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ANARQUISTAS, GRAÇAS A DEUS!
Obra-prima do Monty Python ridiculariza o fanatismo religioso, a arrogância imperialista e a incapacidade das "esquerdas" de se unirem em torno de um objetivo comum
- por André Lux, crítico-spam
"A Vida de Brian" é sem dúvida a obra-prima do grupo Monty Python. Uma sátira destruidora que atira para todos os lados e não erra o alvo (quase) nunca.
O filme tem como pretexto narrar a trajetória de Brian (Graham Chapman), um pobre coitado filho de uma judia que foi "enganada" pelo centurião romano Nojentus Maximus.
Brian é contemporâneo de Jesus Cristo (que é visto apenas em um plano inicial em um de seus sermões da montanha), entra para um grupo revolucionário que deseja expulsar os romanos, acaba sendo confundindo como mais um messias religioso e passa a ser perseguido a contragosto por centenas de discípulos até ser crucificado.
Na verdade, os focos principais da gozação dos seis ingleses, que se revezam em múltiplos papéis na tela e ficaram famosos com o show televisivo "The Monty Python Flying Circus" nos anos 60, são o fanatismo religioso, a arrogância dos imperialistas e a incapacidade das ideologias ditas de "esquerda" de se unirem em torno de um objetivo comum.
O filme ganha contornos ainda mais atuais se pensarmos no governo petista de Lula, o qual é muitas vezes atacado com mais ferocidade por outros partidos que, no fundo, lutam pelos mesmos objetivos do que pelos seus próprios adversários ideológicos!
Em uma das cenas mais emblemáticas do filme, o líder da "Frente dos Povos Judáicos" afirma categoricamente a um atônito Brian: "Só existe uma coisa que odiamos mais do que os romanos - a maldita Frente Popular Judáica" e em seguida cita todos os outros grupos revolucionários, inclusive o dele mesmo!
Já em outra seqüência não menos demolidora, dois grupos se esbarram em frente aos aposentos de Pilatus com o mesmo plano de seqüestrar a esposa do governante invasor. Irritados com a coincidência e já em pé de guerra, são alertados pelo mesmo Brian:
- "Irmãos, não deveríamos nos unir para enfrentar o inimigo comum?"
- "A Frente Judáica Popular!", bradam todos, em êxtase.
- "Não... os romanos..."
- "Ah, é..." Um guarda passa na porta e eles se escondem. Passado o susto dizem: "Onde estávamos mesmo?" - e partem para a porrada até serem todos mortos ou capturados pelos guardas. Não é preciso dizer mais nada, não?
É impossível não rir com a quantidade infinita de piadas e situações inacreditavelmente absurdas inventadas pelos anarquistas do Python - Brian chega até a participar de uma batalha espacial!
E a cena em que Poncius Pilatus (interpretado com a língua presa por um impagável Michael Palin) tenta convencer seus centuriões que tem um amigo chamado Bigus Dikus (Pintus Imensus) é de fazer qualquer mortal chorar de tanto rir! Os imperialistas romanos, como não poderia deixar de ser, são sempre mostrados como figuras inéptas e prontas a serem ridicularizadas por todos do alto de sua arrogância e presunção.
É óbvio que, por causa desse conteúdo provocativo e contestador, "A Vida de Brian" sofreu e sofre até hoje ataques do tipo "não vimos e não gostamos" de grupos religiosos e extremistas (tanto de direita quanto de esquerda), que no fundo só ajudam a comprovar e reforçar ainda mais o caráter satírico da produção.
Mas, esqueça os intolerantes que acusam o filme de ser anticristão, pois ele é somente uma comédia escachada que brinca sem pudores com assuntos polêmicos sem nunca ser desrespeitoso com qualquer religião.
É importante ressaltar que os Python tinham pleno domínio cênico e eram capazes de construir cenas tecnicamente muito bem feitas, inclusive aquelas que tinham a deliberada intenção de parecerem toscas ou ridículas.
Não é à toa que o filme "A Vida de Brian" foi eleito a melhor comédia de todos os tempos pelos ingleses. É simplesmente antológico!
Cotação: * * * * *
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terça-feira, 31 de julho de 2007
terça-feira, 24 de julho de 2007
DVD: "Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n'roll"
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COISA DE DOIDO, MEU!
Morra de rir com as trapalhadas dos hypies Wood e Stock e de mais um monte de personagens que pulam diretamente das páginas da Chiclete com Banana para a tela.
- por André Lux, jornalista e crítico-spam
É uma delícia esse desenho animado dirigido por Otto Guerra, fielmente baseado nas tirinhas em quadrinhos do Angeli. Talvez para os fãs mais ardorosos, que sabem de cor e salteado todas as piadas, o filme perca um pouco da graça já que reproduz quase na íntegra o que já foi lido nas revistas.
Mesmo assim, não há como não rir das trapalhadas aprontadas pela dupla de hypies jurássicos Wood e Stock (ambos totalmente perdidos no mundo atual de consumismo sem sentido e ausência de ideais) e por mais um monte de personagens que pulam diretamente das páginas da saudosa Chiclete com Banana para a tela. Entre eles, Rê Bordosa, Rampal, o Paranormal, Rhalah Rikota, os Escrotinhos, Mara Tara e os revolucionários-utópicos Meiaoito e Nanico. Até o Bob Cuspe dá o ar da graça rapidinho.
Toda essa turma da pesada está unida por um fiapo de história que começa com Stock indo morar no apartamento do Wood depois que o pai morre e ele fica sem mesada. A novidade estressa Lady Jane, a transcendental esposa do maluco-beleza, e ela resolve fazer um retiro espiritual com o guru Rhalah.
Abandonados à própria sorte, sem comida ou qualquer noção de higiene, os dois bichos-grilos sem causa revezam o dia entre o vício da televisão e o de fumar orégano no banheiro. Os problemas começam quando a erva acaba e eles, no desespero, resolvem bolar um jeito de ganhar dinheiro. A primeira idéia, arrumar um emprego, é logo descartada, afinal, informa Wood, eles não lutaram tanto pelos seus cabelos compridos para de repente se renderem ao sistema! Vem então a brilhante inspiração de reunirem a velha banda de rock'n'roll “Chiqueiro Elétrico” depois de um delírio alcoólico em que ninguém menos do Raul Seixas (na voz de Tom Zé) aparece para Wood e explica: “a formiga trabalha porque não sabe cantar!”.
No meio dessa confusão toda, a Rê Bordosa tem presença de destaque e ganha uma interpretação impagável na voz da roqueira Rita Lee, cuja vida, segundo ela mesma, inspirou a personagem. Merecem destaque também os desempenhos de Zé Victor Castiel (como Wood) e Sepé Tiaraju de Los Santos (como um Stock com perfeito sotaque de paulista da gema), ambos muito engraçados!
Não seria totalmente injusto reclamar um pouco dos roteiristas que desperdiçam oportunidades de explorar melhor situações potencialmente ricas, especialmente a que envolve a troca dos filhos (Overall não agüenta mais o pais malucos, enquanto o outro morre de vontade de fugir dos parentes caretas), enquanto repetem outras desnecessariamente (como o ensaio da banda, cujo vocalista é o porco Sunshine). Mas não é nada que prejudique o resultado final, pelo contrário: a gente é que fica com aquele gostinho de “quero mais” na boca!
Outro ponto alto da animação é a trilha musical de Matheus Walter e Flu e o uso de canções de Rita Lee, Tom Zé e Júpiter Maçã que evocam com perfeição o clima nostálgico dos anos psicodélicos, principalmente na conclusão esperta.
Veja, reveja, compre, pois vale a pena!
Cotação: * * * *
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COISA DE DOIDO, MEU!
Morra de rir com as trapalhadas dos hypies Wood e Stock e de mais um monte de personagens que pulam diretamente das páginas da Chiclete com Banana para a tela.
- por André Lux, jornalista e crítico-spam
É uma delícia esse desenho animado dirigido por Otto Guerra, fielmente baseado nas tirinhas em quadrinhos do Angeli. Talvez para os fãs mais ardorosos, que sabem de cor e salteado todas as piadas, o filme perca um pouco da graça já que reproduz quase na íntegra o que já foi lido nas revistas.
Mesmo assim, não há como não rir das trapalhadas aprontadas pela dupla de hypies jurássicos Wood e Stock (ambos totalmente perdidos no mundo atual de consumismo sem sentido e ausência de ideais) e por mais um monte de personagens que pulam diretamente das páginas da saudosa Chiclete com Banana para a tela. Entre eles, Rê Bordosa, Rampal, o Paranormal, Rhalah Rikota, os Escrotinhos, Mara Tara e os revolucionários-utópicos Meiaoito e Nanico. Até o Bob Cuspe dá o ar da graça rapidinho.
Toda essa turma da pesada está unida por um fiapo de história que começa com Stock indo morar no apartamento do Wood depois que o pai morre e ele fica sem mesada. A novidade estressa Lady Jane, a transcendental esposa do maluco-beleza, e ela resolve fazer um retiro espiritual com o guru Rhalah.
Abandonados à própria sorte, sem comida ou qualquer noção de higiene, os dois bichos-grilos sem causa revezam o dia entre o vício da televisão e o de fumar orégano no banheiro. Os problemas começam quando a erva acaba e eles, no desespero, resolvem bolar um jeito de ganhar dinheiro. A primeira idéia, arrumar um emprego, é logo descartada, afinal, informa Wood, eles não lutaram tanto pelos seus cabelos compridos para de repente se renderem ao sistema! Vem então a brilhante inspiração de reunirem a velha banda de rock'n'roll “Chiqueiro Elétrico” depois de um delírio alcoólico em que ninguém menos do Raul Seixas (na voz de Tom Zé) aparece para Wood e explica: “a formiga trabalha porque não sabe cantar!”.
No meio dessa confusão toda, a Rê Bordosa tem presença de destaque e ganha uma interpretação impagável na voz da roqueira Rita Lee, cuja vida, segundo ela mesma, inspirou a personagem. Merecem destaque também os desempenhos de Zé Victor Castiel (como Wood) e Sepé Tiaraju de Los Santos (como um Stock com perfeito sotaque de paulista da gema), ambos muito engraçados!
Não seria totalmente injusto reclamar um pouco dos roteiristas que desperdiçam oportunidades de explorar melhor situações potencialmente ricas, especialmente a que envolve a troca dos filhos (Overall não agüenta mais o pais malucos, enquanto o outro morre de vontade de fugir dos parentes caretas), enquanto repetem outras desnecessariamente (como o ensaio da banda, cujo vocalista é o porco Sunshine). Mas não é nada que prejudique o resultado final, pelo contrário: a gente é que fica com aquele gostinho de “quero mais” na boca!
Outro ponto alto da animação é a trilha musical de Matheus Walter e Flu e o uso de canções de Rita Lee, Tom Zé e Júpiter Maçã que evocam com perfeição o clima nostálgico dos anos psicodélicos, principalmente na conclusão esperta.
Veja, reveja, compre, pois vale a pena!
Cotação: * * * *
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quinta-feira, 12 de julho de 2007
Saiba porque o formato Widescreen é o ideal para se ver um filme!
Diferenças de tamanho entre a tela do cinema e da TV, além da desinformação, geraram problemas na hora de lançar o filme para o mercado de home video
- por André Lux, crítico-spam
Você sabe qual é a diferença entre os formatos Widescreen (ou Letterbox) e Tela Cheia (também chamado de ''Fullscreen'', ''Padrão'' ou Pan & Scan)? Abaixo vamos tentar responder algumas das perguntas e reclamações mais comuns acerca dos formatos:
1) É verdade que o Widescreen corta o filme?
Muita gente acha que o formato Widescreen ''corta'' o filme, por causa daquelas barras pretas que ficam em cima e em baixo da tela. Mas a verdade é que é o Tela Cheia que deforma o resultado final, pois nesse formato são cortados justamente as laterais da película para que ela se ajuste ao formato da maioria das TV's antigas no mundo todo. Isso significa que em muitos casos até 50% das imagens originalmente filmadas são cortadas para que o filme caiba na tela da TV! Compare abaixo uma imagem do filme "O Senhor dos Anéis" em widescreen com sua respectiva em tela cheia:
2) Mas por que é preciso cortar as laterais do filme na TV?
Quando a TV foi inventada, usaram como padrão para o tamanho da tela o formato da tela do cinema, que era de 1:33:1 (o que significa que ela é 1:33 mais larga do que a altura). Filmes antigos, como ''Cidadão Kane'', por exemplo, foram filmados neste formato. Só que com o desenvolvimento de novas técnicas de filmagem e com a necessidade de atrair mais pessoas para os cinemas, criou-se novos tamanhos de negativo (película onde o filme é gravado) que passaram a variar de 1.85 a 2.4 mais largos que a altura. Com isso, os filmes passaram a ser exibidos em telas mais largas enquanto a da TV continuou praticamente quadrada. Só que, ao ser comprados para exibição na TV ou para lançar em VHS, preferiram ajustar o tamanho dos filmes à tela quadrada da televisão. Com o advento das TVs tela plana em widescreen, a tela da TV ficou mais parecida com a do cinema, o que garante que as imagens dos filmes não fiquem mais tão distorcidos em relação ao original.
3) O que é o processo Pan & Scan?
O ''Pan'' é basicamente o ato de dar um "zoom" na região central da película (cortando assim as laterais) para ela se ajustar ao tamanho da tela da TV. Já o ''Scan'' acontece quando fazem uma correção digital na imagem para que seja enquadrado o que há de mais importante no fime. Quando não fazem o ''Scan'' a imagem muitas vezes fica sem nada no meio. Lembra aqueles filmes de faroeste antigos que passam na TV no qual ocorre um duelo, mas você só vê a rua deserta e nunca os antagonistas? Pois é, eles foram literalmente ''cortados'' do filme, pois estavam nos cantos!
4) Mas eu detesto aquelas barras pretas!
Saiba que, sem as barras pretas, você está perdendo até 50% das imagens. Cineastas competentes geralmente fazem uso total do negativo para passar informações importantes, que no Fullscreen são simplesmente descartadas.
5) Mas minha TV é pequena e no Widescreen não vejo nada.
Realmente, para quem tem uma televisão pequena ver o filme em Widescreen é difícil. Por isso, o mais correto seria lançá-los nos dois formatos, deixando assim a critério do consumidor escolher qual o melhor para ele.
6) Não dá para regular meu aparelho de DVD para passar tudo em Fullscreen?Sim, a maioria dos aparelhos tem essa opção, bastando para isso você entrar no menu principal e regular a forma que deseja ver o filme sendo exibido. Consulte o manual de instruções do seu DVD player para aprender como fazer isso corretamente.
7) Por que as distribuidoras estão lançando mais filmes em Fullscreen, se esse formato corta o filme pela metadade?
Isso ocorre justamente por causa da falta de informação dos consumidores, que continuam achando que é o formato Widescreen que corta o filme e assim reclaman com os donos das locadoras! Lembre-se que o mercado reage basicamente aos desejos do consumidor. Isso significa que, devido à má informação, todos estamos perdendo uma ótima oportunidade de ver os filmes da forma que foram originalmente concebidos pelos cineastas!
Informações mais detalhadas sobre esse assunto podem ser encontradas no site ''The Letterbox and Widescreen Advocacy Page'', o qual traz inclusive inúmeros exemplos visuais bastante didáticos das diferenças entre os formatos de tela.
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- por André Lux, crítico-spam
Você sabe qual é a diferença entre os formatos Widescreen (ou Letterbox) e Tela Cheia (também chamado de ''Fullscreen'', ''Padrão'' ou Pan & Scan)? Abaixo vamos tentar responder algumas das perguntas e reclamações mais comuns acerca dos formatos:
1) É verdade que o Widescreen corta o filme?
Muita gente acha que o formato Widescreen ''corta'' o filme, por causa daquelas barras pretas que ficam em cima e em baixo da tela. Mas a verdade é que é o Tela Cheia que deforma o resultado final, pois nesse formato são cortados justamente as laterais da película para que ela se ajuste ao formato da maioria das TV's antigas no mundo todo. Isso significa que em muitos casos até 50% das imagens originalmente filmadas são cortadas para que o filme caiba na tela da TV! Compare abaixo uma imagem do filme "O Senhor dos Anéis" em widescreen com sua respectiva em tela cheia:
Quando a TV foi inventada, usaram como padrão para o tamanho da tela o formato da tela do cinema, que era de 1:33:1 (o que significa que ela é 1:33 mais larga do que a altura). Filmes antigos, como ''Cidadão Kane'', por exemplo, foram filmados neste formato. Só que com o desenvolvimento de novas técnicas de filmagem e com a necessidade de atrair mais pessoas para os cinemas, criou-se novos tamanhos de negativo (película onde o filme é gravado) que passaram a variar de 1.85 a 2.4 mais largos que a altura. Com isso, os filmes passaram a ser exibidos em telas mais largas enquanto a da TV continuou praticamente quadrada. Só que, ao ser comprados para exibição na TV ou para lançar em VHS, preferiram ajustar o tamanho dos filmes à tela quadrada da televisão. Com o advento das TVs tela plana em widescreen, a tela da TV ficou mais parecida com a do cinema, o que garante que as imagens dos filmes não fiquem mais tão distorcidos em relação ao original.
3) O que é o processo Pan & Scan?
O ''Pan'' é basicamente o ato de dar um "zoom" na região central da película (cortando assim as laterais) para ela se ajustar ao tamanho da tela da TV. Já o ''Scan'' acontece quando fazem uma correção digital na imagem para que seja enquadrado o que há de mais importante no fime. Quando não fazem o ''Scan'' a imagem muitas vezes fica sem nada no meio. Lembra aqueles filmes de faroeste antigos que passam na TV no qual ocorre um duelo, mas você só vê a rua deserta e nunca os antagonistas? Pois é, eles foram literalmente ''cortados'' do filme, pois estavam nos cantos!
4) Mas eu detesto aquelas barras pretas!
Saiba que, sem as barras pretas, você está perdendo até 50% das imagens. Cineastas competentes geralmente fazem uso total do negativo para passar informações importantes, que no Fullscreen são simplesmente descartadas.
5) Mas minha TV é pequena e no Widescreen não vejo nada.
Realmente, para quem tem uma televisão pequena ver o filme em Widescreen é difícil. Por isso, o mais correto seria lançá-los nos dois formatos, deixando assim a critério do consumidor escolher qual o melhor para ele.
6) Não dá para regular meu aparelho de DVD para passar tudo em Fullscreen?Sim, a maioria dos aparelhos tem essa opção, bastando para isso você entrar no menu principal e regular a forma que deseja ver o filme sendo exibido. Consulte o manual de instruções do seu DVD player para aprender como fazer isso corretamente.
7) Por que as distribuidoras estão lançando mais filmes em Fullscreen, se esse formato corta o filme pela metadade?
Isso ocorre justamente por causa da falta de informação dos consumidores, que continuam achando que é o formato Widescreen que corta o filme e assim reclaman com os donos das locadoras! Lembre-se que o mercado reage basicamente aos desejos do consumidor. Isso significa que, devido à má informação, todos estamos perdendo uma ótima oportunidade de ver os filmes da forma que foram originalmente concebidos pelos cineastas!
Informações mais detalhadas sobre esse assunto podem ser encontradas no site ''The Letterbox and Widescreen Advocacy Page'', o qual traz inclusive inúmeros exemplos visuais bastante didáticos das diferenças entre os formatos de tela.
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quinta-feira, 5 de julho de 2007
Filmes: "Rambo III"
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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
É interessante analisar esse filme grotesco como produto de seu tempo e compará-lo com a realidade atual, ainda mais quando Osama Bin Laden poderia ser um daqueles afegãos que dão uma forcinha ao Rambo...
- por André Lux, crítico-spam
“Rambo III" é sem dúvida o ponto mais baixo da trilogia com o personagem que foi apresentado no primeiro filme (o interessante “First Blood”) como um veterano da guerra do Vietnam desajustado e marginalizado pela mesma sociedade que supostamente defendeu com seu sangue, só para ser transformado em super-herói invencível no segundo capítulo, no qual vence sozinho a guerra que os EUA perderam.
Animado com o sucesso mundial daquela bomba fascista e panfletária da era Reagan, que entre outras ofensas pregava abertamente em favor da interferência direta dos EUA no assunto de países soberanos, o brucutu Sylvester Stallone resolveu ir mais além entrando no conflito que estava ocorrendo no Afeganistão, que na época havia sido invadido pela extinta União Soviética.
O filme já começa de forma risível, com Rambo lutando quase até a morte para descolar uns trocados que dá gentilmente aos monges budistas que o acolheram em seu templo. Mas a "paz" do personagem dura pouco, pois logo descobrimos que seu mentor e camarada, Coronel Trautman (Richard Crenna), foi capturado pelos malvados comunistas quando estava em missão do Tio Sam tentando levar democracia e liberdade para o pobre povo afegão.
Rambo então deixa a batina e vai para aquele país quente e repleto de barbudos mal-encarados a fim de resgatar seu colega militar e, de quebra, destruir sozinho e com um estoque aparentemente infinito de flechas explosivas o abominável exército vermelho - o qual, depois de uma sessão de tortura contra inimigos, ataca aldeias miseráveis por esporte, matando cruelmente inclusive velhinhas e criancinhas indefesas (na certa para comê-las no jantar).
Ficar apontando aqui todas as cenas absurdas e ridículas do filme seria perda de tempo - o ponto alto da canastrice é ver o herói cauterizando com pólvora um ferimento que atravessou seu torso!
Também é inútil enumerar todos os clichês deploráveis e preconceitos que pipocam na tela a cada cinco segundos, particularmente aqueles que nos ensinam o quanto são malvados e pervertidos os comunistas e também como são ineptos e atrasados os afegãos (no caso representando qualquer povo que use turbante) frente à superioridade moral, tecnológica e estratégica dos ocidentais. Pior que tem gente que acredita nesse tipo de ladainha racista até hoje.
O interessante, entretanto, é analisar “Rambo III” como produto de seu tempo e compará-lo com a realidade atual, depois dos ataques terroristas em território estadunidense no 11 de setembro. Se em 1988 (ano de produção do filme) o indestrutível soldado do Tio Sam ia até o Afeganistão para salvar o sofrido povo daquele país da tirania dos sanguinários soviéticos, agora o mesmo "Rambo" está lá jogando bombas e mísseis sobre aquelas pessoas, exatamente como faziam os supostos vilões vermelhos.
Só que agora com a desculpa de ser uma "guerra contra o terror" para capturar o terrorista Osama Bin Laden – que, vejam só que ironia, em “Rambo III” podia ser muito bem um daqueles rebeldes Mujahadin do Talibã financiados e armados pelos EUA que ajudam o herói a derrotar os soviéticos!
O absurdo chega a níveis gritantes quando lembramos que o "engajado" Stallone ainda fez questão de incluir a seguinte frase na conclusão da sua obra: "Esse Filme é Dedicado ao Valente Povo do Afeganistão". Como se vê, até o incorruptível Rambo tem "dois pesos e duas medidas". Seria risível se não fosse tão trágico...
Nossa única vingança é saber que o exército soviético abandonou o Afeganistão alguns meses antes do filme estrear nos cinemas, o que deixou tudo ainda mais ridículo e sem sentido ao ponto de decretar seu fracasso nas bilheterias.
Mas, para espanto geral e graças a atual política bélica e reacionária de Bush Júnior, Rambo vai voltar às telas em breve, agora para lutar contra sequestradores e ladrões de suprimentos (clique aqui para ver uma foto do deformado Sylvester Stallone durante as filmagens de "Rambo IV" e corra para o abrigo mais próximo!). Sinceramente, ninguém merece!
Depois de tudo isso alguns incautos e outros nem tanto ainda vêm me falar que o cinema e outros produtos da indústria cultural não sao usados descaradamente como máquina de propaganda imperialista. Imaginem então se fosse...
Cotação: ZERO
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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
É interessante analisar esse filme grotesco como produto de seu tempo e compará-lo com a realidade atual, ainda mais quando Osama Bin Laden poderia ser um daqueles afegãos que dão uma forcinha ao Rambo...
- por André Lux, crítico-spam
“Rambo III" é sem dúvida o ponto mais baixo da trilogia com o personagem que foi apresentado no primeiro filme (o interessante “First Blood”) como um veterano da guerra do Vietnam desajustado e marginalizado pela mesma sociedade que supostamente defendeu com seu sangue, só para ser transformado em super-herói invencível no segundo capítulo, no qual vence sozinho a guerra que os EUA perderam.
Animado com o sucesso mundial daquela bomba fascista e panfletária da era Reagan, que entre outras ofensas pregava abertamente em favor da interferência direta dos EUA no assunto de países soberanos, o brucutu Sylvester Stallone resolveu ir mais além entrando no conflito que estava ocorrendo no Afeganistão, que na época havia sido invadido pela extinta União Soviética.
O filme já começa de forma risível, com Rambo lutando quase até a morte para descolar uns trocados que dá gentilmente aos monges budistas que o acolheram em seu templo. Mas a "paz" do personagem dura pouco, pois logo descobrimos que seu mentor e camarada, Coronel Trautman (Richard Crenna), foi capturado pelos malvados comunistas quando estava em missão do Tio Sam tentando levar democracia e liberdade para o pobre povo afegão.
Rambo então deixa a batina e vai para aquele país quente e repleto de barbudos mal-encarados a fim de resgatar seu colega militar e, de quebra, destruir sozinho e com um estoque aparentemente infinito de flechas explosivas o abominável exército vermelho - o qual, depois de uma sessão de tortura contra inimigos, ataca aldeias miseráveis por esporte, matando cruelmente inclusive velhinhas e criancinhas indefesas (na certa para comê-las no jantar).
Ficar apontando aqui todas as cenas absurdas e ridículas do filme seria perda de tempo - o ponto alto da canastrice é ver o herói cauterizando com pólvora um ferimento que atravessou seu torso!
Também é inútil enumerar todos os clichês deploráveis e preconceitos que pipocam na tela a cada cinco segundos, particularmente aqueles que nos ensinam o quanto são malvados e pervertidos os comunistas e também como são ineptos e atrasados os afegãos (no caso representando qualquer povo que use turbante) frente à superioridade moral, tecnológica e estratégica dos ocidentais. Pior que tem gente que acredita nesse tipo de ladainha racista até hoje.
O interessante, entretanto, é analisar “Rambo III” como produto de seu tempo e compará-lo com a realidade atual, depois dos ataques terroristas em território estadunidense no 11 de setembro. Se em 1988 (ano de produção do filme) o indestrutível soldado do Tio Sam ia até o Afeganistão para salvar o sofrido povo daquele país da tirania dos sanguinários soviéticos, agora o mesmo "Rambo" está lá jogando bombas e mísseis sobre aquelas pessoas, exatamente como faziam os supostos vilões vermelhos.
Só que agora com a desculpa de ser uma "guerra contra o terror" para capturar o terrorista Osama Bin Laden – que, vejam só que ironia, em “Rambo III” podia ser muito bem um daqueles rebeldes Mujahadin do Talibã financiados e armados pelos EUA que ajudam o herói a derrotar os soviéticos!
O absurdo chega a níveis gritantes quando lembramos que o "engajado" Stallone ainda fez questão de incluir a seguinte frase na conclusão da sua obra: "Esse Filme é Dedicado ao Valente Povo do Afeganistão". Como se vê, até o incorruptível Rambo tem "dois pesos e duas medidas". Seria risível se não fosse tão trágico...
Nossa única vingança é saber que o exército soviético abandonou o Afeganistão alguns meses antes do filme estrear nos cinemas, o que deixou tudo ainda mais ridículo e sem sentido ao ponto de decretar seu fracasso nas bilheterias.
Mas, para espanto geral e graças a atual política bélica e reacionária de Bush Júnior, Rambo vai voltar às telas em breve, agora para lutar contra sequestradores e ladrões de suprimentos (clique aqui para ver uma foto do deformado Sylvester Stallone durante as filmagens de "Rambo IV" e corra para o abrigo mais próximo!). Sinceramente, ninguém merece!
Depois de tudo isso alguns incautos e outros nem tanto ainda vêm me falar que o cinema e outros produtos da indústria cultural não sao usados descaradamente como máquina de propaganda imperialista. Imaginem então se fosse...
Cotação: ZERO
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terça-feira, 3 de julho de 2007
Trivia: Ria com Jerry Goldsmith em "Gremlins 2"
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O compositor Jerry Goldsmith visitou o set de filmagens dos dois "Gremlins", do diretor Joe Dante, e foi convidado a aparecer na tela.
Veja neste link a cena do segundo filme em que o ilustre compositor, falecido em 2004, dá o ar de sua graça, ao lado da esposa Carol e com direito a algumas linhas de diálogo!
Lembro quando vi o filme nos cinemas junto com um bando de amigos nerds. A gente fez a maior festa quando o Jerry Goldsmith apareceu, para nossa total surpresa! Naquela época não existia internet e a gente só ficava sabendo dessas coisas na hora mesmo. Velhos tempos...
Leia neste link minha sincera homenagem a um dos maiores compositores de música para o cinema de todos os tempos, Jerry Goldsmith, cuja morte me abalou muito.
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O compositor Jerry Goldsmith visitou o set de filmagens dos dois "Gremlins", do diretor Joe Dante, e foi convidado a aparecer na tela.
Veja neste link a cena do segundo filme em que o ilustre compositor, falecido em 2004, dá o ar de sua graça, ao lado da esposa Carol e com direito a algumas linhas de diálogo!
Lembro quando vi o filme nos cinemas junto com um bando de amigos nerds. A gente fez a maior festa quando o Jerry Goldsmith apareceu, para nossa total surpresa! Naquela época não existia internet e a gente só ficava sabendo dessas coisas na hora mesmo. Velhos tempos...
Leia neste link minha sincera homenagem a um dos maiores compositores de música para o cinema de todos os tempos, Jerry Goldsmith, cuja morte me abalou muito.
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segunda-feira, 2 de julho de 2007
Filmes: "A Soma de Todos os Medos"
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A SOMA DE TODAS AS OFENSAS
Filme pode ser definido pela cena na qual discurso a favor da tolerância e contra imperialismo sai da boca de um nazista.
- por André Lux, crítico-spam
“A Soma de Todos os Medos” é, de longe, um dos filmes mais repulsivos que tive o desprazer de assistir em minha vida. Difícil dizer o que é pior nessa fita que, além de panfletária e ofensiva, é incrivelmente enfadonha.
O lamentável Ben Afleck herda o papel que já foi de Alec Baldwin e Harrison Ford e encarna Jack Ryan, um burocrata da CIA que se encontra a toda hora envolvido em situações capazes de provocar o colapso do sistema capitalista (sinônimo da destruição do mundo, segundo os autores).
Mas tal personagem é tão estúpido que fica impossível sequer cogitarmos levá-lo a sério, ainda mais depois de percebermos que todas as suas sacadas e conselhos geniais vêm sempre de suposições e adivinhações (algumas dignas de Nostradamus, de tão absurdas).
Esse personagem infame já foi visto no cinema antes em “A Caçada Ao Outubro Vermelho”, “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato”, todos baseados em livros do senhor Tom Clancy, que certamente escreve sob contrato com a CIA (Central de Inteligência Americana).
Só mesmo sendo muito ingênuo ou mal intencionado para querer nos fazer acreditar que os agentes dessa organização estadunidense estão espalhados pelo mundo inteiro para "garantir a paz e a liberdade" em nosso planeta Terra, como afirma o diretor da agência interpretado por Morgan Freeman ao discutir o futuro da Chechênia com o presidente da Rússia.
Qualquer pessoa mais bem informada ou com um mínimo de bom senso sabe que os EUA são o pais que mais lucra com a guerra e o menos interessado em ver democracias florescendo - ainda mais em países do dito "terceiro mundo". Democracias verdadeiras (não de brinquedo como temos aqui) não são tão fáceis de serem controladas e manipuladas em favor do capital estrangeiro.
E não eram clones de Jack Ryan que vinham ao Brasil (e tantos outros países) ensinar técnicas de tortura aos nossos militares na época da ditadura ou que atuaram diretamente na derrubada de governos eleitos pelo povo em favor de fascistas e criminosos financiados pelos EUA? Pois é, essa história você não vai ver nos enlatados de Roliúdi...
O mais grotesco de tudo, todavia, é ser obrigado a ver um discurso claramente a favor da tolerância entre as nações e contra o imperialismo dos EUA saindo da boca do vilão do filme (interpretado por um Alan Bates incrivelmente afetado e embonecado), que, pasmem, não passa de um nazista das antigas que quer destruir ambos Rússia e EUA para que sua ideologia possa reinar absoluta no mundo!
Ou seja: na visão dos autores qualquer um que não concorde com as políticas expansionistas de Washington é obviamente um seguidor de Adolf Hitler e, portanto, pode ser exterminado como um cachorro sem dono (o que literalmente acontece no final).
As bravatas ufanistas a favor da suposta “terra da liberdade” são tantas que chegam até a tocar o hino dos EUA quase inteiramente em uma cena! Mas, para quem já está imune a esse tipo de propaganda pró-imperialista, é impossível não rir ao ver os governos estadunidense e russo comunicando-se por meio de um tipo de e-mail em um momento crucial, quando era muito mais fácil simplesmente dar um telefonema.
Sem dizer que o presidente da Rússia usa um intérprete em uma cena, em seguida sai falando inglês fluente, mas no final volta a não entender o idioma. Ou ao observarmos o patético Ryan perambulando pelas ruas de uma cidade em chamas devido à explosão de bomba atômica sem ser afetado pela radiação e ainda usando telefone celular!
Triste é ver um diretor como Phill Alden Robinson, que já foi capaz de realizar obras sensíveis como “O Campo dos Sonhos” e subversivas como “Quebra de Sigilo”, a serviço de uma mensagem tão asquerosa.
Tecnicamente o filme é até correto, mas foi claramente feito de forma burocrática e sonolenta, onde nem mesmo a trilha musical do genial Jerry Goldsmith tem chance de brilhar, até porque o filme é dramaticamente nulo e chato ao extremo.
No final das contas, é fácil concluir que filmes como “A Soma de Todos os Medos” contribuem ainda mais para promover justamente aquilo que dizem ser mais assustador: a intolerância, o preconceito e o radicalismo – e tudo isso disfarçado por uma suposta luta pela liberdade e pela paz.
De acordo com peças publicitárias do Pentágono mascaradas de cinema como essa, alguém atacar os EUA é sempre um "ato de terrorismo", enquanto eles mandarem bombas por aí devem ser encarados como meros "atos de paz".
Depois de tudo isso os estadunidenses ainda vêm tentar passar por pobres vítimas quando terroristas atacam seu pais – e não são eles mesmos, via os produtos da sua indústria cultural, que ensinam com riqueza de detalhes não só como montar uma bomba atômica, mas também como levá-la para dentro de seu território?
Absurdo? Depois dos atentados ao World Trade Center não parece. Afinal, quem semeia vento colhe tempestade...
Cotação: ZERO
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A SOMA DE TODAS AS OFENSAS
Filme pode ser definido pela cena na qual discurso a favor da tolerância e contra imperialismo sai da boca de um nazista.
- por André Lux, crítico-spam
“A Soma de Todos os Medos” é, de longe, um dos filmes mais repulsivos que tive o desprazer de assistir em minha vida. Difícil dizer o que é pior nessa fita que, além de panfletária e ofensiva, é incrivelmente enfadonha.
O lamentável Ben Afleck herda o papel que já foi de Alec Baldwin e Harrison Ford e encarna Jack Ryan, um burocrata da CIA que se encontra a toda hora envolvido em situações capazes de provocar o colapso do sistema capitalista (sinônimo da destruição do mundo, segundo os autores).
Mas tal personagem é tão estúpido que fica impossível sequer cogitarmos levá-lo a sério, ainda mais depois de percebermos que todas as suas sacadas e conselhos geniais vêm sempre de suposições e adivinhações (algumas dignas de Nostradamus, de tão absurdas).
Esse personagem infame já foi visto no cinema antes em “A Caçada Ao Outubro Vermelho”, “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato”, todos baseados em livros do senhor Tom Clancy, que certamente escreve sob contrato com a CIA (Central de Inteligência Americana).
Só mesmo sendo muito ingênuo ou mal intencionado para querer nos fazer acreditar que os agentes dessa organização estadunidense estão espalhados pelo mundo inteiro para "garantir a paz e a liberdade" em nosso planeta Terra, como afirma o diretor da agência interpretado por Morgan Freeman ao discutir o futuro da Chechênia com o presidente da Rússia.
Qualquer pessoa mais bem informada ou com um mínimo de bom senso sabe que os EUA são o pais que mais lucra com a guerra e o menos interessado em ver democracias florescendo - ainda mais em países do dito "terceiro mundo". Democracias verdadeiras (não de brinquedo como temos aqui) não são tão fáceis de serem controladas e manipuladas em favor do capital estrangeiro.
E não eram clones de Jack Ryan que vinham ao Brasil (e tantos outros países) ensinar técnicas de tortura aos nossos militares na época da ditadura ou que atuaram diretamente na derrubada de governos eleitos pelo povo em favor de fascistas e criminosos financiados pelos EUA? Pois é, essa história você não vai ver nos enlatados de Roliúdi...
O mais grotesco de tudo, todavia, é ser obrigado a ver um discurso claramente a favor da tolerância entre as nações e contra o imperialismo dos EUA saindo da boca do vilão do filme (interpretado por um Alan Bates incrivelmente afetado e embonecado), que, pasmem, não passa de um nazista das antigas que quer destruir ambos Rússia e EUA para que sua ideologia possa reinar absoluta no mundo!
Ou seja: na visão dos autores qualquer um que não concorde com as políticas expansionistas de Washington é obviamente um seguidor de Adolf Hitler e, portanto, pode ser exterminado como um cachorro sem dono (o que literalmente acontece no final).
As bravatas ufanistas a favor da suposta “terra da liberdade” são tantas que chegam até a tocar o hino dos EUA quase inteiramente em uma cena! Mas, para quem já está imune a esse tipo de propaganda pró-imperialista, é impossível não rir ao ver os governos estadunidense e russo comunicando-se por meio de um tipo de e-mail em um momento crucial, quando era muito mais fácil simplesmente dar um telefonema.
Sem dizer que o presidente da Rússia usa um intérprete em uma cena, em seguida sai falando inglês fluente, mas no final volta a não entender o idioma. Ou ao observarmos o patético Ryan perambulando pelas ruas de uma cidade em chamas devido à explosão de bomba atômica sem ser afetado pela radiação e ainda usando telefone celular!
Triste é ver um diretor como Phill Alden Robinson, que já foi capaz de realizar obras sensíveis como “O Campo dos Sonhos” e subversivas como “Quebra de Sigilo”, a serviço de uma mensagem tão asquerosa.
Tecnicamente o filme é até correto, mas foi claramente feito de forma burocrática e sonolenta, onde nem mesmo a trilha musical do genial Jerry Goldsmith tem chance de brilhar, até porque o filme é dramaticamente nulo e chato ao extremo.
No final das contas, é fácil concluir que filmes como “A Soma de Todos os Medos” contribuem ainda mais para promover justamente aquilo que dizem ser mais assustador: a intolerância, o preconceito e o radicalismo – e tudo isso disfarçado por uma suposta luta pela liberdade e pela paz.
De acordo com peças publicitárias do Pentágono mascaradas de cinema como essa, alguém atacar os EUA é sempre um "ato de terrorismo", enquanto eles mandarem bombas por aí devem ser encarados como meros "atos de paz".
Depois de tudo isso os estadunidenses ainda vêm tentar passar por pobres vítimas quando terroristas atacam seu pais – e não são eles mesmos, via os produtos da sua indústria cultural, que ensinam com riqueza de detalhes não só como montar uma bomba atômica, mas também como levá-la para dentro de seu território?
Absurdo? Depois dos atentados ao World Trade Center não parece. Afinal, quem semeia vento colhe tempestade...
Cotação: ZERO
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