FAN-SERVICE DE MENOS
Problemas na pós-produção e falta de desenvolvimento dos protagonistas impedem que filme se torne uma entrada realmente memorável no cânone de “Star Wars”
- por André Lux, crítico-spam
“Rogue One” é a primeira derivação (ou spin-off como chamam nos EUA) oficial de “Star Wars” lançada nos cinemas e faz parte da onda de produtos relacionados à saga criada por George Lucas em 1977 desde que ele vendeu tudo para a Disney.
Ou seja, é um filme que se passa no mesmo universo, porém sem se concentrar na linha de tempo da família Skywalker, que é a mola propulsora dos 7 episódios originais. Tanto é que “Rogue One” já começa direito na ação, sem os famosos letreiros e música tema de “Star Wars” e situa-se exatamente antes do episódio 4 “Uma Nova Esperança”, mostrando como é que os rebeldes conseguiram colocar as mãos nos planos da Estrela da Morte.
A direção é do mesmo sujeito que fez o novo e excelente “Godzilla”, Gareth Edwards, porém a pós-produção foi conturbada, ao ponto de demitirem o compositor Alexandre Desplat e refilmarem certas sequências, o que é sempre um mau sinal, pois indica geralmente que os executivos do estúdio acharam que o filme não tinha apelo comercial suficiente para as massas. Isso acarretou em uma nova montagem e muitas cenas importantes de desenvolvimento dos personagens certamente foram parar no lixo, já que tudo parece acelerado e raso, impedindo uma maior conexão e empatia com eles.
Os primeiros dois terços do filme são truncados, com os protagonistas viajando de um lugar para o outro enquanto encontram outros personagens que acabam se juntando a eles de maneira pouco convincente. O problema, como já disse acima, é que as cenas onde tais eventos seriam aprofundadas devem ter sido cortadas para deixar o filme mais curto e dinâmico, mas acaba acontecendo o contrário, pois o excesso de idas e vindas e a falta de cenas de interação entre os protagonistas deixa-o um pouco tedioso.
É só na terceira parte mesmo que a coisa esquenta e temos uma batalha suicida muito boa que acontece na superfície de uma base imperial e no espaço. Embora falte o apelo emocional que sobra nos três primeiros filmes da saga (IV, V e VI), é mil vezes melhor do que as batalhas tolas dos prelúdios (I, II e III) que mostravam bonecos digitais irritantes destruindo robôs sem graça. Ao menos conseguimos ver Darth Vader detonando na tela de uma maneira totalmente inédita e que muitas fãs sempre sentiram falta. Nesse sentido, “Rogue One” acaba pecando justamente por fazer pouco “fan service”, que é aquele recurso de enfiar no meio da narrativa situações ou personagens da série original. Sem dizer que falta humor, todo mundo é sério e carrancudo e o único alívio cômico é o robô imperial que foi reprogramado, mas mesmo suas tiradas soam forçadas e baratas.
Os atores principais também são fracos, principalmente o mexicano Diego Luna que é muito franzino e com cara de pernilongo para convencer como guerreiro rebelde e galã romântico, tanto é que ele e a mocinha (Felicity Jones, bem sem graça também) nem chegam a trocar um beijo. O vilão central, diretor Krennic, também é feito por um ator fraco e caricato, a mesma coisa acontecendo com o piloto imperial desertor. O personagem do cego com habilidades ninja não funciona, pois nunca ficam claras as extensões dos poderes dele (ele repete um mantra sobre a Força, mas não é Jedi, embora lute como um, mas sem sabre de luz).
O filme também se dá o luxo de desperdiçar o excelente Mads Mikkelsen em um papel que poderia ter sido bem melhor desenvolvido, igual fizeram com ele em “Doutor Estranho”. Todo mundo está reclamando de terem recriado digitalmente o personagem de Peter Cushing, como o governador Tarkin em “Uma Nova Esperança”, mas eu achei muito bem feito e sinceramente não me incomodou, além de ser uma bonita homenagem ao grande ator da Hammer. A princesa Leia nem tanto, mas confesso que chorei quando ela apareceu... Coisa de nerd, não tem jeito.
O compositor Michael Giacchino foi chamado às pressas para criar uma nova trilha musical após a partitura de Desplat ter sido rejeitada e fez um bom trabalho tendo apenas 4 semanas para finalizar, incorporando de maneira inteligente os temas clássicos de John Williams, embora algum material temático novo não funcione como deveria, principalmente o tema principal e o associado ao vilão imperial. Mas não é nada que atrapalhe.
Gostei também que o personagem feito por Forest Whitaker chama-se Saw Gerrera, uma óbvia referência ao guerrilheiro Che Guevara, que também lutava contra o fascismo e era considerado extremista até pelos seus companheiros, mas mesmo assim um herói. Pena que seja tão mal usado e suma de maneira muito besta. Tiveram o cuidado também de recriar com perfeição a armadura original de Darth Vader que era um pouco diferente do que vimos em “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”, já que em “Uma Nova Esperança” ela era meio pobre e sem brilho, certamente devido às limitações financeiras na época.
Enfim, o filme é perfeitamente desfrutável e vai agradar aos fãs, porém os problemas na pós-produção certamente acabaram impedindo que “Rogue One” realmente se tornasse uma entrada memorável no cânone da saga “Star Wars”. O que é uma pena. Tomara que lancem uma versão estendida do filme.
Cotação: * * *
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Filmes: "A Chegada"
DE ARREPIAR
É muito bom ver que o cinema comercial estadunidense ainda é capaz de lançar filmes com uma mensagem de tolerância, entendimento e paz tão arrebatadora
- por André Lux, crítico-spam
É sempre muito bom ver que o cinema comercial estadunidense ainda é capaz de lançar filmes como “A Chegada”, ricos em significados e com uma mensagem de tolerância, entendimento e paz tão arrebatadora. Certamente é a mais inteligente ficção científica séria desde “Contato”, com Jodie Foster.
O filme é dirigido por Dennis Villenueve, um franco-canadense que tem uma obra de respeito mundo afora, mas de quem que eu só vi “Incêndios”, certamente um dos filmes mais perturbadores dos últimos tempos, ao ponto de ter que parar de assistir no meio, tamanho o impacto. Ainda não tive coragem de continuar, mas agora serei obrigado. Fez também “Sicario”, mas esse realmente achei banal por causa da trama sobre o combate ao narcotráfico na fronteira entre EUA e México, um tema por demais batido e tolo. Está dirigindo também a nova versão (ou continuação) de “Blade Runner”e por isso esse projeto aparentemente suicida ganha minha simpatia por hora.
Mas seu estilo de direção preciso e sua segurança narrativa certamente chegaram ao ápice aqui, no que poderia ser descrito como um “Independence Day” levado a sério, afinal trata-se da “invasão” de várias naves desconhecidas que até se parecem com as do filme-pipoca de Roland Emmerich. Mas as semelhanças terminam por aí, pois o foco de “A Chegada” está nas tentativas dos humanos de se comunicarem com os alienígenas e na construção de um entendimento entre as duas linguagens.
Neste quesito o filme é primoroso ao mostrar como a boa comunicação é fundamental para gerar equilíbrio, harmonia e paz. Ou vice-versa, isto é, pânico, desentendimentos e conflitos em qualquer esfera de relacionamentos. Impossível desgrudar os olhos da tela quando os cientistas começam a tentar se comunicar com os aliens, em sequências de tirar o fôlego que se beneficiam em grande parte pela atuação natural e sincera de Amy Adams, que até agora só tinha aparecido em comédias românticas ou com a namorada do Superman nos horríveis filmes do “Homem de Aço”.
Não bastasse isso, “A Chegada” também brilha ao mostrar como os diferentes tipos de linguagem e comunicação podem mudar a percepção da realidade das pessoas e como o tempo é precioso e pode ter diferentes tipos de impacto em nossas vidas. Os diversos flashbacks que mostram o relacionamento da linguista com uma criança (e que depois descobrimos ser algo totalmente diferente) são a chave para a descoberta dos mistérios dos visitantes e servem para deixar a mensagem do filme ainda mais emocionante. Impossível conter as lágrimas durante a conclusão, certamente uma das mais estimulantes apresentadas pelo cinema recentemente, ao ponto de fazer você querer assistir ao filme novamente com urgência.
O início e a conclusão da obra são pontuados por uma bela música composta por Max Richter, chamada “On the Nature of Daylight”, enquanto o restante da trilha de autoria de um certo Jóhann Jóhannsso é formada por uma partitura praticamente atonal e calcada em sonoridades que buscam realçar o clima de suspense e estranheza dos contatos imediatos.
Não há muito mais o que dizer. Vá e veja. É de arrepiar.
Cotação: * * * * *
É muito bom ver que o cinema comercial estadunidense ainda é capaz de lançar filmes com uma mensagem de tolerância, entendimento e paz tão arrebatadora
- por André Lux, crítico-spam
É sempre muito bom ver que o cinema comercial estadunidense ainda é capaz de lançar filmes como “A Chegada”, ricos em significados e com uma mensagem de tolerância, entendimento e paz tão arrebatadora. Certamente é a mais inteligente ficção científica séria desde “Contato”, com Jodie Foster.
O filme é dirigido por Dennis Villenueve, um franco-canadense que tem uma obra de respeito mundo afora, mas de quem que eu só vi “Incêndios”, certamente um dos filmes mais perturbadores dos últimos tempos, ao ponto de ter que parar de assistir no meio, tamanho o impacto. Ainda não tive coragem de continuar, mas agora serei obrigado. Fez também “Sicario”, mas esse realmente achei banal por causa da trama sobre o combate ao narcotráfico na fronteira entre EUA e México, um tema por demais batido e tolo. Está dirigindo também a nova versão (ou continuação) de “Blade Runner”e por isso esse projeto aparentemente suicida ganha minha simpatia por hora.
Mas seu estilo de direção preciso e sua segurança narrativa certamente chegaram ao ápice aqui, no que poderia ser descrito como um “Independence Day” levado a sério, afinal trata-se da “invasão” de várias naves desconhecidas que até se parecem com as do filme-pipoca de Roland Emmerich. Mas as semelhanças terminam por aí, pois o foco de “A Chegada” está nas tentativas dos humanos de se comunicarem com os alienígenas e na construção de um entendimento entre as duas linguagens.
Neste quesito o filme é primoroso ao mostrar como a boa comunicação é fundamental para gerar equilíbrio, harmonia e paz. Ou vice-versa, isto é, pânico, desentendimentos e conflitos em qualquer esfera de relacionamentos. Impossível desgrudar os olhos da tela quando os cientistas começam a tentar se comunicar com os aliens, em sequências de tirar o fôlego que se beneficiam em grande parte pela atuação natural e sincera de Amy Adams, que até agora só tinha aparecido em comédias românticas ou com a namorada do Superman nos horríveis filmes do “Homem de Aço”.
Não bastasse isso, “A Chegada” também brilha ao mostrar como os diferentes tipos de linguagem e comunicação podem mudar a percepção da realidade das pessoas e como o tempo é precioso e pode ter diferentes tipos de impacto em nossas vidas. Os diversos flashbacks que mostram o relacionamento da linguista com uma criança (e que depois descobrimos ser algo totalmente diferente) são a chave para a descoberta dos mistérios dos visitantes e servem para deixar a mensagem do filme ainda mais emocionante. Impossível conter as lágrimas durante a conclusão, certamente uma das mais estimulantes apresentadas pelo cinema recentemente, ao ponto de fazer você querer assistir ao filme novamente com urgência.
O início e a conclusão da obra são pontuados por uma bela música composta por Max Richter, chamada “On the Nature of Daylight”, enquanto o restante da trilha de autoria de um certo Jóhann Jóhannsso é formada por uma partitura praticamente atonal e calcada em sonoridades que buscam realçar o clima de suspense e estranheza dos contatos imediatos.
Não há muito mais o que dizer. Vá e veja. É de arrepiar.
Cotação: * * * * *
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Filmes: "Doutor Estranho"
MAIS DO MESMO
Filme segue a fórmula já batida, porém segura, da maioria das adaptações que trazem a origem dos heróis
- por André Lux, crítico-spam
Está havendo uma saturação de filmes sobre super-heróis nos cinemas, com Marvel e DC competindo para ver quem lança mais filmes no ano. Até agora a Marvel tem levado a melhor, com filmes dinâmicos, curtos e divertidos, enquanto a DC se perde em produções pesadas, longas e irritantes.
Surge agora esse “Doutor Estranho”, criado por Stan Lee e Steve Ditko, um médico arrogante que sofre acidente (extremamente exagerado no filme), sai em busca de uma cura para sua condição e acaba virando um poderoso mago.
Uma premissa até interessante, mas que acaba sendo desperdiçada por um roteiro que copia fórmulas já utilizadas antes nos outros filmes baseados em quadrinhos, principalmente “Batman Begins” e “Homem de Ferro”, e em soluções visuais que lembram demais “A Origem” e até “Matrix”. Ou seja, é mais do mesmo.
Não gosto muito do ator Benedict Cumberbatch, que faz o protagonista, pois atua sempre de forma posada, fria e artificial, fatores que impedem qualquer empatia com os personagens que representa. O filme falha em explicar a mudança na personalidade do sujeito, que teria que se livrar do seu enorme ego para conseguir praticar as magias, algo que acontece de forma absolutamente superficial – aparentemente, basta ser abandonado no meio do Himalaia e, pronto, você vira uma pessoa super humilde e capaz de abrir portais dimensionais imediatamente.
Também não fica claro de onde vem os poderes mágicos do Doutor Estranho (ele retira sua força do universo ou isso é algo que vem de dentro dele?), muito menos quais são extensões e regras deles, um problema que atrapalha a maioria dos filmes de super-heróis atualmente (como o Thor, por exemplo, que em uma cena só consegue voar depois de girar seu martelo, mas em outra sai voando sozinho e pega o martelo no ar).
O filme segue a fórmula já batida, porém segura, da maioria das adaptações que trazem a origem dos heróis, culminando com uma batalha contra os vilões, cujo líder aqui é o ótimo ator dinamarquês Madds Mikelsen totalmente desperdiçado, exceto por uma única cena onde ao menos tem um longo monólogo durante o qual tenta dar alguma profundidade aos atos do seu personagem.
Claro que os fãs do personagem e de quadrinhos em geral vão dar uma banana pra tudo isso que escrevi e certamente adorarão o filme, que em última instância foi feito para eles mesmo. O resto dos mortais talvez não ache tanta graça assim, infelizmente.
Cotação: * *
Filme segue a fórmula já batida, porém segura, da maioria das adaptações que trazem a origem dos heróis
- por André Lux, crítico-spam
Está havendo uma saturação de filmes sobre super-heróis nos cinemas, com Marvel e DC competindo para ver quem lança mais filmes no ano. Até agora a Marvel tem levado a melhor, com filmes dinâmicos, curtos e divertidos, enquanto a DC se perde em produções pesadas, longas e irritantes.
Surge agora esse “Doutor Estranho”, criado por Stan Lee e Steve Ditko, um médico arrogante que sofre acidente (extremamente exagerado no filme), sai em busca de uma cura para sua condição e acaba virando um poderoso mago.
Uma premissa até interessante, mas que acaba sendo desperdiçada por um roteiro que copia fórmulas já utilizadas antes nos outros filmes baseados em quadrinhos, principalmente “Batman Begins” e “Homem de Ferro”, e em soluções visuais que lembram demais “A Origem” e até “Matrix”. Ou seja, é mais do mesmo.
Não gosto muito do ator Benedict Cumberbatch, que faz o protagonista, pois atua sempre de forma posada, fria e artificial, fatores que impedem qualquer empatia com os personagens que representa. O filme falha em explicar a mudança na personalidade do sujeito, que teria que se livrar do seu enorme ego para conseguir praticar as magias, algo que acontece de forma absolutamente superficial – aparentemente, basta ser abandonado no meio do Himalaia e, pronto, você vira uma pessoa super humilde e capaz de abrir portais dimensionais imediatamente.
Também não fica claro de onde vem os poderes mágicos do Doutor Estranho (ele retira sua força do universo ou isso é algo que vem de dentro dele?), muito menos quais são extensões e regras deles, um problema que atrapalha a maioria dos filmes de super-heróis atualmente (como o Thor, por exemplo, que em uma cena só consegue voar depois de girar seu martelo, mas em outra sai voando sozinho e pega o martelo no ar).
O filme segue a fórmula já batida, porém segura, da maioria das adaptações que trazem a origem dos heróis, culminando com uma batalha contra os vilões, cujo líder aqui é o ótimo ator dinamarquês Madds Mikelsen totalmente desperdiçado, exceto por uma única cena onde ao menos tem um longo monólogo durante o qual tenta dar alguma profundidade aos atos do seu personagem.
Claro que os fãs do personagem e de quadrinhos em geral vão dar uma banana pra tudo isso que escrevi e certamente adorarão o filme, que em última instância foi feito para eles mesmo. O resto dos mortais talvez não ache tanta graça assim, infelizmente.
Cotação: * *
Séries: "The Walking Dead"
JÁ DEU
Só a primeira temporada foi realmente interessante e capaz de gerar alguma emoção
- por André Lux, crítico-spam
Apesar de manter o bom nível técnico, só a primeira temporada de “The Walking Dead” foi realmente interessante e capaz de gerar alguma emoção, basicamente por apresentar algum propósito na busca dos sobreviventes por respostas e até mesmo uma cura para a praga que transformava todo mundo em zumbis.
Da segunda temporada em diante essa busca foi deixada de lado e sobrou acompanhar os protagonistas perambulando de um lado para o outro enquanto são perseguidos por zumbis ou encontram outros sobreviventes que ou são bonzinhos como ele ou são psicopatas malvados que desejam prendê-los ou até servi-los em banquetes canibais.
Outro problema é que como antagonistas, os mortos-vivos são muito fracos e sem graça, já que não passam de seres desmiolados e decrépitos cuja motivação única é agarrar e morder os humanos não-infectados. Por um tempo até dá para aturar isso, mas chega uma hora que perde a graça e aí os zumbis viram figurantes em sua própria série, obrigando os roteiristas a concentrarem o foco nos dramas pessoais dos protagonistas, que aqui, verdade seja dita, são muito rasos, para não dizer chatos.
Outra coisa que incomoda é que depois de sete temporadas da série, não tem qualquer lógica eles continuarem achando comida em supermercados ou bares, já que tudo que foi produzido antes do apocalipse zumbi já teria estragado. O que levanta outra questão: quanto tempo dura um morto-vivo sem ter seu corpo totalmente apodrecido e se desfazer?
Enfim, tudo isso seria perdoável se a série tivesse mantido algum senso de propósito, de busca ou redenção, personagens mais interessantes e dramas menos mundanos e banais, já que a série se passa num mundo destruído e infestado por monstros. Do que jeito que está, já deu. Faz tempo.
Cotação: * *
Só a primeira temporada foi realmente interessante e capaz de gerar alguma emoção
- por André Lux, crítico-spam
Apesar de manter o bom nível técnico, só a primeira temporada de “The Walking Dead” foi realmente interessante e capaz de gerar alguma emoção, basicamente por apresentar algum propósito na busca dos sobreviventes por respostas e até mesmo uma cura para a praga que transformava todo mundo em zumbis.
Da segunda temporada em diante essa busca foi deixada de lado e sobrou acompanhar os protagonistas perambulando de um lado para o outro enquanto são perseguidos por zumbis ou encontram outros sobreviventes que ou são bonzinhos como ele ou são psicopatas malvados que desejam prendê-los ou até servi-los em banquetes canibais.
Outro problema é que como antagonistas, os mortos-vivos são muito fracos e sem graça, já que não passam de seres desmiolados e decrépitos cuja motivação única é agarrar e morder os humanos não-infectados. Por um tempo até dá para aturar isso, mas chega uma hora que perde a graça e aí os zumbis viram figurantes em sua própria série, obrigando os roteiristas a concentrarem o foco nos dramas pessoais dos protagonistas, que aqui, verdade seja dita, são muito rasos, para não dizer chatos.
Outra coisa que incomoda é que depois de sete temporadas da série, não tem qualquer lógica eles continuarem achando comida em supermercados ou bares, já que tudo que foi produzido antes do apocalipse zumbi já teria estragado. O que levanta outra questão: quanto tempo dura um morto-vivo sem ter seu corpo totalmente apodrecido e se desfazer?
Enfim, tudo isso seria perdoável se a série tivesse mantido algum senso de propósito, de busca ou redenção, personagens mais interessantes e dramas menos mundanos e banais, já que a série se passa num mundo destruído e infestado por monstros. Do que jeito que está, já deu. Faz tempo.
Cotação: * *
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Bem vindo ao fantástico clube dos intensos
- por Ester Chaves
Prazer, nasci com a alma transbordante.
Sinto tudo derramando, e não sei explicar porquê acontece e se há algum remédio para isso.
Se houver cura, dispenso. As coisas normais não me atiçam. Não me aceleram. Não me continuam.
Preciso da sofisticação do que é aparentemente simples. Do abraço da brisa nos poros. Dos respingos do sol adornando a tarde. Da carícia na ponta dos dedos, da massagem demorada nas costas. Preciso sentir que há um outro. Preciso senti-lo existindo, respirando perto, pulsando, trocando ideias e experiências. Preciso dessa vizinhança das almas que conversam até mesmo sem nada dizer.
O ritmo lento da normalidade não me empurra, não me anima. Não me agita. Não me faz querer voar para a voragem dos olhares que troco na rua, para os encontros que fazem com que as almas se encaminhem para dentro de si mesmas e se abracem por dentro.
Eu não nasci para o morno. Eu não nasci para a realidade pálida que não se oferece à ousadia. Eu não nasci para os dias parados e sem cores. Eu nasci para pintar. Eu nasci para amar intensamente, de dentro para fora! Por dentro e por fora, sem medo do não e do adeus repentino. O único medo é não avançar quando quero. Não amar quando posso. Quando o coração sinaliza que já não dá para desconversar e mudar a estrada.
Eu nasci para o fogo, para intimidade quente de um cobertor dividido. Para um sorriso que se abre sem procurar motivo. Para o café forte coado no coador de pano. Para o delírio de uma bela canção executada no violino.
Quem é intenso, é delicado, é esvoaçante. Tem renda no pensamento e mania de levitação.
Ser intenso é reconhecer-se em tudo, é colocar borda na alma dos outros. É retirar o tapume dos olhos quando a realidade ameaça a doçura.
Quem é intenso sabe o quanto pode ser considerado estranho por “sentir demais” num mundo de palavras e sentimentos tão mecânicos, onde qualquer demonstração de afeto é confundida com fraqueza.
Fraco é quem não sabe mais sentir. Quem não sabe abraçar com o olhar. Fraco é quem joga a toalha e vive no modo “automático”. Sentindo pouco, guardando emoções para usar depois, estocando sentimento para uma oportunidade especial.
Especial é ser intenso. E quem disse que não tem lágrimas?
O coração do intenso não é blindado. Vez ou outra, uma pancada forte o acerta em cheio, e ele, dolorido, reclama, arde, soluça no travesseiro e pede proteção. A tristeza às vezes bate à porta, maltrata, derruba algumas certezas, revira alguns sonhos, esculacha, mas não é capaz de matar a esperança.
A esperança nos intensos é como um membro primordial do corpo, não é possível arrancar. Não se desfaz à toa. A esperança nunca anda só. Quem tem esperança tem artimanha e carta na manga para reerguer o castelo depois da tragédia e ainda sobra disposição para fazer graça.
O grande trunfo do intenso é, sem dúvida, a sua capacidade de não saber disfarçar o que sente. Os sentimentos estão sempre falando alto, se espalhando pelos gestos, orquestrando as ações. O intenso nunca nega o que é. A alma não deixa…
Ester Chaves é escritora brasiliense. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília e Pós-Graduada em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Atuante na vida cultural da cidade, participou de vários eventos poético-musicais. Já teve textos publicados em jornais e revistas. É colunista nos sites “CONTI outra, artes e afins”, “A Soma de Todos os Afetos”, “Escritos Meus” e “Fãs da Psicanálise”.
Sinto tudo derramando, e não sei explicar porquê acontece e se há algum remédio para isso.
Se houver cura, dispenso. As coisas normais não me atiçam. Não me aceleram. Não me continuam.
Preciso da sofisticação do que é aparentemente simples. Do abraço da brisa nos poros. Dos respingos do sol adornando a tarde. Da carícia na ponta dos dedos, da massagem demorada nas costas. Preciso sentir que há um outro. Preciso senti-lo existindo, respirando perto, pulsando, trocando ideias e experiências. Preciso dessa vizinhança das almas que conversam até mesmo sem nada dizer.
O ritmo lento da normalidade não me empurra, não me anima. Não me agita. Não me faz querer voar para a voragem dos olhares que troco na rua, para os encontros que fazem com que as almas se encaminhem para dentro de si mesmas e se abracem por dentro.
Eu não nasci para o morno. Eu não nasci para a realidade pálida que não se oferece à ousadia. Eu não nasci para os dias parados e sem cores. Eu nasci para pintar. Eu nasci para amar intensamente, de dentro para fora! Por dentro e por fora, sem medo do não e do adeus repentino. O único medo é não avançar quando quero. Não amar quando posso. Quando o coração sinaliza que já não dá para desconversar e mudar a estrada.
Eu nasci para o fogo, para intimidade quente de um cobertor dividido. Para um sorriso que se abre sem procurar motivo. Para o café forte coado no coador de pano. Para o delírio de uma bela canção executada no violino.
Quem é intenso, é delicado, é esvoaçante. Tem renda no pensamento e mania de levitação.
Ser intenso é reconhecer-se em tudo, é colocar borda na alma dos outros. É retirar o tapume dos olhos quando a realidade ameaça a doçura.
Quem é intenso sabe o quanto pode ser considerado estranho por “sentir demais” num mundo de palavras e sentimentos tão mecânicos, onde qualquer demonstração de afeto é confundida com fraqueza.
Fraco é quem não sabe mais sentir. Quem não sabe abraçar com o olhar. Fraco é quem joga a toalha e vive no modo “automático”. Sentindo pouco, guardando emoções para usar depois, estocando sentimento para uma oportunidade especial.
Especial é ser intenso. E quem disse que não tem lágrimas?
O coração do intenso não é blindado. Vez ou outra, uma pancada forte o acerta em cheio, e ele, dolorido, reclama, arde, soluça no travesseiro e pede proteção. A tristeza às vezes bate à porta, maltrata, derruba algumas certezas, revira alguns sonhos, esculacha, mas não é capaz de matar a esperança.
A esperança nos intensos é como um membro primordial do corpo, não é possível arrancar. Não se desfaz à toa. A esperança nunca anda só. Quem tem esperança tem artimanha e carta na manga para reerguer o castelo depois da tragédia e ainda sobra disposição para fazer graça.
O grande trunfo do intenso é, sem dúvida, a sua capacidade de não saber disfarçar o que sente. Os sentimentos estão sempre falando alto, se espalhando pelos gestos, orquestrando as ações. O intenso nunca nega o que é. A alma não deixa…
Ester Chaves é escritora brasiliense. Graduada em Letras pela Universidade Católica de Brasília e Pós-Graduada em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Atuante na vida cultural da cidade, participou de vários eventos poético-musicais. Já teve textos publicados em jornais e revistas. É colunista nos sites “CONTI outra, artes e afins”, “A Soma de Todos os Afetos”, “Escritos Meus” e “Fãs da Psicanálise”.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Filmes: "Syriana"
CORRUPÇÃO S/A
Quem acreditou na ladainha neoliberal sobre a honestidade das corporações privadas frente à corrupção do Estado vai ter que rever seus valores
- Por André Lux, crítico-spam
Fazia tempo que não era lançado um filme tão complexo e contundente como SYRIANA, que bem poderia se chamar “Corrupção S/A”. Dirigido por Stephen Gaghan, roteirista do excelente TRAFFIC, conta com um elenco de primeira linha liderado por George Clooney (também um dos produtores executivos) para mostrar, com tintas realistas e engajamento político, a podridão que envolve o mundo dos negócios, no caso o de exploração e venda de petróleo no Oriente Médio.
Qualquer um que algum dia acreditou na ladainha neoliberal sobre a suposta honestidade das corporações privadas frente à inerente corrupção do Estado, muito usada para difundir a tão propaga “necessidade” das privatizações nas últimas décadas, vai ter que rever seus valores no final da sessão. Embora SYRIANA tenha formato de thriller político e apresente várias tramas paralelas que só irão se unir no final, o que move o enredo é a disputa política entre dois irmãos num emirado árabe no Golfo Pérsico. Um deles é o típico playboy alienado e vendido ao sistema capitalista, que torra a fortuna da família com iates, drogas e mulheres, enquanto o outro, Príncipe Nasir (Alexander Siddig), tem intenções mais nobres.
Vem dele, por sinal, uma das falas mais reveladoras do filme. Quando interpelado pelo executivo feito por Matt Damon sobre o inevitável fim das reservas petrolíferas mundiais e as conseqüências disso para os povos do Oriente Médio, que fatalmente vão retornar ao barbarismo, dispara: “E você acha que eu não sei disso? Quando aceitei a melhor oferta da China para explorar meus poços, o fiz pensando em meu povo, em usar o dinheiro para melhorar a condição de vida de todos, investir em infra-estrutura e bem estar social. Por isso, agora sou chamado pela mídia e pelo seu governo de terrorista, comunista e ateu!”.
Mas o ponto que mais impressiona em SYRIANA, não só pela crueza, mas também pela alta dose de verossimilhança, são as interferências diretas promovidas pelo Governo dos Estados Unidos, via sua Central de Inteligência (CIA), nos negócios realizados na região. Seus agentes agem como verdadeiros “anjos da guarda” para garantir que somente as empresas estadunidenses fechem negócios no Golfo Pérsico, nem que para isso precisem torturar e matar qualquer um que se colocar no caminho.
Do outro lado, as grandes corporações fazem das tripas coração para abocanhar contratos milionários de exclusividade. Manipulação, distorção, mentiras e corrupção são palavras banais neste negócio. Numa seqüência exemplar, um político conservador (interpretado por Tim Blake Nelson), ao ser flagrado em ato de corrupção por advogado que representa os interesses de uma empresa, dispara uma frase que já se tornou antológica: “Corrupção? Corrupção é a intrusão do governo no mercado na forma de regulação. Temos leis contra ela justamente para que possamos sair impunes. Corrupção é a nossa proteção! Corrupção nos mantém salvos e aquecidos! É graças à corrupção que você e eu viajamos o mundo ao invés de brigar nas ruas por um pedaço de carne! Corrupção é o motivo da nossa vitória!”.
Qualquer semelhança com a realidade, não é mera coincidência.
Infelizmente, nem tudo são flores em SYRIANA (a começar pelo nome, que não é explicado, mas é usado tanto para se referir à Síria - como em Pax Syriana-, quanto como um rotulo hipotético para referir-se a países do Oriente Médio que têm semelhança com a Síria). Ou seja, quem não tiver um conhecimento razoável da situação atual da região, incluindo aí os conflitos entre seus inúmeros grupos político-religiosos, e de como funciona o mercado das fusões nos Estados Unidos vai ter grande dificuldade de seguir a trama. Há também um excesso de personagens que deixa a situação ainda mais complicada (o drama familiar do executivo feito por Damon, por exemplo, não acrescenta nada ao filme e pode confundir o espectador).
O agente da CIA, feito por Clooney, também sofre de certa letargia e ingenuidade incongruentes com o personagem. Jamais alguém com tamanha experiência e bagagem em fazer o jogo sujo para o Tio Sam seria manipulado e enganado de forma tão fácil, muito menos ficaria tão surpreso ao ser descartado num momento de crise.
Todavia, mesmo apresentando essas falhas e incoerências, é inegável que SYRIANA mereça respeito e crédito, não apenas por tocar numa ferida aberta que pouquíssimas pessoas teriam coragem de expor, mas, principalmente, por deixar claro que, do mundo dos negócios promovidos pelas grandes corporações transnacionais, ninguém sai limpo.
E as conseqüências de tudo isso serão, a médio e longo prazos, catastróficas para a humanidade, como bem mostra o filme ao acompanhar a trajetória de um emigrante paquistanês que, expulso do emprego, brutalizado pela polícia e sem qualquer esperança de um futuro melhor, abraça a causa do terrorismo contra o inimigo de seu povo.
Mais atual e pertinente do que SYRIANA, sinceramente, dificilmente um filme será.
Cotação: ****1/2
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Filmes: "Inferno"
ESQUEMÁTICO
Apesar dos defeitos, até que dá pra louvar algo que estimula as pessoas a conhecerem um pouco de ciência e arte
Apesar dos defeitos, até que dá pra louvar algo que estimula as pessoas a conhecerem um pouco de ciência e arte
- por André Lux, crítico-spam
Esse é o primeiro filme baseado na obra do Dan Brown que eu comento, mas o texto vale para os outros dois primeiros numa boa, afinal seguem o mesmo padrão esquemático que o autor aplica nos seus livros. Qual seja: uma trama extremamente rebuscada e rocambolesca que une conceitos pseudo-científicos, um conhecimento razoável de obras clássicas e perseguições em várias localidades turísticas europeias enquanto o herói tenta decifrar os quebra-cabeças deixados para trás, sempre acompanhado de uma bela mulher. Sem dúvida uma fórmula eficaz que atrai os mais variados tipos de leitores e espectadores.
O mais popular acabou sendo “O Código Da Vinci” que realmente era mais interessante, talvez por girar em cima da obra do genial artista e inventor Leonardo Da Vinci e também por trazer conjecturas bastante pertinentes sobre a vida de Jesus, principalmente no papel que Maria Madalena teria em sua vida. O segundo tratava de uma trama completamente absurda que visava em última instância levar um extremista ao posto de Papa da igreja Católica.
Esse “Inferno” segue a mesma toada. A maior diferença é que começa já em plena ação, com o professor Langdon (Tom Hanks, sempre carismático) acordando em um hospital com amnésia e sendo perseguido por várias organizações, enquanto tenta desvendar mais um mistério que agora usa a obra de Dante para montar as peças do quebra-cabeça que pode levar à liberação de uma doença que vai exterminar quase toda a humanidade.
Enfim, é mais do mesmo. Quem gosta, certamente vai tolerar os clichês (como os protagonistas sempre escapando dos perseguidores por um triz) e os absurdos da trama. O maior deles, claro, reside no fato de que o vilão não precisava ter montado todo aquele esquema para liberar sua arma química, muito menos esconder dos seus seguidores ou fugir de quem estava querendo pegá-la para vender a terroristas. O sujeito tinha total convicção que a solução para todos os problemas do mundo era acabar com a superpopulação atual, portanto faria qualquer coisa para que seu plano desse certo o mais rápido possível, não é mesmo?
Apesar da trilha sonora péssima do sempre abominável Hans Zimmer e dos defeitos apontados acima, é perfeitamente desfrutável, principalmente graças ao ótimo elenco e pelas locações exóticas e fotogênicas. Todavia, é mais indicado para quem gosta de ver citações superficiais a autores e obras famosas e de mistérios que, claro, são sempre explicados de forma didática no final para que ninguém fique se achando burro. Mas, em tempos de “Velozes e Furiosos” e outras imbecilidades terminais até que dá pra louvar algo que pelo menos estimula as pessoas a conhecerem um pouco de ciência e arte, convenhamos...
Cotação: * * 1/2
Esse é o primeiro filme baseado na obra do Dan Brown que eu comento, mas o texto vale para os outros dois primeiros numa boa, afinal seguem o mesmo padrão esquemático que o autor aplica nos seus livros. Qual seja: uma trama extremamente rebuscada e rocambolesca que une conceitos pseudo-científicos, um conhecimento razoável de obras clássicas e perseguições em várias localidades turísticas europeias enquanto o herói tenta decifrar os quebra-cabeças deixados para trás, sempre acompanhado de uma bela mulher. Sem dúvida uma fórmula eficaz que atrai os mais variados tipos de leitores e espectadores.
O mais popular acabou sendo “O Código Da Vinci” que realmente era mais interessante, talvez por girar em cima da obra do genial artista e inventor Leonardo Da Vinci e também por trazer conjecturas bastante pertinentes sobre a vida de Jesus, principalmente no papel que Maria Madalena teria em sua vida. O segundo tratava de uma trama completamente absurda que visava em última instância levar um extremista ao posto de Papa da igreja Católica.
Esse “Inferno” segue a mesma toada. A maior diferença é que começa já em plena ação, com o professor Langdon (Tom Hanks, sempre carismático) acordando em um hospital com amnésia e sendo perseguido por várias organizações, enquanto tenta desvendar mais um mistério que agora usa a obra de Dante para montar as peças do quebra-cabeça que pode levar à liberação de uma doença que vai exterminar quase toda a humanidade.
Enfim, é mais do mesmo. Quem gosta, certamente vai tolerar os clichês (como os protagonistas sempre escapando dos perseguidores por um triz) e os absurdos da trama. O maior deles, claro, reside no fato de que o vilão não precisava ter montado todo aquele esquema para liberar sua arma química, muito menos esconder dos seus seguidores ou fugir de quem estava querendo pegá-la para vender a terroristas. O sujeito tinha total convicção que a solução para todos os problemas do mundo era acabar com a superpopulação atual, portanto faria qualquer coisa para que seu plano desse certo o mais rápido possível, não é mesmo?
Apesar da trilha sonora péssima do sempre abominável Hans Zimmer e dos defeitos apontados acima, é perfeitamente desfrutável, principalmente graças ao ótimo elenco e pelas locações exóticas e fotogênicas. Todavia, é mais indicado para quem gosta de ver citações superficiais a autores e obras famosas e de mistérios que, claro, são sempre explicados de forma didática no final para que ninguém fique se achando burro. Mas, em tempos de “Velozes e Furiosos” e outras imbecilidades terminais até que dá pra louvar algo que pelo menos estimula as pessoas a conhecerem um pouco de ciência e arte, convenhamos...
Cotação: * * 1/2
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Filmes: "Eles Vivem"
SERÃO OS NEOLIBERAIS ALIENS?
Vai agradar quem gosta de ficção científica e de filmes engajados politicamente.
- por André Lux, crítico-spam
"Eles Vivem" é um dos melhores filmes que o diretor John Carpenter produziu até hoje. O roteiro, escrito pelo próprio Carpenter (sob pseudônimo) baseado num conto de Ray Nelson, é bastante engenhoso e tira máximo proveito de todas as situações inusitadas providas pela trama sempre interessante e pertinente.
Operário desempregado (o lutador Roddy Piper, canastrão perfeito para o papel) descobre uma conspiração alienígena para dominar a mente de todos os humanos por meio de mensagens subliminares escondidas em sinais de TV.
Tudo para transformar a Terra num planeta quente e poluído, habitat perfeito para eles. E ainda contam com a ajuda de vários humanos, que trocam a sobrevivência da espécie por dinheiro...
O que torna o filme ainda mais saboroso é a maneira pela qual ele toma conhecimento desse terrível fato: óculos escuros que, ao serem usados, deixam tudo preto-e-branco e o fazem "ver" o que realmente está acontecendo no mundo. Suas primeiras surpresas vêm quando olha para os outdoors só para ver, ao invés dos anúncios normais, palavras como "consuma", "assista TV" "não pense" ou "obedeça". Em seguida olha para uma nota de um dólar a qual, vista pelos óculos, diz "esse é o seu deus".
E não é só isso: ao olhar para algumas pessoas enquanto está sob efeito dos óculos, o protagonista vê a verdadeira natureza dos alienígenas que se escondem sob uma fachada humana também graças ao mesmo sinal subliminar. Garanto que depois de ver "Eles Vivem", você nunca mais vai se achar louco ao perguntar se tipos como Donald Trump, Daniel Dantas, a dona da Daslu ou outra figura bisonha da nossa dita "elite" não seriam de outro planeta, tamanho o grau de insensibilidade e desumanização que demonstram...
Carpenter imprime à sua obra um alto teor de ironia e também uma crítica escancarada ao modelo neoliberal e à mídia que o sustenta, algo ainda bastante atual e relevante, mesmo o filme sendo de 1988, época em que o "consenso de Washington" era enfiado goela abaixo dos governos do mundo inteiro e cujos resultados catastróficos já conhecemos bem.
Vai agradar quem gosta de ficção científica e de filmes engajados politicamente.
- por André Lux, crítico-spam
"Eles Vivem" é um dos melhores filmes que o diretor John Carpenter produziu até hoje. O roteiro, escrito pelo próprio Carpenter (sob pseudônimo) baseado num conto de Ray Nelson, é bastante engenhoso e tira máximo proveito de todas as situações inusitadas providas pela trama sempre interessante e pertinente.
Operário desempregado (o lutador Roddy Piper, canastrão perfeito para o papel) descobre uma conspiração alienígena para dominar a mente de todos os humanos por meio de mensagens subliminares escondidas em sinais de TV.
Tudo para transformar a Terra num planeta quente e poluído, habitat perfeito para eles. E ainda contam com a ajuda de vários humanos, que trocam a sobrevivência da espécie por dinheiro...
O que torna o filme ainda mais saboroso é a maneira pela qual ele toma conhecimento desse terrível fato: óculos escuros que, ao serem usados, deixam tudo preto-e-branco e o fazem "ver" o que realmente está acontecendo no mundo. Suas primeiras surpresas vêm quando olha para os outdoors só para ver, ao invés dos anúncios normais, palavras como "consuma", "assista TV" "não pense" ou "obedeça". Em seguida olha para uma nota de um dólar a qual, vista pelos óculos, diz "esse é o seu deus".
E não é só isso: ao olhar para algumas pessoas enquanto está sob efeito dos óculos, o protagonista vê a verdadeira natureza dos alienígenas que se escondem sob uma fachada humana também graças ao mesmo sinal subliminar. Garanto que depois de ver "Eles Vivem", você nunca mais vai se achar louco ao perguntar se tipos como Donald Trump, Daniel Dantas, a dona da Daslu ou outra figura bisonha da nossa dita "elite" não seriam de outro planeta, tamanho o grau de insensibilidade e desumanização que demonstram...
Será Roberto Justus um alien malvado também?
"Grana é seu deus". Parece título de editorial da Folha
Depois da Daslu, nada como comprar uns comes e bebes...
Carpenter imprime à sua obra um alto teor de ironia e também uma crítica escancarada ao modelo neoliberal e à mídia que o sustenta, algo ainda bastante atual e relevante, mesmo o filme sendo de 1988, época em que o "consenso de Washington" era enfiado goela abaixo dos governos do mundo inteiro e cujos resultados catastróficos já conhecemos bem.
Brincando com o famoso livro "Eram os Deuses Astronautas?", o filme poderia muito bem se chamar "Serão os Neoliberais Aliens?". Essa abordagem político-social aproxima "Eles Vivem" de outra interessante obra de ficção científica que também deveria provocar o mesmo tipo de reflexão nas pessoas: "Matrix", dos irmãos Wachowsky.
A famosa criatividade do diretor atinge neste filme seu ponto máximo. Suas idéias para cortar os custos da produção são brilhantes e só atuam em favor da trama, sem nunca deixar o filme muito falso ou mesmo excessivamente tosco. O fato de as cenas com efeitos especiais serem filmadas em preto e branco, um evidente recurso para gerar economia, apenas aumenta a sensação de estranheza, garante boas risadas e também algum suspense, principalmente no segundo ato durante o qual o protagonista vai ter que tentar convencer outras pessoas sobre a "verdade" que os cerca.
Temos aí uma das mais divertidas e inacreditáveis cenas do filme, exatamente quando ele tenta fazer outro operário (o ótimo Keith David, que já havia trabalhado com Carpenter em "O Enigma de Outro Mundo") a usar seus óculos. Como ele recusa, só resta aos dois saírem na porrada em uma seqüência de troca de "gentilezas" que dura vários minutos e termina de forma extremamente cômica!
Dentro de sua carreira repleta de altos e baixos, "Eles Vivem" certamente figura entre os trabalhos mais inspirados do diretor John Carpenter, que sabe como poucos tirar proveito máximo do formato widescreen, e vai agradar qualquer um que goste de ficção científica e de filmes engajados politicamente. Veja, reflita e divirta-se!
Cotação: * * * *
A famosa criatividade do diretor atinge neste filme seu ponto máximo. Suas idéias para cortar os custos da produção são brilhantes e só atuam em favor da trama, sem nunca deixar o filme muito falso ou mesmo excessivamente tosco. O fato de as cenas com efeitos especiais serem filmadas em preto e branco, um evidente recurso para gerar economia, apenas aumenta a sensação de estranheza, garante boas risadas e também algum suspense, principalmente no segundo ato durante o qual o protagonista vai ter que tentar convencer outras pessoas sobre a "verdade" que os cerca.
Temos aí uma das mais divertidas e inacreditáveis cenas do filme, exatamente quando ele tenta fazer outro operário (o ótimo Keith David, que já havia trabalhado com Carpenter em "O Enigma de Outro Mundo") a usar seus óculos. Como ele recusa, só resta aos dois saírem na porrada em uma seqüência de troca de "gentilezas" que dura vários minutos e termina de forma extremamente cômica!
Dentro de sua carreira repleta de altos e baixos, "Eles Vivem" certamente figura entre os trabalhos mais inspirados do diretor John Carpenter, que sabe como poucos tirar proveito máximo do formato widescreen, e vai agradar qualquer um que goste de ficção científica e de filmes engajados politicamente. Veja, reflita e divirta-se!
Cotação: * * * *
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Filmes: "Sete Homens e Um Destino" (2016)
MEDÍOCRE
Dá para assistir, mas não espere muito
- por André Lux, crítico-spam
O faroeste (ou “western” como é chamado lá nos EUA) é um gênero que vira e mexe volta às telas do cinema, mas sinceramente não há muito mais a explorar nele, principalmente depois que Clint Eastwood lançou “Os Imperdoáveis”, certamente o mais denso e realista deles.
Assim, seguindo a moda atual de “atualizar” (leia-se “refazer”) filmes do passado, surge essa nova versão de “Sete Homens e Um Destino”, clássico do gênero inspirado em “Os Sete Samurais”, do Akira Kurosawa, famoso pelo elenco excepcional e pela trilha musical do grande Elmer Bernstein (cujo tema principal virou jingle dos comerciais do cigarro Marlboro por décadas).
Não vou dizer que a nova versão é ruim, porque seria injustiça, porém não empolga e, claro, fica muito longe do original. O maior problema é a direção de Antoine Fuqua, que fez o ótimo “Dia de Treinamento”, mas parece não entender nada do gênero, insistindo numa aproximação hiper-realista em um tema que implora por algo leve e divertido (basta comparar com o bem mais sucedido “Silverado”, de 1985). A fotografia escura e destituída de cores vibrantes também atrapalha e deixa o filme ainda mais pesado.
Outro ponto baixo é a trilha musical assinada por James Horner que é contemporânea e minimalista ao extremo, além de ser novamente uma mera colcha de retalhos de seus trabalhos anteriores, principalmente “Lendas da Paixão” (não as partes bonitas), “Jogos Patrióticos”, “A Marca do Zorro”, “Coração de Trovão”, “Jumanji” e até “Mercenários das Galáxias”, seu primeiro trabalho e que era “Sete Homens e Um Destino” no espaço! O que é uma pena, já que esta foi sua derradeira trilha lançada nos cinemas, finalizada por Simon Franglen, um de seus colaboradores habituais e que assina como co-compositor, pouco depois de sua morte em um triste acidente aéreo. Nem mesmo o tema clássico composto por Elmer Bernstein é aproveitado (exceto por uma progressão rítmica), aparecendo apenas durante os créditos finais e soando completamente fora de contexto com o resto da trilha.
Choca também a fraqueza do roteiro, incapaz de criar diálogos memoráveis e de gerar empatia com os personagens, lançando mão de diversos clichês do gênero. Não ficam claras nem as motivações dos pistoleiros que vão se juntando ao grupo. O índio, por exemplo, troca umas palavras com o líder, dá um pedaço de carne crua pra ele morder e, pronto: vira um membro fiel. Hein? A grande batalha final não empolga muito e é por demais alongada. O elenco traz bons nomes, como Denzel Washington, Ethan Hawke, Chris Pratt e Vincent D’Onofrio, mas não chegam a brilhar devido à mediocridade do roteiro.
Medíocre é o melhor adjetivo para definir o filme. Dá para assistir, mas não espere muito.
Cotação: * * 1/2
O faroeste (ou “western” como é chamado lá nos EUA) é um gênero que vira e mexe volta às telas do cinema, mas sinceramente não há muito mais a explorar nele, principalmente depois que Clint Eastwood lançou “Os Imperdoáveis”, certamente o mais denso e realista deles.
Assim, seguindo a moda atual de “atualizar” (leia-se “refazer”) filmes do passado, surge essa nova versão de “Sete Homens e Um Destino”, clássico do gênero inspirado em “Os Sete Samurais”, do Akira Kurosawa, famoso pelo elenco excepcional e pela trilha musical do grande Elmer Bernstein (cujo tema principal virou jingle dos comerciais do cigarro Marlboro por décadas).
Não vou dizer que a nova versão é ruim, porque seria injustiça, porém não empolga e, claro, fica muito longe do original. O maior problema é a direção de Antoine Fuqua, que fez o ótimo “Dia de Treinamento”, mas parece não entender nada do gênero, insistindo numa aproximação hiper-realista em um tema que implora por algo leve e divertido (basta comparar com o bem mais sucedido “Silverado”, de 1985). A fotografia escura e destituída de cores vibrantes também atrapalha e deixa o filme ainda mais pesado.
Outro ponto baixo é a trilha musical assinada por James Horner que é contemporânea e minimalista ao extremo, além de ser novamente uma mera colcha de retalhos de seus trabalhos anteriores, principalmente “Lendas da Paixão” (não as partes bonitas), “Jogos Patrióticos”, “A Marca do Zorro”, “Coração de Trovão”, “Jumanji” e até “Mercenários das Galáxias”, seu primeiro trabalho e que era “Sete Homens e Um Destino” no espaço! O que é uma pena, já que esta foi sua derradeira trilha lançada nos cinemas, finalizada por Simon Franglen, um de seus colaboradores habituais e que assina como co-compositor, pouco depois de sua morte em um triste acidente aéreo. Nem mesmo o tema clássico composto por Elmer Bernstein é aproveitado (exceto por uma progressão rítmica), aparecendo apenas durante os créditos finais e soando completamente fora de contexto com o resto da trilha.
Choca também a fraqueza do roteiro, incapaz de criar diálogos memoráveis e de gerar empatia com os personagens, lançando mão de diversos clichês do gênero. Não ficam claras nem as motivações dos pistoleiros que vão se juntando ao grupo. O índio, por exemplo, troca umas palavras com o líder, dá um pedaço de carne crua pra ele morder e, pronto: vira um membro fiel. Hein? A grande batalha final não empolga muito e é por demais alongada. O elenco traz bons nomes, como Denzel Washington, Ethan Hawke, Chris Pratt e Vincent D’Onofrio, mas não chegam a brilhar devido à mediocridade do roteiro.
Medíocre é o melhor adjetivo para definir o filme. Dá para assistir, mas não espere muito.
Cotação: * * 1/2
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Filmes: "Capitão América: Guerra Civil"
DÁ PRO GASTO
Filme é divertido, mas fórmula utilizada já começa a se esgotar
- por André Lux, crítico-spam
Os filmes solo do Capitão América continuam sendo a melhor coisa do universo Marvel adaptado para os cinemas, embora tudo fique cada vez mais confuso já que não dá pra entender porque não fazem simplesmente ser “Os Vingadores”, já que os personagens estão sempre interagindo e não faz muito sentido não estarem presentes quando ameaças terríveis se lançam contra a humanidade, como no segundo “Thor”, por exemplo.
Mesmo assim, os longas com os super-heróis da Marvel continuam mantendo uma boa qualidade, apesar de começarem a cansar, principalmente por causa dessa insistência de colocar os governos do mundo e a mídia questionando a ação deles, algo que apareceu primeiro em “Watchmen” e está também nos filmes da DC, que são bem piores.
Assim, “Capitão América: Guerra Civil” começa onde terminou “Os Vingadores: A Era de Ultron” e tem uma trama bastante rebuscada e altamente inverossímil que acaba sendo novamente apenas uma história de vingança e retaliação que visa fazer os heróis brigarem uns contra os outros - sim, exatamente igual ao abominável “Batman Versus Superman”.
Mas, aqui pelo menos é tudo mais leve e divertido, com muitas cenas de humor e lutas bem coreografadas e editadas, excelentes efeitos visuais e um ótimo elenco. O ponto alto é a briga no aeroporto que conta com as participações divertidíssimas de Homem-Formiga e do Homem-Aranha.
O final, com a briga entre o Capitão e o Homem de Ferro, é fraco e forçado, já que não tinha como o vilão prever e antecipar tudo que ia acontecer para que os dois estivessem no mesmo local e prontos para se odiarem. E novamente a insistência em tentar pintar os heróis como uma ameaça à sociedade, embora pertinente, acaba sendo tola, afinal eles salvaram o mundo de terríveis vilões e é normal que inocentes morram durante os ataques. O que mais poderia se esperar quando um exército de alienígenas ou robôs malvados invade a Terra querendo destruí-la completamente?
Enfim, dá pro gasto e diverte, porém essa fórmula utilizada começa a se esgotar e o excesso de personagens e filmes não ajuda em nada.
Cotação: * * *
Filme é divertido, mas fórmula utilizada já começa a se esgotar
- por André Lux, crítico-spam
Os filmes solo do Capitão América continuam sendo a melhor coisa do universo Marvel adaptado para os cinemas, embora tudo fique cada vez mais confuso já que não dá pra entender porque não fazem simplesmente ser “Os Vingadores”, já que os personagens estão sempre interagindo e não faz muito sentido não estarem presentes quando ameaças terríveis se lançam contra a humanidade, como no segundo “Thor”, por exemplo.
Mesmo assim, os longas com os super-heróis da Marvel continuam mantendo uma boa qualidade, apesar de começarem a cansar, principalmente por causa dessa insistência de colocar os governos do mundo e a mídia questionando a ação deles, algo que apareceu primeiro em “Watchmen” e está também nos filmes da DC, que são bem piores.
Assim, “Capitão América: Guerra Civil” começa onde terminou “Os Vingadores: A Era de Ultron” e tem uma trama bastante rebuscada e altamente inverossímil que acaba sendo novamente apenas uma história de vingança e retaliação que visa fazer os heróis brigarem uns contra os outros - sim, exatamente igual ao abominável “Batman Versus Superman”.
Mas, aqui pelo menos é tudo mais leve e divertido, com muitas cenas de humor e lutas bem coreografadas e editadas, excelentes efeitos visuais e um ótimo elenco. O ponto alto é a briga no aeroporto que conta com as participações divertidíssimas de Homem-Formiga e do Homem-Aranha.
O final, com a briga entre o Capitão e o Homem de Ferro, é fraco e forçado, já que não tinha como o vilão prever e antecipar tudo que ia acontecer para que os dois estivessem no mesmo local e prontos para se odiarem. E novamente a insistência em tentar pintar os heróis como uma ameaça à sociedade, embora pertinente, acaba sendo tola, afinal eles salvaram o mundo de terríveis vilões e é normal que inocentes morram durante os ataques. O que mais poderia se esperar quando um exército de alienígenas ou robôs malvados invade a Terra querendo destruí-la completamente?
Enfim, dá pro gasto e diverte, porém essa fórmula utilizada começa a se esgotar e o excesso de personagens e filmes não ajuda em nada.
Cotação: * * *
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Filmes: "Aquarius"
MUITO BARULHO POR (QUASE) NADA
Filme ganha uma estrelinha a mais por ter feito os cães de guarda da direita tupiniquim espumarem de ódio
- por André Lux, crítico-spam
Quem acompanha meu blog sabe que tive uma pendenga com o crítico e dublê de cineasta Kleber Mendonça Filho, a quem devo meu apelido de “crítico-spam” e cujo primeiro longa-metragem, “O Som ao Redor”, é uma das coisas mais bisonhas que vi na vida. Todavia, confesso que gostei muito de ver ele e a equipe de “Aquarius”, seu novo filme, denunciando o golpe de Estado ocorrido no Brasil, o que provocou muita polêmica e me levou a ficar bastante curioso para ver o resultado final nas telas.
Mas, infelizmente, Kleber mostrou novamente que como cineasta continua um ótimo crítico. “Aquarius” é apenas mais um filme mal feito, mal dirigido e encenado, repleto de situações vazias e que não chegam a lugar algum (como o flerte da protagonista com um viúvo), e com um roteiro frouxo e sem qualquer peso dramático. Fica óbvio que a intenção do Kleber é nobre, principalmente no que diz respeito a fazer uma denúncia social das divisões de classe brasileira, que são ainda mais acintosas na região Nordeste onde o filme se passa, e na luta de David contra Golias representada pela personagem Clara (Sonia Braga) que enfrenta uma grande construtora que quer demolir o prédio onde ela mora sozinha. Ou seja, se aparececem umas navezinhas alienígenas para ajudar ela, ficaria igualzinho ao simpático "O Milagre Veio do Espaço", produzido pelo Spielberg nos anos 80.
O problema é que o roteiro é pífio e todas as cenas que apontam para esses contrastes são gratuitas e forçadas, soando mais como discursinho de comunista de classe média proferidos em saraus de faculdade de Humanas. A luta da protagonista contra a construtora não tem peso dramático algum, afinal mal conhecemos Clara e suas motivações, exceto por meia dúzia de informações rasas que são jogadas de vez em quando. No final, ela parece muito mais apenas uma velha chata e teimosa do que alguém que está lutando por suas convicções.
Se não bastasse isso, o filme tem uma edição sofrível e é alongado além da conta, atingindo a absurda marca de 2h20 de projeção, algo que não faz o menor sentido. Assim como em “O Som ao Redor”, Kleber não demonstra qualquer afinidade em dirigir atores, deixando-os falar um em cima do outro, enquanto a maioria apenas murmura seus diálogos sem verdade alguma. Nem mesmo a experiente Sonia Braga escapa da ruindade, embora até se esforce para tentar dar alguma ressonância a um personagem sem qualquer profundidade. A melhor cena do filme acaba sendo quando ela fica excitada ao testemunhar uma orgia que acontece no apartamento acima do seu e chama um garoto de programa para satisfazê-la, sem dúvida uma sequência corajosa, porém sem relevância para o resto da trama, infelizmente.
O Kleber também parece ter uma fixação mal resolvida com sexo, tanto é que insere diversas cenas quase explícitas de maneira sempre forçada e novamente sem muita relação com o resto do filme. A pior é a que envolve a tia da protagonista que está fazendo aniversário de 70 anos na cena que abre o filme. No meio dos discursos elogiosos dos parentes, incluindo duas crianças, ela olha para uma cômoda e aí tem flashbacks de uma transa, assim do nada. De vez em quando o diretor fixa sua câmera nesse mesmo móvel durante a projeção, mas confesso que não entendi direito o que queria transmitir. Que muita gente trepou em cima dele? Que isso era alguma forma de afirmar que a família de Clara era liberal e progressista? Tudo isso ao mesmo tempo? Pode ser. Ou não. Quem liga?
A conclusão de “Aquarius”, então, é risível, com o cineasta tentando vender uma daquelas cenas que tem o objetivo de provocar catarse na plateia, típica dos enlatados estadunidenses que ele tanto malha em suas críticas, mas que na vida real certamente mandariam a protagonista para a prisão algemada merecidamente. Sem comentários.
É triste ler muitas críticas sobre o filme louvando a produção e supostas virtuoses da direção, em mais uma prova de que a maioria dos críticos atuais confunde amadorismo e falta de conhecimento sobre as técnicas cinematográficas com sinais de genialidade. Kleber é tão pretensioso que decora uma parede da sala da protagonista com um enorme pôster de “Barry Lyndon”, um dos filmes menos conhecidos do grande Stanley Kubrick, o que apenas nos faz lembrar de como a arte de se fazer cinema está cada vez mais diluída.
O mais divertido, todavia, é ver os cães de guarda da direita tupiniquim espumando de ódio contra esse canhestro filme só por causa do protesto em Cannes e de meia dúzia de frases de cunho humanista proferidas durante a projeção, ajudando assim a dar publicidade a ele e meio que obrigando qualquer pessoa que não vomite ódio irracional à esquerda a abraçar e proteger a obra. Só por isso ganha uma estrelinha a mais. Mas, pra variar um pouco, é muito barulho por nada...
Cotação: * *
Filme ganha uma estrelinha a mais por ter feito os cães de guarda da direita tupiniquim espumarem de ódio
- por André Lux, crítico-spam
Quem acompanha meu blog sabe que tive uma pendenga com o crítico e dublê de cineasta Kleber Mendonça Filho, a quem devo meu apelido de “crítico-spam” e cujo primeiro longa-metragem, “O Som ao Redor”, é uma das coisas mais bisonhas que vi na vida. Todavia, confesso que gostei muito de ver ele e a equipe de “Aquarius”, seu novo filme, denunciando o golpe de Estado ocorrido no Brasil, o que provocou muita polêmica e me levou a ficar bastante curioso para ver o resultado final nas telas.
Mas, infelizmente, Kleber mostrou novamente que como cineasta continua um ótimo crítico. “Aquarius” é apenas mais um filme mal feito, mal dirigido e encenado, repleto de situações vazias e que não chegam a lugar algum (como o flerte da protagonista com um viúvo), e com um roteiro frouxo e sem qualquer peso dramático. Fica óbvio que a intenção do Kleber é nobre, principalmente no que diz respeito a fazer uma denúncia social das divisões de classe brasileira, que são ainda mais acintosas na região Nordeste onde o filme se passa, e na luta de David contra Golias representada pela personagem Clara (Sonia Braga) que enfrenta uma grande construtora que quer demolir o prédio onde ela mora sozinha. Ou seja, se aparececem umas navezinhas alienígenas para ajudar ela, ficaria igualzinho ao simpático "O Milagre Veio do Espaço", produzido pelo Spielberg nos anos 80.
O problema é que o roteiro é pífio e todas as cenas que apontam para esses contrastes são gratuitas e forçadas, soando mais como discursinho de comunista de classe média proferidos em saraus de faculdade de Humanas. A luta da protagonista contra a construtora não tem peso dramático algum, afinal mal conhecemos Clara e suas motivações, exceto por meia dúzia de informações rasas que são jogadas de vez em quando. No final, ela parece muito mais apenas uma velha chata e teimosa do que alguém que está lutando por suas convicções.
Se não bastasse isso, o filme tem uma edição sofrível e é alongado além da conta, atingindo a absurda marca de 2h20 de projeção, algo que não faz o menor sentido. Assim como em “O Som ao Redor”, Kleber não demonstra qualquer afinidade em dirigir atores, deixando-os falar um em cima do outro, enquanto a maioria apenas murmura seus diálogos sem verdade alguma. Nem mesmo a experiente Sonia Braga escapa da ruindade, embora até se esforce para tentar dar alguma ressonância a um personagem sem qualquer profundidade. A melhor cena do filme acaba sendo quando ela fica excitada ao testemunhar uma orgia que acontece no apartamento acima do seu e chama um garoto de programa para satisfazê-la, sem dúvida uma sequência corajosa, porém sem relevância para o resto da trama, infelizmente.
O Kleber também parece ter uma fixação mal resolvida com sexo, tanto é que insere diversas cenas quase explícitas de maneira sempre forçada e novamente sem muita relação com o resto do filme. A pior é a que envolve a tia da protagonista que está fazendo aniversário de 70 anos na cena que abre o filme. No meio dos discursos elogiosos dos parentes, incluindo duas crianças, ela olha para uma cômoda e aí tem flashbacks de uma transa, assim do nada. De vez em quando o diretor fixa sua câmera nesse mesmo móvel durante a projeção, mas confesso que não entendi direito o que queria transmitir. Que muita gente trepou em cima dele? Que isso era alguma forma de afirmar que a família de Clara era liberal e progressista? Tudo isso ao mesmo tempo? Pode ser. Ou não. Quem liga?
A conclusão de “Aquarius”, então, é risível, com o cineasta tentando vender uma daquelas cenas que tem o objetivo de provocar catarse na plateia, típica dos enlatados estadunidenses que ele tanto malha em suas críticas, mas que na vida real certamente mandariam a protagonista para a prisão algemada merecidamente. Sem comentários.
É triste ler muitas críticas sobre o filme louvando a produção e supostas virtuoses da direção, em mais uma prova de que a maioria dos críticos atuais confunde amadorismo e falta de conhecimento sobre as técnicas cinematográficas com sinais de genialidade. Kleber é tão pretensioso que decora uma parede da sala da protagonista com um enorme pôster de “Barry Lyndon”, um dos filmes menos conhecidos do grande Stanley Kubrick, o que apenas nos faz lembrar de como a arte de se fazer cinema está cada vez mais diluída.
O mais divertido, todavia, é ver os cães de guarda da direita tupiniquim espumando de ódio contra esse canhestro filme só por causa do protesto em Cannes e de meia dúzia de frases de cunho humanista proferidas durante a projeção, ajudando assim a dar publicidade a ele e meio que obrigando qualquer pessoa que não vomite ódio irracional à esquerda a abraçar e proteger a obra. Só por isso ganha uma estrelinha a mais. Mas, pra variar um pouco, é muito barulho por nada...
Cotação: * *
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Filmes: "Star Trek: Sem Fronteiras"
Não é fácil ficar velho, ver a vida passar acelerada, sentir a dor da traição de falsos amigos e amores, mas no escurinho do cinema ninguém tira o nosso direito de sentir emoções que poucos tem o privilégio de compartilhar
- por André Lux, crítico-spam
Chorei de soluçar vendo o novo “Star Trek: Sem Fronteiras” no cinema. Não tanto pelo filme em si, que é bacana sim, mas pela belíssima e emocionante homenagem que fizeram ao elenco original, especialmente Leonard Nimoy, nosso eterno Spock, que morreu ano passado.
Os fãs acabaram sendo um pouco duros demais com esse terceiro capítulo do recomeço da franquia, que teve um primeiro episódio muito bom e um segundo que pecou pelo exagero. A culpa foi dos trailers iniciais que além de terem sido pessimamente montados, davam a impressão de ser um mero filme de ação desmiolado, elevando a enésima potência tudo que deu errado no segundo. O fato de te sido dirigido por um sujeito que fez um dos “Velozes e Furiosos” também contribuiu para acirrar a, bem... fúria dos apreciadores.
Mas não é bem assim. Apesar de ter um ritmo muito acelerado e um excesso de cenas de ação e destruição (impressiona como é fácil arrebentar a Enterprise nessa nova franquia), o roteiro é bem amarrado e repleto de emoção. A boa surpresa é que foi co-escrito pelo ator que faz o Scotty, Simon Pegg, que todo mundo conhece das comédias inglesas e obviamente é fã confesso da série, inserindo na trama dezenas de citações à série antiga e também a fatos que envolvem os atores originais na vida real, como o atual Sulu ser casado com um homem, homenageando assim o ator George Takey da tripulação antiga, que é abertamente gay e defensor da causa GLTB. O filme também é dedicado ao ator Anton Yelchin, que faz o novo Chekov, momrto pouco tempo depois das filmagens, vítima de um triste acidente em sua casa.
Pena que não conseguiram achar uma solução melhor para impulsionar a trama do que o manjando clichê do vilão sedento por vingança contra a Federação que tem em mãos uma “máquina do juízo final”, até porque com aquele enxame infernal de pequenas naves ele nem precisaria de mais nada para causar destruição em massa, não é mesmo? Mas ao menos sua motivação faz certo sentido dentro da lógica exposta pelo roteiro e tentam humanizar o personagem o máximo possível.
A música do esforçado Michael Giacchino continua boa e, embora não chegue nem aos pés de um Jerry Goldsmith ou até de James Horner que compuseram as melhores trilhas dos filmes originais no cinema, consegue emocionar na medida certa quando a cena assim exige e não atrapalha nas sequências de ação. O que já é uma baita de um elogio hoje em dia...
O adeus final ao nosso querido Leonard Nimoy... |
Mas o importante é que Star Trek continua vivo e está sendo tratado com carinho pelos novos produtores, que sempre buscam incorporar a nova linguagem da sétima arte na série, mas sem nunca esquecer de onde tudo começou.
Nessas horas a gente percebe que não é fácil ficar velho, ver a vida passando acelerada, sentir a dor da traição de falsos amigos e amores, ficar longe de quem se ama, mas no escurinho do cinema ninguém tira o nosso direito de sentir emoções as quais poucas pessoas tem o privilégio de compartilhar e que acabam, de uma forma ou de outra, dando sentido a essa vida sem sentido que levamos...
Vida longa e próspera, meus caros nerds!
Cotação: * * * *
Vida longa e próspera, meus caros nerds!
Cotação: * * * *
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Cine Trash: "The Room"
CIDADÃO KANE DO LIXO
Filme é tão horrível que virou cult, sendo apresentado no mundo todo em sessões especiais onde o público participa de maneira selvagem das exibições
- por André Lux, crítico-spam
Graças à recomendação de um amigo incansável caçador de filmes horríveis, cheguei a esse "The Room", que é considerado hoje como talvez o pior filme de todos os tempos, o "Cidadão Kane" do cinema trash.
O filme é ruim do começo ao fim, com certeza, tem uma "história" completamente sem pé nem cabeça e diálogos que podem provocar um AVC nos desavisados, mas o que o eleva à categoria de atrocidade é sem dúvida a presença do "ator" Tommy Wiseau que, pasmem, é também o roteirista, produtor e diretor da obra!
O sujeito é uma aberração tão grande que passei o filme todo esperando a cabeça dele se partir ao meio e de dentro sair um alien cheio de tentáculos. Não bastasse ser feio como o diabo (parece o resultado de uma mistura do Sylvester Stallone com o Steven Seagal se tivessem sido jogados num moedor de carne juntos), o sujeito é polonês ou algo parecido (ninguém sabe direito de onde surgiu tal criatura), o que o faz declamar suas falas com um sotaque abismal e uma total incapacidade de sequer flexionar a língua inglesa de maneira correta.
O mais impressionante, todavia, é que o filme custou 6 MILHÕES DE DÓLARES! Entre os absurdos que rondam a lendária produção de "The Room" está o fato do "cineasta" ter COMPRADO duas câmeras, uma digital de alta resolução e outra de filme em película, algo que nem mesmo os maiores estúdios fazem, já que esses equipamentos são todos alugados! Detalhe: como não sabia qual era o melhor jeito de filmar, ele simplesmente amarrou as duas câmeras uma ao lado da outra e rodou o filme todo com elas filmando juntas!
Claro que o filme virou cult, sendo apresentado no mundo todo em sessões especiais onde o público participa de maneira selvagem das exibições, ao ponto do ator James Franco estar finalizando uma espécie de documentário/paródia dele, baseado no livro de memórias de um dos atores que participaram do filme.
Não deixem de ver. É realmente impressionante!
Cotação trash: * * * * *
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Filmes: "Café Society"
CURA INSÔNIA
Novo filme Woody Allen padece de um ritmo arrastado e ausência de conflitos ou momentos dramáticos
- por André Lux, crítico-spam
É impressionante como Woody Allen perdeu a mão e a inspiração. O fato de insistir em produzir um filme por ano não ajuda em nada e seus novos filmes estão cada vez mais chatos e sem graça.
Confesso que nem tenho mais acompanhando a carreira dele. O último que vi foi “Blue Jasmine”, um filme penoso. Acabei indo ao cinema para assistir esse “Café Society”, já que vem recebendo boas críticas, porém é mais um caso de delírio coletivo dos profissionais da opinião, pois é apenas mais uma obra fraca e sem qualquer traço de entusiasmo desse cineasta que nos brindou com joias como “Manhatan” e “Annie Hall” num passado que agora parece muito distante.
Apesar da fotografia do lendário Vittorio Storaro ser requintada e o filme ser recheado de boa música (jazz, em sua maioria), “Café Society” padece de um ritmo arrastado e total ausência de conflitos ou momentos dramáticos, o que é grave já que se trata de uma história sobre um triângulo amoroso que ao menos poderia render cenas fortes e dar alguma chance aos atores de brilhar.
Mas, que nada. Tudo é resolvido na maior boa vontade, os personagens são todos super tranquilos e não esquentam a cabeça com nada. Para piorar, Allen escalou a insonsa Kristen Stewart (ela mesmo, da infame saga “Crepúsculo”) que passa o filme todo com a mesma cara de esquilo entediado e não convence nem um minuto como uma mulher que poderia provocar tanto amor e devoção.
O roteiro, do próprio Allen, é pífio e se escora numa narração, na voz do próprio diretor, intrusiva e que conta momentos dramáticos de passagem, impedindo assim qualquer envolvimento do espectador com o que se vê na tela.
Imagino que o fato de passar boa parte da projeção em Los Angeles e fazer um monte de referências a estrelas e filmes do passado encha os críticos de emoção, já que adoram esse tipo de trívia, pois só isso mesmo para justificar tamanho apreço por uma obra tão fraca e insossa com essa que, para piorar tudo, não tem qualquer graça (a única piada boa acontece quando a mãe de um dos personagens reclama que o filho ter virado cristão é pior do que ter sido condenado à morte na cadeira elétrica).
Veja por sua conta e risco, mas recomendo para aquelas noites de insônia pesada. Vai te colocar pra dormir rapidinho...
Cotação: *
Novo filme Woody Allen padece de um ritmo arrastado e ausência de conflitos ou momentos dramáticos
- por André Lux, crítico-spam
É impressionante como Woody Allen perdeu a mão e a inspiração. O fato de insistir em produzir um filme por ano não ajuda em nada e seus novos filmes estão cada vez mais chatos e sem graça.
Confesso que nem tenho mais acompanhando a carreira dele. O último que vi foi “Blue Jasmine”, um filme penoso. Acabei indo ao cinema para assistir esse “Café Society”, já que vem recebendo boas críticas, porém é mais um caso de delírio coletivo dos profissionais da opinião, pois é apenas mais uma obra fraca e sem qualquer traço de entusiasmo desse cineasta que nos brindou com joias como “Manhatan” e “Annie Hall” num passado que agora parece muito distante.
Apesar da fotografia do lendário Vittorio Storaro ser requintada e o filme ser recheado de boa música (jazz, em sua maioria), “Café Society” padece de um ritmo arrastado e total ausência de conflitos ou momentos dramáticos, o que é grave já que se trata de uma história sobre um triângulo amoroso que ao menos poderia render cenas fortes e dar alguma chance aos atores de brilhar.
Mas, que nada. Tudo é resolvido na maior boa vontade, os personagens são todos super tranquilos e não esquentam a cabeça com nada. Para piorar, Allen escalou a insonsa Kristen Stewart (ela mesmo, da infame saga “Crepúsculo”) que passa o filme todo com a mesma cara de esquilo entediado e não convence nem um minuto como uma mulher que poderia provocar tanto amor e devoção.
O roteiro, do próprio Allen, é pífio e se escora numa narração, na voz do próprio diretor, intrusiva e que conta momentos dramáticos de passagem, impedindo assim qualquer envolvimento do espectador com o que se vê na tela.
Imagino que o fato de passar boa parte da projeção em Los Angeles e fazer um monte de referências a estrelas e filmes do passado encha os críticos de emoção, já que adoram esse tipo de trívia, pois só isso mesmo para justificar tamanho apreço por uma obra tão fraca e insossa com essa que, para piorar tudo, não tem qualquer graça (a única piada boa acontece quando a mãe de um dos personagens reclama que o filho ter virado cristão é pior do que ter sido condenado à morte na cadeira elétrica).
Veja por sua conta e risco, mas recomendo para aquelas noites de insônia pesada. Vai te colocar pra dormir rapidinho...
Cotação: *
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Filmes: "O Bom Dinossauro"
TOCANTE
Momentos como o que vivi com minha filha durante esse filme são do tipo que fazem valer a pena a vida sem sentido que levamos
- por André Lux, crítico-spam
Interessante como a minha forma de analisar e sentir uma animação ou um filme feito para crianças mudou depois que minha filha nasceu. Se por um lado mantem-se o senso crítico relacionado aos aspectos estritamente técnicos e cinematográficos da obra, por outro abre-se um espectro totalmente novo, que é o de enxerga-la pelos olhos de uma criança, tornando-se sensível aos elementos que tocam os pequenos.
“O Bom Dinossauro” visto apenas pelo primeiro prisma é certamente uma obra menor, muito mais fraca do que “Divertida Mente”, por exemplo, só para citar um filme recente produzido pelo mesmo grupo de artistas. O fato de ter tido inúmeros problemas durante o processo de animação, ao ponto de praticamente terem começado do zero depois de meses de trabalho, certamente afetou o resultado final.
Mas para mim é uma animação que acabou deixando uma marca muito especial quando a assisti com minha filha, então com 5 anos, nos cinemas, poucos meses após uma situação de destruição brutal de um núcleo familiar que levou-se anos para construir.
Em “O Bom Dinossauro” esse núcleo também é destruído com a morte do pai durante uma tempestade, o que leva o pequeno Arlo a se desgarrar do resto dos parentes e viver uma grande aventura para tentar voltar para casa. Durante sua jornada, ele cria laços afetivos com um pequeno ser humano primitivo, que mais parece um cachorro do que outra coisa.
Nada de muito novo, enfim, apenas alguns clichês de “filme-família” que são reciclados pelo pessoal da Disney de tempos em tempos. Mas em uma cena tocante já no final, um dos personagens consegue reunir-se com seus entes querido, voltado ao “círculo da família” cuja importância o pequeno dinossauro esforça-se para explicar para a criança humana.
Nem preciso dizer que chorei junto com ela, que me abraçou forte, levada pela emoção nova e incontrolável que experimentava ao fazer a associação do que via nas telas com o que vivia em sua vida. Momentos como esse são do tipo que fazem valer a pena a vida sem sentido que levamos e, confesso, passam batidos para a maioria das pessoas que vivem preocupadas apenas com seus interesses mesquinhos e egoístas.
Momentos como o que vivi com minha filha durante esse filme são do tipo que fazem valer a pena a vida sem sentido que levamos
- por André Lux, crítico-spam
Interessante como a minha forma de analisar e sentir uma animação ou um filme feito para crianças mudou depois que minha filha nasceu. Se por um lado mantem-se o senso crítico relacionado aos aspectos estritamente técnicos e cinematográficos da obra, por outro abre-se um espectro totalmente novo, que é o de enxerga-la pelos olhos de uma criança, tornando-se sensível aos elementos que tocam os pequenos.
“O Bom Dinossauro” visto apenas pelo primeiro prisma é certamente uma obra menor, muito mais fraca do que “Divertida Mente”, por exemplo, só para citar um filme recente produzido pelo mesmo grupo de artistas. O fato de ter tido inúmeros problemas durante o processo de animação, ao ponto de praticamente terem começado do zero depois de meses de trabalho, certamente afetou o resultado final.
Mas para mim é uma animação que acabou deixando uma marca muito especial quando a assisti com minha filha, então com 5 anos, nos cinemas, poucos meses após uma situação de destruição brutal de um núcleo familiar que levou-se anos para construir.
Em “O Bom Dinossauro” esse núcleo também é destruído com a morte do pai durante uma tempestade, o que leva o pequeno Arlo a se desgarrar do resto dos parentes e viver uma grande aventura para tentar voltar para casa. Durante sua jornada, ele cria laços afetivos com um pequeno ser humano primitivo, que mais parece um cachorro do que outra coisa.
Nada de muito novo, enfim, apenas alguns clichês de “filme-família” que são reciclados pelo pessoal da Disney de tempos em tempos. Mas em uma cena tocante já no final, um dos personagens consegue reunir-se com seus entes querido, voltado ao “círculo da família” cuja importância o pequeno dinossauro esforça-se para explicar para a criança humana.
O círculo da família: amor e proteção |
Neste momento, testemunhei minha pequena filha vertendo lágrimas pelos olhos, emocionada e tocada com o que via na tela e fazendo pela primeira vez uma relação de causa-efeito dentro da apreciação de uma obra de arte.
Nem preciso dizer que chorei junto com ela, que me abraçou forte, levada pela emoção nova e incontrolável que experimentava ao fazer a associação do que via nas telas com o que vivia em sua vida. Momentos como esse são do tipo que fazem valer a pena a vida sem sentido que levamos e, confesso, passam batidos para a maioria das pessoas que vivem preocupadas apenas com seus interesses mesquinhos e egoístas.
Por esse fato tão marcante em minha vida serei eternamente agradecido a “O Bom Dinossauro”.
Cotação: * * *
Cotação: * * *
Vivendo "As Pontes de Madison"
Antigamente eu considerava a atitude da personagem da Meryl Streep absurda. A vida me ensinou da maneira mais cruel possível que pessoas como ela são as mais humanas e sensíveis que existem.
Um dos filmes que mais me desconcertam e fazem chorar é AS PONTES DE MADISON, com Clint e Meryl. Não apenas por ser belíssimo, mas principalmente porque eu vivi por duas vezes situação praticamente idêntica à retratada. E as duas foram com a mesma mulher.
A primeira vez, na época da faculdade, quando nos apaixonamos perdidamente e vivemos um forte caso de amor. Mas, ela namorava e, quando chegaram as férias de julho, perdemos contato (nada de internet e celular naquela época) e, pressionada pelo namorado e pela família, acabou noivando e, claro, me abandonou. Sofri muito. Nunca a esqueci.
Muitos anos depois, reencontrei essa mulher. Triste, rejeitada pelo marido e, assim como eu, sem saber há anos o que era se sentir desejada, amada e admirada. Tivemos um novo caso de amor, mas traição não combinava com o nosso caráter e, depois de uns poucos encontros recheados de muito carinho e ternura, resolvemos nos afastar porque não queríamos destruir nossas famílias e causar sofrimento insuportável em nossos parceiros que, para o bem ou para o mal, estavam ao nosso lado há tanto tempo.
A última vez que a vi foi no estacionamento de um shopping, eu parado próximo ao carro dela, no qual entrava com sua família. Ambos tomados pela tristeza e pelo desespero de saber que certamente seria nosso derradeiro vislumbre um do outro. Só não estava chovendo, para ser igual à cena final de AS PONTES DE MADISON...
Antigamente eu considerava a atitude da personagem da Meryl Streep errada, absurda. Como assim ela vai abrir mão daquela atração irresistível, verdadeira paixão de adolescentes, por causa do marido que não deseja há anos e pelos filhos? A vida me ensinou da maneira mais cruel possível que pessoas como ela são as mais humanas e sensíveis que existem.
E também as mais raras.
Vale a pena destruir famílias e vidas só para satisfazer uma paixão de adolescente? |
- por Eloy Ferrari, psicólogo
Um dos filmes que mais me desconcertam e fazem chorar é AS PONTES DE MADISON, com Clint e Meryl. Não apenas por ser belíssimo, mas principalmente porque eu vivi por duas vezes situação praticamente idêntica à retratada. E as duas foram com a mesma mulher.
A primeira vez, na época da faculdade, quando nos apaixonamos perdidamente e vivemos um forte caso de amor. Mas, ela namorava e, quando chegaram as férias de julho, perdemos contato (nada de internet e celular naquela época) e, pressionada pelo namorado e pela família, acabou noivando e, claro, me abandonou. Sofri muito. Nunca a esqueci.
Muitos anos depois, reencontrei essa mulher. Triste, rejeitada pelo marido e, assim como eu, sem saber há anos o que era se sentir desejada, amada e admirada. Tivemos um novo caso de amor, mas traição não combinava com o nosso caráter e, depois de uns poucos encontros recheados de muito carinho e ternura, resolvemos nos afastar porque não queríamos destruir nossas famílias e causar sofrimento insuportável em nossos parceiros que, para o bem ou para o mal, estavam ao nosso lado há tanto tempo.
A última vez que a vi foi no estacionamento de um shopping, eu parado próximo ao carro dela, no qual entrava com sua família. Ambos tomados pela tristeza e pelo desespero de saber que certamente seria nosso derradeiro vislumbre um do outro. Só não estava chovendo, para ser igual à cena final de AS PONTES DE MADISON...
Antigamente eu considerava a atitude da personagem da Meryl Streep errada, absurda. Como assim ela vai abrir mão daquela atração irresistível, verdadeira paixão de adolescentes, por causa do marido que não deseja há anos e pelos filhos? A vida me ensinou da maneira mais cruel possível que pessoas como ela são as mais humanas e sensíveis que existem.
E também as mais raras.
quinta-feira, 28 de julho de 2016
COMO AJUDAR PESSOAS QUE SÃO VÍTIMAS DE PSICOPATAS
Quanto mais tarde a vítima tentar sair da relação, mais prejuízos ela terá. Prejuízos de toda ordem, afetivo, financeiro, moral e social.
- por Dirce Hage, no blog da Alda
Amigos e família, infelizmente nesse momento difícil não podem ajudar, por conta do vínculo afetivo já destruído das inúmeras situação negativas geradas no decorrer da relação da vítima envolvida. E assim, vale dizer que, quanto mais tarde a vítima tentar sair da relação, mais prejuízos ela terá. Prejuízos de toda ordem, afetivo, financeiro, moral e social.
- Dirce Hage é Psicóloga especialista em saúde mental e psicoterapeuta no atendimento clínico em consultório particular e no departamento médico e odontológico (DMO) do ministério público do estado.
- por Dirce Hage, no blog da Alda
Embora já se tenha bastante informações sobre as características de um psicopata, os profissionais da área de saúde mental recebem cada vez mais vítimas desse algoz social que circulam livremente nas grandes empresas, nos condomínios, nas universidades, na política, na família, na polícia, enfim, ao seu lado.
Sua vítima geralmente é alguém que pode lhe proporcionar alguma vantagem como poder, status, dinheiro, sexo, todas juntas, ou uma ou outra, que responda sua necessidade momentânea. Como o psicopata é um parasita, ele precisa estar abastecendo suas necessidades imediatas, jamais pode ficar sem uma fonte de abastecimento. Engata uma vítima na outra.
A vítima não sente, mas vai se entregando pouco a pouco até se entregar por inteira na relação. Assina e faz procuração dando-lhe plenos poderes de documentos pessoais e comprometedores de móveis e imóveis, entrega a senha de banco, em relação a sua vida afetiva, faz intriga nos vínculos pessoais e familiares com a intenção de afastar todas as pessoas que lhe dão suporte afetivo.
Quando a presa é fisgada, o psicopata começa a atuar. Depois que consegue sugar tudo de sua presa, daí fica entediado, por já ter sugado tudo o que queria, precisando de novidades, se mostrando infeliz, consequentemente, deixando claro que a culpa é toda da vítima. E o pior, a vítima acaba acreditando que é mesmo culpada de tudo e passa por maus tratos e ainda entende que merece, se sentindo subjugada e isolada.
E o que fazer depois que a vítima sente um “estupro” na alma? O primeiro passo é a vítima sair em busca de informação e esclarecimento, independente do grau de envolvimento com o psicopata. O segundo passo é buscar ajuda com um profissional de saúde mental, psicólogo e/ou psiquiatra para que esses profissionais procurem validar todo esse sofrimento na tentativa de apoiar a vítima a sair da relação. Sair mesmo! Até porque a psicopatia não tem cura e nem tratamento.
Sua vítima geralmente é alguém que pode lhe proporcionar alguma vantagem como poder, status, dinheiro, sexo, todas juntas, ou uma ou outra, que responda sua necessidade momentânea. Como o psicopata é um parasita, ele precisa estar abastecendo suas necessidades imediatas, jamais pode ficar sem uma fonte de abastecimento. Engata uma vítima na outra.
A vítima não sente, mas vai se entregando pouco a pouco até se entregar por inteira na relação. Assina e faz procuração dando-lhe plenos poderes de documentos pessoais e comprometedores de móveis e imóveis, entrega a senha de banco, em relação a sua vida afetiva, faz intriga nos vínculos pessoais e familiares com a intenção de afastar todas as pessoas que lhe dão suporte afetivo.
Quando a presa é fisgada, o psicopata começa a atuar. Depois que consegue sugar tudo de sua presa, daí fica entediado, por já ter sugado tudo o que queria, precisando de novidades, se mostrando infeliz, consequentemente, deixando claro que a culpa é toda da vítima. E o pior, a vítima acaba acreditando que é mesmo culpada de tudo e passa por maus tratos e ainda entende que merece, se sentindo subjugada e isolada.
E o que fazer depois que a vítima sente um “estupro” na alma? O primeiro passo é a vítima sair em busca de informação e esclarecimento, independente do grau de envolvimento com o psicopata. O segundo passo é buscar ajuda com um profissional de saúde mental, psicólogo e/ou psiquiatra para que esses profissionais procurem validar todo esse sofrimento na tentativa de apoiar a vítima a sair da relação. Sair mesmo! Até porque a psicopatia não tem cura e nem tratamento.
Amigos e família, infelizmente nesse momento difícil não podem ajudar, por conta do vínculo afetivo já destruído das inúmeras situação negativas geradas no decorrer da relação da vítima envolvida. E assim, vale dizer que, quanto mais tarde a vítima tentar sair da relação, mais prejuízos ela terá. Prejuízos de toda ordem, afetivo, financeiro, moral e social.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Filmes: "Batman versus Superman - A Origem da Justiça"
ABOMINAÇÃO
Se quiser ter uma experiência semelhante a ver este filme, assista a um show de sertanejo universitário enquanto bate a cabeça numa parede
- por André Lux, crítico-spam
Quem acompanha minhas críticas sabe o que quanto eu desprezo o último filme baseado no Superman, chamado apenas de “Homem de Aço”, certamente uma das coisas mais grotescas que já assisti na vida. Assim, nem perdi meu tempo indo ao cinema para ver a continuação daquele lixo que, para tentar atrair mais fanáticos por quadrinhos, colocou o Batman no meio e botou os dois para brigarem entre si.
Na verdade, esse conceito surgiu com a espetacular graphic novel “The Dark Knight Returns” que Frank Miller criou em 1986, provocou um terremoto no mundo dos quadrinhos e meio que serviu de base para os filmes sobre o Batman desde então, principalmente os dirigidos pelo Christopher Nolan e estrelados por Christian Bale.
Nasceu então “Batman versus Superman – A Origem da Justiça” que, desculpem o termo chulo, é uma bosta inigualável cujo único “mérito” é conseguir ser ainda pior e mais nojento que o “Homem de Aço”. A gente tem que tirar o chapéu para o diretor Zack Snyder por ser capaz de criar e jogar no mundo tamanha porcaria sem ficar vermelho de vergonha, conseguindo irritar tanto os críticos quanto a maioria absoluta dos fãs dos personagens.
Fui ver logo a Versão Estendida do filme, que acreditem se quiser, tem 3 horas de duração e é praticamente impossível de seguir, tamanho o número de tramas e sub-tramas que os roteiristas enfiam ao longo da projeção para tentar justificar o conflito entre o Superman e o Batman. Tudo é tão forçado e, em última instância, sem sentido, que quando os dois saem na porrada a gente já está completamente exausto e sem o menor interesse para entender o que se passa na tela.
Ou seja, a pessoa precisa aturar quase 2 horas e meia de um filme pesado, escuro e arrastado quase todo focado em políticos e jornalistas questionando as ações do Superman (tudo que a gente sonha em ver num filme sobre um sujeito que usa uma capa e cueca vermelha enquanto voa pelo céu), planos mirabolantes completamente non-sense feitos pelo Lex Luthor para jogar os heróis um contra o outro, investigações que não levam a lugar algum, cenas de enterros intermináveis e aquela trilha sonora insuportável composta pelo abominável Hans Zimmer e seu atual "xapa" Junkie XL. O troféu abacaxi vai para a música que a dupla criou para as aparições da Mulher Maravilha, que parece saída de um episódio do Chapolin Colorado de tão bisonha e risível, mas que acaba sendo a única coisa que ao menos soa como música, já que o resto da trilha parece uma mixagem de sons de motor de dentista, peidos de rinoceronte e alguém socando um sintetizador com luva de boxe.
Praticamente não há qualquer cena de ação nos dois terços iniciais do filme, só papo furado e cenas do Superman com cara de quem está com aquela diarreia das bravas! Inacreditável. A cena de abertura é completamente estúpida, com o Bruce Wayne chegando a Metrópolis (que pelo jeito fica a poucos quilometros de Gothan City) de helicóptero e correndo alucinado pelas ruas da cidade enquanto Superman e Zod lutam e destroem a cidade toda. Por que ele iria fazer isso? E se precisava tanto fazer, por que não foi como Batman, em uma de suas aeronaves? E não para por aí. O filme todo é recheado de sequências como essa, que não fazem o menor sentido sob qualquer ângulo e servem apenas para gerar momentos dramáticos (que nada tem de dramáticos) ou para dar continuidade à trama sem pé nem cabeça.
O ponto mais baixo dessa abominação certamente é o que fizeram com o Batman, que aqui é transformado num psicopata descontrolado que simplesmente mata qualquer um usando inclusive metralhadoras, algo que viola todo o cânone do personagem. Ben Affleck causou a ira dos fãs quando foi anunciado no papel, mas sinceramente ele nem está tão ruim assim, embora não tenha nada a fazer a não ser parecer de saco cheio e dar uns sorrisinhos amarelos (o filme é completamente desprovido de humor!). E ele não funciona nem um pouco quando veste a armadura. Não sei se a culpa é do formato do corpo dele ou do desenho do figurino, mas o Batman ficou parecendo um sujeito obeso, lerdo e troncudo usando uma roupa de borracha tosca.
Jesse Eisenber com certeza vai ganhar o Framboesa de Ouro de pior ator pelo seu desempenho como Lex Luthor, de longe uma das coisas mais ridículas e erradas que já apareceram nas telas do cinema. E a tão esperada luta entre os dois heróis? Bom, ela acontece praticamente no final do filme, dura míseros 8 minutos e acaba porque o Super pede pro Batman salvar a... Martha! Sim, é isso mesmo. Martha é o nome da mãe dele que é o mesmo nome da mãe do Batman. Não estou brincando, é assim mesmo. Sério. Daí aparece do nada o Doomsday, que na outra encarnação foi um troll do Senhor dos Anéis, e todo mundo fica brigando com ele, enquanto o monstro solta raios cor de rosa que, juro, quase me causaram um ataque epiléptico enquanto eu lutava contra o sono!
Vou parar por aqui porque ficar lembrando dessas três horas da minha vida que eu perdi para sempre vendo essa abominação está me dando dor de cabeça. Se quiser ter uma experiência semelhante ao que é ver este filme, experimente assistir a um show de sertanejo universitário enquanto bate a cabeça numa parede de concreto. Minto. Acho que não será a mesma coisa, pois você pode se até que você se divirta no processo, o que certamente não vai acontecer enquanto vê “Batman versus Superman”...
Cotação: ZERO
Se quiser ter uma experiência semelhante a ver este filme, assista a um show de sertanejo universitário enquanto bate a cabeça numa parede
- por André Lux, crítico-spam
Quem acompanha minhas críticas sabe o que quanto eu desprezo o último filme baseado no Superman, chamado apenas de “Homem de Aço”, certamente uma das coisas mais grotescas que já assisti na vida. Assim, nem perdi meu tempo indo ao cinema para ver a continuação daquele lixo que, para tentar atrair mais fanáticos por quadrinhos, colocou o Batman no meio e botou os dois para brigarem entre si.
Na verdade, esse conceito surgiu com a espetacular graphic novel “The Dark Knight Returns” que Frank Miller criou em 1986, provocou um terremoto no mundo dos quadrinhos e meio que serviu de base para os filmes sobre o Batman desde então, principalmente os dirigidos pelo Christopher Nolan e estrelados por Christian Bale.
Nasceu então “Batman versus Superman – A Origem da Justiça” que, desculpem o termo chulo, é uma bosta inigualável cujo único “mérito” é conseguir ser ainda pior e mais nojento que o “Homem de Aço”. A gente tem que tirar o chapéu para o diretor Zack Snyder por ser capaz de criar e jogar no mundo tamanha porcaria sem ficar vermelho de vergonha, conseguindo irritar tanto os críticos quanto a maioria absoluta dos fãs dos personagens.
Fui ver logo a Versão Estendida do filme, que acreditem se quiser, tem 3 horas de duração e é praticamente impossível de seguir, tamanho o número de tramas e sub-tramas que os roteiristas enfiam ao longo da projeção para tentar justificar o conflito entre o Superman e o Batman. Tudo é tão forçado e, em última instância, sem sentido, que quando os dois saem na porrada a gente já está completamente exausto e sem o menor interesse para entender o que se passa na tela.
Ou seja, a pessoa precisa aturar quase 2 horas e meia de um filme pesado, escuro e arrastado quase todo focado em políticos e jornalistas questionando as ações do Superman (tudo que a gente sonha em ver num filme sobre um sujeito que usa uma capa e cueca vermelha enquanto voa pelo céu), planos mirabolantes completamente non-sense feitos pelo Lex Luthor para jogar os heróis um contra o outro, investigações que não levam a lugar algum, cenas de enterros intermináveis e aquela trilha sonora insuportável composta pelo abominável Hans Zimmer e seu atual "xapa" Junkie XL. O troféu abacaxi vai para a música que a dupla criou para as aparições da Mulher Maravilha, que parece saída de um episódio do Chapolin Colorado de tão bisonha e risível, mas que acaba sendo a única coisa que ao menos soa como música, já que o resto da trilha parece uma mixagem de sons de motor de dentista, peidos de rinoceronte e alguém socando um sintetizador com luva de boxe.
Praticamente não há qualquer cena de ação nos dois terços iniciais do filme, só papo furado e cenas do Superman com cara de quem está com aquela diarreia das bravas! Inacreditável. A cena de abertura é completamente estúpida, com o Bruce Wayne chegando a Metrópolis (que pelo jeito fica a poucos quilometros de Gothan City) de helicóptero e correndo alucinado pelas ruas da cidade enquanto Superman e Zod lutam e destroem a cidade toda. Por que ele iria fazer isso? E se precisava tanto fazer, por que não foi como Batman, em uma de suas aeronaves? E não para por aí. O filme todo é recheado de sequências como essa, que não fazem o menor sentido sob qualquer ângulo e servem apenas para gerar momentos dramáticos (que nada tem de dramáticos) ou para dar continuidade à trama sem pé nem cabeça.
O ponto mais baixo dessa abominação certamente é o que fizeram com o Batman, que aqui é transformado num psicopata descontrolado que simplesmente mata qualquer um usando inclusive metralhadoras, algo que viola todo o cânone do personagem. Ben Affleck causou a ira dos fãs quando foi anunciado no papel, mas sinceramente ele nem está tão ruim assim, embora não tenha nada a fazer a não ser parecer de saco cheio e dar uns sorrisinhos amarelos (o filme é completamente desprovido de humor!). E ele não funciona nem um pouco quando veste a armadura. Não sei se a culpa é do formato do corpo dele ou do desenho do figurino, mas o Batman ficou parecendo um sujeito obeso, lerdo e troncudo usando uma roupa de borracha tosca.
Jesse Eisenber com certeza vai ganhar o Framboesa de Ouro de pior ator pelo seu desempenho como Lex Luthor, de longe uma das coisas mais ridículas e erradas que já apareceram nas telas do cinema. E a tão esperada luta entre os dois heróis? Bom, ela acontece praticamente no final do filme, dura míseros 8 minutos e acaba porque o Super pede pro Batman salvar a... Martha! Sim, é isso mesmo. Martha é o nome da mãe dele que é o mesmo nome da mãe do Batman. Não estou brincando, é assim mesmo. Sério. Daí aparece do nada o Doomsday, que na outra encarnação foi um troll do Senhor dos Anéis, e todo mundo fica brigando com ele, enquanto o monstro solta raios cor de rosa que, juro, quase me causaram um ataque epiléptico enquanto eu lutava contra o sono!
Vou parar por aqui porque ficar lembrando dessas três horas da minha vida que eu perdi para sempre vendo essa abominação está me dando dor de cabeça. Se quiser ter uma experiência semelhante ao que é ver este filme, experimente assistir a um show de sertanejo universitário enquanto bate a cabeça numa parede de concreto. Minto. Acho que não será a mesma coisa, pois você pode se até que você se divirta no processo, o que certamente não vai acontecer enquanto vê “Batman versus Superman”...
Cotação: ZERO
segunda-feira, 4 de julho de 2016
Filmes: "Independence Day: O Ressurgimento"
MAIS DO MESMO
Se conseguir desligar o cérebro até vai curtir um pouco tudo isso, mas
não dá nem para comparar com o original
- por André Lux, crítico-spam
Pode parecer absurdo, mas sou grande admirador do primeiro "Independence Day". Sim, o filme é estúpido, cheio de buracos no roteiro e de momentos piegas e patrióticos constrangedores,
porém dentro da sua proposta é dos melhores. E foi o primeiro (ou um dos
primeiros) a mostrar os invasores do espaço realmente destruindo um monte de
cidades e causando tragédias, quando antes ficavam só na ameaça. Além disso, os
atores eram bastante carismáticos e o roteiro era bem amarrado a ponto de
(quase) nos fazer esquecer de todas as baboseiras jogadas na tela.
Surge então, esse “Independence Day: O Ressurgimento” que
parece ser uma continuação, mas é mais um recomeço (ou “reboot”) como está na
moda agora com filmes que passaram do tempo de ter uma continuação na época do
seu sucesso e inventam uma forma de começar tudo de novo a fim de atrair a nova
geração aos cinemas.
Assim, 20 anos depois do filme original, surge isso que é
praticamente uma refilmagem do primeiro só que com novo elenco, exceto pela
participação de alguns dos personagens antigos que pouco tem a fazer além de
recitar frases de efeito e soltar piadinhas sem graça quase todo o tempo.
Se a trama do primeiro filme não fazia muito sentido, agora
faz menos ainda. Tudo é maior e mais barulhento, porém sem qualquer novidade ou
diversão que existiam no original. A montagem é truncada e os eventos vão
acontecendo sem qualquer lógica ou preparação do clima, bem diferente do
primeiro. Os jovens atores são neutros e sem carisma, principalmente o que faz
o filho do piloto interpretado no original por Will Smith (que pediu uma
fortuna para participar da continuação e é visto apenas em uma foto no começo).
Para piorar tudo, a trilha musical é muito fraca e
totalmente genérica, não chega nem aos pés da original composta por David
Arnold, cujos temas aparecem de leve no meio do filme e só é ouvida novamente
no início dos créditos finais. Apesar de ter algumas boas sequências e a presença
sempre divertida de Jeff Goldblum, o resto do filme se arrasta até o final
redundante e interminável.
Não dá nem pra elogiar os efeitos visuais, pois é quase tudo
feito em computação gráfica, enquanto o original ainda é da época em que tinham
que explodir maquetes sem dó, o que sempre dá muito mais peso e também obriga
os realizadores a inventarem soluções criativas para a falta de recurso. Aqui,
como podem fazer o que quiserem no computador, abusam da quantidade de naves,
tiros e explosões deixando tudo confuso e inteligível.
Confesso que tenho um fraco por filmes de ficção-científica desse tipo, então até consegui desligar o cérebro e curtir um pouco tudo isso, mas
não dá nem para comparar com o “Independence Day” original. É apenas mais do
mesmo, só que tudo super-inflado e sem qualquer traço de vida inteligente ou
emoção genuína.
Cotação: * *