quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Finalmente: trilha completa de "Hook - A Volta do Capitão Gancho" será lançada em março!

O selo La-La Land, especializado em trilhas sonoras de filmes, anunciou em sua página no facebook que vai lançar em 27 de março o album com a trilha completa do filme "Hook - A Volta do Capitão Gancho", sem dúvida uma das melhores e mais ricas partituras compostas pelo mestre John Williams!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Filmes: "A Invenção de Hugo Cabret"

BELÍSSIMA CHATICE

Não dá pra endeusar um filme só porque ele homenageia o cinema, principalmente um tão sem graça.

- por André Lux, crítico-spam

É impressionante como um filme fraco e tedioso como "A Inveção de Hugo Cabret" receba tantos louvores da crítica e da academia de cinema estadunidense, ao ponto de ser o recordista de indicações para o Oscar de 2011. Tudo bem, eu concordo que o filme é muito bonito e bem feito, tem uma fotografia exuberante, um desenho de produção primoroso e uma música excelente de Howard Shore. Mas é só. O filme pode ser resumido em duas palavras: belíssima chatice!

A grande sacada do diretor Martin Scorsese, porém, foi ter feito um filme que é na verdade uma homenagem nada sutil ao próprio cinema, representado aqui na figura de Georges Meliès, que morreu na miséria depois de ter sido o primeiro grande cineasta ("Da Terra à Lua" foi um dos únicos trabalhos dele que conseguiram ser preservados). Críticos e pessoas ligadas ao cinema simplesmente adoram uma boa autoindulgência quando o assunto é a sétima arte. Nada contra, porém não dá pra endeusar um filme só porque ele homenageia o cinema, principalmente um tão sem graça.

Para piorar tudo, fica claro que Scorsese, um cineasta acostumado a fazer filmes violentos sobre gangsters e criminosos em geral (como "Os Bons Companheiros" e "Os Infiltrados"), não tem a menor noção de como construir uma narrativa alegre e voltada ao público infantil. Assim, "A Invenção de Hugo Cabret" torna-se um filme chato, arrastado, sem conflitos e incapaz de passar qualquer emoção. Suas mais de duas horas de duração saltam aos olhos e o filme parece interminável (como a maioria dos filmes do cineasta).

O roteiro, baseado em livro de Brian Selznick, é incapaz de construir qualquer surpresa ou reviravolta e é claramente dividido em dois atos que nada tem entre si. No primeiro acompanhamos o órfão Hugo Cabret tentando consertar um automato que herdou de seu falecido pai, enquanto faz a manutenção dos relógios de uma estação de trem e foge do inspetor de polícia local. De repente, tudo muda de figura quando ele descobre o segredo do robô e daí o filme vira uma modorrenta "homenagem ao cinema". Por sinal, nem o título da obra faz qualquer sentido, já que o protagonista não inventa coisa alguma!

Quem teve a brilhante ideia de escalar o Borat?
Scoresese estava tão fora de seu métier que nos apresenta uma péssima direção de atores, onde nem mesmo o grande Ben Kingsley consegue se salvar. Fiquei com pena da menina Chloe Grace Moretz, que esteve tão bem em "Deixe-me Entrar", mas aqui passa o filme todo dando o mesmo sorrisinho amarelo para a câmera. E o que dizer então da opção dele em escalar o abominável Sacha Baron Cohen, o "Borat" em pessoa, para o papel chave do inspetor de polícia? Sua "atuação" é de longe uma das coisas mais constrangedoras e caricatas que eu vi nos últimos tempos!

O fato de ter todo sido rodado com o que há de mais avançado na tecnologia 3D não acrescenta nada, exceto se você conseguir se impressionar com aquelas cenas manjadas de longos travellings da câmera e de objetos sendo jogados em direção à tela. Eu, por sinal, já deixo claro que não gosto nem um pouco de ver filmes em 3D, pois esse recurso em nada se assemelha ao que vemos no mundo real e deixa os filmes totalmente artificiais e sem qualquer profundidade de campo.

"A Inveção de Hugo Cabret" é um filme que talvez nas mãos de um Spielberg, na época em que ainda era inspirado, poderia se tornar algo interessante. Mas, feito sob a mão pesada do superestimado Scorsese acaba sendo algo penoso de se assistir.

Cotação: * *

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Filmes: "Diário de Um Jornalista Bêbado"

O PAI DO GONZO

Filme é baseado no primeiro livro de Hunter S. Thompson, autor do famoso "Medo e Delírio em Las Vegas: Uma Jornada Selvagem ao Coração do Sonho Americano"

- por André Lux, crítico-spam

"Diário de Um Jornalista Bêbado" é baseado no primeiro livro de Hunter S. Thompson, autor do famoso "Medo e Delírio em Las Vegas: Uma Jornada Selvagem ao Coração do Sonho Americano". O filme é um projeto pessoal do ator Jonhy Depp que era amigo de Thompson e atuou também na versão para os cinemas de "Medo e Delírio", do Terry Gilliam (que mesmo não resistindo a uma análise mais profunda é um dos filmes mais alucinantes e engraçados do ex-Monty Python).

Hunter S. Thompson é um jornalista que sem querer inventou o chamado "jornalismo gonzo", que é definido pelo Wikipédia como "um estilo de narrativa em jornalismo, cinematografia ou qualquer outra produção de mídia em que o narrador abandona qualquer pretensão de objetividade e se mistura profundamente com a ação". Besteira. "Jornalismo Gonzo" é o resultado do trabalho de alguém que cobriu um evento completamente bêbado e/ou drogado e aí coloca no papel suas lembranças e experiências obtidas enquanto sob efeito das drogas. Thompson, um notório alcoólatra e drogado, foi um grande crítico do chamado "sonho americano" e tirou a própria vida com um tiro de espingarda aos 68 anos de idade.

"Diário de Um Jornalista Bêbado" conta a história de um jornalista chamado Paul Kemp (alter-ego do próprio Thompson numa atuação muito boa e contida de Depp) que vai trabalhar em um pequeno jornal em Porto Rico e logo faz amizade com outro repórter igualmente alcoólatra e viciado em rinha de galo. A primeira parte do filme é uma longa sucessão de divertidas cenas de personagens alcoolizados fazendo loucuras.

Numa dessas, Kemp esbarra no novo rico Hal Sanderson (Aaron Eckhart, excelente) que quer contratar o jornalista bebum para que ele escreva matérias positivas sobre uma jogada de especulação imobiliária que vai trazer grande fortuna para os envolvidos e desgraça para os porto-riquenhos. As coisas se complicam ainda mais quando Kemp fica deslumbrado com a namorada de Sanderson, Chenault (na pele da lindíssima Amber Heard).

Esse primeiro ato é o que o filme tem de melhor, alternando cenas engraçadas com outras de crise moral que passa a sofrer o protagonista, arrastado para dentro de um esquema corrupto sem querer. É uma pena que na segunda parte a história perca a vibração e o interesse. Nem mesmo o conflito moral de Kemp é resolvido de forma minimamente satisfatória e o filme se resuma em tolas perseguições pelas estradas de terra de Porto Rico. O romance entre o protagonista e a bela Chenault não gera nenhum tipo de conflito e também é resolvido bestamente. Outra coisa que estraga o filme é a presença do péssimo Giovanni Ribisi, aqui interpretando um jornalista ainda mais louco e drogado (que ainda por cima adora ouvir discursos gravados de Hitler!), o qual poderia ter se tornado antológico caso fosse representado por um ator de verdade.

O fato é que o livro original (que só foi publicado após a morte de Thompson) não era mesmo grande coisa e traz apenas algumas pinceladas bem básicas do que viria a ser o estilo "gonzo" e as críticas ácidas do autor ao "sonho americano". Enfim, vale uma espiada, mas não espere muito.

Cotação: * * 1/2

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Filmes: "Um Método Perigoso"

AMORFO

Apesar do tema interessante, filme resulta no trabalho mais frio e distanciado de Cronenberg até hoje

- por André Lux, crítico-spam

O diretor David Cronenberg é conhecido por seus filmes chocantes ou, no mínimo, contundentes. Muitos deles de terror explícito repletos de efeitos especiais (o mais notável sendo “A Mosca”).

É verdade que em seus últimos filmes demonstrou uma maturidade surpreendente, fugindo do gênero que o consagrou, nos fortes suspenses policiais “Marcas da Violência” e “Senhores do Crime”.

Mesmo assim, é difícil entender porque resolveu realizar este “Um Método Perigoso”, que resultou em seu trabalho mais frio e distanciado até hoje.

O maior defeito do filme é que ele simplesmente não tem foco narrativo definido. Não decide se está contando a história da amizade entre os pais da psicanálise Jung e Freud (que depois se tornariam inimigos) ou da paciente Sabina Spielrein, a qual sofria de histeria e, depois de tratada por Jung, tornou-se ela também uma importante psicanalista.

O roteiro do badalado Christopher Hampton, baseado em sua própria peça teatral que por sua vez é inspirada em fatos reais, é muito picotado, pulando de um evento para outro sem muita coerência. Isso deixa o filme episódico e mal amarrado, impedindo o envolvimento na história e deixando até as conversas entre Jung e Freud enfadonhas.

Outros pontos negativos do filme são as interpretações de Keira Knightley (principalmente no começo, quando faz umas caretas constrangedoras) e de Viggo Mortensen como Freud, numa atuação posada e artificial. Tudo isso acaba destruindo qualquer boa intenção do projeto, que tem excelentes recriação de época, fotografia e música (de Howard Shore, colaborador constante de Cronenberg), além das boas atuações de Michael Fassbender como Jung e de Vincent Cassel como Otto Gross.

É uma pena que um assunto tão interessante tenha resultado num filme tão amorfo e indiferente.

Cotação: * *

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Filmes: "A Pele Que Habito"

REPULSIVO

Este filme ainda faz um grande mal para a luta dos homossexuais contra o preconceito. Recomendado para sádicos ou masoquistas

- por André Lux, crítico-spam

* ATENÇÃO: Essa crítica contém spoilers! *

O diretor Pedro Almodóvar fez alguns filmes muito bons (meu preferido ainda é "Carne Trêmula"), mas também fez algumas porcarias indefensáveis (como "Má Educação"). Esse "A Pele Que Habito" é de longe o seu pior trabalho.

Apesar de ser supostamente baseado na obra "Tarantula", do francês Thierry Jonquet, o filme está mais para uma releitura de "Frankenstein", com o coitado do Antonio Banderas fazendo o papel de um cirurgião plástico que quer fazer renascer os mortos. Só que aqui ele quer transformar alguém vivo num sósia da sua mulher que morreu.

Para isso, ele rapta um rapaz que, bêbado e drogado, tentou transar com sua filha sem sucesso, deixando-a ainda mais traumatizada a ponto dela se suicidar (justo quando ela estava tentando se recuperar do suicídio da mãe). Ou seja, para vingar a morte da filha, o personagem de Bandeiras transforma o pobre rapaz em um transsexual que se parece com a ex-mulher! Essa história não só é ridícula, como extremamente repulsiva (quando queria ser apenas perturbadora). Assistir a esse filme é um exercício penoso.

Aqui os recalques de Almodóvar contra os homens ditos heterossexuais nunca estiveram tão explícitos. No filme todos são loucos, drogados e estupradores (não necessariamente nesta ordem), o que só comprova que o cineasta, que é homossexual assumido, deve ter uma raiva enorme deles e usa seus filmes para se vingar de algum trauma do passado. É evidente também a atração que sente por transsexuais e travestis, figuras sempre presentes em sua obra, e por mulheres fortes e dominadoras (serão elas uma representação de algum figura materna ou da própria mãe do cineasta?).

A verdade é que este filme, além de ser repugnante, ainda faz um grande mal para a luta dos homossexuais contra o preconceito, já que utiliza do mesmo como artifício narrativo. Só recomendado para sádicos ou masoquistas.

Cotação: *

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Filmes: "A Dama de Ferro"

OS NEOLIBERAIS TAMBÉM AMAM?

Filme pretende pintar um retrato humano de Margareth Tatcher, mulher que governou seu país durante 11 anos com mão de ferro e crueldade 

- por André Lux, crítico-spam

A ex-primeira ministra da Inglaterra, Margareth Tatcher, é uma espécie de musa máxima dos neoliberais, já que foi ela, em parceria com o presidente dos EUA na época Ronald Reagan, que implantou em seu país essa doutrina econômica que foi festejada pelas elites econômicas mundiais.

Como sabemos hoje, o neoliberalismo é a expressão máxima do capitalismo selvagem, na qual predominam a privatização (leia-se: doação) do patrimônio público, arrochos salariais, corte de gastos do governo com educação, saúde e qualquer outra coisa que cheira a “ser humano”, desregulamentação do mercado e perseguição brutal a sindicatos e organizações trabalhistas. O resultado dessa política desumana nós todos podemos sentir hoje na crise que assola o mundo e é resultado direto dessa doutrina que foi disseminada e implantada no resto do mundo por políticos de direita (inclusive no Brasil, durante os governos de Collor e Fernando Henrique Cardoso).

“A Dama de Ferro” pretende pintar um retrato humano dessa mulher que governou seu país durante 11 anos com mão de ferro e crueldade nunca antes vistas em uma sociedade democrática, ao ponto de seu próprio partido (Conservador) se voltar contra ela e retirá-la do governo numa virada de mesa engendrada por seus ex-aliados.

Meryl Streep tem uma atuação que está sendo bastante elogiada e concorre novamente ao prêmio Oscar da indústria cultural estadunidense, porém na minha opinião não é tudo isso. Primeiro porque é uma atuação de fora para dentro, toda baseada em efeitos de maquiagem e na cópia dos tiques e sotaques de Tatcher. Segundo, porque o roteiro não lhe dá grandes cenas e concentra-se quase todo nos últimos anos da musa do neoliberalismo, quando já sofria de demência em estado avançado, ao ponto de passar a maior parte do tempo conversando com o “fantasma” do marido morto.

Por meio de esparsos flashbacks, o filme vai mostrando sua trajetória, desde a criação familiar (seu pai pobre porém conservador - vejam que paradoxo! - teve importância fundamental na formação do caráter de Tatcher, diz o roteiro) até sua primeira vitória para o parlamento. Nesse ponto “A Dama de Ferro” resvala em uma certa ingenuidade, pintando Tatcher como uma mulher determinada que venceu o preconceito e o machismo dos homens de seu partido impondo sua visão de mundo e conquistando suas vitórias políticas.

Na vida real não me parece que isso tenha ocorrido dessa forma, pois a elite econômica que dominava a política na Inglaterra pode ter muitos defeitos, mas de bobos não tem nada. Assim, é muito mais provável que tenham enxergado na tola e crédula Tatcher uma maneira de seduzir uma parte do eleitorado que era arredio à nata da sociedade, na figura daquela mulher que, embora oriunda das classes inferiores, defendia com unhas e dentes os dogmas ideológicos que serviam para manter os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres (que é o objetivo máximo do neoliberalismo).

Piada pronta: Tatcher recebe a "medalha presidencial 
da liberdade" das mãos do facínora George Bush.

É interessante também o esforço que o filme faz no sentido de “humanizar” o personagem, inclusive mostrando que os neoliberais também podem amar. Só que isso acaba sendo descontruído durante a própria projeção, já que fica óbvio que Tatcher casou por interesse com um rico industrial para poder ser aceita pelas elites de seu partido. Ou seja, o que essa mulher amava mesmo era o dinheiro, o poder e o status (não necessariamente nessa ordem), tanto é que depois praticamente abandonou a família para perseguir obsessivamente seus ideais políticos (ao ponto de ser rejeitada pelo filho).

Nesse ponto ao menos o filme tem sucesso, pois mostra de maneira clara que até uma pessoa cruel, fria e calculista como a Sra. Tatcher é também apenas um ser humano e que, no caso dela, só vai sentir o peso de suas ações monstruosas no final da vida, embora isso não a faça mudar de opinião em relação às suas convicções. “O problema do mundo é que as pessoas sentem demais e pensam de menos”, vaticina a idosa Tatcher. Não, o problema do mundo são pessoas como a senhora.

Deus nos livre de ser governado por gente assim.

Cotação: * * *

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Filmes: "Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2009)

O ORIGINAL É QUE É BOM

Não passe nem perto da patética refilmagem estadunidense. Esse é o filme que merece se visto!

- por André Lux, crítico-spam

Depois de assistir ao péssimo “Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres” de David Fincher, fiquei curioso para ver a versão original, feita na Suécia em 2009. Muitos diziam que era superior. E eles tem razão. “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, do diretor Niels Arden Oplev é mil vezes melhor do que a versão estadunidense.

Tudo que eu considerei clichê no filme de Fincher na verdade não existe na versão original, que é muito mais poderosa, humana e assustadora. O filme de Fincher, agora que vi o original, me parece ainda mais frio, posado e artificial.

Aqui a investigação feita pelo jornalista é muito mais intrigante e bem amarrada. E a relação dele com a arredia Lisbeth Salander, inclusive sexual, faz muito mais sentido. É ela, por exemplo, quem descobre a relação dos nomes e números contidos na agenda de Harriet (no filme de Fincher essa revelação é feita de forma ridícula). Isso porque ela continuou hackeando o computador dele mesmo depois de terminada sua investigação. Além disso, quando ela se junta ao jornalista, os dois saem varrendo o país em busca dos assassinatos cometidos pelo maníaco (na versão estadunidense isso é resolvido em cinco minutos de procura no google), o que justifica ao menos uma crescente atração entre eles.

Outra coisa que é bem diferente da nova versão: o assassino não fica tentando de todas as maneiras ajudar a investigação feita por Blomkvist, pelo contrário. E quando ele se revela isso é feito de maneira coerente e verossímil. O diálogo entre ele e o jornalista em sua câmara de horrores é muito bom e chega a dar calafrios (no filme de Fincher essa cena é a mais risível).

O personagem Lisbeth Salander nesta versão é muito bem delineado e a atuação de Noomi Rapace é realmente excelente (mais do que nunca a moça no filme de Fincher ficou parecendo um alien robótico). Inclusive as cenas de estupro anal são filmadas com discrição e muito mais sugeridas, o que só aumenta a tensão, ao contrário da nova versão, onde elas são quase explícitas e só causam repulsa e choque (que são coisas que Fincher adora, comprovando seu caráter doentio e ególatra). Os traumas passados de Lisbeth também convencem nesta versão. E felizmente, a conclusão é bem mais interessante do que a do filme de Fincher, que tem até ceninha de ciúme juvenil totalmente incoerente com a proposta do projeto.

Percebe-se também claramente a ligação entre os crimes, o fanatismo nazista dos personagens e os horrores descritos na bíblia judaico-cristã (vale como bom lembrete de que os nazistas eram todos cristãos fundamentalistas e achavam na própria bíblia as justificativas para suas ações mais monstruosas). Gostei também que o policial que investigou o crime há 40 anos continua na ativa, ajudando na busca, fator que dá mais verossimilhança às descobertas. Sem falar que, por ser feito e passado na Suécia, o filme tem uma autenticidade muito maior do que a refilmagem, que optou apenas por colocar no mesmo país atores estadunidenses falando inglês com sotaques estranhos.

Enfim, palmas para Niels Arden Oplev por conseguir elevar ainda mais um livro que, pelo que tudo indica, não passa do medíocre, em um filme que contém também uma ótima trilha musical sinfônica de Jacob Groth, a qual realça o drama e o suspense de maneira muito eficiente (enquanto Fincher optou por uma trilha quase toda composta por ruídos atonais feitos por dois sujeitos oriundos de uma banda pop qualquer), além de uma fotografia primorosa.

Não passe nem perto da patética refilmagem estadunidense. Esse é “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” que merece se visto!

Cotação: * * * *