domingo, 20 de fevereiro de 2022

Chato e desconjuntado, “Mães Paralelas” ao menos tem mensagem contra o fascismo

 A única cena que passa alguma emoção é a derradeira, uma denúncia dos horrores da guerra civil espanhola contra o fascista general Franco

- por André Lux

“Mães Paralelas” é mais um filme chato, desconjuntado e modorrento do cineasta Pedro Almodóvar, queridinho da crítica especializada e de cinéfilos pomposos, que faz tempo não produz nada que realmente tenha a qualidade de alguns de seus trabalhos antigos.

A única cena interessante e que passa alguma emoção é a derradeira, uma denúncia dos horrores da guerra civil espanhola contra o fascista general Franco, porém é tão desconectada do resto do filme que praticamente passa em branco.

Sobra então assistir uma trama tola e arrastada sobre duas mães que dão à luz no mesmo dia e se envolvem de forma nada convincente enquanto um mistério acontece envolvendo os bebês delas. Mas o suspense é muito mal construído e quando vem a revelação do que realmente aconteceu não tem qualquer impacto. A trilha musical é exagerada e às vezes descamba para o terror sem a menor lógica.

O elenco é fraco, com Penélope Cruz novamente tentando em vão parecer uma mulher linda e exuberante, enquanto a atriz que faz a outra mãe é simplesmente pavorosa. Ao menos nem todos os homens no filme são apresentados como estupradores abusivos: Arturo é apenas um adúltero que tenta forçar a protagonista a abortar, o que é um avanço no caso de Almodóvar, não é mesmo? As mulheres, porém, são retratadas como descontroladas, possessivas e sofredoras como sempre.

A mensagem contra o fascismo é sempre bem-vinda, mesmo sendo tão frouxa e mal amarrada. Por causa disso “Mães Paralelas” ganha uma estrela a mais. Claro que ninguém em sã consciência pode falar mal de Almodóvar caso contrário será xingado e cancelado. Ainda bem que eu nunca tive essa tal de sã consciência...

Cotação: * *

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