FORÇANDO A BARRA
Filme seria um prólogo do primeiro da série, mas tudo parece forçado para tentar encaixar as coisas na mitologia já consagrada dos X-Men
- por André Lux, crítico-spam
Depois de três filmes da série e um solo do Wolverine, “X-Men: Primeira Classe” é mais uma tentativa dos executivos da Fox de tentar lucrar em cima da franquia baseada nos personagens criados por Stan Lee, cujo primeiro capítulo era muito bom. Mas o resultado é medíocre. Não chega a ser ruim, mas não passa do banal.
A melhor coisa do filme é a dupla de atores que interpretam os jovens Professor X e Magneto, feitos por James McAvoy e Michael Fassbender. Os dois são ótimos atores e seguram bem seus personagens, mesmo quando o roteiro insiste em dar a eles cenas tolas e diálogos banais.
O problema dessa obra é que se trata de uma daquelas infames “prequels”, ou seja, seria um prólogo dos eventos descritos no primeiro filme da série. Então eles inventam um monte de cenas e autoreferências (como uma aparição ridícula do Wolverine) que servem apenas para ligar os dois filmes. E muitas delas não tem a menor lógica.
A pior de todas é terem inventado que a Mística seria uma espécie de irmã adotada do professor Xavier, o que é totalmente absurdo se levarmos em conta a participação dela nos outros filmes da série.
Eles criam também um vilão super malvado, que seria um cientista nazista que faz testes com o Magneto ainda jovem no campo de concetração (que foi mostrado no início do primeiro filme). Mas o personagem é mal delineado (nunca entendemos direito quais são seus poderes), caricato e feito de forma descontrolada por Kevin Bacon.
Mas triste mesmo é o plano dele: forçar os EUA e a já extinta União Soviética a entrarem em guerra nuclear para destruir o mundo e, assim, governá-lo (realmente um plano genial!). Isso coloca os mutantes do bem, recrutados pelo serviço secreto estadunidense, no meio da crise dos mísseis entre EUA, Cuba e URSS, tentando assim imitar sem sucesso “Watchmen”, onde os heróis também intervinham em eventos reais a serviço dos EUA.
O filme tem cenas de ação e efeitos especiais suficientes para agradar quem gosta do gênero, porém não apresenta quase nada além disso. Nem mesmo a separação dos mutantes entre os que ficam com o Professor X e os que aderem às ideias do Magneto chega a convencer e, no final das contas, tudo parece forçado para tentar encaixar as coisas na mitologia já consagrada pelas outras histórias.
Mas, ao que tudo indica, mais continuações virão na esteira dessa obra. Afinal, os executivos de roliudí não famosos por forçar a barra para tentar tirar leite de pedra...
Cotação: * *
Meu caro, eu geralmente concordo com tudo o que você escreve. Mas desta vez, vou ter que contrariá-lo.
ResponderExcluirEu vi esse filme e gostei. Ainda bem que não tinha lido a tua crítica, um tanto mal humorada, por iria perder um filmaço, dentro do gênero super-herói, eclaro.
Acho que essa produção tem muito mais méritos do que erros. Para começar, a dupla central formada pelo Professor e o Magneto não apenas estão bem. Foram muito mais longe: conseguiram renovar a série e segurar o vácuo deixado por Wolverine, até então o personagem mais carismático. Lembre-se que foi Wolverine que segurou o primeiro filme, bem inferior a este First Class.
Você desconsiderou em seus comentários, o belíssimo visual retrô, que acrescido das cenas de telepatia, trilha sonora e efeitos especiais maravilhosos, deram um toque bastante original a esse filme.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÚnico filme da franquia que gosto. O melhor foi terem deixado o manjado papel de vilão pro Kevin Bacon e, com isso, puderam explorar os prós e contras morais da dupla Xavier/Magneto, deixando para o espectador o veredicto sobre ambos e todos os personagens que, até o final, saem do muro à favor de um ou de outro.
ResponderExcluirFoi a primeira vez na série que o Magneto foi retratado de forma não-maniqueísta, até pq nos quadrinhos vira e mexe suas motivações e métodos pra apoiar os mutantes levam à reflexão do tipo "os fins justificam os meios?". Por causa disso, o Magneto de Michael Fassbender (excelente!) passa longe da mera satanização na tela, como acontecia qdo o personagem era vivido por Ian McKellen.