A única cena que passa alguma emoção é a derradeira, uma denúncia dos horrores da guerra civil espanhola contra o fascista general Franco
- por André Lux
“Mães Paralelas” é mais um filme chato, desconjuntado e
modorrento do cineasta Pedro Almodóvar, queridinho da crítica especializada e
de cinéfilos pomposos, que faz tempo não produz nada que realmente tenha a
qualidade de alguns de seus trabalhos antigos.
A única cena interessante e que passa alguma emoção é a
derradeira, uma denúncia dos horrores da guerra civil espanhola contra o
fascista general Franco, porém é tão desconectada do resto do filme que
praticamente passa em branco.
Sobra então assistir uma trama tola e arrastada sobre duas
mães que dão à luz no mesmo dia e se envolvem de forma nada convincente
enquanto um mistério acontece envolvendo os bebês delas. Mas o suspense é muito
mal construído e quando vem a revelação do que realmente aconteceu não tem
qualquer impacto. A trilha musical é exagerada e às vezes descamba para o
terror sem a menor lógica.
O elenco é fraco, com Penélope Cruz novamente tentando em
vão parecer uma mulher linda e exuberante, enquanto a atriz que faz a outra mãe
é simplesmente pavorosa. Ao menos nem todos os homens no filme são apresentados
como estupradores abusivos: Arturo é apenas um adúltero que tenta forçar a
protagonista a abortar, o que é um avanço no caso de Almodóvar, não é mesmo? As
mulheres, porém, são retratadas como descontroladas, possessivas e sofredoras como
sempre.
A mensagem contra o fascismo é sempre bem-vinda, mesmo sendo
tão frouxa e mal amarrada. Por causa disso “Mães Paralelas” ganha uma estrela a
mais. Claro que ninguém em sã consciência pode falar mal de Almodóvar caso
contrário será xingado e cancelado. Ainda bem que eu nunca tive essa tal de sã
consciência...
Cotação: * *