- por André Lux, crítico-spam
Depois de uma sensacional primeira temporada, a série “The Boys” derrapa em uma série de episódios fracos e sem o mesmo impacto. Fica difícil identificar porque os criadores optaram por enfiar tantos clichês e soluções absurdas nos roteiros, algo que não existia na primeira temporada (clique aqui para ler minha análise).
Há também um excesso de personagens, sendo que muitos deles nem mesmo chegam a ser importantes para o desenrolar do enredo e servem apenas para deixar tudo arrastado e inflado. O pior é o Profundo (o Aquaman deste universo) que entra para uma religião maluca para tentar voltar aos Sete, mas não chega a lugar algum serve só para satirizar seitas como a Cientologia. Para que perder tempo também mostrando a relação entre Bruto e Hughie com seus pais?
Incomoda também a mão pesada em tentar passar mensagens políticas e sociais, traçando paralelos bastante óbvios e simplistas entre a nazista Tempesta (que nos quadrinhos era um homem) e o atual presidente dos EUA Trump, algo que vai deixar tudo datado rapidamente. Claro que é sempre louvável criticar esse tipo de ideologia que prega a “supremacia branca” e outras sandices, porém não precisava ser assim de maneira tão na cara.
Isso simplifica demais uma série que no início prezava a inteligência do espectador e reservava surpresas chocantes sem precisar dar explicações didáticas ou soluções simplórias. Chega a ser ridículo apelarem duas vezes para “se você não fizer o que eu quero vou vazar essas imagens para a internet”, algo que além de ser forçado, jamais faria os envolvidos se renderem, tamanho o poder que tem.
Outro problema grave que enfraquece bastante a série: nunca ficam claros quais são os poderes e fraquezas dos super-heróis. Em uma cena, por exemplo, um deles não é ferido depois de receber vários tiros e pancadas, porém logo depois tem uma faca enfiada no olho! Qual a lógica? O corpo todo é impenetrável, exceto os olhos?
Mas nem tudo é ruim nesta temporada. Ainda temos boas sequências de ação, alguns choques bastante “explosivos” e é sempre bom ver uma série popular assim mostrando o poder que a manipulação pelo medo e pelo ódio tem para as ideologias da extrema direita. “As pessoas amam tudo que eu digo, elas só não gostam da palavra nazista”, dispara Tempesta em uma frases perfeita para explicar a ascensão de figuras deploráveis como Hitler, Bush Jr, Trump e Bolsonaro, só para citar alguns exemplos. E, claro, é sempre maravilhoso ver nazistas levando uma surra!
Não dá pra saber o que virá nas próximas temporadas, até porque a adaptação para as telas difere bastante dos quadrinhos, porém se continuarem apelando para atalhos narrativos frouxos e mensagens forçadas “The Boys” corre o risco de perder a importância e entrar para o rol de séries que começaram muito bem e acabaram ficando apenas medíocres.
Cotação (2ª Temp): * * *
Cotação (2ª Temp): * * *
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