CAFÉ REQUENTADO
O maior problema do filme é que acaba se parecendo muito com
outros sobre missões a Marte
- por André Lux, crítico-spam
“Perdido em Marte” é o melhor filme do outrora grande cineasta
Ridley Scott em anos, mas isso não quer dizer muito já que seus últimos filmes resultaram
medíocres ou simplesmente ruins (“Prometheus” sendo o pior). O que não deixa de
ser triste para alguém que já foi capaz de produzir maravilhas da sétima arte
como “Os Duelistas”, “Alien” e “Blade Runner”.
O maior problema deste filme estrelado por Matt Damon é que
acaba se parecendo muito com outros recentes sobre missões espaciais a Marte. Em
“Missão Marte”, de Brian de Palma, um dos astronautas também é forçado a sobreviver
por anos usando apenas suas habilidades e o material que tinha disponível
depois que a missão fracassa e todos morrem (embora o foco do filme não seja
nele, mas na missão de resgate). Enquanto
em “Planeta Vermelho”, estrelado por Val Kilmer, a conclusão e várias outras passagens
são praticamente idênticas ao que vemos em “Perdido em Marte”.
O filme é bem conduzido e Damon está em seus melhores dias,
porém tudo fica com aquele gosto de café requentado e morno. Além disso, é visualmente
medíocre e não tem grandes cenas, o que mostra o declínio de Scott como esteta.
As piadas recorrentes do protagonista sobre a seleção musical de canções pop
dos anos 80 deixada pela capitã da missão também não empolgam e “Perdido em
Marte” tem uma trilha musical sem impacto algum, composta por um dos muitos discípulos
do abominável Hans Zimmer.
Apesar do bom elenco, a maioria não tem muito o que fazer e
apenas Damon tem chance de brilhar. A ajuda que os chineses dão à missão de
resgate do astronauta tem impacto zero na trama e é apenas uma daquelas coisas
que o cinema estadunidense tenta fazer atualmente para deixar seus novos filmes
agradáveis ao mercado da China.
Enfim, é perfeitamente consumível, mas não chega a empolgar
e está muito aquém do talento que Scott demonstrou no passado.
Cotação: * * 1/2