quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Filmes: "Cinquenta Tons de Cinza"

DEPLORÁVEL

Até quando as mulheres, inclusive muitas feministas, vão defender valores machistas e misóginos como se fossem intrínsecos às mulheres?

- por André Lux, crítico-spam

Existem duas formas de se analisar “Cinquenta Tons de Cinza”, que é baseado num livro escrito por uma mulher de 52 anos que começou como uma “fan fiction” da saga “Crepúsculo” (isso já diz praticamente tudo sobre a obra) e acabou virando febre principalmente entre mulheres acima dos 40 anos.

A primeira é encará-lo como nada mais do que um “pornô light”, daqueles onde o sexo é apenas sugerido e com pitadas de práticas pouco ortodoxas, no caso o sadomasoquismo. Nesse quesito ele é pífio e só vai excitar quem realmente tem pouca experiência sexual ou sofre de repressão aguda.

Outra forma é enxerga-lo como um retrato perfeito da sociedade machista-patriarcal que vem castrando as mulheres há séculos. Nesse sentido, o que mais impressiona nesse "Cinquenta Tons de Cinza" é aquele moralismo tosco e primário que prega que todo mundo que possui fetiches ou gosta de sexo fora dos "padrões" é um louco degenerado que obviamente sofreu abusos quando criança e agora precisa ser "salvo", de preferência por uma donzela virgem de 27 anos (hein??) que dirige um fusca 66 azul calcinha...

Ou seja, nada mais é do que o mito do príncipe encantado que precisa ser salvo de suas "perversões satânicas" para poder amar a donzela pura e casta. Pregação das mais primárias e moralistas do mundo, semelhante à tal "cura-gay" defendida por dementes mundo a fora.

O lance do sadomasoquismo que o sr. Grey diz adorar não tem nada a ver com a trama e aparece de forma totalmente forçada só para atrair pessoas sexualmente reprimidas que fantasiam com essas práticas secretamente e não tem coragem de realizar, mas no fundo querem mesmo é casar, ter um monte de filhos e morar num lindo castelo, com direito a passeio de helicópteros e cartão de crédito ilimitado. Ou alguém acredita que a casta (e aparentemente à beira do retardamento mental) Anastasia também iria se apaixonar e se entregar aos jogos de SM de um sujeito pobre e feio? 


Só isso pode justificar tamanho sucesso de uma obra tão mal escrita e pueril, com personagens ridículos e que agem sem qualquer lógica ou motivação palpável, repleta de clichês patéticos e diálogos risíveis ("Eu não faço amor, eu fodo!" e "O que são plugs anais?" fizeram eu gargalhar incontrolavelmente).

Do ponto de vista puramente cinematográfico, o filme é uma piada. Fotografado de forma abaixo do medíocre, sem qualquer erotismo e com uma trupe de atores tão ruins que chega a dar vergonha alheia, particularmente os dois protagonistas que, além de tudo, ainda são feios e completamente sem graça. É tudo tão tosco que nem vale a pena comentar mais.

O que mais entristece, todavia, é ver tantas mulheres louvando uma obra tão grotesca e deplorável como essa e morrendo de desejo por um homem abusivo que compra suas parceiras para tratá-las literalmente como escravas, só porque ele é podre de rico e bonitão. Até quando essas as mulheres, inclusive muitas que se dizem feministas, vão continuar defendendo valores absolutamente machistas e misóginos como se fossem valores intrínsecos às mulheres? 

Pelo jeito, ainda vai demorar para conseguirem se livrar desse lixo que foi enfiado em suas goelas abaixo por uma sociedade cada vez mais doente e inviável.

Cotação: ABAIXO DE ZERO

6 comentários:

  1. André, você gastou seu tempo com "50"??? Isso é que é amor à crítica cinematográfica!!! Jezuis!!!

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  2. Nossa, eu escapei deste filme, minha amiga e um casal quase me torturaram para ir junto,mas nada melhor que jantar antes do cinema, comecei a passar mal (não vou confessar se verdade ou mentira) e fui buscá-los no fim da sessão. Louvado teppan de camarão, a gente sempre pode descobrir alergia tardiamente.

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  3. Eu acho que se você faz toda a trilogia, teria que melhorar muitas coisas. Eu vi recentemente na programação HBO e, francamente me entediado. Eu tinha grandes expectativas sobre ele, mas o enredo é feito às vezes me absurdo.

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  4. Já que o André fez a análise desse lixo editorial-cinematográfico, gostaria que fizesse análise de outro lixo editorial-cinematográfico: Crepúsculo.

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  5. Como foi dito acima, isso que é gostar de ser crítico de cinema. Claro que o filme seria uma completa e total bosta. O livro já é um lixo e filme sempre é pior que o livro.

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