BESTEIRA DAS GRANDES
Se tivesse sido feito por qualquer outro diretor que não o ilustre Martin Scorsese, teria sido massacrado ou no mínimo ignorado, que é o que o filme merece
- por André Lux, crítico-spam
É incrível que um diretor do prestígio de Martin Scorsese tenha aceitado fazer um filme tão tolo e dispensável como esse “A Ilha do Medo”, que não se assume como terror e não se sustenta nem mesmo como filme de suspense policial. O mais estranho é que se tornou um sucesso de bilheteria, o maior na carreira do cineasta! Mas é muito barulho por nada.
A história começa com a chegada de dois agentes federais a um sanatório do governo localizado numa ilha isolada, onde são mantidos criminosos perigosos. Aparentemente, eles vem investigar a fuga de uma das internas, mas aos poucos a trama vai enveredando por caminhos tortuosos que vão ficando cada vez mais inconvincentes e delirantes. O filme também dá um monte de pistas falsas que desembocam num daqueles famigerados finais surpresas onde a revelação final, além de forçada, implode totalmente tudo que havíamos visto até então. É só você parar para pensar um minuto e vai perceber que não havia como tudo que foi mostrado antes ter acontecido da forma como aconteceu. É totalmente inviável, ridículo até.
Scorsese tenta compensar esse buraco negro com estilosos movimentos de câmera (sua marca registrada) e uma trilha sonora intrusiva e irritante composta apenas por músicas eruditas atonais de gente como Penderecki e Ligeti. Mas erra também ao deixar o elenco descontrolado, principalmente Leonardo DiCaprio e Ben Kingsley (como o psiquiatra chefe) que passam o filme todo à beira da caricatura. A edição também é ruim e deixa cenas se alongarem sem necessidade (como a do final, no lago).
Enfim, uma besteira das grandes que só recebe louvores dos profissionais da opinião por ter sido dirigido pelo ilustre Scorsese. Se tivesse sido feito por qualquer outro diretor, teria sido massacrado ou no mínimo ignorado, que é o que o filme merece.
Cotação: * 1/2
Oi André,
ResponderExcluirTambém me decepcionei com o filme. Aos 20, 30 minutos eu já tinha matado a charada!
O Scorsese enveredou por um estilo narrativo que lhe é estranho, como se quisesse homenagear Antonioni e Buñuel. Porém a fronteira do real/irreal nas sequências-sonho deste filme ou são muito 'na cara', ou não servem a propósito algum senão o de embaralhar a trama de propósito, artificialmente alongando o desfecho do filme.
O roteiro recorre ao diálogo explicativo com frequência. Será que o Scorcese 'esqueceu' a essência da linguagem cinematográfica? O final, por exemplo, é de lascar. Seria muito, mas muito melhor se o diretor não 'fechasse' o filme, deixando a real situação do presídio implícita.
Eu daria nota 5/10.
Larguei de mão o blog depois de ler 5 "críticas" de cinema de alguém que se presta mais a analisar história e narrativa do que qualquer implicação de significação maior da linguagem audiovisual - e mesmo a questão narrativa pouco é abordada, basta ver o reducionismo da crítica de "Gangues de Nova Iorque". Foi suficiente ver as críticas de Ilha do Medo, Gangues de Nova Iorque, Estrada de Fúria e o exercício de mise-en-scène do movimento empregado em longos planos usados em John Wick que é totalmente ignorado.
ResponderExcluirUm exemplo da arrogância do suposto crítico? Uma frase de um texto seu: "Estranhamente, esse novo Mad Max está sendo altamente elogiado pelos críticos mundo afora, mais uma prova do delírio coletivo que de vez em quando toma conta dos profissionais da opinião que, aparentemente, também são vítimas do “efeito manada”.
Ou seja, coletivamente a crítica delirante está errada. Felizmente, você não faz parte dessa massiva ilusão burra e estúpida.
Se enxerga cara, um pouco menos de prepotência é melhor. E tenta ir um pouco além nos seus comentários "críticos" sobre cinema e abordar de forma mais equilibradas códigos específicos e não específicos dessa arte que é muito mais complexa do que o reducionismo que você tem usado. Metz, Hunt e Bordwell são autores que podem te ajudar.
Bye