O filme vale principalmente pelas atuações carismáticas de Matt Damon e Christian Bale
- por André Lux
Como não ligo para carros, não dei muita bola para “Ford vs Ferrari”
quando foi lançado nos cinemas. Mas, depois que ganhou o Oscar de melhor Montagem,
resolvi dar uma espiada. E fui surpreendido positivamente. O filme é realmente
muito bom e vai interessar mesmo quem, como eu, não tem fetiche por automóveis.
O foco central do excelente roteiro baseado em fatos reais
fica sobre a relação entre os personagens feitos por Matt Damon e Christian
Bale. O primeiro é um ex-piloto de corridas que teve que abandonar a profissão
por causa de problemas no coração e tornou-se designer de automóveis, enquanto
o segundo é o seu melhor piloto de teste e corredor. A atuação deles é o
ponto alto do filme, com ambos esbanjando carisma, especialmente Bale que fica
muito melhor em papeis cômicos e soltos como esse, onde pode ter arroubos de
sarcasmo e explosões de raiva livremente.
A direção de James Mangold (de “Copland” e “Logan”) é muito
segura e consegue um perfeito equilíbrio entre os momentos introspectivos dos
personagens e a emoção das corridas. “Ford vs Ferrari” tem também ótimas
direção de fotografia e montagem que nunca deixam o filme confuso ou picotado,
algo realmente raro no cinema comercial estadunidense hoje em dia. A trilha
musical de Marco Beltrami e Buck Sanders pontua com perfeição a ação ao mesclar
batidas de rock com jazz, entrecortados por languidos solos de guitarra.
O único ponto que não gostei foi a maneira que escolheram
para mostrar o destino de um dos personagens, feita de maneira distanciada e
não convincente. Deveriam ter ido mais a fundo e não ter medo de buscar uma
aproximação mais melodramática, afinal o arco dos protagonistas permitia isso.
Mas é apenas um pequeno deslize num filme bastante divertido e dinâmico que tem
2h30 de projeção, porém parece bem menos – o que é sempre o melhor elogio.
Cotação: * * * *
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