sexta-feira, 19 de março de 2021
Snyder's Cut de "Liga da Justiça" é melhor, porém peca pelo excesso
sexta-feira, 12 de março de 2021
“WandaVision” mistura sitcom com o universo Marvel e tem resultado capenga
- por André Lux
Não deu para entender o que a Marvel quis exatamente com
essa série “WandaVision”. A impressão que fica é que alguém falou: “Ei, que tal
colocar os personagens numa espécie de sitcom antiga?”, acharam genial e, a
partir dessa premissa mínima, começaram a construir o roteiro de forma capenga.
A série começa com Wanda e Visão num daqueles programas cômicos
em preto e branco dos anos 1960, tipo “Dick Van Dyke” e “A Feiticeira”, com direito
a trejeitos exagerados e faixa de risadas. Algumas pequenas pistas de que a
realidade não é bem aquela aparecem, mas é só mesmo a partir do terceiro
episódio que as explicações começam a ser apresentadas e as pontas com o universo
Marvel vão sendo atadas.
O problema é que essas duas realidades não casam e
levantam um monte de perguntas que acabam não sendo respondidas (tipo, por que
e como Wanda gravava e transmitia a vida deles para fora do escudo de força?).
E nos últimos episódios qualquer traço de originalidade dá lugar às velhas
lutas com raios e pancadarias genéricas de sempre.
Os realizadores enfiam vários fan-services durante os
episódios, porém acabam tendo pouco impacto na trama, sendo o pior colocarem o
ator que fez o Mercúrio nos “X-Men” da Fox como o irmão da Wanda, o que gerou
uma avalanche de teorias, mas que no fim era só uma besteira sem nexo que culminou
com uma piada sexual rasteira.
O fato de Wanda estar sofrendo com o luto pela morte do
Visão em “Vingadores: Guerra Infinita” não é justificativa para os atos dela e
o fato de encerrarem a série sem maiores consequências deixa tudo com um gosto mais
amargo.
É uma pena que não souberam aproveitar a interessante premissa
melhor, desperdiçando o talento dos atores Elizabeth Olsen e Paul Bettany em
episódios que possuem sequências muito boas desconectadas do todo, mas que
deixam a desejar no âmbito geral do que tentaram construir.
Cotação: * * *
terça-feira, 9 de março de 2021
"Nomadland" retrata o fim do "sonho americano"
PESADELO AMERICANO
“Nomadland” é um filme duro, árido, triste, feito quase todo
com atores amadores que trazem verdade em seus relatos do fim do “sonho
americano”
- por André Lux
“Nomaldland” é mais um filme que descreve de maneira quase
documental o fim do chamado “sonho americano” focando na personagem Fern feita
pela sempre excelente Frances McDormand. Ela é apenas mais uma vítima da
ideologia do capitalismo selvagem neoliberal que tomou conta do mundo depois da
queda do muro de Berlim, quando os donos do poder econômico decidiram que não
era mais necessário manter o “Estado de Bem Estar Social” que garantia uma vida
decente aos proletários a fim de manter afastado o fantasma da revolução
comunista.
Fern vivia na cidade Empire que simplesmente desapareceu do
mapa depois que a maior fábrica faliu e fechou as portas com a crise de 2008.
Já com mais de 50 anos e sem perspectiva de conseguir um emprego fixo, resta a ela
viver num pequeno trailer e trabalhar em subempregos esporádicos.
O filme dirigido pela chinesa Chloé Zhao mostra a rotina da
protagonista em seus trabalhos e interações com outras pessoas, entre elas muitas
vivendo em situação precária como ela sem qualquer expectativa de sair daquela
condição. São seres humanos catatônicos que vivem um dia depois do outro
desprovidos de brilho e de qualquer ajuda governamental, basicamente esperando
a morte chegar.
Em um de seus encontros, Fern conversa com uma idosa que
conta a ela que desistiu de se suicidar porque ficou com pena de seus cães e
que foi atrás de seus direitos só para descobrir que após uma vida de trabalho
duro tinha apenas 500 dólares de direitos trabalhistas para resgatar.
“Nomadland” é um filme duro, árido, triste, desesperançoso, feito
quase todo com atores amadores que trazem grande verdade em seus relatos do que
é hoje o “pesadelo americano”.
Cotação: * * * *
quinta-feira, 4 de março de 2021
Filmes: "A Múmia" (1999)

- por André Lux
Depois conseguir inesperado sucesso com o divertido e assumidamente "trash" "TENTÁCULOS" (Deep Rising), o diretor Stephen Sommers recebeu carta branca para realizar essa pseudo-refilmagem do clássico estrelado por Boris Karloff nos anos 30. Entretanto, A MÚMIA nova está mais para Indiana Jones e comédia do que qualquer outra coisa.
Só que as cenas de ação são fracas e inconvincentes e as piadas não funcionam como se esparava. O filme, no final das contas, é basicamente uma longa propaganda da ILM, empresa de George Lucas especializada em efeitos visuais, que mostra aqui tudo que havia de novo em termos de computação gráfica na época - hoje já datados.
O roteiro não segue nenhuma lógica aparente, limitando-se a criar situações que vão inevitavelmente acabar em um efeito especial, quase sempre exagerado ou grotesco (o pior mesmo são os ataques dos besouros devoradores de gente...).
Portanto, não espere sutilezas nos ataques da Múmia - ela lança chuva de meteoros sobre a cidade ou é capaz de criar uma gigantesca tempestade de areia, mas no momento decisivo sai apenas "no braço" para tentar vencer o herói (Brendan Fraser).
O filme só não é uma lástima total graças ao elenco razoável, à fotografia colorida e pulsante de Adrian Biddle e à trilha musical grandiosa de Jerry Goldsmith.
E olhe lá...
Cotação: **1/2
Filmes: "007 Um Novo Dia Para Morrer"

JAMES BOND EM RÍTIMO DE "BABA BABY"
Canção repulsiva de Maddona dá o tom desse que é o pior (mas mais lucrativo) filme da série com o agente inglês
Não sou nehum purista (daqueles que só gostam do que é velho), portanto posso afirmar com tranqüilidade que esse novo filme do James Bond, UM NOVO DIA PARA MORRER, é, de longe, o pior de toda a série. Ainda mais lamentável que o já péssimo O AMANHÃ NUNCA MORRE.
O que dizer então de James Bond, o maior espião do mundo, deixar-se ser preso por um bando de coreanos malvados e passar 14 meses sendo torturado? E ainda por cima colocaram o Pierce Brosnan (cuja atuação é tão burocrática que beira o catatônico) sem camisa, com cara de mendigo, fazendo o maior esforço para encolher a barriga. Tenha santa paciência... A cena dele surfando de pára-quedas foi digna das maiores vaias! Parecia desenho animado ou video-game de tão mal feita. Os efeitos visuais do filme, diga-se de passagem, são péssimos - nem em DR. NO, o primeiro da série, eram tão primários e toscos assim.
Pior é o final, onde aparece transando com a agente Jinx (Halle Berry, visivelmente constrangida) dentro de um templo budista! Dá pra entender a revolta dos Coreanos com a fita (se parece bobagem, imaginem então o contrário: um filme coreano onde no final o herói fizesse sexo dentro de uma igreja cristã, em cima do altar e embaixo da cruz... Ia ter gente declarando guerra contra o país na mesma hora!).
A canção da Maddona é repulsiva e parece mesmo uma cópia piorada (se é que isso seja possível) de "Baba Baby" da Kelly Key, assim como toda a sequência de abertura (que é uma longa e estilizada sessão de tortura!). A trilha orquestral de David Arnold é absurdamente bombástica para conseguir ser ouvida sobre o infinito número de explosões irritantes.
Resumindo: um desastre total, ofensivo até, que não serve nem para fazer rir (como, por exemplo, fazia aquele em que Roger Moore lutava contra o rei do Voodoo). Mas, em contrapartida, é o filme da série que está mais lucrando nas bilheterias. Sinal de que tem gente que gosta. Eu, francamente, não sou um deles.
Cotação: *
Filmes: "007 O Amanhã Nunca Morre"
Pierce Brosnan retoma o personagem James Bond neste que é sem dúvida um dos piores filmes da série com o famoso agente secreto britânico.
Erraram em praticamente tudo: as cenas de ação são forçadas e exageradas, a trama é inverossímil e os vilões totalmente caricatos - onde nem o competente Jonathan Price se salva, perdendo-se em um atuação constrangedora que o transforma num tipo de sósia do Moacir Franco.
Brosnam está menos convincente do que em sua estreia em GOLDENEY, limitando-se aqui a fazer caras e bocas em uma caracterização extremamente superficial. Parece estar debochando do papel.
O filme tem uma trama pretensamente moderna - dono de rede de comunicação manipula e cria eventos e tragédias para poder noticiá-los em primeira mão - mas é tudo mostrado de forma tão canhestra e primitiva que fica difícil levar a sério seus planos mirabolantes e o interesse vai por água abaixo.
E o que sobra é o 007 correndo de um lado para o outro em perseguições que beiram o ridículo (como a do carro guiado por controle remoto!) ou que não tem razão de ser (para que ficar pulando de moto sobre telhados quando era só ficar parado dentro de uma das casas até o helicóptero ir embora?).
A série James Bond, que sempre primou por enredos inteligentes e soluções engenhosas, parece ter finalmente sucumbido à nova tendência do cinema moderno americano que prima por muita ação e pouco (ou nenhum) cérebro...
Cotação: *
Filmes: "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban"
- por André Lux
Existem duas maneiras de se analisar um filme como “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. A primeira como um produto industrial muito bem acabado e feito na medida certa para agradar o culto que segue os livros criados pela escritora J.K. Rowling. Já a outra como uma obra cinematográfica e, como tal, sujeita à analise de todos os fatores que a compõe, inclusive a elaboração de seu roteiro e o sentido dos acontecimentos para o desenvolvimento da narrativa.
Se você não é fanático pelo personagem, nem leu os livros que deram origem aos filmes, certamente só vai poder analisá-los pela segunda opção. E é justamente aí que os filmes da franquia derrapam em grande estilo. A produção pode ser caprichada, os atores simpáticos e eficientes, a fotografia bonita, a música excelente, mas em se tratando de roteiro a série é um fracasso retumbante. Não há como negar que a autora soube captar o imaginário infantil com suas histórias repletas de figuras míticas e passagens repletas de maravilhas visuais, mas é no desenvolvimento das tramas que ela revela sua maior fraqueza.
E isso, que estava refletido nas duas outras produções da franquia, fica aqui mais do que comprovado. Afinal, analisadas sob esse prisma, as narrativas dos três filmes são praticamente idênticas, ou seja, começam, desenvolvem-se e terminam sempre do mesmo jeito. As únicas coisas que mudam são os antagonistas de Potter, os professores que dão novas aulas e os motivos que os levam ao confronto final. Mas todo o resto é de uma similaridade que chega a ser constrangedora.
Também não é difícil notar que a autora cria seqüências sem a menor lógica ou razão de ser só para poder concluí-las de maneira grandiosa. O exemplo mais evidente disso é a cena na qual Hagrid, recém promovido a professor, leva as crianças para interagirem com um hipogrifo, espécie de cavalo alado com cabeça de pássaro de temperamento imprevisível e que pode ser até fatal. Mas que tipo de aula é essa na qual um professor leva seus alunos para conhecer uma besta feroz sem qualquer proteção? Obviamente, a única razão de ser dela é mostrar Harry conquistando a amizade do animal só para, em seguida, sair voando com ele numa cena bonita e grandiosa, mas desprovida de qualquer coerência ou sentido.
Esse tipo de abordagem certamente não vai incomodar as crianças que não ligam para esse tipo de coisa - e é por isso que a saga de Harry Potter tornou-se um triunfo. Mas para o resto dos mortais os filmes do aprendiz de bruxo podem ser uma experiência enfadonha até, especialmente por causa de sua excessivamente longa duração e pela insistência em construir sequências que não tem nenhuma razão de existir, a não ser para gerar um clímax bonito. É particularmente irritante a parte final do filme, na qual a trama descamba de vez fazendo as ações dos supostos vilões tornarem-se totalmente incompreensíveis.
Confesso que, embora não tenha gostado dos primeiros dois filmes, estava até com muita vontade de ver esse “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, principalmente por causa da direção de Alfonso Cuarón que, imaginei, seria capaz de injetar sangue novo à franquia. Mas, por mais que ele se esforce em dar um tom mais sombrio e enérgico à narrativa (deixando inclusive o compositor John Williams mais livre para criar uma música mais forte e pesada), fica impossível para o mexicano (autor de “E Sua Mãe Também”) mudar muita coisa quando tem em mãos um roteiro tão inconsistente e sobre a sua cabeça a sombra da escritora impedindo qualquer mudança ou enriquecimento narrativo. O trabalho de Cuarón, no final das contas, é meramente burocrático e não chega a parecer muito diferente do que o realizado pelo anterior, Chris Columbus, que foi acusado de mediocridade injustamente afinal.
Reveladas as falhas e limitações do texto original, resta a “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” agradar em cheio aqueles que obviamente vão analisar o filme pelo prisma do culto e da beleza do projeto. Por isso, o terceiro filme da franquia foi um sucesso estrondoso comprovando de maneira cabal que de boba a escritora J.K. Rowling não tem nada...
Cotação: ***
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
Música de Basil Poledouris para "Conan, O Bárbaro" é uma das melhores do cinema
segunda-feira, 11 de janeiro de 2021
domingo, 10 de janeiro de 2021
“Manhunt: Unabomber” mostra como ressentimento e ódio aliados ao extremismo político podem ser perigosos
- por André Lux
A mini-série “Manhunt: Unabomber” conta a história real do desfecho dos 17 anos de caçada ao terrorista que mandava bombas pelo correio e causou a morte de três pessoas, deixando outras dezenas de feridos.
São oitos episódios que alternam três linhas temporais. Em uma delas acompanhamos os esforços do agente do FBI James Fitzgerald, interpretado por Sam Worthington (de “Avatar”) cuja apatia atua em favor do personagem. Ele é recrutado pela força-tarefa do FBI para tentar encontrar pistas a partir das cartas enviadas pelo terrorista. Porém, logo descobre que ninguém leva a sério suas análises, já que essa técnica ainda era uma novidade e os agentes da velha guarda obviamente resistiam a ela.
Aos poucos ele vai conseguindo identificar padrões linguísticos nos textos do Unabomber e traça um novo perfil dele, bastante diferente do que existia até então. Hoje sabemos que se tratava de Ted Kaczynski, um matemático superdotado com QI muito acima da média que usava os ataques com bomba para se vingar da sociedade que o rejeitava (ele nunca teve um relacionamento afetivo e é virgem até hoje, o que explica em grande parte seu ressentimento).
Na segunda linha temporal, vemos as conversas que Fitzgerald trava com Kaczynski já na prisão na tentativa de induzi-lo a confessar seus crimes e admitir a culpa, algo que era desejável pelo governo do EUA. Esses encontros entre eles não ocorreram na vida real e foram criados apenas para dar algum peso dramático ao desfecho do julgamento do terrorista, embora ele tenha de fato se declarado culpado e cumpre até hoje várias sentenças de prisão perpétua.
A terceira linha narrativa apresentada pela série aborda o passado de Kaczynski, sua infância desajustada e solitária, sua adolescência tendo que estudar numa universidade com apenas 16 anos e, principalmente, os fatos chocantes que mostram ter sido usado como cobaia em experimentos do governo que queriam promover lavagem cerebral em agentes soviéticos capturados nos EUA. Ali ele sofreu todos os tipos de abusos, violências e humilhações físicas e psicológicas, o que certamente acionou os gatilhos que o transformaram em um sociopata perigoso.
As cenas que mostram esses experimentos parecem irreais, porém quando descobrimos que realmente aconteceram fica impossível não sentir empatia pelo personagem. Esse é o maior trunfo da série, principalmente quando traça paralelos entra as teorias do Unabomber e o comportamento obsessivo do agente do FBI que chega a se alienar totalmente da família em sua busca pelo terrorista. Nesses momentos, “Manhunt: Unabomber” mostra de forma cristalina como é fina a linha que separa a sanidade da loucura e a crítica contra os abusos do sistema da paranoia delirante.
Muitos dos questionamentos feitos por Kaczynski reverberam até hoje, principalmente no que diz respeito à escalada da tecnologia que destrói nossa humanidade, porém é evidente que seus ataques à sociedade são motivados somente por ódio, inveja e ressentimento por não ser capaz de se ajustar a ela e não por uma profunda consciência social e política. Ou seja, muito parecido com o que vemos atualmente em extremistas de direita que apoiam de maneira irracional políticos que dão voz e legitimidade a esse ressentimento, cujas consequências nefastas assistimos escalando a cada dia no mundo todo, inclusive no Brasil.
A série é muito bem dirigida por Greg Yaitanes (de “Os Filhos de Duna” e vários episódios de “House”) e conta com uma interpretação brilhante de Paul Bettany (o “Visão” de “Os Vingadores”) como Kaczynski. Para quem gosta do gênero, é imperdível.
Cotação: ****
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Retorno de George Clooney à direção deixa a desejar em “O Céu da Meia-Noite”
- por André Lux
George Clooney volta à direção neste filme baseado na obra “Good
Morning, Midnight”, de Lily Brooks-Dalton. Ele tem uma carreira sólida como
cineasta, com boas obras como “Tudo Pelo Poder” e “Boa Noite e Boa Sorte”, porém
aqui não conseguiu um bom resultado.
A direção é frouxa e desperdiça uma ótima premissa do gênero
ficção-científica, abordando o que seria o fim do mundo com a humanidade tendo
que fugir para um outro planeta próximo de Júpiter. Clooney também atua como um
sujeito misterioso que opta por ficar para trás numa estação científica no meio
Ártico, ao que parece por estar sofrendo de uma doença terminal.
Aos poucos, porém, descobrimos que o motivo dele é outro e
aí o filme começa a apresentar duas tramas paralelas que ao invés de somar ao
resultado final, acabam subtraindo. Uma envolve um cientista jovem obcecado com
o trabalho às voltas com um relacionamento afetivo e a outra mostra uma nave
que está voltando para a Terra depois de explorar o mundo para o qual a
humanidade quer habitar.
Essas três tramas são muito mal encaixadas e deixam o filme tolo,
especialmente a que foca nos astronautas e que apela para clichês irritantes,
como quando saem para fora da nave para tentar consertar avarias provocadas por
uma chuva de asteroides, numa cena alongada onde agem como amadores, perdendo
tempo brincando e cantando enquanto esperamos pela inevitável tragédia.
O mesmo acontece com o personagem de Clooney o qual decide
viajar para outra estação científica no meio de uma forte nevasca usando um
simples trenó motorizado, o que vai trazer toda sorte de problemas.
O que poderia ter sido um bonito filme contemplativo e
poético, acaba se tornando uma aventura arrastada e imemorável, repleto de
situações forçadas para alongar a trama além da conta. Assim, quando o real motivo do protagonista ter ficado para trás é
revelado, no que deveria unir as três tramas, já estamos entediados e sem
paciência para nos preocuparmos com o destino dos personagens.
É uma pena, pois a produção é luxuosa, os efeitos especiais
são satisfatórios e a música de Alexander Desplat acaba sendo a melhor coisa do
filme.
Cotação: * *
“Let Him Go” desperdiça a dupla Kevin Costner e Diane Lane
- por André Lux
É uma decepção esse filme que desperdiça os veteranos Kevin
Costner e Diane Lane, novamente atuando como marido e esposa (igual fizeram no
horrível “Homem de Aço”).
A trama gira em torno do casal tentando encontrar o neto que
sumiu depois que a ex-esposa do filho deles casou-se com um sujeito agressivo,
oriundo de uma família de “caipiras” violentos comandados por uma matriarca que
beira a psicopatia (numa atuação caricata ao extremo de Lesley Manville).
O roteiro é baseado num livro e tenta unir drama familiar com
suspense e até terror, mas falha ao apelar para clichês do gênero e, pecado dos
pecados, faz os protagonistas agirem como perfeitos idiotas numa situação que
obviamente poderia descambar para uma cilada. Isso é mais grave levando em
conta que Costner faz o papel de um xerife aposentado, ou seja, certamente tomaria
medidas preventivas para impedir os fatos trágicos que ocorrem, mesmo porque já
sabia que estavam lidando com gente perigosa.
Isso deixa “Let Him Go” irritante e implode qualquer
tentativa de empatia com os personagens que perseguem uma causa nobre, porém
não dá para engolir a maneira abestalhada com que agem e o filme caminha até a
conclusão óbvia sem provocar emoções.
Cotação: **
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
“The Mandalorian”: último episódio da segunda temporada enfim traz alguma emoção genuína
“O Resgate” põe fim à aventura de Din Djarin com Grogu de forma satisfatória e traz uma surpresa que vai emocionar os fãs de “Star Wars”
- por André Lux
Chega ao fim a segunda temporada de “The Mandalorian” com um
episódio que enfim trouxe emoções genuínas para uma série que deixou muito a
desejar nesse quesito. Quem está lendo minhas análises sabe que sou grande
apreciador de “Star Wars” (exceto da trilogia “prequel” que é um horror), porém
não fui um dos que ficaram muito empolgados com essa série. A tentativa de
misturar os gêneros faroeste, samurais e ficção científica, como fez Lucas na
trilogia original, não deu muito certo principalmente pelo fato de não
conseguirem definir se o protagonista era um caçador de recompensas frio e
durão ou um sujeito de coração mole meio atrapalhado (a trilha musical péssima
também não ajudou).
A duas temporadas giraram em torno da relação dele com Grogu
(o bebê Yoda) cuja carreira e reputação o mandaloriano colocou em risco para o proteger
sem motivos bem definidos, o que deixou toda a série capenga e repleta de
situações incoerentes. O fato de vários episódios terem sido meros “fillers” (ou
encheção de linguiça como dizem aqui) não contribuiu. Só nos últimos episódios
das temporadas é que a ação voltou para a trama principal e a série começou a
se conectar com o universo Star Wars que gostamos tanto de ver, abrindo caminho
para se conectar com a trilogia “sequel” recém-lançada pela Disney nos cinemas.
Este último, “O Resgate”, põe um fim à aventura de Din Djarin
(Pedro Pascal) com o Grogu de forma satisfatória, trazendo de volta a
personagem Bo-Katan (Katee Sackhoff) que se une aos outros para invadir a nave
de Moff Gideon (Giancarlo Esposito) e salvar o bebê Yoda. As cenas de luta e
ação não chegam a ser inventivas, com os heróis não tendo muita dificuldade
para atingir seus objetivos, nem mesmo quando o mandaloriano tem que enfrentar
Gideon e seu dark saber.
A grande surpresa se dá com a chegada de um Jedi à luta,
ninguém menos que o próprio Luke Skywalker, que destrói os “dark troopers” com
seu sabre de luz até chegar à ponte. Não tem como não se emocionar com essa
cena, ainda mais quando Luke se revela na forma de um Mark Hamill digitalizado
para parecer mais jovem (o que ainda não é totalmente convincente).
A despedida entre Din Djarin e Grogu é emotiva também e a segunda
temporada se encerra de maneira anti-climática, afinal vai ficar estranho acompanhar
o protagonista sem seu companheiro que era justamente o que dava significado à
série. Com o grande número de novas produções baseadas em “Star Wars” anunciadas
pela Disney recentemente, vai ficar difícil manter o interesse no mandaloriano,
um personagem por demais vazio e raso para despertar paixões tendo em vista que
agora temos vários outros muito mais queridos pelos fãs.
Neste episódio há também uma cena extra depois dos créditos
que mostra o Boba Fett voltando a Tatooine para reclamar o trono do Jabba, o
Hutt, onde é anunciada também uma série exclusiva dele. Uma coisa é certa: os
fãs de Star Wars não tem do que reclamar. Vai ser engraçado, todavia, observar
a reação dos “haters “da trilogia “sequel” a essas séries que se conectam a ela
e que eles tanto louvam até agora...
Cotação: ****
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
“The Mandalorian”: Capítulo 15 retorna ao padrão de “encher linguiça” da série
A maior surpresa desse episódio é o fato de o protagonista tirar o capacete e mostrar o rosto
Depois de quatro episódios excelentes, “The Mandalorian” dá
uma recaída com esse “The Believer” que é basicamente um “filler”, ou seja, um
daqueles que servem mais para “encher linguiça” do que para dar sequência ao
enredo principal.
Novamente temos um roteiro que parece cópia de outro, no
caso o capítulo 12, onde novamente precisam invadir uma antiga base do império agora para
pegar informações sobre o paradeiro do cruzador imperial de Moff Gideon (que
raptou o bebê Yoda).
A maior surpresa aqui é o fato de o protagonista tirar o
capacete e mostrar o próprio rosto, numa tentativa de mostrar que o afeto que
sente pelo pequeno Grogu é maior do que sua fé no credo Mandaloriano. Não chega
a ser muito convincente e parece ter sido inventada de última hora para Pedro
Pascal poder mostrar a cara (boatos afirmam que o ator estava descontente com o
fato de ter que ficar sob a máscara o tempo todo).
![]() |
Pedro Pascal mostra a cara |
Não que o episódio seja ruim, porém é esticado além da conta, com os personagens passando por inúmeros ataques e peripécias até chegar ao desfecho óbvio. O autor Jon Fraveau poderia ter resolvido a questão mais rápido e adicionado cenas mais impactantes à trama principal, já que esse é o penúltimo capítulo da segunda temporada.
Cotação: * * *
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
“The Mandalorian”: 14º capítulo é o melhor dirigido até agora
O maior defeito deste sexto episódio da segunda temporada de
é ser muito curto
- por André Lux
O maior defeito deste sexto episódio da segunda temporada de
“The Mandalorian” é ser muito curto, pouco mais do que 30 minutos. Intitulado “A
Tragédia”, certamente fica entre os melhores da série que finalmente começou a
empolgar depois de uma primeira temporada medíocre e um início bem fraco dessa
atual temporada.
Mas parece que os criadores Jov Fraveau e David Filoni prestaram
atenção às maiores críticas dos fãs de Star Wars e passaram a criar enredos
mais bem escritos e com maior ligação ao universo da franquia, seja ele o dos
filmes ou do universo expandido.
Esse 14º capítulo começa em plena ação com o mandaloriano
aterrizando no planeta Tython onde deixa Grogu (o bebê Yoda) num antigo templo
Jedi. Ele logo se conecta com a Força no que deve ser um chamado a outros Jedis
ainda vivos, mas em seguida ninguém menos do que Boba Fett chega na Slave 1
para reaver sua armadura.
Infelizmente esse é o personagem feito pelo ator Temuera
Morrison tal qual apresentado no lamentável episódio 2, “O Ataque dos Clones”,
das horríveis “prequels” de Star Wars. Já que não tem como fingir que elas não
existiram, melhor relevar e aceitar. Pelo menos mostram Boba Fett de um modo
bastante agressivo e selvagem, arrebentando stormtroopers com sua clava dos
Tusken.
O episódio foi dirigido pelo prestigiado Robert Rodriguez,
cineasta mexicano bastante irregular, mas que tem pleno domínio da técnica e
isso fica evidente aqui. “A Tragédia” é de longe o mais dinâmico e bem dirigido
da série, com destaque positivo também para a direção de fotografia e uso de
locações reis na ação.
Vamos torcer para que a série continue melhorando e
realmente se torne uma entrada realmente memorável no universo Star Wars. Mas
fica sempre a pergunta: por que não fizeram isso antes?
Cotação: * * * 1/2
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
“The Mandalorian”: Capítulo 13 confirma que a série finalmente começa a mostrar a que veio
A melhor coisa do episódio é obviamente a participação de Ahsoka Tano, personagem criado por David Filoni em “Clone Wars”
- por André Lux
Enfim “The Mandalorian” começa a mostrar a que veio com dois
ótimos episódios em sequência que trazem a emoção que faltava até agora e um fan
service inteligente, além de mover o enredo adiante introduzindo personagens já
conhecidos e outros novos.
Finalmente temos algumas explicações sobre o “bebe Yoda”, cujo
nome é revelado ser Grogu e que era treinado pelos Jedi em Coruscant antes de
Palpatine tomar o poder e o Império Galáctico surgir. Ou seja, não é um clone
do Yoda como todos imaginavam.
A melhor coisa do episódio é obviamente a participação de Ahsoka
Tano, personagem criado por David Filoni (aqui atuando como diretor também) em “Clone
Wars”, que é uma ex-Jedi em busca de vingança contra um famoso imperial do
universo expandido. Vamos ser sinceros: qualquer coisa passada no universo Star
Wars fica melhor com alguém empunhando um sabre de luz e Ahsoka faz isso muito
bem! A atriz Rosario Dawson está bem no papel, fator que deixa tudo ainda
melhor. Também foi legal rever Michael Bihen (de “Exterminador do Futuro” e “Aliens”)
como um mercenário. E o mandaloriano novamente tem boas cenas de luta e não age
como um tolo caindo em armadilhas, embora fique cada vez mais claro que ele
está virando um coadjuvante na própria série.
Infelizmente a estrutura do episódio é a mesma de sempre,
com Mando sendo obrigado a participar de uma aventura secundária para conseguir
que seus objetivos sejam atendidos. Também me parece bastante forçado o fato de
que qualquer material feito com Beskar consiga resistir inclusive aos poderosos
sabres de luz, o que levanta imediatamente a pergunta: por que diabos o Império
não produziu armaduras para seus stormtroopers com tal material, algo que os deixaria
obviamente indefensáveis? Sei que vai aparecer alguém justificando que Beskar é
algo raro de se encontrar, mas certamente o Império não mediria esforços para coletá-lo
dos quatros cantos do universo!
Fica difícil de entender porque os idealizadores da série
demoraram tanto para finalmente começar a produzir episódios interessantes ao
invés de perder tempo com enredos fracos e inconsequentes. Já estamos no quinto
episódio de uma segunda temporada que terá apenas oito e só agora as coisas
começam a esquentar. Até agora a série focou no protagonista sem desenvolve-lo
ou apresentar qualquer arco para sua jornada – não ficou claro até agora porque
ele está tão empenhado em salvar o pequeno Grogu, algo que vai contra a sua caracterização
de mercenário estoico apresentada desde o início.
Enfim, antes tarde do que nunca! Vamos ver quais surpresas
nos reservam para o futuro.
Cotação: ****
terça-feira, 24 de novembro de 2020
“The Mandalorian”: Capítulo 12 é o melhor da série até agora
Episódio mantém basicamente a mesma estrutura da maioria e tem os mesmos defeitos, porém o roteiro aqui faz toda a diferença
- por André Lux
O capítulo 12 de “The Mandalorian” (quarto da segunda
temporada) é de longe o melhor episódio da série até agora. O mais interessante
é que ele mantém basicamente a mesma estrutura da maioria e tem os mesmos
defeitos, porém o roteiro aqui faz toda a diferença.
“O Cerco” também é construído como mais uma “side quest” da
aventura principal, com o protagonista novamente tendo que participar de uma
aventura aleatória enquanto sua nave é reparada no porto do planeta Navarro. E,
como sempre, “Mando” desfila com o bebê Yoda à luz do dia pela cidade e o deixa
sozinho no que seria uma escola sem qualquer tipo de proteção, comprovando que
inteligência não é mesmo seu forte.
Felizmente a missão é numa antiga base imperial que deveria
estar abandonada, mas que revela pistas interessantes sobre os motivos que
levariam os imperiais a estarem atrás da criança, algo que deixa o episódio bem
melhor construído em relação aos temas principais da série.
Este capítulo conta com uma ótima direção de Carl Weathers,
que também atua como Greef Karga, deixando a narrativa enxuta e as inúmeras
cenas de ação cheias de suspense e emoção (algo que faltava na série). Os efeitos
visuais também são excelentes e é muito bem vinda a volta dos personagens
secundários Karga, Cara Dune (que é um homem de saias como são caracterizadas quase
todas as mulheres criadas por roteiristas homens em filmes de aventura) e Moff
Gideon (Giancarlo Esposito, sempre ameaçador). E finalmente o nosso protagonista
atua de maneira heroica e convincente sem precisar ser salvo por terceiros no
último instante.
Tomara que os próximos episódios mantenham a qualidade e a
série caminhe para algo mais relevante.
Cotação: * * * *
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
"The Mandalorian": capítulo 11 enfim move o enredo para frente e eleva o nível da temporada 2
Embora tenha essa a boa notícia, episódio traz vários dos mesmos defeitos que atrapalham a série desde o início
- Por André Lux
Enfim melhora a segunda temporada de “The Mandalorian” com
um episódio que finalmente move o enredo (um pouco) para frente, introduzindo
uma personagem importante das animações “Clone Wars” e “Rebels” chamada
Bo-Katan que também é mandaloriana e tem planos de retomar o trono do planeta
natal deles (por isso o episódio tem o nome de “A Herdeira”). Pena que ela é feita
por Katee Sackhoff (que fazia a voz dela nas animações e foi Starbuck na nova adaptação
de “Battlestar Galactica”), uma atriz bonita, porém muito fraca.
Embora tenha a boa notícia de que vai ligar a série ao
universo expandido de “Star Wars”, esse 11º capítulo traz vários dos mesmos
defeitos que atrapalham “The Mandalorian” desde o início. A começar por ser
mais um enredo onde o protagonista é forçado a participar de uma missão contra
sua vontade para só depois receber algo que precisa. Essa premissa é a base de
80% da série até agora. Será que não conseguem bolar algo diferente para movimentar
a trama?
Não bastasse isso, nosso “herói” novamente age como um
perfeito idiota, confiando em personagens no mínimo suspeitos só para cair em emboscada
e ser salvo na última hora por terceiros. Sério, se não fossem os benditos “deux-ex-machina”
que surgem do nada esse mandaloriano já estaria morto faz tempo! Isso
enfraquece demais um personagem que tentam pintar como inteligente e preparado
para enfrentar qualquer situação, mas que a cada episódio toma decisões
risíveis e coloca ele mesmo e sua preciosa companhia em situações mortais sem
necessidade ou justificativa.
Neste episódio ao menos a ação é mais interessante e, como
disse, conta com a participação de personagens com ligação ao que seria a trama
principal da série, fazendo menção a acontecimentos importantes da primeira
temporada e mostrando novamente Moff Gideon (Giancarlo Spositto) e seu sabre de
luz negra.
Mas ainda é pouco para uma série que terá apenas oito episódios
de curta duração e já queimou três capítulos sem praticamente avançar o enredo
para além das “side quests”. Fica cada mais forte a impressão que “The
Mandalorian” tem como objetivos maiores jogar a maior quantidade possível de “fan
service” para ludibriar os fanáticos enquanto abre as portas para gerar outras
séries a partir dos novos personagens que estão sendo introduzidos na série.
Cotação: * * *
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
“The Mandalorian”: capítulo 10 é outro que sai do nada e chega a lugar algum
Episódio é daqueles que não avança a trama abordando uma aventura secundária
- por André Lux
“O Passageiro”, segundo episódio da temporada 2 de “The
Mandalorian”, segue o padrão “encheção de linguiça” da série, começando onde
terminou o outro, porém sem avançar a trama quase nada, abordando novamente uma
aventura secundária. É igual RPG onde você tem uma “busca” principal, mas antes
de chegar a ela tem que passar por diversas sub-buscas que deixam o enredo
principal praticamente parado.
Isso não seria um problema em si caso essas aventuras
secundárias fossem realmente interessantes ou ao menos ajudassem a desenvolver o
caráter dos personagens principais. Mas, não. Aqui é mais do mesmo, com o
roteiro novamente indeciso entre pintar “Mando” (apelido lamentável) como um mercenário
implacável e impiedoso ou um guerreiro autruista.
No início do episódio ele é atacado por um bando que quer
pegar o “baby Yoda” e despacha todos sem muita cerimônia (e inexplicavelmente perambula
pelo deserto lentamente mesmo tendo um jet-pack que o faz voar). Mas, depois
aceita transportar um passageiro em sua nave colocando toda a missão em risco
sem a menor explicação. Por que ele fez isso? A informação que precisava já
havia sido dada, portanto não precisaria ceder às exigências. Se seguisse a
caracterização que gostariam de imprimir ao personagem ele teria dito apenas: “Já
sei o que preciso, danem-se suas exigências” e partiria.
E novamente a incapacidade dele em fazer escolhas coerentes
(leia-se: estupidez) faz com que sua nave seja perseguida e se esborrache num
planeta gelado, onde são atacados por aranhas alienígenas numa sequência bem
feita, porém repleta de clichês culminando com eles sendo salvos por um
tremendo “deus-ex-machina”. O mais espantoso é que os seus salvadores
simplesmente abandonam “Mando” e seus passageiros no planeta mesmo sua nave
estando toda esbodegada! Sorte que ele consegue consertar ela em cinco minutos
usando apenas seu maçarico...
Chega a ser cômico ver muitos fãs de Star Wars tratando “The
Mandalorian” como se fosse algo do nível de um “O Império Contra-Ataca”,
tamanha a necessidade de continuar justificando seu ódio pela trilogia sequel a
qual, mesmo com todos seus defeitos, é mil vezes melhor que essa série.
Agora é esperar pra ver se a série anda no próximo episódio
ou vai ser apenas mais uma aventura secundária repleta de citações aos filmes
originais e cenas inúteis com o “baby Yoda” fazendo gracinhas para ajudar a
vender bonecos.
Cotação: * *
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
“Tenet” é mais um pastel de vento indigesto do cineasta Christopher Nolan
Filme seria aprazível se fosse possível desligar o cérebro, porém o diretor faz questão de impedir isso com a edição picotada, barulho infernal e a insistência em chamar a atenção para si mesmo
- por André Lux
Eu fico impressionado com a capacidade que o diretor e
roteirista Christopher Nolan tem de criar tramas rocambolescas e
imagens grandiosas que, no final das contas, não significam absolutamente nada.
Quase todos os filmes dele são assim: tecnicamente brilhantes e com roteiros
aparentemente complexos, mas totalmente rasos de emoção ou significado. Mais ou
menos como um belíssimo e indigesto pastel recheado de... vento.
E seu novo filme, “Tenet”, não é exceção. São 2h30 de projeção
durante a qual somos bombardeados com exposição pesada sobre a trama no meio de
explosões, brigas, perseguições e trombadas com efeitos sonoros e música no
último volume. Tudo isso com o objetivo de impedir que a plateia pense e
perceba o quanto tudo não faz o menor sentido. A maior pista desse tipo de
engodo se dá quando um dos personagens tenta explicar o que está acontecendo e
no meio brinca com o fato de que não dá pra entender nada. “Já ficou com dor de
cabeça?”, ironiza Neil (Robert Pattinson) numa das várias sequências como essa.
“Tentet” tem uma premissa interessante, no que nada mais é
do que uma ficção científica misturada com filme de espionagem, onde supostos agentes
do futuro bagunçam a realidade atual basicamente invertendo a entropia dos
objetos e deles mesmos. Ou seja, andam de trás pra frente no tempo. Ao que tudo
indica, Nolan um dia pensou: “Não seria o máximo um filme onde os personagens
andam para trás enquanto o resto do mundo se move pra frente - e vice-versa?” e
a partir daí começou a tentar escrever um enredo em volta dessa ideia.
Só essa premissa já seria suficiente para deixar todo mundo
confuso. Mas, não satisfeito, Nolan deixa o enredo ainda mais obscuro e enfia um
monte de informações incompletas, explicações pseudo-científicas e diálogos empolados
para confundir mais as pessoas, tática velha de artistas apaixonados pelo
próprio ego que querem parecer mais inteligentes do que realmente são,
manipulando a plateia a concluir: “Não entendi nada, portanto o filme é genial!”.
Infelizmente, esse
truque manjado ainda funciona, basta ver o prestígio que tal cineasta mantém,
principalmente entre os críticos. Alguns praticamente pedem desculpas por não
terem gostado muito deste filme, como medo de serem chamados de burros e, por
isso, perderem likes e inscritos. Chega a ser constrangedor.
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Nolan: "E aí, já ficou com dor de cabeça?" |
Nolan desperdiça um excelente elenco, com destaque negativo para John David Washington (filho do Denzel), ator que esteve tão bem em “Infiltrado na Klan”, mas aqui não passa emoção alguma, até porque seu personagem é vazio e nem mesmo nome tem (nos créditos finais é listado como O Protagonista – veja só que genial!). Já Kenneth Branagh se perde em sua enésima caracterização de vilão psicopata histérico, sem qualquer nuance ou verdade. O único que se salva é o Robert Pattinson que esbanja carisma e ao menos tem certa leveza na atuação, algo sempre ausente dos filmes de Nolan, afinal tudo tem que ser super sério e pesado, não se esqueçam!
O músico Ludwig Göransson (de “Pantera Negra” e “The
Mandalorian”) compôs a partitura no lugar do habitual de Nolan, o abominável
Hans Zimmer que abandonou o amigo para, infelizmente, produzir a trilha do novo
“Duna”. Mas não difere muito do que já ouvimos antes nos filmes do diretor:
tudo muito barulhento, altíssimo e praticamente sem qualquer tipo de melodia, o
que deixa o filme ainda mais irritante e sem emoção, especialmente na grande
batalha final, sem dúvida uma das sequências mais alongadas e tediosas da história
do cinema. Até as insuportáveis “trombetas do inferno” (FLÓÓÓÓMMMMM!) criadas
por Zimmer para “Inception” soam de vem em quando.
“Tenet” até seria aprazível se fosse possível desligar o cérebro
e apenas curtir as cenas bem elaboradas, porém Nolan faz questão de impedir
isso com a edição picotada ao extremo que deixa tudo praticamente ininteligível
e sua insistência em chamar a atenção para si mesmo. “Já está com dor de cabeça?”,
parece querer perguntar a cada cinco minutos. Sim, querido, já estamos, está de
parabéns!
Cotação: * *