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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Filmes: "A Chegada"

DE ARREPIAR

É muito bom ver que o cinema comercial estadunidense ainda é capaz de lançar filmes com uma mensagem de tolerância, entendimento e paz tão arrebatadora

- por André Lux, crítico-spam


É sempre muito bom ver que o cinema comercial estadunidense ainda é capaz de lançar filmes como “A Chegada”, ricos em significados e com uma mensagem de tolerância, entendimento e paz tão arrebatadora. Certamente é a mais inteligente ficção científica séria desde “Contato”, com Jodie Foster.

O filme é dirigido por Dennis Villenueve, um franco-canadense que tem uma obra de respeito mundo afora, mas de quem que eu só vi “Incêndios”, certamente um dos filmes mais perturbadores dos últimos tempos, ao ponto de ter que parar de assistir no meio, tamanho o impacto. Ainda não tive coragem de continuar, mas agora serei obrigado. Fez também “Sicario”, mas esse realmente achei banal por causa da trama sobre o combate ao narcotráfico na fronteira entre EUA e México, um tema por demais batido e tolo. Está dirigindo também a nova versão (ou continuação) de “Blade Runner”e por isso esse projeto aparentemente suicida ganha minha simpatia por hora.

Mas seu estilo de direção preciso e sua segurança narrativa certamente chegaram ao ápice aqui, no que poderia ser descrito como um “Independence Day” levado a sério, afinal trata-se da “invasão” de várias naves desconhecidas que até se parecem com as do filme-pipoca de Roland Emmerich. Mas as semelhanças terminam por aí, pois o foco de “A Chegada” está nas tentativas dos humanos de se comunicarem com os alienígenas e na construção de um entendimento entre as duas linguagens.

Neste quesito o filme é primoroso ao mostrar como a boa comunicação é fundamental para gerar equilíbrio, harmonia e paz. Ou vice-versa, isto é, pânico, desentendimentos e conflitos em qualquer esfera de relacionamentos. Impossível desgrudar os olhos da tela quando os cientistas começam a tentar se comunicar com os aliens, em sequências de tirar o fôlego que se beneficiam em grande parte pela atuação natural e sincera de Amy Adams, que até agora só tinha aparecido em comédias românticas ou com a namorada do Superman nos horríveis filmes do “Homem de Aço”.

Não bastasse isso, “A Chegada” também brilha ao mostrar como os diferentes tipos de linguagem e comunicação podem mudar a percepção da realidade das pessoas e como o tempo é precioso e pode ter diferentes tipos de impacto em nossas vidas. Os diversos flashbacks que mostram o relacionamento da linguista com uma criança (e que depois descobrimos ser algo totalmente diferente) são a chave para a descoberta dos mistérios dos visitantes e servem para deixar a mensagem do filme ainda mais emocionante. Impossível conter as lágrimas durante a conclusão, certamente uma das mais estimulantes apresentadas pelo cinema recentemente, ao ponto de fazer você querer assistir ao filme novamente com urgência.

O início e a conclusão da obra são pontuados por uma bela música composta por Max Richter, chamada “On the Nature of Daylight”, enquanto o restante da trilha de autoria de um certo Jóhann Jóhannsso é formada por uma partitura praticamente atonal e calcada em sonoridades que buscam realçar o clima de suspense e estranheza dos contatos imediatos.

Não há muito mais o que dizer. Vá e veja. É de arrepiar.

Cotação: * * * * *

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Filmes: "Doutor Estranho"

MAIS DO MESMO

Filme segue a fórmula já batida, porém segura, da maioria das adaptações que trazem a origem dos heróis

- por André Lux, crítico-spam


Está havendo uma saturação de filmes sobre super-heróis nos cinemas, com Marvel e DC competindo para ver quem lança mais filmes no ano. Até agora a Marvel tem levado a melhor, com filmes dinâmicos, curtos e divertidos, enquanto a DC se perde em produções pesadas, longas e irritantes.

Surge agora esse “Doutor Estranho”, criado por Stan Lee e Steve Ditko, um médico arrogante que sofre acidente (extremamente exagerado no filme), sai em busca de uma cura para sua condição e acaba virando um poderoso mago.

Uma premissa até interessante, mas que acaba sendo desperdiçada por um roteiro que copia fórmulas já utilizadas antes nos outros filmes baseados em quadrinhos, principalmente “Batman Begins” e “Homem de Ferro”, e em soluções visuais que lembram demais “A Origem” e até “Matrix”. Ou seja, é mais do mesmo.

Não gosto muito do ator Benedict Cumberbatch, que faz o protagonista, pois atua sempre de forma posada, fria e artificial, fatores que impedem qualquer empatia com os personagens que representa. O filme falha em explicar a mudança na personalidade do sujeito, que teria que se livrar do seu enorme ego para conseguir praticar as magias, algo que acontece de forma absolutamente superficial – aparentemente, basta ser abandonado no meio do Himalaia e, pronto, você vira uma pessoa super humilde e capaz de abrir portais dimensionais imediatamente.

Também não fica claro de onde vem os poderes mágicos do Doutor Estranho (ele retira sua força do universo ou isso é algo que vem de dentro dele?), muito menos quais são extensões e regras deles, um problema que atrapalha a maioria dos filmes de super-heróis atualmente (como o Thor, por exemplo, que em uma cena só consegue voar depois de girar seu martelo, mas em outra sai voando sozinho e pega o martelo no ar).

O filme segue a fórmula já batida, porém segura, da maioria das adaptações que trazem a origem dos heróis, culminando com uma batalha contra os vilões, cujo líder aqui é o ótimo ator dinamarquês Madds Mikelsen totalmente desperdiçado, exceto por uma única cena onde ao menos tem um longo monólogo durante o qual tenta dar alguma profundidade aos atos do seu personagem.

Claro que os fãs do personagem e de quadrinhos em geral vão dar uma banana pra tudo isso que escrevi e certamente adorarão o filme, que em última instância foi feito para eles mesmo. O resto dos mortais talvez não ache tanta graça assim, infelizmente.

Cotação: * *

Séries: "The Walking Dead"

JÁ DEU

Só a primeira temporada foi realmente interessante e capaz de gerar alguma emoção

- por André Lux, crítico-spam


Apesar de manter o bom nível técnico, só a primeira temporada de “The Walking Dead” foi realmente interessante e capaz de gerar alguma emoção, basicamente por apresentar algum propósito na busca dos sobreviventes por respostas e até mesmo uma cura para a praga que transformava todo mundo em zumbis.

Da segunda temporada em diante essa busca foi deixada de lado e sobrou acompanhar os protagonistas perambulando de um lado para o outro enquanto são perseguidos por zumbis ou encontram outros sobreviventes que ou são bonzinhos como ele ou são psicopatas malvados que desejam prendê-los ou até servi-los em banquetes canibais.

Outro problema é que como antagonistas, os mortos-vivos são muito fracos e sem graça, já que não passam de seres desmiolados e decrépitos cuja motivação única é agarrar e morder os humanos não-infectados. Por um tempo até dá para aturar isso, mas chega uma hora que perde a graça e aí os zumbis viram figurantes em sua própria série, obrigando os roteiristas a concentrarem o foco nos dramas pessoais dos protagonistas, que aqui, verdade seja dita, são muito rasos, para não dizer chatos.

Outra coisa que incomoda é que depois de sete temporadas da série, não tem qualquer lógica eles continuarem achando comida em supermercados ou bares, já que tudo que foi produzido antes do apocalipse zumbi já teria estragado. O que levanta outra questão: quanto tempo dura um morto-vivo sem ter seu corpo totalmente apodrecido e se desfazer?

Enfim, tudo isso seria perdoável se a série tivesse mantido algum senso de propósito, de busca ou redenção, personagens mais interessantes e dramas menos mundanos e banais, já que a série se passa num mundo destruído e infestado por monstros. Do que jeito que está, já deu. Faz tempo.

Cotação: * *