OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS?
Filmes sobre política geralmente não caem bem no gosto popular, porém este merece ser visto e, principalmente, debatido, pois levanta questões que não possuem respostas fáceis.
- por André Lux, crítico-spam
George Clooney, em seu quarto trabalho na direção, mostra que é um cineasta inteligente e engajado politicamente. “Tudo Pelo Poder” (adaptação pobre para o título original “Os Idos de Março”, uma referência a Julio Cesar, de Shakespeare) é um filme sobre os bastidores da campanha política de dois candidatos do partido Democrata que pleiteiam a vaga para a próxima disputa pela presidência da república dos EUA. Um deles, interpretado por Clooney, é um homem de fortes ideais humanistas e trabalhistas e que defende projetos francamente radicais (como acabar com os motores de combustão a petróleo e taxar os milionários, coisas que soam como total heresia na sociedade de consumo dos EUA).
Por trás dele existem dois assessores, especializados no jogo político. O mais experiente e calejado, interpretado por Phillip Seymour Hoffman com seus maneirismos de sempre, e o novato e cheio de ideais nobres (o excelente Ryan Gosling, de “Diários de Uma Paixão”). A trama traz o básico nesse tipo de filme: intrigas, traições, decepções, suspeitas, as chantagens da mídia e debates sobre ideologias. Mas acima de tudo, Clooney deixa no ar a pergunta mais importante de todas quando se trata de política e eleições: afinal, os fins justificam os meios?
Quem vai ter que respondê-la é justamente o assessor jovem e idealista que descobre, da pior maneira possível, que seu estimado candidato é, afinal de contas, apenas um ser humano com qualidades e defeitos. Assim Clooney, que também é co-autor do roteiro inspirado em uma peça de teatro, mostra de forma contundente que todo ser humano é passível de falhas e de cometer atos desprezíveis, mesmo que tenha bom caráter e as melhores intenções. E é justamente essas falhas e deslizes que os políticos sem escrúpulos buscam encontrar espionando e escrutinando com uma lupa a vida de seus adversários.
“Tudo Pelo Poder” é também uma verdadeira aula de realpolitik, algo que todo radical de esquerda deveria entender de uma vez por todas: no sistema democrático capitalista não é possível ganhar uma eleição e governar sem fazer concessões e alianças, mesmo que elas em última instância manchem os nobres ideais daquele político ou de seu partido. Quem não entende isso, obviamente não pode ser levado a sério quando se fala em disputa política dentro do atual sistema eleitoral, a não ser é claro que queira apenas servir de bobo da corte, tanto à direita quando à esquerda.
Filmes sobre política geralmente não caem bem no gosto popular, porém “Tudo Pelo Poder” merece ser visto e, principalmente, debatido, pois levanta questões que não possuem respostas fáceis. Assista e comprove.
Cotação: * * * *
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Blu-Ray: Trilogia "Jurassic Park"
JURASSIC PARK: O PARQUE DOS DINOSSAUROS
DINOSSAUROS PSICOPATAS
Spielberg mexeu demais na história e banalizou e diluiu uma trama extremamente rica e promissora
- por André Lux, crítico-spam
É uma decepção total essa adaptação do best seller JURASSIC PARK, escrito pelo também cineasta Michael Crichton (COMA, O 13º GUERREIRO). Mas a culpa é do diretor Steven Spielberg, que mexeu demais na história e banalizou e diluiu uma trama extremamente rica e promissora.
Quem leu o livro de Crichton sabe que ele estava mais interessado em abordar a questão da intervenção do homem na natureza, principalmente na genética - tema que o filme explora de maneira débil.
Em uma das passagens mais terríveis do livro, por exemplo, o dr. Grant (Sam Neil) descobre que os dinossauros, criados todos fêmeas pela engenharia genética, estão se reproduzindo na ilha, fator que, somado aos acontecimentos descritos no início do livro, indicam nada menos do que a extinção da raça humana. No filme, a descoberta é seguida de um sorrisinho do tipo "ohhhh, eles estão se reproduzindo, que fofo!".
Entretanto, o livro não se limita a discussão intelectual e filosófica, pois traz momentos realmente genuínos de tensão e aventura, além de uma quantidade impressionante de perseguições e dinossauros dos mais variados tipos. Já JURASSIC PARK, o filme, é basicamente um engodo, pois é visivelmente um filme de segunda unidade, já que Spielberg estava com sua atenção voltada totalmente para A LISTA DE SCHINDLER, que foi filmado simultaneamente. A trama foi sumariamente reduzida e idiotizada e o sucesso do filme justifica-se apenas pela estrondosa campanha de marketing em cima dos efeitos especiais digitais que embora impressionem, são poucos, já que a maioria das criaturas era mesmo animatronicks criadas pelo saudoso Stan Winston.
A única cena realmente boa do filme é a da chegada à ilha, que conseguiu reproduzir por alguns momentos (graças à majestosa trilha musical de John Williams) aquele clima mágico dos filmes antigos de Spielberg. Mas tirando isso e uma ou outra cena de suspense legítimo, o resto de JURASSIC PARK resume-se a uma correria desenfreada e cansativa, onde além da canastrice geral do elenco, temos que aturar criancinhas metidas a engraçadinhas, dinossauros psicopatas (que perseguem os personagens sem nenhuma explicação lógica e abrem até portas!) e incriveis furos no roteiro (como a jaula do T-Rex, que em uma cena fica no nível do solo, mas instantes depois é mostrada como um altíssimo precipício).
A expressão "muito barulho por nada" nunca fez tanto sentido para descrever um filme como JURASSIC PARK - embora a continuação O MUNDO PERDIDO tenha conseguido a proeza de ser ainda pior!
Cotação: **1/2
JURASSIC PARK: O MUNDO PERDIDO
DINOSSAUROS PSICOPATAS: O RETORNO
Mais uma vez somos obrigados a ver personagens burros e esquemáticos correndo de um lado para o outro enquanto são perseguidos por monstros digitais
- por André Lux, crítico-spam
Não dava mesmo para esperar muito desse O MUNDO PERDIDO, seqüência do já fraco JURASSIC PARK. Mas Spielberg e sua trupe realmente superaram-se! É difícil dizer o que é pior nesse filme, que mais parece uma produção B de Roger Corman, só que sem o charme e o clima de auto-gozação daquelas películas.
Não há história, já que O MUNDO PERDIDO basicamente é uma refilmagem do primeiro filme. Mais uma vez somos obrigados a ver um monte de personagens burros e esquemáticos correndo de um lado para o outro enquanto são perseguidos (e devorados) por dinossauros digitais psicopatas.
Entretanto, o troféu abacaxi certamente vai para Jeff Goldblum (no auge da canastrice) e sua filha que proferem alguns dos diálogos constrangedores em atuações amadorísticas. Sem falar que o personagem dele, o dr. Ian Malcom, mudou completamente de personalidade de um filme para o outro! Nem mesmo a sempre competente Juliane Moore salva-se, completamente perdida em um personagem irritante, profundo como uma poça d'água e extremamente burro. O que dizer então do cientista/ativista "interpretado" por Vince Vaughan, que passa o filme todo dizendo frases de efeito e piadinhas fora de hora - e que simplesmente evapora na segunda parte do filme?
Para piorar tudo, os conflitos e situações de perigo são filmados apressada e displicentemente (tipo, "deixa como está que o pessoal da computação gráfica dá um jeito") e as cenas de ação são forçadas e banais - atingindo o ápice do rídículo na seqüência onde a menina negra derrota um Velociraptor usando seus dotes de ginástica olímpica!
No final, um T-Rex corre solto pela cidade de San Diego e, em uma seqüência grotesca, devora um homem interpretado pelo próprio roteirista do filme, David Koepp. Pena que isso não tenha acontecido na vida real, pois daí não teríamos que aturar mais essa irritante bomba cinematográfica que não serve nem mesmo como comédia involuntária...
Cotação: *
JURASSIC PARK III
DINOSSAUROS DIVERTIDOS, ENFIM!
Filme é divertido, alucinante, assumidamente B e, por que não, verdadeiramente assustador.
- por André Lux, crítico-spam
Depois do decepcionante JURASSIC PARK e da ridícula continuação O MUNDO PERDIDO, esse JURASSIC PARK III parecia ser o fundo do poço para o franchise baseado no ótimo livro de Michael Crichton.
Mas, para surpresa geral, o terceiro exemplar da série é o mais divertido e bem realizado de todos. Tudo bem, não é nem de longe uma "obra-prima" da sétima arte, mas é exatamente a falta de pretensão (que sobrou no primeiro) e da pieguice do segundo, que transforma este filme em uma boa pedida para quem está em busca de ação e aventura incessantes.
Basicamente não há história - até aí nenhuma novidade, já que os outros dois também não tinham - e o roteiro aproveita diversas situações dos livros, que haviam ficado de fora dos dois primeiros filmes (como toda a sequência dentro da gaiola dos Pterodáctilos, o ataque no barco e mesmo a conclusão). Entretanto, o maior acerto do filme é não se levar a sério, evitando papo-furado pseudo científico e as irritantes piadinhas fora de hora (fatores que ajudaram a arruinar os anteriores).
E finalmente os dinossauros são mostrados em toda sua grandeza, lutando, destruindo e comendo gente sem dó, ao contrário da baboseira politicamente correta imposta por Spielberg nas outras produções - nos quais as cenas mais eletrizantes ficavam por conta de carros pendurados em desfiladeiros. Por sinal, a saída de Spielberg da direção parece ter sido a melhor coisa que poderia acontecer com a série, já que Joe Johnston ficou livre para ir direto à jugular do espectador, tendo a seu lado efeitos especiais assombrosos.
Também é uma grata surpresa a ausência de criancinhas chatas e intrometidas e de Jeff Goldblum, cuja atuação constrangedora arrasou o segundo filmes.
Enfim, JURASSIC PARK III é tudo aquilo que os dois antecessores não eram: divertido, alucinante, assumidamente B e, por que não, verdadeiramente assustador. Sem dúvida uma boa surpresa - se você não estiver esperando muito mesmo...
Cotação: ***
DINOSSAUROS PSICOPATAS
Spielberg mexeu demais na história e banalizou e diluiu uma trama extremamente rica e promissora
- por André Lux, crítico-spam
É uma decepção total essa adaptação do best seller JURASSIC PARK, escrito pelo também cineasta Michael Crichton (COMA, O 13º GUERREIRO). Mas a culpa é do diretor Steven Spielberg, que mexeu demais na história e banalizou e diluiu uma trama extremamente rica e promissora.
Quem leu o livro de Crichton sabe que ele estava mais interessado em abordar a questão da intervenção do homem na natureza, principalmente na genética - tema que o filme explora de maneira débil.
Em uma das passagens mais terríveis do livro, por exemplo, o dr. Grant (Sam Neil) descobre que os dinossauros, criados todos fêmeas pela engenharia genética, estão se reproduzindo na ilha, fator que, somado aos acontecimentos descritos no início do livro, indicam nada menos do que a extinção da raça humana. No filme, a descoberta é seguida de um sorrisinho do tipo "ohhhh, eles estão se reproduzindo, que fofo!".
Entretanto, o livro não se limita a discussão intelectual e filosófica, pois traz momentos realmente genuínos de tensão e aventura, além de uma quantidade impressionante de perseguições e dinossauros dos mais variados tipos. Já JURASSIC PARK, o filme, é basicamente um engodo, pois é visivelmente um filme de segunda unidade, já que Spielberg estava com sua atenção voltada totalmente para A LISTA DE SCHINDLER, que foi filmado simultaneamente. A trama foi sumariamente reduzida e idiotizada e o sucesso do filme justifica-se apenas pela estrondosa campanha de marketing em cima dos efeitos especiais digitais que embora impressionem, são poucos, já que a maioria das criaturas era mesmo animatronicks criadas pelo saudoso Stan Winston.
A única cena realmente boa do filme é a da chegada à ilha, que conseguiu reproduzir por alguns momentos (graças à majestosa trilha musical de John Williams) aquele clima mágico dos filmes antigos de Spielberg. Mas tirando isso e uma ou outra cena de suspense legítimo, o resto de JURASSIC PARK resume-se a uma correria desenfreada e cansativa, onde além da canastrice geral do elenco, temos que aturar criancinhas metidas a engraçadinhas, dinossauros psicopatas (que perseguem os personagens sem nenhuma explicação lógica e abrem até portas!) e incriveis furos no roteiro (como a jaula do T-Rex, que em uma cena fica no nível do solo, mas instantes depois é mostrada como um altíssimo precipício).
A expressão "muito barulho por nada" nunca fez tanto sentido para descrever um filme como JURASSIC PARK - embora a continuação O MUNDO PERDIDO tenha conseguido a proeza de ser ainda pior!
Cotação: **1/2
JURASSIC PARK: O MUNDO PERDIDO
DINOSSAUROS PSICOPATAS: O RETORNO
Mais uma vez somos obrigados a ver personagens burros e esquemáticos correndo de um lado para o outro enquanto são perseguidos por monstros digitais
- por André Lux, crítico-spam
Não dava mesmo para esperar muito desse O MUNDO PERDIDO, seqüência do já fraco JURASSIC PARK. Mas Spielberg e sua trupe realmente superaram-se! É difícil dizer o que é pior nesse filme, que mais parece uma produção B de Roger Corman, só que sem o charme e o clima de auto-gozação daquelas películas.
Não há história, já que O MUNDO PERDIDO basicamente é uma refilmagem do primeiro filme. Mais uma vez somos obrigados a ver um monte de personagens burros e esquemáticos correndo de um lado para o outro enquanto são perseguidos (e devorados) por dinossauros digitais psicopatas.
Entretanto, o troféu abacaxi certamente vai para Jeff Goldblum (no auge da canastrice) e sua filha que proferem alguns dos diálogos constrangedores em atuações amadorísticas. Sem falar que o personagem dele, o dr. Ian Malcom, mudou completamente de personalidade de um filme para o outro! Nem mesmo a sempre competente Juliane Moore salva-se, completamente perdida em um personagem irritante, profundo como uma poça d'água e extremamente burro. O que dizer então do cientista/ativista "interpretado" por Vince Vaughan, que passa o filme todo dizendo frases de efeito e piadinhas fora de hora - e que simplesmente evapora na segunda parte do filme?
Para piorar tudo, os conflitos e situações de perigo são filmados apressada e displicentemente (tipo, "deixa como está que o pessoal da computação gráfica dá um jeito") e as cenas de ação são forçadas e banais - atingindo o ápice do rídículo na seqüência onde a menina negra derrota um Velociraptor usando seus dotes de ginástica olímpica!
No final, um T-Rex corre solto pela cidade de San Diego e, em uma seqüência grotesca, devora um homem interpretado pelo próprio roteirista do filme, David Koepp. Pena que isso não tenha acontecido na vida real, pois daí não teríamos que aturar mais essa irritante bomba cinematográfica que não serve nem mesmo como comédia involuntária...
Cotação: *
JURASSIC PARK III
DINOSSAUROS DIVERTIDOS, ENFIM!
Filme é divertido, alucinante, assumidamente B e, por que não, verdadeiramente assustador.
- por André Lux, crítico-spam
Depois do decepcionante JURASSIC PARK e da ridícula continuação O MUNDO PERDIDO, esse JURASSIC PARK III parecia ser o fundo do poço para o franchise baseado no ótimo livro de Michael Crichton.
Mas, para surpresa geral, o terceiro exemplar da série é o mais divertido e bem realizado de todos. Tudo bem, não é nem de longe uma "obra-prima" da sétima arte, mas é exatamente a falta de pretensão (que sobrou no primeiro) e da pieguice do segundo, que transforma este filme em uma boa pedida para quem está em busca de ação e aventura incessantes.
Basicamente não há história - até aí nenhuma novidade, já que os outros dois também não tinham - e o roteiro aproveita diversas situações dos livros, que haviam ficado de fora dos dois primeiros filmes (como toda a sequência dentro da gaiola dos Pterodáctilos, o ataque no barco e mesmo a conclusão). Entretanto, o maior acerto do filme é não se levar a sério, evitando papo-furado pseudo científico e as irritantes piadinhas fora de hora (fatores que ajudaram a arruinar os anteriores).
E finalmente os dinossauros são mostrados em toda sua grandeza, lutando, destruindo e comendo gente sem dó, ao contrário da baboseira politicamente correta imposta por Spielberg nas outras produções - nos quais as cenas mais eletrizantes ficavam por conta de carros pendurados em desfiladeiros. Por sinal, a saída de Spielberg da direção parece ter sido a melhor coisa que poderia acontecer com a série, já que Joe Johnston ficou livre para ir direto à jugular do espectador, tendo a seu lado efeitos especiais assombrosos.
Também é uma grata surpresa a ausência de criancinhas chatas e intrometidas e de Jeff Goldblum, cuja atuação constrangedora arrasou o segundo filmes.
Enfim, JURASSIC PARK III é tudo aquilo que os dois antecessores não eram: divertido, alucinante, assumidamente B e, por que não, verdadeiramente assustador. Sem dúvida uma boa surpresa - se você não estiver esperando muito mesmo...
Cotação: ***
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Filmes: "O Preço do Amanhã"
ROBIN HOOD 2.O
Crítica ao capitalismo derrapa em roteiro fraco que insiste em inventar cenas de perseguição e ação
- por André Lux, crítico-spam
Em "O Preço do Amanhã" o diretor e roteirista Andrew Niccol (do excelente "O Senhor das Armas") tenta fazer uma crítica oportuna ao sistema capitalista por meio de uma ficção científica que apresenta um futuro distópico onde o tempo vira, literalmente, dinheiro.
Por meio de engenharia genética a raça humana só vive até os 25 anos e, a partir daí, tem que "comprar" tempo para continuar viva sem envelhecer. A idéia parece promissora e faz uma parábola óbvia com o sistema atualmente vigente onde a maioria das pessoas trabalha hoje para poder comer amanhã. A sociedade é separada por castas na qual os mais ricos tem mais tempo de vida e vivem separados dos mais pobres por barreiras policiais.
A confusão começa quando um operário pobre (o fraco Justin Timberlake, ex-cantor pop) recebe mais de um século de tempo de um rico entediado com mais de 100 anos de vida que quer morrer. Obviamente ele vai para o setor dos ricos e numa série de eventos que não são muito convincentes, começa um relacionamento com a filha de um banqueiro (Amanda Seyfried, que passa o filme todo com uma peruca ridícula). Perseguido pela "polícia do tempo", ele rapta a filha do magnata e vira uma espécie de "Robin Hood 2.0", roubando tempo dos ricos e distribuindo entre os pobres.
Se a premissa é interessante, o filme derrapa na sua execução, culpa de um roteiro fraco que insiste em inventar cenas de perseguição e ação sem que houvesse necessidade só para tentar fisgar uma audiência mais jovem. A mensagem do filme contra o capitalismo, apesar de óbvia, é por demais ingênua (de acordo com o filme, basta você roubar 1 milhão de dólares e distribuir entre os pobres para fazer o sistema entrar em colapso!). Como sempre nos filmes de roliudi temos um vilão mor que representa a maldade do "sistema", policiais incorruptíveis que perseguem os heróis sem trégua e personagens unidimensionais que passam o tempo todo disparando frases de efeito.
Além disso, o filme tem algumas besteiras imperdoáveis, como os heróis sofrendo um acidente de carro violento (sem usar cinto de segurança) e saindo andando ilesos, a mocinha correndo de lá pra cá usando salto alto agulha, os ridículos relógios que todos tem implantados na pele e eles assaltando bancos que não tem qualquer tipo de segurança.
No final das contas, "O Preço do Amanhã" não agrada quem procura um filme de ficção mais elaborado nem quem quer apenas ver perseguições e correrias. Uma pena.
Cotação: * *
Crítica ao capitalismo derrapa em roteiro fraco que insiste em inventar cenas de perseguição e ação
- por André Lux, crítico-spam
Em "O Preço do Amanhã" o diretor e roteirista Andrew Niccol (do excelente "O Senhor das Armas") tenta fazer uma crítica oportuna ao sistema capitalista por meio de uma ficção científica que apresenta um futuro distópico onde o tempo vira, literalmente, dinheiro.
Por meio de engenharia genética a raça humana só vive até os 25 anos e, a partir daí, tem que "comprar" tempo para continuar viva sem envelhecer. A idéia parece promissora e faz uma parábola óbvia com o sistema atualmente vigente onde a maioria das pessoas trabalha hoje para poder comer amanhã. A sociedade é separada por castas na qual os mais ricos tem mais tempo de vida e vivem separados dos mais pobres por barreiras policiais.
A confusão começa quando um operário pobre (o fraco Justin Timberlake, ex-cantor pop) recebe mais de um século de tempo de um rico entediado com mais de 100 anos de vida que quer morrer. Obviamente ele vai para o setor dos ricos e numa série de eventos que não são muito convincentes, começa um relacionamento com a filha de um banqueiro (Amanda Seyfried, que passa o filme todo com uma peruca ridícula). Perseguido pela "polícia do tempo", ele rapta a filha do magnata e vira uma espécie de "Robin Hood 2.0", roubando tempo dos ricos e distribuindo entre os pobres.
Se a premissa é interessante, o filme derrapa na sua execução, culpa de um roteiro fraco que insiste em inventar cenas de perseguição e ação sem que houvesse necessidade só para tentar fisgar uma audiência mais jovem. A mensagem do filme contra o capitalismo, apesar de óbvia, é por demais ingênua (de acordo com o filme, basta você roubar 1 milhão de dólares e distribuir entre os pobres para fazer o sistema entrar em colapso!). Como sempre nos filmes de roliudi temos um vilão mor que representa a maldade do "sistema", policiais incorruptíveis que perseguem os heróis sem trégua e personagens unidimensionais que passam o tempo todo disparando frases de efeito.
Além disso, o filme tem algumas besteiras imperdoáveis, como os heróis sofrendo um acidente de carro violento (sem usar cinto de segurança) e saindo andando ilesos, a mocinha correndo de lá pra cá usando salto alto agulha, os ridículos relógios que todos tem implantados na pele e eles assaltando bancos que não tem qualquer tipo de segurança.
No final das contas, "O Preço do Amanhã" não agrada quem procura um filme de ficção mais elaborado nem quem quer apenas ver perseguições e correrias. Uma pena.
Cotação: * *