segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Filmes: "Pintar ou Fazer Amor"

SEM FALSO MORALISMO

Indicado para pessoas bem resolvidas ou para quem procuram um bom drama com conteúdo erótico 

- por André Lux, crítico-spam

Filmes cuja temática aborda o sexo liberal (sexo a três, troca de casais ou fantasias mais picantes consideradas tabu pela nossa sociedade hipócrita) geralmente descambam para um falso moralismo retrógrado e caricato que quase sempre acaba em brigas, assassinatos, extorsões ou coisas tenebrosas do gênero.

Como se a intenção desses cineastas fosse mostrar que essas práticas são erradas e feitas apenas por pessoas degeneradas, embora não se furtem de usar do apelo que esse tipo de erotismo tem junto às pessoas para tentar faturar nas bilheterias.

Só mesmo os franceses poderiam fazer um filme com esses temas de maneira humana, realista e madura. Assim, “Pintar ou Fazer Amor” (“Peindre ou Faire L'amour”) mostra a rotina de um casal de meia idade (os ótimos Daniel Auteuil e Sabine Azéma) que vai morar numa casa de campo no interior do país.

Fazem amizade com outro casal que mora nas redondezas e, aos poucos e com muita naturalidade, o roteiro vai mostrando a atração e cumplicidade crescentes entre eles que culmina numa surpreendente troca de casais.

A nova experiência deixa-os perplexos e amedrontados, tanto é que na manhã seguinte fogem sem rumo e até provocam um acidente de carro. Mas, ao mesmo tempo, a novidade reacende a chama do desejo entre eles.

O contraste dessas fortes emoções e os sentimentos dúbios que elas geram nos protagonistas são explorados de maneira muito sensível pelo casal de diretores Arnaud e Jean-Marie Larrieu (também autores do roteiro), sem nunca cair para reduções simplistas ou discursos moralistas.

Esse é um filme altamente indicado para pessoas sexualmente bem resolvidas, de mente aberta ou para aqueles que simplesmente procuram um bom drama com conteúdo erótico que respeita a inteligência e a sensibilidade do espectador.

Cotação:
* * * *

3 comentários:

  1. Parece bem legal. Bom ver vc falando desses assuntos por aqui.

    Realmente, é difícil ver filmes que tocam nesses temas sem falso moralismo. Quando dão conta, porém, o resultado quase sempre sai muito bom. É só ver como "Nunca aos Domingos", do sempre subestimado Jules Dassin, permanece bacana 50 anos depois de sua estréia na telona.

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  2. Simplesmente adoro o cinema frances,ainda que o meu preferido seja o argentino!!

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  3. André, realmente existe muita coisa boa no cinema francês. Já vi pouquissimos filmes, mas percebi a diferença. Uma vez vi uma comédia romântica, mas que era inglesa, em que os personagens principais eram homossexuais. Achei muito legal, por inovar na questão de trazer um casal homossexual como personagens principais e não retratar os homossexuais de maneira estereotipada.

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