domingo, 10 de maio de 2009

Filmes: "STAR TREK"

PRA NERD NENHUM BOTAR DEFEITO

- por André Lux, crítico-spam

Esse novo “Star Trek” é simplesmente espetacular! Palmas para o diretor J.J. Abrams, que estava na crista da onda depois do sucesso de “Lost” e se arriscou bastante ao aceitar fazer esse renascimento da série original com Kirk, Spock e o Dr. McCoy que desperta paixões em várias gerações de espectadores. Mas ele não poderia ter acertado mais.

Tudo está no lugar certo neste filme, a começar pelo elenco homogêneo e sem pontos baixos e pelo roteiro muito bem escrito, que consegue o milagre de resolver satisfatoriamente uma trama tortuosa e complexa a qual inclui até viagens no tempo (sempre uma armadilha perigosa em filmes desse tipo), chegando a ter participação especial de Leonar Nimoy, o Spock original!

O mais bacana de tudo é que Abrams revela-se um bom cineasta, com completo domínio da narração e da imagem. Reparem como ele e seu diretor de fotografia posicionam a câmera e usam lentes zoom em várias tomadas para criar o máximo efeito de profundidade de campo no frame, deixando “Star Trek” com cara de filme grande (comparem, por exemplo, com o fraquinho “X-Men Origens: Wolverine”, cuja fotografia utilizada deixa-o quase todo chapado, com cara de filme para televisão).

A música de Michael Giacchino, colaborador constante de Abrams (é dele as trilhas de “Missão Impossível 3” e da série “Lost"), também é muito boa e o compositor tem talento para alternar orquestrações pesadas com outras mais intimistas sem perder a lógica interna do desenvolvimento temático (coisa rara atualmente). Giacchino teve o luxo de compor músicas para cenas chave (como a do nascimento de Kirk) desprovidas de efeitos sonoros. Ou seja, Abrams deixou só as imagens e confiou acertadamente na trilha musical para elevar a dramaticidade da cena (outra opção rara e corajosa). Interessante notar também que o músico vai inserindo aos poucos o tema da antiga série (composto pelo falecido Alexander Courage) no filme, culminando com uma rendição enérgica e empolgante dele nos créditos de encerramento.

São muito legais e bem-vindas paras os fãs as citações a vários episódios da série original e até mesmo dos filmes do cinema, algumas delas bem sutis. Os efeitos visuais também são ótimos, a nova Enterprise é simplesmente linda e o filme tem muito humor. Mas, na minha modesta opinião, a melhor sacada dos realizadores foi eles terem inventado toda uma trama de viagens no tempo que culminou na criação de um universo paralelo, onde os heróis vão poder viver suas aventuras sem precisar se preocupar em serem fiéis à cronologia de eventos da série original (engraçado ver alguns profissionais da opinião criticando o roteiro de forma a dar claras evidências que não entenderam esse ponto crucial - pior que esse fato é tão óbvio e importante para a apreciação do filme que a Uhura chega a citá-lo literalmente!)

Enfim, é um renascimento para “Star Trek” para nerd nenhum botar defeito.

Cotação: * * * * *

domingo, 3 de maio de 2009

Filmes:"X-MEN ORIGENS: WOLVERINE"

FRAQUINHO

Perda de tempo

- por André Lux, crítico-spam


É bem fraquinho esse “X-Men Origens: Wolverine”. No fundo, não passa de um filminho classe B e com jeitão de produção para a TV feito às pressas para tentar lucrar em cima da franquia dos mutantes da Marvel, cujo primeiro filme tinha qualidades. 

Como perceberam que fazer uma quarta continuação de "X-Men" ficaria muito cara, principalmente por causa do elenco estelar, resolveram então inventar um filme solo para o personagem mais carismático da série.

Com exceção do astro Hugh Jackman, que se esforça em vão tentando passar alguma emoção, todo o resto do elenco e da equipe técnica é de segundo linha, particularmente o sujeito que faz o coronel Striker, canastrão ao extremo. 

Podiam ao menos ter feito um filme desfrutável se tivessem investido num roteiro melhor. Mas que nada, a história é cheia de furos e as reviravoltas e resoluções soam falsas e forçadas. Entre as piores de longe ficam a desculpa que inventaram para a perda de memória do protagonista e a história da morte da sua namorada, totalmente ridículas.

E como sempre acontece com esse tipo de produção, na falta de um melhor roteiro e diálogos minimamente inteligentes, apostam todas as fichas em perseguições, lutas e explosões exageradas a cada cinco minutos. Chega a ser tedioso ver Logan lutando com seu irmão Dente-de-Sabre pela enésima vez, quando sabemos muito bem que ambos não vão morrer.

Enfim, é uma perda de tempo. Pior é que li profissionais da opinião dizendo que essa bobagem caça-níqueis é melhor que “Watchmen”! Depois ficam nervosinhos quando percebem que a maioria dos mortais não leva o trabalho deles a sério...

Cotação: **

segunda-feira, 30 de março de 2009

Luto: Compositor Maurice Jarre morre aos 84 anos

Mais uma notícia triste para os apreciadores da boa música do cinema. Morreu, no dia 29 de março, em Los Angeles, o compositor Maurice Jarre, autor de trilhas sonoras memoráveis como "Lawrence da Arábia", "Doutor Zhivago", "Mad Max Além da Cúpula do Trovão", "A Filha de Ryan", "Passagem para a Índia", "Topázio", "Ghost", "Inimigo Meu", "O Homem Que Queria Ser Rei" e mais de 160 outras.

Confesso que Jarre não entraria na minha lista dos 10 compositores favoritos, suas trilhas mais recentes, como "Sem Saída", "Atração Fatal", "Sociedade dos Poetas Mortos", eram praticamente todas eletrônicas (talvez por influência do sucesso do filho Jean-Michel Jarre) e infelizmente bem fraquinhas. Porém, é inegável que criou partituras clássicas que serão lembradas para sempre!

Confira abaixo algumas de suas obras e uma suite de "Lawrence da Arábia", regida pelo próprio Maurice Jarre.



quinta-feira, 26 de março de 2009

Séries: THE L WORD (Última Temporada)

FINAL MELANCÓLICO

É muito triste ver uma série que começou com tantas promessas terminar de forma tão deprimente e sem sentido.

- por André Lux, crítico-spam simpatizante

Não poderia ter sido mais melancólico e decepcionante o final da sexta e última temporada da série “The L Word”.

Mas não era imprevisível, visto que somente a primeira temporada é que foi realmente boa (leia minha análise neste link). A partir da segunda, a qualidade da série foi decaindo exponencialmente até chegar ao que chegou.

Até agora não consegui entender o que aconteceu com os idealizadores da série, especialmente com a criadora e principal roteirista Ilene Chaiken, que surgiu como uma lufada de ar fresco na mesmice da programação das redes de TV, trazendo para a telinha histórias fortes, picantes e realistas de um grupo de lésbicas de Los Angeles.

Tudo que era verdadeiro, emocionante e divertido na primeira temporada foi, aos poucos, se transformando no contrário. Principalmente a partir da terceira temporada, que foi onde a coisa realmente desandou. As situações começaram a ficar cada vez mais forçadas e inverossímeis.

O que era sério e realista virou dramalhão sem sentido. Saiu de cena o humor fino e entrou o puro pastelão rasteiro. É incrível também a facilidade como todo mundo na série perde um emprego e arruma outro rapidinho, sem qualquer problema e sempre ganhando mais!

Incomodou também a inserção de péssimos novos personagens, como a horrível Papi, representando todos os piores estereótipos da mulher latina, e a chatíssima transexual feminina Moira, ainda por cima interpretada por uma atriz péssima.

Isso sem falar na mudança de personalidade de algumas personagens-chave, que foram literalmente da água para o vinho – como, por exemplo, a arrogante e dominadora Helena Peabody (a belíssima Rachel Shelley) que se transformou, sem qualquer motivo, numa mulher chorona e submissa.

Mas a pior mudança mesmo, que realmente destruiu a série, foi feita na personagem Jenny Schectter (Mia Kirshner). Ela, que na primeira temporada, descobriu sua bissexualidade e foi responsável por momentos de forte emoção e verdade, transformou-se, principalmente nas três últimas temporadas, numa dondoca petulante e estúpida que, ridículo do ridículo, virou diretora de cinema depois que um livro seu, inspirado na vida dela e das amigas, virou best-seller e foi comprado por um estúdio de Hollywood!

Por que não mataram ela antes?
E se não bastasse a total falta de credibilidade da situação, praticamente todo o resto da série ficou gravitando em torno dos chiliques de Jenny e das constrangedoras filmagens do seu "Lez Girls", deixando “The L Word” praticamente intragável.

Nem mesmo algumas sub-tramas e novos personagens realmente interessantes (como o romance entre Beth e a artista surda-muda Jodi, interpretada pela talentosa Marlee Matlin, ou o drama da soldado que, por ser lésbica, é ameaçada de expulsão pelo exército) conseguiram salvar a série, que foi afundando até chegar à última temporada que, acreditem, gira totalmente em torno de uma única questão: “quem matou Jenny Schectter”?

Por que não a mataram antes é a pergunta que realmente gostaríamos de ver respondida...

Enfim, é muito triste ver uma série que começou com tantas promessas terminar de forma tão deprimente e sem sentido.

Para vocês terem uma idéia do tamanho da besteira, o último episódio acaba com todas as personagens chegando numa delegacia de polícia para prestar depoimento sobre a morte de Jenny (que, pasmem, nem é solucionada!) e, de repente, começam a andar sorridentes e de forma posada em câmera lenta, como se estivessem numa passarela. The End!

Lamentável...

Cotação: *

quarta-feira, 18 de março de 2009

Jornada nas Estrelas: Tributo a Jerry Goldsmith

Assistam ao bonito tributo feito pelos responsáveis da franquia Jornada nas Estrelas ao grande compositor Jerry Goldsmith, contido no DVD no oitavo filme para o cinema, "Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato".

Contém entrevistas com diretores, atores, compositores e com o próprio Jerry. Em inglês, sem legendas (infelizmente). Dividido em duas partes. Mais abaixo, o tema principal e a batalha dos Klingos de "Jornada nas Estrelas: O Filme", de 1979, uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos!





quinta-feira, 12 de março de 2009

Filmes: "WATCHMEN"

ESPETACULAR E EMOCIONANTE

Mais importante do que o enredo são as questões que a obra levanta, principalmente as políticas, fortemente representadas nas figuras do Comediante e do Rorschach, os personagens mais carismáticos que não passam de sociopatas praticantes da máxima fascista “bandido bom é bandido morto!”.

- por André Lux, crítico-spam

Quem não leu “Watchmen” na época de seu lançamento não sabe a revolução que aquela obra causou no mundo dos quadrinhos. Lembro-me até hoje da angústia que era esperar que o próximo fascículo da saga criada por Alan Moore e Dave Gibbons chegasse às bancas. Por isso, acho difícil que o público atual, especialmente aquele que não conhece a graphic novel, será abalado pelo filme, já que o sem número de obras que beberam de sua fonte (como a animação “Os Incríveis”) certamente vão tirar seu impacto. É mais ou menos como o meu sobrinho de 16 anos, que nunca viu os “Indiana Jones” originais, mas assistiu ao quarto filme lançado há pouco tempo nos cinemas. Sabe o que ele me disse? “Pô, esse filme é cópia da Múmia!”. Pois é, tio sofre...

Mas, eu que sou fã incondicional da obra, achei “Watchmen”, o filme, espetacular. Sei que muitos vão reclamar das mudanças e reduções, porém isso é inevitável nesse tipo de empreitada e, na minha opinião, não reduziram em nada o valor da obra. Confesso que fiquei um pouco apreensivo ao saber que o diretor seria o mesmo do irregular “300”, Zack Snyder. Porém, o sujeito deu conta do recado e conseguiu transportar para as telas o clima e o desenho dos quadrinhos de forma quase irretocável. Só faço ressalvas a algumas cenas onde exageram na violência (defeito que “300” também tinha).

Todas as questões filosóficas e políticas levantadas pelo texto de Alan Moore (não por acaso, o mesmo autor de “V de Vingança”) estão no filme, que retrata uma realidade paralela, onde vigilantes mascarados faziam justiça com as próprias mãos e os EUA venceram a guerra no Vietnam graças à ajuda do invencível Dr. Manhattan, um semi-deus criado a partir de um cientista exposto a uma experiência radioativa que passa a maior parte da projeção peladão (imagino que os realizadores serão, no mínimo, excomungados por mostrarem um super-herói com o pinto de fora!).

Graças a tudo isso, o infame Richard Nixon é reeleito por três mandatos e os EUA viram um Estado praticamente fascista, onde até os vigilantes mascarados são considerados foras da lei – exceto o truculento Comediante e o Dr. Manhattan que, além do Vietnam, ajudam Nixon a derrubar “governos marxistas” no mundo (reparem como, nesse ponto, a obra foi premonitória do governo de Bush Júnior!). O problema é que isso causa uma escalada de tensões entre os EUA e a União Soviética, ao ponto de praticamente iniciarem uma guerra nuclear. Pode ter certeza que a trama é bem confusa e fica ainda pior quando chega a conclusão, que é arrebatadora, totalmente inesperada e vai exigir atenção máxima.

Mais importante do que o enredo em si, porém, são as questões que a obra levanta, principalmente as políticas, que estão mais fortemente representadas nas figuras do Comediante e do Rorschach, já que ambos acabam sendo os personagens mais carismáticos ao mesmo tempo em que não passam de dois sociopatas violentíssimos e praticantes daquela velha máxima fascista “bandido bom é bandido morto!”. O problema é que, no final das contas, a gente fica sem saber quem são realmente os bandidos e os mocinhos nessa história maluca - o que, espero, faça as pessoas pensarem um pouco melhor no perigo que esse tipo de ideologia maniqueísta esconde.

Tecnicamente o filme é irrepreensível, tem efeitos visuais muito bons, mas sem exageros, fotografia e edição adequadas ao clima caótico do enredo e faz bom uso (às vezes de forma irônica) de músicas famosas de Bob Dylan, Janis Joplin, Nat King Cole, Simon & Garfunkel entre outros. “A Cavalgada das Walkyrias” de Richard Wagner aparece na cena do Vietnam traçando paralelo com a insanidade de “Apocalipse Now” e duas faixas minimalistas de Phillip Glass foram usadas na cena da origem do Dr. Manhattan de forma primorosa. Já a trilha incidental, composta por um tal de Tyler Bates, é funcional, porém não acrescenta nada a mais, o que é sempre uma pena (nessa hora que sentimos a falta de um compositor de verdade, como um Goldsmith ou Morricone, criando uma partitura musical que eleve o filme e os personagens além do trivial).

O elenco, formado quase todo por atores pouco conhecidos, também é perfeito, embora quem roube a cena - exatamente como nos quadrinhos - seja o megafascista Rorschach, perfeito na pele de Jack Earle Halley (que foi um pedófilo em “Pecados Íntimos”).

Bom, já escrevi demais. Para resumir: o filme é espetacular, emocionante até. Vale a pena ser visto e revisto. E parece que vem aí uma versão ainda mais longa (essa que está nos cinemas tem 163 minutos), que vai incluir diversas cenas inéditas, inclusive os terríveis “Contos do Cargueiro Negro”. É esperar para ver!

Cotação: * * * * *

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Homenagem: Jerry Golsmith completaria 80 anos em fevereiro

No último dia 10 de fevereiro teria sido comemorado o 80º aniversário do compositor Jerry Goldsmith. Infelizmente, ele perdeu a luta contra o câncer e faleceu em 21 de julho de 2004.

Goldsmith é meu compositor favorito. Não devo passar mais de três dias sem ouvir alguma coisa que ele criou. Tenho hoje mais de 150 CDs com suas trilhas sonoras (parei de contar faz tempo). E olha que ele criou música para muitos filmes realmente horríveis!

Sua trilha mais famosa é a do filme "A Profecia", que lhe rendeu seu único Oscar, e é confundida por muita gente com Carmina Burana, que não tem nada a ver exceto o uso de coral de vozes.

Não sei dizer qual trilha dele gosto mais, mas arriscaria dizer que é a de "Alien - O Oitavo Passageiro" ou a de "Jornada nas Estrelas - O Filme".

É muito estranho ser abalado de forma tão forte pela morte de alguém que você nunca conheceu de perto. Falei dessa dor em um texto que escrevi no dia que recebi a notícia de sua morte. Ele foi originalmente publicado no hoje falido site E-pipoca, na época em que eu o editava em caráter de caridade. Clique aqui para ler.

Confira abaixo a filmografia do mestre (não sei dizer se contém realmente todos os filmes para os quais compôs a trilha sonora):

Timeline (2003) (rejeitado)
Looney Tunes: Back in Action (2003)
Star Trek: Nemesis (2002)
The Sum of All Fears (2002)
Along Came A Spider (2001)
The Last Castle (2001)
Hollow Man (2000)
The Haunting (1999)
The Mummy (1999)
The Thirteenth Warrior (1999)
Deep Rising (1998)
Mulan (1998)
Small Soldiers (1998)
Star Trek: Insurrection (1998)
U.S. Marshals (1998)
Air Force One (1997)
The Edge (1997)
Fierce Creatures (1997)
L.A. Confidential (1997)
Chain Reaction (1996)
City Hall (1996)
Executive Decision (1996)
A Family Thing (1996)
The Ghost and the Darkness (1996)
Star Trek: First Contact (1996)
Congo (1995)
First Knight (1995)
Powder (1995)
Star Trek: Voyager (1995)
Angie (1994)
Bad Girls (1994)
I.Q. (1994)
The River Wild (1994)
The Shadow (1994)
Dennis the Menace (1993)
Malice (1993)
Matinee (1993)
Rudy (1993)
Six Degrees of Separation (1993)
The Vanishing (1993)
Basic Instinct (1992)
Forever Young (1992)
Love Field (1992)
Medicine Man (1992)
Mom and Dad Save the World (1992)
Mr. Baseball (1992)
Not Without My Daughter (1991)
Omen IV: The Awakening (1991)
Sleeping with the Enemy (1991)
Gremlins 2: The New Batch (1990)
The Russia House (1990)
Total Recall (1990)
The 'burbs (1989)
Criminal Law (1989)
Leviathan (1989)
Star Trek V: The Final Frontier (1989)
Warlock (1989)
Rambo III (1988)
Rent-a-Cop (1988)
Extreme Prejudice (1987)
Innerspace (1987)
Lionheart (1987)
Hoosiers (1986)
Link (1986)
Poltergeist II: The Other Side (1986)
Baby... Secret of the Lost Legend (1985)
Explorers (1985)
King Solomon's Mines (1985)
Legend (1985)
Rambo: First Blood Part II (1985)
Gremlins (1984)
The Lonely Guy (1984)
Runaway (1984)
Supergirl (1984)
Dusty (1983)
Psycho II (1983)
The Return of the Man from U.N.C.L.E. (1983)
Twilight Zone: The Movie (1983)
Under Fire (1983)
The Challenge (1982)
First Blood (1982)
Inchon (1982)
Poltergeist (1982)
The Secret of NIMH (1982)
The Final Conflict (1981)
Night Crossing (1981)
Outland (1981)
Raggedy Man (1981)
The Salamander (1981)
Caboblanco (1980)
Alien (1979)
The Great Train Robbery (1979)
Players (1979)
Star Trek: The Motion Picture (1979)
The Boys from Brazil (1978)
Capricorn One (1978)
Coma (1978)
Damien: Omen II (1978)
Magic (1978)
The Swarm (1978)
Contract on Cherry Street (1977)
Damnation Alley (1977)
High Velocity (1977)
Islands in the Stream (1977)
MacArthur (1977)
Twilight's Last Gleaming (1977)
The Cassandra Crossing (1976)
The Last Hard Men (1976)
Logan's Run (1976)
The Omen (1976)
Babe (1975)
Breakheart Pass (1975)
Breakout (1975)
A Girl Named Sooner (1975)
Medical Story (1975)
The Reincarnation of Peter Proud (1975)
Take a Hard Ride (1975)
The Terrorists (1975)
The Wind and the Lion (1975)
Chinatown (1974)
S*P*Y*S (1974)
A Tree Grows in Brooklyn (1974)
Winter Kill (1974)
Ace Eli and Rodger of the Skies (1973)
The Don Is Dead (1973)
Hawkins on Murder (1973)
Indict and Convict (1973)
One Little Indian (1973)
Papillon (1973)
Police Story (1973)
The Red Pony (1973)
Shamus (1973)
The Culpepper Cattle Company (1972)
Lights Out (1972)
The Man (1972)
The Other (1972)
Pursuit (1972)
The Brotherhood of the Bell (1971)
Crawlspace (1971)
Crosscurrent (1971)
Do Not Fold
Spindle
or Mutilate (1971)
Escape from the Planet of the Apes (1971)
The Going Up of David Lev (1971)
The Homecoming - A Christmas Story (1971)
The Last Run (1971)
The Mephisto Waltz (1971)
Wild Rovers (1971)
The Ballad of Cable Hogue (1970)
Patton (1970)
Rio Lobo (1970)
A Step Out of Line (1970)
Tora! Tora! Tora! (1970)
The Traveling Executioner (1970)
100 Rifles (1969)
The Chairman (1969)
The Illustrated Man (1969)
Justine (1969)
Bandolero! (1968)
The Detective (1968)
Planet of the Apes (1968)
Sebastian (1968)
The Flim Flam Man (1967)
Hour of the Gun (1967)
In Like Flint (1967)
The Karate Killers (1967)
Warning Shot (1967)
The Blue Max (1966)
One of Our Spies Is Missing (1966)
The Sand Pebbles (1966)
Seconds (1966)
Stagecoach (1966)
To Trap a Spy (1966)
The Trouble With Angels (1966)
The Agony and the Ecstasy (1965)
In Harm's Way (1965)
Morituri (1965)
Our Man Flint (1965)
A Patch of Blue (1965)
The Satan Bug (1965)
Von Ryan's Express (1965)
Fate Is the Hunter (1964)
Rio Conchos (1964)
Seven Days in May (1964)
Shock Treatment (1964)
The Spy With My Face (1964)
A Gathering of Eagles (1963)
Lilies of the Field (1963)
The List of Adrian Messenger (1963)
The Prize (1963)
The Stripper (1963)
Take Her
She's Mine (1963)
Freud (1962)
Lonely Are the Brave (1962)
The Spiral Road (1962)
The Crimebusters (1961)
The General with the Cockeyed ID (1961)
The Expendables (1960)
Studs Lonigan (1960)
City of Fear (1959)
Face of a Fugitive (1959)
Black Patch (1957)
Don't Bother to Knock (1952).

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Decifrando o código: Por que Matrix é de esquerda?

"Não é possível explicar a ninguém o que é a Matrix. Você tem que ver com seus próprios olhos..."

- por André Lux, crítico-spam

É incrível o número de pessoas que dizem "adorar" a trilogia Matrix, mas que coçam a cabeça e fazem cara de interrogação quando confrontados com as várias alegorias e subtextos dos filmes.

Aí, quando você pergunta por que, afinal, gostam de Matrix, respondem algo como: "Pô, puta filmão! Tem um monte de tiro, porrada e efeitos especiais animais!".

Sim, tem mesmo, mas além disso, a trilogia Matrix consegue passar nas entrelinhas sérios questionamentos sobre a realidade que nos cerca, inclusive política, sem precisar ser panfletário ou maniqueísta. 

Ou seja, diverte e faz pensar - aqueles que conseguem, é claro.

Para mim, os irmãos Wachawsky fizeram um filme de esquerda porque questionam os princípios básicos dos mecanismos de dominação atuais usados pelas elites econômicas para escravizar o resto da população.

O que é a Matrix, em última instância, senão uma óbvia alegoria para o circo midiático usado para deixar a maioria das pessoas vivendo em uma realidade virtual, ilusória, quase que em estado dormente enquanto são oprimidos e escravizados pela busca do lucro ilimitado? 

Os romanos chamavam isso de "pão e circo" - hoje é só circo mesmo, porque o pão só pagando.

Se não acredita em mim, repare na cor da pílula que Neo deve tomar para sair da Matrix e na cor da que deve tomar se quiser continuar vivendo na ilusão... Preciso dizer mais?



O bacana da trilogia Matrix é que ela começa nos convencendo que Neo é o "novo Jesus Cristo", alguém dotado de poderes especiais, praticamente sobrenaturais, que tem a missão de salvar os seres humanos do julgo das máquinas.

Tratado como terrorista pelas "autoridades" daquele mundo virtual, Neo tem que lutar também contra seus próprios semelhantes, contra aqueles a quem deseja salvar, mas que podem ser usados pelos agentes a qualquer hora. 

Mais uma alegoria óbvia: os agentes Smith só conseguem "entrar" dentro de quem é alienado da realidade em que vive. 

Lembram do traidor Cypher (o Judas da trilogia) dizendo "a ignorância é uma benção"? Pois para muitos é mesmo.



Assim, Neo e seus amigos realmente acreditam, como Che Guevara e tantos outros revolucionários, que é por meio da luta armada que conseguirão vencer as máquinas e libertar seu povo oprimido. 

E fazem isso com grande elegância em cenas de primor técnico, ao som da trilha sonora vibrante de Don Davis.

Agora, veja abaixo como fica a cabecinha daquelas pessoas que torcem e vibram com Neo, mas chamam gente como Che e Fidel Castro de terroristas, ao descobrirem que foram enganados pela Matrix e que serão obrigados a reverem seus conceitos pré-históricos...



Mas, surpresa! No final da trilogia, descobrimos junto com os protagonistas que as máquinas, em sua infinita capacidade lógica de manipulação da primitiva e emocional mente humana, haviam incorporado o conceito de "salvador" dentro da Matrix simplesmente para sanar uma falha sistêmica.

Ou seja, Neo não era nem o novo Jesus Cristo, nem o novo Che Guevara, mas sim apenas mais um peão no jogo de controle feito pelas máquinas para continuar escravizando a raça humana. 

Aqui mais uma alegoria clara: religião é algo que existe apenas para controlar as mentes e as ações das pessoas, fazendo-as acreditar que suas felicidades se encontram fora delas, nas mãos de um deus ou salvador ao qual devem orar e, preferivelmente, temer.



Neo tinha de ser convencido pela Oráculo, um programa criado para simular as emoções humanas e trazer equilíbrio à Matrix, que era realmente o salvador, só para descobrir no final de sua jornada que era apenas o carregador do código que iria dar um "reload" na Matrix e iniciar sua nova versão. 

Até que o sistema ficaria instável e um novo Neo apareceria para fazer tudo de outra vez.

Mas, as máquinas não previram que Oráculo iria adqurir sensibilidades humanas e agiria para desestabilizar a equação criada pelo Arquiteto, a fim de promover a paz entre homens e máquinas. 

Assim, na versão Neo 7.0, Oráculo incluiu dois itens a mais na jornada do "salvador": o amor por Trinity e um vírus no agente Smith que o levaria a contaminar toda a Matrix.



O primeiro item leva Neo a optar por salvar sua amada ao invés de dar "reboot" na Matrix e salvar a humanidade, enquanto o segundo leva a Matrix à beira da destruição. 

Portanto, Oráculo causa uma revolução ao forçar as máquinas a fazerem as pazes com os humanos, pois somente o Neo do mundo real poderia voltar à Matrix para destruir o virus Smith.

Enfim Neo torna-se realmente o "salvador" e sacrifica-se, não para alcançar a glória ou dar uma lição de moral, mas sim para salvar a humanidade da opressão e da ilusão... Simplesmente genial!



Claro que não vou agradar a todos com essa minha interpretação da trilogia Matrix, mas tudo bem. 

Como disse o próprio Morpheus, "Não é possível explicar a ninguém o que é a Matrix. Você tem que ver com seus próprios olhos..."



Mas o vídeo abaixo, que chamo de "Matrix para Lesados", talvez dê uma força!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Filme: "Che - Parte 2: A Guerrilha"

ÁRIDO DEMAIS

Com um material tão rico e explosivo em mãos, chega a ser imperdoável o resultado frio e alienante que Soderbergh atingiu.

- por André Lux, crítico-spam

A segunda parte do épico “Che” tem os mesmos defeitos da primeira. É por demais contemplativa, fria, chega a ser árida até. E com um agravante: foca-se totalmente na fracassada luta armada comandada por Guevara na Bolívia, culminando com seu assassinato covarde pelo exército boliviano sob ordens da CIA quando já era prisioneiro. Ou seja, é totalmente anticlimática.

Por mais que se admire a coragem do diretor Steven Soderbergh em aceitar tão controversa empreitada, não dá para entender algumas de suas opções estéticas.

A mais estranha delas foi filmar quase tudo em planos abertos e distantes, o que não dá maiores oportunidades aos atores e impede qualquer aprofundamento dos personagens - ao ponto de todos parecerem meros coadjuvantes, inclusive o próprio Che (mal dá para perceber a presença de Rodrigo Santoro, como Raul Castro, ou mesmo Matt Damon, que faz ponta como um padre). Além disso, o cineasta joga os eventos de forma caótica e confusa, o que vai deixar a maioria dos espectadores alienados e, por fim, entediados.

Parece que Soderbergh ficou tão preocupado em parecer neutro e fugir de qualquer tipo de panfletarismo (tanto de esquerda quanto de direita) que se esqueceu do principal: contar uma história. Embora ambos os filmes tenham uma perfeita reconstituição dos fatos (mostra, inclusive, o respeito que os guerrilheiros tinham pelos camponeses e a participação ativa do governo dos EUA no treinamento e combate à guerrilha), o distanciamento e a secura como tudo é apresentado impede que entremos na trama ou mesmo vivenciemos o drama dos personagens.

“Che” passa ao largo também de qualquer aprofundamento ideológico ou político, exceto por meia dúzia de frases soltas que, tiradas do contexto e sem qualquer peso, viram mera citação, quase clichês. Benício Del Toro, na maioria das cenas, parece um robô, sempre com a mesma expressão sorumbática. Nem mesmo a cena do assassinato brutal do Che passa qualquer emoção - e o que deveria ser a derradeira cena para o ator é absurdamente filmada por meio de uma câmera subjetiva!

Com um material tão rico e explosivo em mãos, chega a ser imperdoável o resultado frio e alienante que Soderbergh atingiu. Às vezes “Che” parece querer ser um épico do Akira Kurosawa, tipo “Ran” ou “Kagemusha”, mas sem aqueles momentos de total arrebatamento em que o mestre subvertia a estética acadêmica até então dominante e sacodia o espectador pelo pescoço.

Walter Salles em “Diários de Motocicleta” abordou a juventude de Guevara e o início de sua tomada de consciência, conseguindo um resultado muito mais humano e tocante sem ser panfletário e tendo um material bem menos forte para trabalhar.

Apesar de tudo, não deixa de ser curioso analisar a fracassada luta de Guevara na Bolívia com a realidade atual da América Latina, que se liberta do julgo imperialista estadunidense e da opressão de suas elites econônicas, depois da eleição de vários políticos de esquerda, como Lula, Evo Morales, Hugo Chaves e afins.

O que vem ao encontro do que Guevara responde a um de seus algozes quando este lhe pergunta o que havia conquistado na Bolívia, já que a população pobre não aderiu à guerrilha: “Não sei. Talvez nosso fracasso ajude a despertar os oprimidos”. Nada mais profético...

Cotação: * 1/2

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

DVD: "Machuca"

TRÁGICO E DOLOROSO

Assista este filme para entender porque, afinal, ninguém tem coragem de se assumir como sendo de “direita” na América Latina...

- por André Lux, crítico-spam

Você já se perguntou por que ninguém tem coragem de admitir que seja de “direita” na América do Sul? Assista “Machuca” e vai saber a resposta.

Este filme chileno do diretor Andrés Wood se passa durante os últimos meses do governo socialista de Salvador Allende, quando o padre que dirige uma escola para crianças da classe média alta implanta uma política do governo que reserva vagas para alunos oriundos das classes pobres.

Um desses meninos é justamente o Machuca do título, que acaba ficando amigo de Gonzalo, um filho das “elites” e provável alter-ego do próprio cineasta (o filme termina com uma frase em homenagem a um padre real, que obviamente deve ter semelhanças com o personagem de "Machuca").

A amizade dos dois representa o abismo que existe entre as classes sociais, o qual fica escancarado quando um vai visitar a casa do outro. Gonzalo, que mora numa bela residência, tem um pai boa praça, porém ausente e alienado, enquanto sua mãe é a personificação da “dondoca” suburbana fútil e louca por dinheiro (ao ponto de ser amante de um político rico do qual recebe vários “presentes” chiques). A irmã do menino namora uma boçal violento e agressivo que faz parte do “Comando de Caça a Comunistas” chileno.

Já Machuca mora numa favela com a mãe, a irmã e um tio. Seu pai é um bêbado que aparece só para arrancar dinheiro da mãe e dar porrada nos filhos. Só por curiosidade, li um profissional da opinião dizendo que o filme “falha” ao mostrar a pobreza de forma idílica! Concordo com ele, afinal quem é que não sonha em morar num barraco feito de tábuas e lonas enquanto recebe uns sopapos do pai bêbado e cafetão dia sim, dia não?

Enfim, dessa improvável amizade acompanhamos os dois meninos passando por várias situações que servem para reforçar o caos político promovido pelos golpistas que se abatia sobre o país. O tio de Machuca ganha a vida vendendo bandeiras dos partidos de direita e de esquerda nas várias passeatas contra e a favor do governo. E leva os garotos juntos, que ignorantes do que se passava, saiam alegremente repetindo os jargões dos manifestantes, seja de qual tendência eram representantes.

Mas as coisas começam a mudar para Gonzalo quando encontra o namorado truculento da irmã e a própria mãe numa das passeatas, durante a qual a irmã de Machuca é humilhada e agredida por fazer parte da “ralé”. Em outra cena emblemática e muito triste, os pais da high society protestam numa reunião do colégio contra a presença das crianças pobres que, nas palavras deles, não devem se misturar com seus filhos. Uma das mães pobres faz então um tocante discurso sobre a trágica história de toda sua família, só para ser acusada por uma dondoca de “ressentida, rancorosa, volte para o lugar de onde veio!”.

Não quero revelar mais da trama, mas basta dizer que o filme segue o ritmo dos golpistas até a sangrenta derrubada do governo socialista pelos milicos do general Pinochet, que lançaram sobre o Chile a mais brutal e selvagem ditadura da América Latina. Ditadura que foi notável também por ter sido o primeiro regime a implantar - sobre o cadáver de milhares de cidadãos que ousaram lutar por um mundo mais justo e menos desigual - a nefasta ideologia neoliberal, que hoje colocou o mundo de joelhos.

Nem preciso dizer que o final de “Machuca” será terrivelmente trágico e doloroso. E basta assisti-lo para entender porque, afinal, ninguém tem coragem de se assumir como sendo de “direita” por essas bandas...

Cotação: * * * *

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Filmes: "Che - O Argentino (Parte I)"

RETRATO PÁLIDO

Primeira parte da saga de Che Guevara acaba sendo excessivamente contemplativa e um pouco fria demais para um tema tão “caliente”.

- por André Lux, crítico-spam

Steven Soderbergh é um cineasta que não cansa de surpreender ao buscar novas e diferentes fontes de inspiração para suas obras, ao invés de render-se a fórmulas de sucesso fácil, alternando projetos puramente comerciais, tipo “Erin Brocovich” ou “Onze Homens e Um Segredo”, com outros bem mais arrojados e difíceis, como “Traffic” e “Solaris”.

Não causou surpresa, portanto, o anúncio de que iria dirigir uma biografia de Che Guevara, um dos controversos líderes da revolução cubana que se transformou num verdadeiro ícone e é até hoje odiado pela direita (que o enxerga como a encarnação de Belzebu na Terra) e celebrado pela esquerda (que o considera um dos maiores exemplos de coragem e dedicação na luta contra a opressão das elites).

O filme resultou num “épico” de mais de quatro horas e os realizadores optaram por dividi-lo em duas partes. Acabo de assistir à primeira, intitulada “Che – O Argentino”.

Começo dizendo que se trata de um filme difícil de classificar. Apesar de trazer Che no nome, não se trata de uma tentativa de biografá-lo. Apesar de ele aparecer em quase todas as cenas, o diretor não se preocupa em aprofundar a personalidade de Guevara, optando por uma narrativa não-linear, onde alterna ações da guerrilha na Sierra Maestra com uma viagem de Che aos EUA já como Ministro de Cuba, onde faz pronunciamentos na ONU, dá entrevistas e participa de festas – numa delas ironiza o infame senador McCarthy, agradecendo-o em nome da causa revolucionária pela fracassada tentativa de invadir Cuba pela Baia dos Porcos. A primeira parte termina com a vitória dos guerrilheiros e sua partida para Havana.

Assim, o filme é basicamente episódico, pulando de um evento para outro sem muita preocupação em situar a ação dentro da cronologia ou explicar o que está acontecendo. Mesmo a figura de Che é tratada com reverência e distanciamento, o que é reforçado pela atuação contida e metódica de Benício Del Toro, que literalmente encarna o personagem fisicamente. A opção de Soderbergh em filmar quase toda a parte da guerrilha em planos gerais aumenta ainda mais essa sensação de distanciamento.

Para quem conhece mais a fundo a história da revolução cubana, “Che” vai agradar porque traz uma recriação precisa de vários acontecimentos e diálogos descritos em muitos livros sobre o assunto. Não por acaso, o jornalista estadunidense John Lee Anderson, autor da biografia de Guevara, serviu como consultor especial ao projeto. Anderson é aquele sujeito que humilhou os autores da ridícula “reportagem” sobre Che, publicada em 2008 no panfleto de extrema-direita da editora Abril, a famigerada revista Veja.

Por outro lado, essa aproximação distanciada e nem um pouco didática confundirá a cabeça do espectador comum que, acostumado a se “informar” pela mídia grande, não vai conseguir entender direito o que se passa na tela e, por causa disso, fatalmente perderá o interesse. O que é sempre uma pena.

No final das contas, “Che – O Argentino” acaba sendo excessivamente contemplativo e um pouco frio demais para um tema tão “caliente”. Não tenta explicar a revolução cubana nem “entrar” na cabeça de Guevara, ficando num meio termo entre um documentário sobre as ações da guerrilha e uma pálida fotografia de um de seus líderes.

É claro que fica difícil avaliar um filme que foi concebido e filmado como um só, mas que assistimos separadamente, em duas partes. Pode ser que todas essas “lacunas” que apontei acima sejam resolvidas na parte dois. Vamos esperar para ver, então...

Cotação: * * 1/2

sábado, 24 de janeiro de 2009

Cine-Trash: "Highlander 2: A Ressurreição"

Depois do sucesso inesperado do primeiro “Highlander”, os produtores tiveram então a brilhante idéia de criar uma continuação com o único e exclusivo objetivo de ganhar mais dinheiro.

Conseguiram reunir novamente o diretor Russel Mulcahy e os astros Christopher Lambert e Sean Connery. Nasceu então “Highlander 2: A Ressurreição”, sem dúvida um dos filmes mais estúpidos da história do cinema, trash absoluto que vai fazer você rir o tempo todo.

Mas não tinha mesmo como funcionar um roteiro que tenta dar continuidade aos eventos descritos pelo primeiro filme, mesmo porque ele terminava de forma definitiva sem deixar portas abertas para seqüência. O jeito foi inventarem um "prólogo" que explica como os heróis tornaram-se imortais em primeiro lugar.

Assim, segundo o roteiro, vieram todos de um planeta distante aparentemente dominado por um general vilão (Michael Ironside, sempre divertido) e às voltas com uma guerra civil. Mas os mocinhos acabam presos e então são mandados (como forma de punição) para a Terra (?), onde além de tornarem-se imortais (??) vão ter que lutar entre si até que sobre apenas um (???). Quer dizer então que o terrível Kurgan, o vilão máximo do primeiro filme que corta a cabeça de todo mundo sem a menor piedade, era na verdade um ex-companheiro de revolução dos heróis?

Não satisfeitos em criarem um projeto totalmente absurdo, ainda esforçaram-se para destruir também o primeiro filme - que se torna ridículo se analisado à luz das "revelações" feitas na continuação!

A trama volta então para o presente (ou futuro?), quando o tal general alienígena resolve, assim do nada, mandar seus lacaios em busca do ex-imortal Macleod (Lambert). Eles brigam, cabeças são degoladas e, bingo, o Highlander volta a ser imortal! Por sinal, como é que o general poderia ainda estar vivo em seu planeta se seus inimigos tornaram-se imortais na Terra, onde viveram centenas de anos? Ah, quem liga para esses detalhes? Enfim, nervoso com o fracasso de seus peões, o malvado resolve ele mesmo vir a Terra matar o herói com as próprias mãos!

Sean Connery reprisa seu personagem Ramirez e, obviamente, divertiu-se muito durante as filmagens realizadas na Argentina (para cortar custos). Felizmente (para ele), seu tempo em cena é curto e, claro, totalmente sem lógica. Não estou exagerando: depois que McCleod grita (grita!) pela ajuda do amigo, Ramirez materializa-se imediatamente na Escócia (com a mesma roupa medieval do filme anterior), pega um avião (com certeza pagou a passagem com alguns dobrões espanhóis do século 14 que estavam em seu bolso) e, na cena seguinte, surge dentro da casa do McLeod, lá em Nova York!

Assim, juntam-se a uma guerrilheira loira e juntos vão lutar para destruir um escudo que envolve a Terra, que foi criado pelo próprio McCleod para proteger os humanos da destruição da camada de ozônio. O problema é que agora o escudo já não é mais necessário, porém a malvada companhia que o controla não quer desligá-lo já que fatura muito dinheiro com sua manutenção... Peraí, como é que é? Ah, deixa prá lá...

Mas, não tema! Foi lançada em DVD (aqui no Brasil vendiam nas bancas por 9 reais) a versão completa do filme (chamada de "Renegada"), que traz diversas cenas adicionais, novos efeitos visuais e uma mudança radical no roteiro que, segundo os realizadores, redimiria o filme. A desculpa é que a versão anterior era ruim porque foram obrigados pelo estúdio a terminar tudo de qualquer jeito depois que o dinheiro acabou. Ah, tá! Pobres iludidos...

Então, nessa nova versão, os imortais não vieram de outro planeta, mas sim da própria Terra, mas do passado distante, onde lutavam contra um tirano com armas de raio laser e naves! Capturados, foram então enviados para o futuro como punição e indo parar mais ou menos na Idade Média, onde se vestiam com peles de animais e lutavam com espadas e lanças! Será que a Terra “involuiu”? Então era isso que faltava para tornar o filme bom? Certo... Pelo menos eles explicam melhor como é que o coitado do Sean Connery consegue trocar de roupa e pegar um avião para Nova York.



Como se vê, é tanta besteira junta que acaba transformando ambas as versões em ótimas comédias, se você souber levar tudo na esportiva. Mas, por incrível que pareça, conseguiram fazer mais duas continuações e uma série de TV ainda mais ridículas e abomináveis!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cine-Trash:"Yor, O Caçador do Futuro"

Poster bacana enganador
BABACA LOIRO DE TANGA

Lixo pode ser descrito como “Conan” versus Ming de “Flash Gordon” no "Planeta dos Macacos"

- por André Lux, crítico-spam

Escrevendo sobre “O Humanoide”, lembrei de outra pérola do trash italiano fingindo ser superprodução de Roliud que, incrível, eu também vi nos cinemas por volta de 1983!

O filme em questão chama-se “Yor, O Caçador do Futuro” e é uma das coisas mais horríveis que já assisti, até porque é uma redução de uma mini-série feita para a TV italiana. 

Se vocês acham que “O Humanóide” é trash, imaginem então esse, que foi feito com sobras daquele filme! Inclusive a mocinha é a mesma do clássico do Aldo Lado! 

Felizmente, desse eu não gostei nem um pouco, afinal já era um pouco mais “experiente” e fui enganado pelo pôster bonito (veja à direita e negue que não parece um puta filme bacana, com um cara loiro fortão de tanga gritando e agitando seu tacape em direção a naves alienígenas animais, enquanto uma morena gostosa e submissa se agarra em sua perna!).

“Dirigido” pelo italiano Antonio Margheriti (ou Anthony M. Dawson para os incautos), que foi o supervisor de "efeitos especiais" em "O Humanoide", esse lixo pode ser descrito como um cruzamento de “A Guerra do Fogo” encontra “Conan, O Bárbaro” versus Ming, o Impiedoso de “Flash Gordon” no "Planeta dos Macacos"...

"Eu quero essa peruca loira pra mim!"
Ou seja, fala sobre homens da caverna de tangas (que falam inglês fluente), salvos de um dinossauro de borracha por um sujeito fortão que usa uma peruca loira e um tacape, chamado Yor.

Só que, na verdade, ele possui, diz o narrador, inteligência superior e é o herdeiro de uma civilização avançada que vive numa ilha isolada sob o comando de um ditador malvado conhecido como Overlord. E tudo se passa depois que a Terra foi devastada por uma guerra nuclear!

O filme já começa de maneira inacreditável, com uma seqüência que deveria estabelecer toda a virilidade do Yor (“interpretado” pelo mega-canastrão estadunidense Reb Brown), mas mostra o babaca loiro dando corridinhas e pulinhos ridículos enquanto tenta escalar umas pedras. 

Tudo acompanhado por uma canção escrita por Guido e Maurizio de Angelis que mistura Queen com new age e cuja letra dispara algo parecido com “Yor’s World, He’s The Man!”. Essa canção, por sinal, é usada várias vezes em cenas que deveriam ser heroicas, mas só conseguem nos fazer rolar de rir!

Se não acredita, veja por si mesmo e não deixe de reparar nos sorrisinhos que Yor dá toda vez que olha para os lados. O que será que ele viu de tão divertido la no meio do deserto?


Esse filme é tão ruim que nem a música orquestral do excelente John Scott (de “Greystoke, a Lenda de Tarzan”) foi aproveitada em sua totalidade, sendo substituída em grande parte por uma batida eletrônica brega dos já citados Guido e Maurizio de Angelis. 

Verdade seja dita: a música de Scott era boa demais e destoava completamente do que se vê na tela e a nova trilha de Guido e Maurizio é uma das melhores qualidades trash de "Yor"!

Mas, ainda assim vale a pena ver para crer. Nem que seja pela cena em que Yor mata um morcego gigante e usa-o como uma espécie de asa-delta para invadir uma caverna cheia de vilões barbudos! Veja abaixo:


Saiba mais sobre "Yor" neste link.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Cine-Trash:"O Humanoide"

STAR WARS DOS POBRES

Imitação é um desfile de cenas toscas e mal encenadas, efeitos especiais bisonhos e diálogos abismais

- por André Lux, crítico-spam

O verdadeiro filme trash é aquele que foi feito com as melhores pretensões. Aquele em que os envolvidos, por arrogância, ingenuidade ou pura cara de pau, realmente botavam fé no projeto e achavam que estavam produzindo algo no mínimo respeitável.

Só que, quando sua obra é finalmente exibida, a platéia se contorce em agonia diante das cenas ridículas ou chora de rir quando deveria levar a sério o que assiste na tela...

Um dos maiores exemplos de trash por excelência é “O Humanoide”, uma cópia descarada do primeiro "Star Wars" feita por italianos em 1979 e estrelado por alguns atores estadunidenses em decadência. 

O cinema italiano, diga-se de passagem, era especialista em clonar filmes de Roliudi desde a época dos épicos romanos, passando pelos spaguetti-westerns e chegando até a ficção científica com resultados, via de regra, hilariantes.

"O Humanoide", dirigido por um tal de Aldo Lado sob o pseudônimo de “Richard B. Lewis”, é um desfile de cenas toscas e mal encenadas, efeitos especiais bisonhos e diálogos abismais. Dizer que a “trama” não tem pé nem cabeça chega a ser um elogio. 

Veja só: os vilões, que tem nomes como Doutor Kraspin, Lord Graal e Lady Aghata, querem roubar um bagulho cabuloso chamado “Elemento Kappa” que, sabe-as lá por que, quando jogado sobre os humanos deixa-os malucos e indestrutíveis. O plano infalível dos malvados é jogar o treco sobre o planeta Metrópolis (antiga Terra) e criar um exército de “humanoides” para dominar a galáxia.


Darth Vader made in Italy
Para garantir o sucesso do plano, eles testam primeiro a substância num coitado de um piloto espacial chamado Golob que caiu no planeta deles. 

O sujeito, que é “interpretado” pelo grandalhão Richard Kiel (que foi o “Jaws” em dois filmes do 007), vira então uma besta incontrolável que, estranhamente, perde a barba e fica com os dentes esbugalhados ao se transformar no terrível Humanoide.

Detalhe: o monstro só é controlado depois que o cientista vilão o nocauteia com gás e implanta cirurgicamente um tipo de chip em sua testa. 

Faz a gente imaginar a dificuldade que seria controlar um exército de criaturas assim, não? Realmente, um plano magistral...

E isso são só os primeiros 20 minutos do filme. Já deu pra perceber o nível do negócio.


Aldo Lado (no centro) e sua trupe de canastrões
Pior que eu vi esse lixo inacreditável nos cinemas na minha infância e, acreditem, adorei! Cheguei até a assobiar o tema musical em um gravador para não esquecer a trilha sonora!

Foi só muitos anos depois, quando assisti novamente na TV, que pude notar o quanto era tosco e, melhor de tudo, risível do começo ao fim. E, mais incrível, descobri que a música de “O Humanoide” era de ninguém menos que o mestre Ennio Morricone! 

Nem preciso dizer que chorei quando finalmente consegui ouvi as músicas depois de comprar o CD com a trilha sonora... Haja nostalgia!


Aldo Lado do lado do pobre Ennio Morricone...
Se acha que estou exagerando, dá uma olhada no vídeo abaixo, que contém a cena do "nascimento" do Humanoide! É trash puro, para sentar no sofá e assistir com amigos cinéfilos e se matar de tanto rir...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Séries: THE BIG BANG THEORY



Se você é, como eu, um nerd assumido, não pode perder a série "The Big Bang Theory", que passa no canal da Warner e está atualmente na segunda temporada.

Fanáticos por "Star Trek", "Star Wars", "Planeta dos Macacos" e cinema em geral, quadrinhos, video-games, computadores, internet, física, química e tudo que diz respeito ao universo dos outrora conhecidos como CDFs vão encontrar muitos motivos para se divertirem com as confusões armadas pelos quatro amigos que têm em comum a paixão por tudo aquilo que as pessoas ditas "normais" abominam ou simplesmente ignoram (como o prazer de assistir à segunda temporada de "Batlestar Galactica" com comentários do diretor!).

Os astros da série são Sheldon Cooper e Leonard Hofstadter, dois Doutores em Física de vinte e poucos anos que dividem um apartamento e, segundo minha esposa, são meus alter-egos. Eles interagem com o engenheiro (mas não Doutor!) Howard Wolowitz, um nerd metido a conquistador, o indiano Rajesh Koothrappali, Ph.D. que só consegue falar com mulheres se estiver sob efeito do alcool, e Penny a vizinha gostosa pela qual Leonard é apaixonado e que não entende absolutamente nada da nerdisse implacável dos quatro amigos.

Alguns episódios trazem momentos antológicos, como todos vestidos a caráter para uma maratona dos seis filmes da série "Planeta dos Macacos", Sheldon virando Spock para aturar uma feira de antiguidades cheia de erros históricos ou quando respondem "William Shatner" para a pergunta "Qual é o homem mais sexy do mundo?".

O bacana é que o universo nerd é tratado com o devido respeito, mas sem esquecer de brincar com as esquizitices e manias dos protagonistas e, principalmente, a falta de habilidades para se relacionarem com as mulheres bonitas - maldição que aflige 9 entre 10 nerds (eu sou a excessão, é claro).

Enfim, se frases como "Ajoelhe-se perante Zod!" ou "Tire suas patas de mim, seu maldito macaco sujo!" fazem sentido para você, então "The Big Bang Theory" é a sua praia.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Filmes: "Ensaio sobre a Cegueira"

OS CEGOS DE DOGVILLE

Segundo ato intragável e pretensioso estraga o filme ao tentar nos ensinar que a raça humana não presta e que qualquer pessoa pode se transformar no mais cruel dos assassinos.

- por André Lux, crítico-spam

Achei bem decepcionante essa adaptação do badalado livro de José Saramago, “Ensaio Sobre a Cegueira”. Não li a obra original e procurei não saber nada sobre o enredo, exceto o básico. Pode ser que o livro seja realmente uma obra-prima como muitos dizem, mas o filme fica muito aquém das expectativas.

O que mais me incomodou foi todo o segundo ato, que se passa dentro de uma espécie de “campo de concentração” onde os afetados pela misteriosa doença são confinados. Primeiro porque a forma como isso é mostrado é ridícula.

Nenhum governo democrático faria algo parecido, simplesmente jogando dezenas de pessoas das mais diferentes classes sociais e deixando-as à própria sorte no que se torna uma verdadeira pocilga. E, pior, colocando guardas armados com ordens para matar qualquer um que sair da fila!

Isso até faria sentido numa situação extrema, quando quase todos já estivessem infectados e o próprio governo ficasse à beira do colapso, deixando os guardas sem direção. O problema é que o roteiro é muito apressado e não dá chance para que a gente se envolva realmente com a situação, muito menos com as pessoas que lá estão confinadas.

Tudo fica ainda mais grotesco quando a turma da ala 3, liderada pelo mexicano Gael Garcia Bernal em um inconvincente papel de “baixinho invocado”, começa a chantagear os outros, obrigando-os a pagar pela comida – a princípio com jóias e outros bens e depois com sexo. 

Tudo é encenado de forma caricata e superficial, transformando o filme em uma patética e irritante disputa entre os bonzinhos e os vilões malvados. Em alguns momentos mais escabrosos achei que todos os personagens iam virar zumbis devoradores de cérebros, transformando o filme em um “A Volta dos Mortos Vivos" metido a besta!

Assim, o segundo ato de “Ensaio Sobre a Cegueira” vira uma espécie de os cegos de "Dogville", outro filme intragável e pretensioso que tinha a missão de nos ensinar que a raça humana não presta e que qualquer pessoa, dentro de uma situação específica, pode se transformar no mais cruel dos assassinos. Por sinal, esse é um tema extremamente batido e óbvio, que remonta a “O Senhor das Moscas” e afins.

Quem leu o livro disse que é assim mesmo no original, porém demora muito mais tempo para chegar ao ponto da loucura total. Imagino que Saramago não tenha cometido esse erro gritante e certamente deve ter dedicado páginas e páginas para humanizar os personagens, o que seria essencial para o clímax tornar-se verossímil.

Outro ponto baixo do filme é a insistência dos realizadores em desfocar a imagem e jogar luzes brancas na tela, para tentar imitar a sensação de cegueira dos personagens. No começa é um recurso até interessante, porém depois da enésima vez que usam torna-se redundante e cansativo. 

Além disso, o elenco não tem maiores chances de brilhar e o ator que faz o oftalmologista, Mark Rufallo, é muito fraco. Sobra para a coitada da Juliane Moore tentar carregar o filme nas costas, sem sucesso. A trilha musical de Marco Guimarães também é muito ruim, intrusiva e fora de tom.

Mas nem tudo são pedras. Felizmente, o terceiro ato (quase) redime o segundo, embora seja mais curto. O final tocante consegue provocar alguma emoção genuína mesmo sendo abrupto e insatisfatório. Parece que o diretor Fernando Meireles, de “Cidade de Deus”, ficou melindrado com as críticas negativas que recebeu em Cannes e resolveu mexer na montagem, encurtando a narração em “off” feita pelo personagem de Danny Glover.

Só comparando as duas versões para julgar qual é a melhor, mas fiquei com a nítida impressão de que algo se perdeu nesse processo. Talvez a humanidade e o aprofundamento que o resto do filme tanto precisava.

Cotação: * *