
Depois do sucesso inesperado do primeiro “Highlander”, os produtores tiveram então a brilhante idéia de criar uma continuação com o único e exclusivo objetivo de ganhar mais dinheiro.
Conseguiram reunir novamente o diretor Russel Mulcahy e os astros Christopher Lambert e Sean Connery. Nasceu então “Highlander 2: A Ressurreição”, sem dúvida um dos filmes mais estúpidos da história do cinema, trash absoluto que vai fazer você rir o tempo todo.
Mas não tinha mesmo como funcionar um roteiro que tenta dar continuidade aos eventos descritos pelo primeiro filme, mesmo porque ele terminava de forma definitiva sem deixar portas abertas para seqüência. O jeito foi inventarem um "prólogo" que explica como os heróis tornaram-se imortais em primeiro lugar.
Assim, segundo o roteiro, vieram todos de um planeta distante aparentemente dominado por um general vilão (Michael Ironside, sempre divertido) e às voltas com uma guerra civil. Mas os mocinhos acabam presos e então são mandados (como forma de punição) para a Terra (?), onde além de tornarem-se imortais (??) vão ter que lutar entre si até que sobre apenas um (???). Quer dizer então que o terrível Kurgan, o vilão máximo do primeiro filme que corta a cabeça de todo mundo sem a menor piedade, era na verdade um ex-companheiro de revolução dos heróis?
Não satisfeitos em criarem um projeto totalmente absurdo, ainda esforçaram-se para destruir também o primeiro filme - que se torna ridículo se analisado à luz das "revelações" feitas na continuação!

A trama volta então para o presente (ou futuro?), quando o tal general alienígena resolve, assim do nada, mandar seus lacaios em busca do ex-imortal Macleod (Lambert). Eles brigam, cabeças são degoladas e, bingo, o Highlander volta a ser imortal! Por sinal, como é que o general poderia ainda estar vivo em seu planeta se seus inimigos tornaram-se imortais na Terra, onde viveram centenas de anos? Ah, quem liga para esses detalhes? Enfim, nervoso com o fracasso de seus peões, o malvado resolve ele mesmo vir a Terra matar o herói com as próprias mãos!
Sean Connery reprisa seu personagem Ramirez e, obviamente, divertiu-se muito durante as filmagens realizadas na Argentina (para cortar custos). Felizmente (para ele), seu tempo em cena é curto e, claro, totalmente sem lógica. Não estou exagerando: depois que McCleod grita (grita!) pela ajuda do amigo, Ramirez materializa-se imediatamente na Escócia (com a mesma roupa medieval do filme anterior), pega um avião (com certeza pagou a passagem com alguns dobrões espanhóis do século 14 que estavam em seu bolso) e, na cena seguinte, surge dentro da casa do McLeod, lá em Nova York!
Assim, juntam-se a uma guerrilheira loira e juntos vão lutar para destruir um escudo que envolve a Terra, que foi criado pelo próprio McCleod para proteger os humanos da destruição da camada de ozônio. O problema é que agora o escudo já não é mais necessário, porém a malvada companhia que o controla não quer desligá-lo já que fatura muito dinheiro com sua manutenção... Peraí, como é que é? Ah, deixa prá lá...
Mas, não tema! Foi lançada em DVD (aqui no Brasil vendiam nas bancas por 9 reais) a versão completa do filme (chamada de "Renegada"), que traz diversas cenas adicionais, novos efeitos visuais e uma mudança radical no roteiro que, segundo os realizadores, redimiria o filme. A desculpa é que a versão anterior era ruim porque foram obrigados pelo estúdio a terminar tudo de qualquer jeito depois que o dinheiro acabou. Ah, tá! Pobres iludidos...
Então, nessa nova versão, os imortais não vieram de outro planeta, mas sim da própria Terra, mas do passado distante, onde lutavam contra um tirano com armas de raio laser e naves! Capturados, foram então enviados para o futuro como punição e indo parar mais ou menos na Idade Média, onde se vestiam com peles de animais e lutavam com espadas e lanças! Será que a Terra “involuiu”? Então era isso que faltava para tornar o filme bom? Certo... Pelo menos eles explicam melhor como é que o coitado do Sean Connery consegue trocar de roupa e pegar um avião para Nova York.

Como se vê, é tanta besteira junta que acaba transformando ambas as versões em ótimas comédias, se você souber levar tudo na esportiva. Mas, por incrível que pareça, conseguiram fazer mais duas continuações e uma série de TV ainda mais ridículas e abomináveis!