domingo, 22 de novembro de 2009

Filme: "Os Fantasmas de Scrooge"

BOBAGEM DIGITAL

Em termos de tecnologia o filme é nota 10. Já em termos de cinema mesmo, dramaticamente falando, é uma porcaria.

- por André Lux, crítico-spam

Eu gostaria de entender o que aconteceu com o diretor Robert Zemeckis. Depois de começar a carreira com filmes de aventura despretensiosos, como “Tudo por Uma Esmeralda” e a trilogia “De Volta para o Futuro”, demonstrou talento genuíno em “Contato”. Mas, de repente, parou de fazer filmes com pessoas de carne e osso e passou a produzir bobagens animadas em computador como “O Expresso Polar” e “A Lenda de Beowulf”. Parece que alguém falou pro sujeito que o cinema tradicional estava com os dias contados e o futuro pertenceria a quem fizesse tudo em digital. E ele acreditou!

Assim, apresenta agora a enésima adaptação da história clássica de Charles Dickens, só que feita toda no computador, sobre o velho ranzinza e mesquinho Scrooge, que recebe na véspera do natal a visita de três fantasmas que tem a missão de transformar o protagonista de um típico eleitor do PSDB, daqueles que acreditam que todo pobre é vagabundo e, portanto, deve ser tratado como lixo, num “cidadão de bem”. Não vou entrar no mérito dessa historinha batida e moralista que parece ter sido escrita por um burguês com consciência pesada, do tipo que acredita mesmo que a solução para todos os problemas do mundo é dar esmolas mais gordas e participar de campanhas do agasalho, pois é chover no molhado.

Mas o que espanta é a falta de capacidade do diretor em passar qualquer emoção durante a projeção (mal explica os motivos das mudanças de personalidade de Scrooge), perdendo um tempo incrível com sequências enjoativas que mostram o protagonista caindo sem parar, sendo puxado ou perseguido pelos fantasmas por entre os cenários virtuais. Não ajuda em nada o filme ter sido “estrelado” pelo insuportável Jim Carrey, que além do Scrooge faz também vários outros papéis – sendo o mais intragável o do fantasma do presente.

Agora vocês devem estar se perguntando por que diabos eu fui ver esse filme, não? Bem, a verdade é que eu e minha esposa queríamos experimentar uma sessão no Imax em 3D e, infelizmente, “Os Fantasmas de Scrooge” era a única opção. Assim, em termos de tecnologia o filme é nota 10. Já em termos de cinema mesmo, dramaticamente falando, é uma porcaria. E pior: é sombrio e até assustador demais para as crianças, com pouquíssimos momentos de humor e diversão! Mais uma bola fora do senhor Zemeckis...

Cotação: * *

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Filmes: 2012

É O FIM DO MUNDO!

Filme é uma sucessão de corridas frenéticas e repetitivas que de vez em quando dá um breque para que os protagonistas troquem diálogos que parecem ter sido escritos pelo Ed Wood

- por André Lux, crítico-spam

Tenha certeza de colocar esse “2012” entre os filmes mais idiotas já feitos por Roliúdi. Daqueles bem trash, que tem um roteiro ridículo e um monte de discursos inflamados que nos fazem morrer de rir quando deveríamos levar tudo aquilo a sério.

Parece que o diretor Roland Emmerich quer se tornar mesmo o novo rei dos filmes-catástrofes, gênero que andou na moda nos anos 70, e que ressuscitou com “Independence Day”. Mas depois daquele divertido filme sobre uma invasão alienígena, Emmerich perdeu a mão e tem produzido verdadeiras bombas, uma atrás da outra. “2012” só não é pior que o grotesco “O Patriota”, que trazia um Mel Gibson ensandecido cortando cabeças de ingleses vilões, mas chega perto.

Esse é o tipo de filme que poderia até ser divertido, caso o roteiro não fosse uma colagem de todos os clichês mais irritantes do cinema, tipo “escritor separado tenta conquistar a amizade dos filhos e o amor da ex-mulher enquanto foge dos prédios que caem e das explosões que pipocam na tela a cada quinze minutos”. E “2012” é apenas isso: uma sucessão de corridas frenéticas e repetitivas por meio de cenários digitais catastróficos que de vez em quando dá um breque para que os protagonistas troquem diálogos que parecem ter sido escritos pelo Ed Wood, o pior diretor de todos os tempos.

O mais incrível é que o filme tem quase três horas de duração sem que houvesse a menor necessidade para isso. Vários personagens e tramas secundárias poderiam ter sido cortadas sem o menor problema e seríamos poupados de tanta chatice junta. Algumas cenas de ação são até legais e provocam alguma tensão, pena que tudo seja sempre estragado pela mensagem xarope de boa vontade entre os homens e pelos risíveis surtos de “bom mocismo” do cientista principal, que passa o filme todo indignado e fazendo discursos piegas. Também não entendi porque o presidente dos EUA (um desanimado Dany Glover), escolheu ficar para trás só para morrer quando tinha lugar de sobra nas Arcas da salvação.

Depois de ver tanta besteira junta, inclusive uma cena "super dramática" que mostra uma dondoca tentando salvar seu pet, só resta mesmo fazer um trocadilho infame: esse filme é mesmo o fim do mundo!

Cotação: * 1/2