A FORÇA VOLTOU, COM DENTES!
Apesar dos defeitos, novo “Star Wars” é sim um ótimo filme,
digno dos melhores da franquia e fica anos luz à frente dos desastrosos
episódios 1, 2 e 3
- por André Lux, crítico-spam
Chegou a hora que a maioria das pessoas ligadas em cinema
estava esperando já há alguns anos: a estreia do sétimo capítulo da saga “Star
Wars”! Antes de qualquer coisa preciso confessar que é praticamente impossível
pra mim ser objetivo em relação a essa franquia, afinal eu estava lá, em 1977,
sentado no cinema e assistindo ao primeiro filme quando tinha apenas 8 anos e fiz parte
dessa história que abalou as estruturas da cultura popular da sociedade
ocidental para sempre.
Dito isso, vamos às boas notícias: o “Despertar da Força” é
sim um ótimo filme, digno dos melhores da franquia e fica anos luz à frente dos
desastrosos episódios 1, 2 e 3 que George Lucas produziu para contar a queda de
Anakin Skywalker e sua ascensão como Darth Vader. Mas isso não chega a ser um
mérito muito expressivo, já que os três filmes das chamadas “prequels” são
ruins em praticamente todos os aspectos, exceto na música de John Williams e,
claro, nos efeitos especiais (que embora sejam bons, mais poluem os filmes do
que qualquer outra coisa).
Apesar de estar longe de ser perfeito (falarei disso
depois), o novo filme é uma aventura de space-opera palpitante, cheia de ação e
emoção, algo que simplesmente não existiu nas “prequels”, por exemplo. O
responsável por isso é sem dúvida o diretor J. J. Abrams, que sabe como dar ritmo
a um roteiro e consegue extrair o melhor dos atores – que aqui são bons e
cheios de carisma. O humor também está de volta em plena forma, o que deixa o
filme leve e dinâmico, sem se levar a sério exceto nos momentos em que isso se
faz necessário.
Gostei muito do novo vilão, Kylo Ren, que sinceramente
parecia bem tolo nos trailers, ainda mais quando aparecia sem máscara, até
porque o ator é um magrelo narigudo com cara de pernilongo. Mas, surpresa, é um
excelente ator e realmente rouba as cenas em que aparece. O personagem é muito
bem delineado e cheio de angústia e conflitos que realmente transbordam da tela
para fora e dão outra dimensão a ele, mesmo nos momentos mais fracos, como
quando fala com seu mestre, que é um boneco digital tosco e inconvincente
(feito pelo mesmo Andy Serkis, que foi o Gollum e agora está em tudo quanto é
filme), no que é certamente o ponto mais baixo do filme.
Já o ponto alto é sem dúvida a jovem Daisy Ridley, que faz a
Rey, uma catadora de sucata que se vê no meio da confusão toda e tem momentos
muitos fortes. A moça é boa atriz e também esbanja carisma. Sem dizer que é
muito bom ver uma mulher ter um papel tão forte e vital nesse tipo de filme.
"Chewie, nós voltamos para casa!" |
Sobre os pontos fracos de “O Despertar da Força”, falar
deles é meio que chover no molhado, pois a saga Star Wars nunca primou por
roteiros profundos e muito inventivos. E todo mundo sabe que George Lucas (que
aqui não fez nada, pois vendeu a franquia para a Disney) pegou elementos de
tudo quanto é mitologia e sagas do passado para criar o seu universo.
Embora o roteiro tenha sido escrito pelo próprio Abrams com
a ajuda do consagrado Lawrence Kasdan, é um pouco episódico e
confuso, deixando muito coisa no ar no que acaba sendo quase uma refilmagem de “Uma
Nova Esperança”. Também não faz muito sentido ver gente que nunca lutou na vida
virar mestre no uso do sabre de luz de uma hora pra outra! A única coisa que
incomoda mesmo e impede o filme de atingir cinco estrelas na cotação é a parte
final, onde repetem o que já vimos em “Uma Nova Esperança” e “O Retorno de Jedi”
– outra Estrela da Morte, sério? Não tinham nada melhor para inventar?
Mas, tirando isso, o resto do filme é uma delícia, trazendo
algumas cenas realmente fortes e até chocantes para os fãs, embaladas
pela sempre excelente trilha musical de John Williams, que continua em plena
forma aos 83 anos e mescla de forma magistral os temas antigos da saga com os
novos, compostos para os personagens criados para “O Despertar da Força”. A
partitura abunda de vigorosos scherzos, que são a marca registrada de Williams.
Não dá pra falar mais do que isso sem apelar para os
famigerados spoilers, então vou parando por aqui. Mas uma coisa é certa: a
Força está de volta! E com dentes!
Cotação: * * * *
Que bom que o filme ficou legal, eu não aguentaria mais ver um Star Wars ruim. Talvez até eu me anime a assistir no cinema, há anos só vejo filmes em casa.
ResponderExcluirAcabei de assistir e gostei muito. Agora fiquei ansioso pra ver o próximo.
ResponderExcluirEstava na dúvida se ia ou não assistir, afinal os episódios 1,2 e 3 foram verdadeiras M****, que fizeram eu me sentir um imbecil.
ResponderExcluirMarcos K.
Legal. Vou confessar que eu estava com um pé atrás em relação a esse filme, mas agora já estou bem cool...
ResponderExcluir...o ator é um magrelo narigudo com cara de pernilongo.
ResponderExcluirHahahahaha.
Bom filme no mais.
André, tenho lido seus textos já tem um tempo e admito uma certa "inveja", do tipo saudável, porque você escreve de uma forma natural e muito clara. Tenho mais idade que você e minha trajetória é muito, muito diferente. Nasci na União Soviética. Nunca tive religião. Nunca tive paixões pelo individualismo ou pelo elitismo. Poucos sabem o que penso a respeito do mundo. Ou melhor, ninguém sabe. Sobre você, podemos saber um pouco, esse pouco é até bastante, daí a admiração que chamei de inveja. Hoje, acho que posso começar a fazer algo parecido com o que você faz. Talvez, inspirado em sua experiência, possa evoluir também. Espero um dia poder contribuir e servir de inspiração a outros, como você faz agora.
ResponderExcluirEstou me repetindo.
É que tem mais uma coisa. Já tem cinco anos que você postou uma lista com seus vinte filmes favoritos de sempre. Nada a acrescentar a essa lista? Só para constar, seis desses também estariam em uma lista minha.
Abraços
Kiril Araujo
André, assisti hoje "O Despertar da Força" em 3D. Normalmente não curto cinema 3D, mas neste filme ficou muito 10!
ResponderExcluirNão dá pra falar muito sem entregar a história, então paro por aqui.
Abraço!