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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Filmes: "Abril Despedaçado"

PRETENSÃO DEMAIS

Embora técnicamente brilhante, filme peca pelo excesso de maneirismos e pela falta de um final realmente forte e impactante

- por André Lux, crítico-spam

Depois do impressionante (e merecido) sucesso de CENTRAL DO BRASIL no mundo inteiro, o diretor Walter Salles resolveu adaptar para o sertão nordestino um livro de Ismail Kadaré que se passa nos Balcãs e narra a história de duas famílias rivais que se matam em nome da honra e do "olho por olho".

O roteiro narra o momento em que o filho mais velho dos miseráveis Breves (Rodrigo Santoro, que tem cara de tudo menos de nordestino miserável) tem que matar o assassino de seu irmão, perpetuando assim o ciclo de bestialidade e vingança que rege a vida deles. O único que se revolta contra isso tudo é o caçula (Ravi Ramos Lacerda) que é resposável por uma das melhores falas do filme: "Em terra de cego, quem tem olho o pessoal acha que é doido!".

Apesar da trama forte e pertinente (que poderia ter rendido um excelente paralelo com a vida moderna), os realizadores de ABRIL DESPEDAÇADO optaram por uma aproximação calculadamente fria, construída sobre emoções contidas e cenografia altamente estilizada. Tudo isso com um único motivo: preparar o caminho para o final que deveria trazer uma explosão de emoções, causando assim a redenção dos personagens e, de quebra, do espectador.

Infelizmente, Salles falhou na conclusão e com ele foi a pretensão de transformar ABRIL DESPEDAÇADO em um novo CENTRAL DO BRASIL, que era emocionante justamente por ser singelo e honesto. Aqui tudo é friamente calculado para parecer distante e árido, inclusive o sofrimento e a dor dos personagens. Se José Dumont dá um banho de interpretação no papel do patriarca dos Breves, homem duro e ignorante, o mesmo não se pode dizer do resto do elenco, onde o maior problema é justamente o impassível Santoro que falha em sua cena chave e compromete o filme deixando claro que ainda não tem condições de levar um roteiro desses nas costas.

Embora técnicamente brilhante, onde os destaques são a fotografia do mestre Walter Carvalho e a música de Antônio Pinto, ABRIL DESPEDAÇADO peca justamente pelo excesso de maneirismos e pela falta de um final realmente forte e impactante que justifique tamanha pretensão. Uma pena.

Cotação: **1/2