CHATO PRA CACETE
O que poderia ser um interessante estudo sobre a sexualidade humana se transforma num penoso esforço para evitar o sono
- por André Lux, crítico-spam
Eu nada tenho contra os chamados "filmes de arte", pelo contrário, muitas vezes os acho sensacionais e essenciais. Porém, de vez em quando, a gente se depara com um deles que, mesmo tendo conteúdo bastante pertinente, derrapa em sua realização ao ponto de tornar-se intragável.
É o caso desse "Azul é a Cor Mais Quente", dirigido por um certo Abdellatif Kechiche, tunisiano radicado na França, que poderia ser um interessante estudo sobre a sexualidade humana e também sobre as confusões que as pessoas fazem entre atração sexual e amor, mas que acaba se tornando num filme penoso de se ver até o fim.
O roteiro, que é baseado numa história em quadrinhos francesa, conta a história de Adèle, uma adolescente de 15 anos, que descobre sentir atração por pessoas do mesmo sexo depois de esbarrar, na rua, numa mulher de cabelos azuis e ter um flerte com uma colega na escola.
Aos poucos ela vai explorando suas novas descobertas e acaba conhecendo a tal moça de cabelos azuis, com quem vive uma tórrida história de amor, com direito a longas cenas de sexo lésbico que certamente vão ser aprovadas pelas mulheres gays ou bissexuais, já que a maior reclamação delas sobre os filmes pornográficos é justamente a artificialidade das transas entre mulheres.
Confesso que estava gostando bastante do filme mais ou menos até sua metade, principalmente pela atuação de Adèle Exarchopoulos, que além de muito bonita e fofa, conseguia transmitir com muita intensidade os dramas e conflitos da adolescente, compensando a falta de graça da sua "cara-metade" Emma, feita por uma apagada Léa Seydoux.
Os problemas começaram quando o filme ultrapassou a marca das duas horas de projeção e aí começou a se arrastar em cenas desnecessárias e esticadas, quando já havia muito pouco a se mostrar, exceto o crescente distanciamento entre as duas depois que vão morar juntas, agravado pelo fato delas terem muito pouco em comum além da forte atração sexual inicial.
Há uma cena, por exemplo, em que ambas oferecem um jantar aos amigos artistas e intelectuais de Emma que, sem brincadeira, deve durar uns 10 minutos ou mais (mas parece uma eternidade), e que só serve para mostrar o constrangimento de Adèle perante os assuntos debatidos. Essa sequência poderia ter 2 minutos e já daria para entender tranquilamente o que estava acontecendo, mas é esticada ao extremo, ao ponto de irritar. Confesso que foi tanta gente comendo e "chupando" macarrão que até me deu enjoo!
Ao final, foi difícil resistir ao sono, pois foram três horas de filme, algo que, convenhamos, só dá para suportar em épicos com "Ben Hur", "Lawrence da Arábia" ou "O Senhor dos Anéis"...
Para piorar, o diretor insiste em filmar quase tudo em planos fechados, com a câmera quase enfiada na cara das atrizes, deixando tudo claustrofóbico sem qualquer necessidade, quando queria apenas demonstrar intimidade.
O que mais impressiona é que o filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes esse ano. Mais uma prova que alguns "entendidos" gostam mesmo é de filmes chatos pra cacete!
Cotação: * *
Concordo quase inteiramente com você, o filme é cansativo e chato. Poderia ser contado em uma hora e meia. Mas tenho que admitir: as cenas de sexo entre as duas são maravilhosas e excitantes, dignas da fantasia masculina e feminina sobre duas mulheres juntas. Um abraço. Antonio.
ResponderExcluirDe fato o filme podia ser mais curto, mas é um belo filme. O drama é tão envolvente que no final é ele que fica marcado na memória, e não as cenas de sexo super tórrido.
ResponderExcluirNão é pouco. Mereceu o prêmio em minha opinião.