ANÓDINO
O assunto em questão certamente merecia uma abordagem muito mais apaixonada e explosiva do que a que vemos na tela.
- por André Lux, crítico-spam
“Xingu”, dirigido pelo competente Cao Hamburguer (de “O Ano Em Que Meu Pais Saíram de Férias”), tem o mesmo problema de várias outras cinebiografias de figuras importantes da história mundial: não tem informações suficientes para se tornar um bom documentário nem o aprofundamento dos personagens que o transformaria num bom drama.
O filme quer contar a saga dos irmãos Villas-Boas, que subiram o rio Xingu e travaram contato com índios, tornando-se indianistas de carteirinha. O narrador da história é o irmão do meio, Cláudio (em boa interpretação de João Miguel), que tenta inutilmente impedir que a chegada do homem branco contamine os índios. Nas duas outras pontas temos Orlando (Felipe Camargo) e Leonardo (Caio Blat), sendo que o primeiro faz o papel do líder pragmático que tem lidar com políticos e militares na tentativa de demarcar a terra dos índios, enquanto o segundo faz o papel do apaixonado que se deixa inclusive envolver com uma índia – fator que o levará a deixar a expedição.
“Xingu”, dessa forma, vai contando de forma linear a saga dos Villas-Boas e acaba num meio termo entre o registro documental e o drama. Os três protagonistas não tem suas motivações esmiuçadas pelo roteiro e não são mostrados grandes conflitos ocorrem (nem mesmo com fazendeiros que exploram os índios e são contra a demarcação). A própria criação do Parque Nacional do Xingu acontece no filme sem maiores dificuldades, o que certamente está muito longe da realidade.
Tecnicamente o filme é bem feito e conta com uma ótima direção de fotografia e uma trilha musical inventiva e adequada. O elenco é bastante homogêneo e não deixa a peteca cair em nenhum momento. Pena que o filme seja tão anódino e fuja de conflitos e dramas pessoais. O assunto em questão certamente merecia uma abordagem muito mais apaixonada e explosiva do que a que vemos na tela.
Cotação: * * 1/2
Se me perguntassem o que acho desse filme, eu diria: nem cheira e nem fede!!
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