você com certeza vai se divertir e até exercitar o cérebro um pouco – caso dê-se ao trabalho.

Cotação: * * *

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Filmes: "Predadores"

RECOMEÇO OU REFILMAGEM?

Sem suspense, sem sustos e sem emoção, "Predadores" falha em todas as suas premissas e pretensões. Melhor rever o original e esquecer essa besteira.

- por André Lux, crítico-spam

Eu tenho uma queda por filmes de monstro. Mas são poucos que realmente valem a pena serem vistos. Esse "Predadores" não é um deles. Consegue ser pior do que os dois "Aliens vs. Predador", que pelo menos eram rápidos e despretensiosos.

O roteiro tenta ser uma espécie de continuação do filme original com Arnold Schwarzenegger, que fez sucesso em 1987 e realmente tinha méritos - como a direção segura de John McTiernam, um elenco carismático e uma música vibrante de Alan Silvestri. Mas o novo, no fundo, não passa de uma refilmagem tola e desnecessária daquele, ao ponto da trilha composta por John Debney ser quase toda baseada na de Silvestri.

Só quem nunca viu algum dos filmes originais (e suas muitas imitações) vai se impressionar com essa tolice, que segue passo a passo a construção do suspense do filme de 1987, mas sem qualquer sucesso. Verdade seja dita: filmes de monstros só funcionam quando o elemento humano é forte e bem construído. É preciso que exista um senso de camaradagem entre os personagens e que eles tenham o mínimo de ressonância, profundidade e carisma. Foi isso que garantiu o interesse até o fim em filmes como "Alien" e o "Predador" original.

Mas em "Predadores" os personagens são rasos e não tem qualquer química entre si, pois são jogados do espaço num planeta de caça dos Predadores e se conhecem ali na selva, já no calor da caçada. E é tudo gente mal caráter (para se ter uma idéia, o mais "bonzinho" ali é soldado do exército de Israel, aquele que ataca flotilhas pacíficas e mata ativistas desarmados com tiros na cabeça!). Ou seja, vão fazer você querer torcer pelos monstros! Os diálogos também não ajudam em nada e são meros clichês desse gênero. Tipo: "Onde estamos?", pergunta um deles, só para o outro responder com voz rouca: "No inferno!". Quanta originalidade...

Tecnicamente o filme também é fraco, com desenho de produção feio e direção medíocre. Nem mesmo os efeitos visuais ou de maquiagem impressionam e a edição frenética não ajuda em nada. A história também não faz sentido, principalmente quando quer inovar e inventa um outro tipo de Predador, ainda mais poderoso, que caça também seus "irmãos" menores!

Um gordo e envelhecido Laurence Fishburn, o Morpheus de "Matrix", faz uma ponta ridícula e inútil numa sequência que só traz tédio e o resto do elenco se limita a morrer violentamente até sobrarem apenas aqueles que você já sabia que iam sobreviver desde o começo, restando para o coitado do Adrian Brody (que já ganhou até Oscar!) ser o "Rambo" da vez.

Sem suspense, sem sustos e, acima de tudo, sem emoção, "Predadores" falha em todas as suas premissas e pretensões de ser um reinício da franquia. Melhor rever o original e esquecer essa besteira.

Cotação: *

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Do fundo do baú: "Fuga de Nova York"

SNAKE VIVE!

Filme de 1981 resiste muito bem a uma revisão e continua a ser um das mais bem sucedidas produções classe B da história do cinema

- por André Lux, crítico-spam

“Fuga de Nova York” é uma mistura inteligente e eficaz de vários elementos de ficção científica, faroeste e terror, todos muito bem orquestrados pelo diretor John Carpenter (de “Halloween” e “Starman”), que usa toda sua criatividade para disfarçar o baixo orçamento do filme (apenas US$ 6 milhões).

Calcando seu roteiro em cima da figura carismática do anti-herói rabugento e arredio Snake Plissken (Kurt Russel, em ótima interpretação), Carpenter consegue o milagre de nos fazer acreditar numa trama completamente absurda cujo ponto de partida é a transformação, no futuro (1997!), da cidade de Nova York numa prisão de segurança máxima, dentro da qual são jogados (para nunca mais voltar) todos os tipo de criminosos.

Essa premissa maluca ganha contornos ainda mais surreais quando o avião do presidente dos EUA, o Força Aérea Um, é seqüestrado por um grupo contrário ao governo fascista e jogado dentro da prisão. Mas o presidente escapa, só para ser capturado pela gangue liderada pelo temível Duque (o cantor negro Isaac Hayes).

O problema é que o mundo está em guerra e o presidente estava indo justamente para uma conferência de paz, durante a qual iria apresentar uma fita cassete (que coisa datada!) que poderia mudar os rumos do conflito (não era mais fácil pegar o cara que falava na fita e leva-lo até a tal reunião?).

Como não podem invadir o presídio, resta ao chefe de polícia (Lee Van Cleef, o “Mau” de “Três Homens em Conflito”) coagir Snake, ex-soldado e recém-condenado a ser jogado na prisão de NY, a ajudar no resgate. Obviamente que ele aceita com relutância sem saber que só tem 22 horas para entrar e sair com o presidente, caso contrário será o fim da conferência e também do próprio Snake, que teve injetado em seu corpo duas cápsulas explosivas que só podem ser desativadas pela equipe da polícia!

Mesmo com tantos absurdos na trama, Carpenter segura com mão firme seu roteiro e para isso conta com um desenho de produção que sabe explorar muito bem as locações e com a ótima fotografia de Dean Cundey (ele depois iria trabalhar com Spielberg em vários filmes). Os efeitos especiais também são muito eficientes e nunca parecem ter sido feitos com parcos recursos. James Cameron, futuro diretor de “Titanic”, foi um dos que ajudaram na confecção dos efeitos, muito antes de sonhar em ficar famoso! A trilha musical, feita pelo próprio Carpenter em parceria com Alan Howart, também é um dos ponto altos e garante ao filme um clima de opressão e suspense constantes.

Graças a tudo isso “Fuga de Nova York” virou cult e conquistou uma grande quantidade de apreciados, gerando inclusive várias imitações. Mas, mesmo tendo sido produzido em 1981, resiste muito bem a uma revisão e continua a ser um das mais bem sucedidas produções classe B da história do cinema e, na minha opinião, é o melhor filme do diretor John Carpenter até hoje.

15 anos depois, a mesma equipe produziu uma espécie de continuação, chamada “Fuga de Los Angeles”, mas infelizmente não conseguiram chegar nem perto das qualidades do original.

Cotação: * * * *