sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Filmes: "A Hora Mais Escura"


REPUGNANTE

Se a Sra. Bigelow acredita mesmo que tudo que está sendo contado em seu filme condiz com a realidade dos fatos, então ela teria que no, mínimo, questionar o uso da tortura

- por André Lux, crítico-spam

“A Hora Mais Escura” é um filme simplesmente repugnante. Do começo ao fim. A nova obra da cineasta Kathrin Bigelow e seu roteirista Mark Boal, os mesmos do péssimo “Guerra ao Terror”, querem nos convencer que se trata de um retrato hiper realista do que foi a caçada ao líder do Al Qaeda, Osama Bin Laden, desde os atentados de 11 de setembro de 2001 até a sua suposta morte pelas mãos do exército. A CIA, central de Inteligência estadunidense, todavia nega que o que se vê no filme seja real.

A figura central é a agente da CIA feita pela atriz Jessica Chastain, que está em tudo quanto é filme, mas poderia ter sido feito pelo Arnold Schwarzenegger que o resultado seria o mesmo, já que a personagem é completamente vazia e unidimensional, pintada apenas como uma heroína obcecada em encontrar Bin Laden, mesmo que para isso tenha que recorrer a torturas e deixar de lado sua vida pessoal. E é aí que “A Hora Mais Escura” derrapa feio e torna-se intolerável. Se a Sra. Bigelow acredita mesmo que tudo que está sendo contado em seu filme condiz com a realidade dos fatos, então ela teria que no, mínimo, questionar o uso da tortura como forma válida para se obter informações. Mas, que nada, o filme passa longe disso e o máximo que vemos é a agente feita por Chastain fazendo algumas carinhas de “desconforto” enquanto assiste à longas sessões de torturas, para logo depois ela mesmo comandar suas próprias câmaras de horror.

Não há aqui nenhuma sombra da profundidade e inteligência de filmes como “Syriana” ou mesmo “Três Reis”. A obra mostra apenas o lado dos agentes dos EUA e trata os árabes como os “barbudos sujos e malvados” de sempre. No fundo, “A Hora Mais Escura” não passa de um filme de ação disfarçado de algo mais pretensioso, o que explica a babação de ovo que o filme vem recebendo da crítica, chegando a uma absurda indicação ao Oscar de melhor filme. Mas qualquer pretensão maior que os realizadores tentaram imprimir à obra se desfaz na falta de profundidade e de questionamentos. Afinal, qualquer pessoa minimamente inteligente e bem informada sabe que o suposto assassinato de Osama Bin Laden pode muito bem ter sido uma fraude, senão por que teriam se livrado do corpo tão rapidamente e de forma tão absurda jogando-o no mar, como foi divulgado pelo governo dos EUA na época?

Com suas quase três horas de duração “A Hora Mais Escura” é tecnicamente competente (muito melhor do que a precariedade de “Guerra ao Terror”) e até funciona como um thriller de suspense político que, no final das contas, quer mesmo apenas lavar a alma dos cidadãos estadunidenses mostrando o que teria sido o assassinato puro e simples do “inimigo número 1 dos EUA” pelas mãos dos heróicos soldados do Tio Sam. Infelizmente, a realidade é muito mais complexa e tortuosa do que quer nos fazer crer esse filme infeliz.

Cotação: *

7 comentários:

  1. Filmaço, André! Vale lembrar que o filme é baseado em fatos reais, portanto nao teria como a diretora condenar o uso de tortura.

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  2. Só pessoas moralmente degeneradas não condenam a tortura. Pelo jeito é o seu caso. Não fico surpreso.

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  3. Vc nao entendeu o que eu quis dizer, acho q eu nao precisarei desenhar. Eu disse que pelo fato do filme retratar o que realmente houve, nao teria como a diretora condenar o uso da tortura, ela apenas retratou os fatos como ocorreram.

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  4. "Ela apenas retratou os fatos como ocorreram". É pra rir isso? Só pode.

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  5. Entendo a sua indignação mas acho que o colega não entendeu o que o Pedro disse. Como o filme é baseado em fatos reais, a tortura fez parte do enredo, até pra entender como eram arrancadas as confissões, não é uma questão de ser simpatizante a esse tipo de prática, amigo, e sim retratar os fatos como eles foram realmente, e acho que ainda foi bem pior que isso. Ou vc acha que eles falavam por um prato de comida?

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  6. Tive a impressão de que o texto em questão fora escrito por algum membro do Tea Party.

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