INSUPORTÁVEL
Tudo é tão mal feito, escuro e histérico que fica impossível até entender o que se passa na tela
- por André Lux, crítico-spam
Fazia tempo que não via um filme tão insuportável quanto esse “Rei Arthur - A Lenda da Espada”. Não bastasse ser mais uma adaptação da batida lenda dos cavaleiros da Távola Redonda, é todo picotado e frenético na edição, ao ponto se tornar inteligível em várias sequências. Acaba parecendo mais uma mera colagem das cut scenes de videogames, aquelas cenas que interligam uma fase do jogo à outra onde você não pode interagir.
Claro que a culpa maior disso é do diretor Guy Ritchie que chamou a atenção em 1998 com o interessante “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, mas depois apenas se repetiu ou lançou porcarias indefensáveis como os dois “Sherlock Holmes”, com Robert Downey Jr. Se o estilo frenético do cineasta já não combinava com as aventuras do detetive da era vitoriana, fica ainda mais ridículo aqui, onde a ação se passa numa época medieval mítica.
“Rei Arthur - A Lenda da Espada” tenta ser uma mistura de “Senhor dos Anéis”, “Game of Thrones” (tem até dois atores da série, um deles o “Littlefinger”), “Vikings”, “Harry Potter”, “Star Wars” (Eu sou seu tio!) e um monte de outros filmes que estão na moda atualmente (tem até um mestre de Kung-Fu!), tudo embalado como se fosse uma aventura moderna e descolada iguais aos filmes iniciais do Guy Ritchie, inclusive com os personagens falando e vestindo-se como se tivessem acabado de sair de um pub na periferia de Londres.
Mas tudo é tão mal feito, escuro e histérico que fica impossível até entender o que se passa na tela, como na sequência onde Arthur tem que ir à ilha sombria passar por provações e testes, mas isso é visto numa mistura de flashbacks e fast-fowards sob uma narração que vai explicando mal e porcamente o que está acontecendo. Não bastasse isso, o roteiro é péssimo e muda vários pontos da lenda clássica, colocando Arthur como filho do rei Uther que é lançado no rio e vira um lutador de rua criado por prostitutas, o que nos obriga a ver várias cenas dele esmurrando pessoas, repetindo a mesma besteira que Ritchie fez com Sherlock Holmes.
O filme já começa de forma risível, com uma batalha onde elefantes gigantescos (10 vezes maiores que os do “Senhor dos Anéis”) atacam Camelot sob o comando do mago Mordred, que além disso ainda joga bolas de fogo que desintegram os soldados inimigos. Mas bastou Uther Pendragon dar uma de Legolas, subir no elefante do chefe e, pronto, usando a poderosa espada Excalibur corta a cabeça do mago do mal. Por sinal, a famosa espada aqui funciona quase como o martelo do Thor e a gente nunca fica sabendo a extensão de seus poderes.
Aí descobrimos que tudo isso não passou de um plano engendrado pelo irmão do rei (Jude Law, que tem cara de almofadinha e não convence como vilão, perdendo-se em uma atuação digna dos piores canastrões) que se uniu ao Mordred para tomar o poder. Mas, como não dá certo, ele vai ao porão do castelo (hein?) e chama a vilã Úrsula de “A Pequena Sereia” que, depois de um sacrifício, o transforma numa mistura de Balrog com Sauron e, pronto, ele derrota o irmão e toma o trono. O que nos faz perguntar: se tinha esse poder todo à disposição, por que não o usou logo de cara?
O protagonista é feito por um loiro aguado (Charlie Hunnam de “Círculo de Fogo”) que tem a expressão de uma escultura de pedra e o carisma de uma ostra em coma. Para atrapalhar mais ainda, seu personagem não tem qualquer desenvolvimento e age de forma estúpida e petulante o tempo todo. Nem mesmo a cena em que tira a espada da pedra tem qualquer impacto, de tão forçada e mal encenada. Também não faz o menor sentido ele ter problemas em aceitar a Excalibur, muito menos as ações da maga que o ajuda. No final ela conjura uma cobra gigante que simplesmente aparece do nada e mata quase todos os malvados, o que nos faz perguntar novamente: por que não usou tal poder antes?
A trilha musical de Daniel Pemberton é ensurdecedora e completamente incongruente com o que vemos na tela, parecendo mais rejeitos de alguma banda de trash metal. A fotografia é escura e esmaecida, os efeitos visuais parecem pior do que muitos videogames e a única coisa que se salva às vezes é o desenho de produção.
Se você quiser conhecer a lenda do Rei Arthur, melhor mesmo ver “Excalibur”, do John Boorman (1981), ou então a sátira demolidora “Em Busca do Cálice Sagrado”, do Monty Phyton. Fuja desse “Rei Arthur” metido a besta!
Cotação: *
domingo, 21 de maio de 2017
sexta-feira, 12 de maio de 2017
Cine-Trash: "Alien: Covenant"
VAI ********!
Faltam-me adjetivos depreciativos para classificar esse novo candidato a obra-prima do cinema trash!
- por André Lux, crítico-spam
O diretor Ridley Scott conseguiu fazer algo impensável: uma continuação de “Prometheus” ainda pior que o anterior. Apesar de levar o título “Alien”, praticamente nada tem a ver com a série original e mesmo o monstro clássico aparece só no final e de maneira ridícula. Porra, tem uma cena que o alien sai de dentro do peito de um sujeito já parecido com a sua forma final, fica em pé e abre os bracinhos, conseguindo ser mais ridículo que a paródia feita por Mel Brooks em "Spaceballs"! Vai ********!
Perto desse lixo, “Prometheus” nem parece tão ruim, ao menos tinha algum clima e pretensão de contar uma história minimamente interessante, mesmo que falhando fragorosamente. Bom, comparado a isso até os "Alien Vs. Predador" parecem filmes classe A!
O roteiro desse “Alien: Covenant” basicamente pega tudo de interessante em “Prometheus”, joga na privada e enfatiza o que havia de pior. Toda aquela história sobre os Engenheiros que teriam criado a vida na Terra é resolvida da maneira mais infame possível e abandonada sem a menor explicação. O que sobra então é um amontoado de cenas desconexas umas das outras, com os personagens agindo sempre da forma mais estúpida e inverossímil possível.
Os astronautas, por exemplo, chegam no novo planeta para explorar e, claro, resolvem descer nele na mesma hora bem no meio de um gigantesco furacão! Obviamente, quase morrem na descida e ficam sem contato com a nave mãe, mas assim que pousam já saem andando numa boa, sem qualquer proteção (que tal um traje hermético?), metendo a mão e pisando em tudo que enxergam, inclusive uns casulos estranhos que, adivinha, soltam esporos que contaminam alguns e fazem brotar de dentro deles em questão de minutos uns aliens brancos risíveis! Por sinal, esses esporos e os monstros que saem deles acabam sendo muito mais terríveis que os próprios Aliens!
A única relação com “Prometheus” se dá com um subtexto religioso idiota que não leva a lugar algum e com a aparição do androide David (o coitado do Michael Fassbender, completamente perdido e que ainda tem que dobrar fazendo o outro androide Walter). Ele está há uns 10 anos lá e virou um psicopata completo com delírios de grandeza que cultiva e tenta aperfeiçoar os xenomorfos para acabar com a raça humana... Como é que é? Essa bobagem contamina os filmes originais, pois de um predador perfeito o Alien se transforma num experimento genético criado por um androide defeituoso? Tenha dó!
Enfim, é tanta estupidez junta que fica até difícil de resumir e, sinceramente, pode até dar a impressão que o filme é algo mais do que uma refilmagem de “Sexta-Feira 13” com uns aliens digitais toscos no lugar do Jason, matando adolescente no chuveiro (não estou brincando, tem uma cena assim mesmo!).
O elenco do filme é simplesmente pavoroso. Conseguiram até enfiar o insuportável James Franco no meio dessa josta, mas felizmente ele vira torrada antes mesmo de sair do casulo de hibernação e só aparece brevemente num vídeo pré-gravado! Ridley Scott, que já foi um dos maiores cineastas do mundo, deve ter dirigido “Alien: Covenant” sob o efeito de soníferos ou alcoolizado, pois nem mesmo esteticamente bonito o filme é. Na parte final, principalmente, impressiona a ruindade da cinematografia e da edição que chegam a níveis amadorísticos. A conclusão então não tem pé nem cabeça e é do tipo que vai fazer você se contorcer em agonia frente a tanta estupidez!
A trilha musical de um tal de Jed Kurzel é fraca e fica mais lamentável quando tenta incorporar os temas originais criados pelo mestre Jerry Goldsmith para o primeiro “Alien” - o que serve apenas para nos lembrar do quanto era genial aquele filme produzido lá atrás em 1979 e que parece mil vezes mais bem feito e moderno do que esse lixo feito em 2017, com o triplo de dinheiro e recursos.
Faltam-me adjetivos depreciativos e pontos de exclamação para classificar esse novo candidato a obra-prima do cinema trash – e olha que fui ao cinema com a expectativa bem baixa! É lamentável para qualquer fã da série original ver o sensacional Alien ser transformado em um mero caça-níqueis para que o decadente Ridley Scott possa pagar suas contas atrasadas. Tomara que seja um fracasso nas bilheterias para que ele volte sua atenção para outras bandas. Ninguém merece!
Cotação: *
A única relação com “Prometheus” se dá com um subtexto religioso idiota que não leva a lugar algum e com a aparição do androide David (o coitado do Michael Fassbender, completamente perdido e que ainda tem que dobrar fazendo o outro androide Walter). Ele está há uns 10 anos lá e virou um psicopata completo com delírios de grandeza que cultiva e tenta aperfeiçoar os xenomorfos para acabar com a raça humana... Como é que é? Essa bobagem contamina os filmes originais, pois de um predador perfeito o Alien se transforma num experimento genético criado por um androide defeituoso? Tenha dó!
Enfim, é tanta estupidez junta que fica até difícil de resumir e, sinceramente, pode até dar a impressão que o filme é algo mais do que uma refilmagem de “Sexta-Feira 13” com uns aliens digitais toscos no lugar do Jason, matando adolescente no chuveiro (não estou brincando, tem uma cena assim mesmo!).
O elenco do filme é simplesmente pavoroso. Conseguiram até enfiar o insuportável James Franco no meio dessa josta, mas felizmente ele vira torrada antes mesmo de sair do casulo de hibernação e só aparece brevemente num vídeo pré-gravado! Ridley Scott, que já foi um dos maiores cineastas do mundo, deve ter dirigido “Alien: Covenant” sob o efeito de soníferos ou alcoolizado, pois nem mesmo esteticamente bonito o filme é. Na parte final, principalmente, impressiona a ruindade da cinematografia e da edição que chegam a níveis amadorísticos. A conclusão então não tem pé nem cabeça e é do tipo que vai fazer você se contorcer em agonia frente a tanta estupidez!
A trilha musical de um tal de Jed Kurzel é fraca e fica mais lamentável quando tenta incorporar os temas originais criados pelo mestre Jerry Goldsmith para o primeiro “Alien” - o que serve apenas para nos lembrar do quanto era genial aquele filme produzido lá atrás em 1979 e que parece mil vezes mais bem feito e moderno do que esse lixo feito em 2017, com o triplo de dinheiro e recursos.
Faltam-me adjetivos depreciativos e pontos de exclamação para classificar esse novo candidato a obra-prima do cinema trash – e olha que fui ao cinema com a expectativa bem baixa! É lamentável para qualquer fã da série original ver o sensacional Alien ser transformado em um mero caça-níqueis para que o decadente Ridley Scott possa pagar suas contas atrasadas. Tomara que seja um fracasso nas bilheterias para que ele volte sua atenção para outras bandas. Ninguém merece!
Cotação: *
quarta-feira, 10 de maio de 2017
Jerry Goldsmith ganha estrela na calçada da fama
O compositor Jerry Goldsmith ganhou sua estrela na calçada da fama de Hollywood. Confira a cerimônia.
quinta-feira, 4 de maio de 2017
Filmes: "Guardiões da Galáxia - Vol. 2"
MELHOR QUE O PRIMEIRO
Tom de comédia assumido deixa o filme mais leve e esconde furos e besteiras
- por André Lux, crítico-spam
Esse novo “Guardiões da Galáxia – Vol. 2” é melhor que o primeiro, mas ainda tem alguns problemas básicos. Primeiro, batalhas espaciais exageradas demais, como a do começo onde os heróis são atacados por um enxame de milhares de naves, o que torno tudo confuso e difícil de seguir.
Tom de comédia assumido deixa o filme mais leve e esconde furos e besteiras
- por André Lux, crítico-spam
Esse novo “Guardiões da Galáxia – Vol. 2” é melhor que o primeiro, mas ainda tem alguns problemas básicos. Primeiro, batalhas espaciais exageradas demais, como a do começo onde os heróis são atacados por um enxame de milhares de naves, o que torno tudo confuso e difícil de seguir.
A trama, igual a quase todos os filmes da Marvel, novamente gira em torno de um super-ser buscando algo poderoso para poder se tornar ainda mais poderoso, embora aqui só revelem quase no final e aí o filme desande um pouco para aquelas lutas exageradas.
Mas ao menos o humor é mais explícito, as piadas mais inteligentes (conseguiu me fazer rir muito na cena do salto entre os portais) e o filme é bem menos violento que o anterior. O elenco está mais à vontade e a química entre eles funciona. Kurt Russel surge como o pai do herói e é sempre um ator carismático. Até o Stallone dá as caras, mas não tem nada a fazer no que é basicamente uma ponta para introduzir um personagem que vai aparecer em outros filmes derivados desse.
Forçam a barra para transformar o personagem Yondu (feito pelo competente Michael Rooker) em algo muito maior do que um reles mercenário que usava e abusava do protagonista, mas sinceramente achei piegas e não convincente, especialmente quando tem a cena final apoteótica.
Gostei do desenho de produção e das lutas bem coreografadas. No começo o diretor tenta mudar o foco, prendendo a câmera no bebê Groot enquanto os heróis enfrentam um monstro enorme e a gente só consegue ver eles brigando no canto da tela enquanto o ser de madeira dança ao som de uma das músicas pop que recheiam a trilha. Nos créditos finais aparecem nada menos que cinco cenas (mas quase nada acrescentam), no que já virou marca registrada da Marvel.
Não é grande coisa, mas o tom de comédia assumido deixa o filme mais leve e esconde os furos e besteiras. Dá pra assistir sem se aborrecer.
Cotação: * * *
Mas ao menos o humor é mais explícito, as piadas mais inteligentes (conseguiu me fazer rir muito na cena do salto entre os portais) e o filme é bem menos violento que o anterior. O elenco está mais à vontade e a química entre eles funciona. Kurt Russel surge como o pai do herói e é sempre um ator carismático. Até o Stallone dá as caras, mas não tem nada a fazer no que é basicamente uma ponta para introduzir um personagem que vai aparecer em outros filmes derivados desse.
Forçam a barra para transformar o personagem Yondu (feito pelo competente Michael Rooker) em algo muito maior do que um reles mercenário que usava e abusava do protagonista, mas sinceramente achei piegas e não convincente, especialmente quando tem a cena final apoteótica.
Gostei do desenho de produção e das lutas bem coreografadas. No começo o diretor tenta mudar o foco, prendendo a câmera no bebê Groot enquanto os heróis enfrentam um monstro enorme e a gente só consegue ver eles brigando no canto da tela enquanto o ser de madeira dança ao som de uma das músicas pop que recheiam a trilha. Nos créditos finais aparecem nada menos que cinco cenas (mas quase nada acrescentam), no que já virou marca registrada da Marvel.
Não é grande coisa, mas o tom de comédia assumido deixa o filme mais leve e esconde os furos e besteiras. Dá pra assistir sem se aborrecer.
Cotação: * * *