O HOMEM-GOLFINHO
Filme é dirigido com entusiasmo e paixão por Luc Besson e a fotografia é ensolarada e exuberante, usando e abusando das lentes angulares, que só aumentam a sensação de isolamento dos personagens perante o "grande azul"
- por André Lux, crítico-spam
Finalmente podemos assistir à versão européia de IMENSIDÃO AZUL, que contém praticamente uma hora de projeção a mais do que a cópia reduzida distribuída a partir dos EUA. E esse complemento faz toda a diferença, já que a versão tipo "exportação" não fazia o menor sentido e acabou condenando o filme ao fracasso - chegaram ao cúmulo de trocar a trilha sonora original de Eric Serra por outra do irregular Bill Conti (ROCKY)!
O roteiro é inspirado em fatos reais (Mayol é um dos autores) e narra a história de dois amigos, Jacques Mayol (Jean-Marc Barr) e Enzo (Jean Reno), que crescem tendo em comum o amor pelo mar e um incrível fôlego de peixe que os permite ficar vários minutos em baixo d'água. Entretanto, os dois seguem caminhos distintos e possuem personalidade totalmente opostas. Enquanto o francês Jacques é tímido e reservado (um verdadeiro "homem-golfinho"), o italiano Enzo é falastrão e espalhafatoso. Depois de anos longe um do outro, voltam a se encontrar em uma disputa do Campeonato Mundial de Mergulho, do qual Enzo era até então campeão absoluto, levando os dois a um confronto inevitável.
IMENSIDÃO AZUL é dirigido com entusiasmo e paixão por Luc Besson, que depois faria carreira internacional. A fotografia é ensolarada e exuberante, usando e abusando das lentes angulares, que só aumentam a sensação de isolamento dos personagens perante o "grande azul" que tanto os fascina.
O elenco é eficiente, trazendo ainda a delgada Rosana Arquete como interesse romântico para o arredio Mayol. Quem rouba a cena, entretanto, é o até então desconhecido Jean Reno (que depois deste filme virou astro e foi fazer O PROFISSIONAL e RONIN). Seu Enzo é um daqueles personagens "maiores que a vida" que poderia cair para uma caracterização caricatural e ridícula não fosse a interpretação contagiante do ator, que preenche a tela com seu carisma imenso e excelente timing para comédia.
Destaca-se também a saborosa trilha musical de Eric Serra, que acompanha a pulsação do filme mantendo firmes os climas cômicos e existenciais. Em suma, IMENSIDÃO AZUL pode não ser uma obra-prima de sétima arte nem causar grande impacto, mas é sem dúvida um filme muito divertido e gostoso de se assisitr (suas 2 horas e 45 minutos passam sem causar tédio), alternando habilmente momentos de pura comédia com outros mais profundos e dramáticos - mas sem exagerar em nenhum dos extremos.
E temos aqui mais uma prova que Hollywood só consegue condenar ao fracasso filmes de autor em sua ânsia de deixá-los supostamente mais comerciais adulterando as montagens finais ou simplesmente reduzindo suas metragens...
Cotação: ****
Grande André, mandou bem!
ResponderExcluirÉ isso mesmo, não é o melhor filme do mundo,mas é o mais bonito que eu já assisti. Marcou época.
Agora eu também quero ver essa versão do autor.