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segunda-feira, 26 de março de 2007

DVD: "A GRANDE ILUSÃO"

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A POLÍTICA COMO ELA É

Os fins justificam os meios? Filme levanta importante questão, mas deixa o espectador chegar às suas próprias conclusões. Não surpreende, portanto, ter sido massacrado pela crítica e fracassado nas bilheterias...

- por André Lux, crítico-spam

Massacrado pelos profissionais da opinião e fracasso nos cinemas, esse “A Grande Ilusão” (título nacional preconceituoso para “All the King’s Men”) é um excelente drama político que traz novamente à luz uma velha questão que sempre provoca discussões acaloradas: afinal, os fins justificam os meios?

O filme é baseado num livro famoso escrito pelo aclamado Robert Penn Warren, que se inspirou em um político real da Luisiana dos anos 1930, Huey Long, ex-governador do estado lembrado até hoje por ter usado a corrompida máquina política para tentar levar conforto e bem estar à população pobre. Assim, construiu estradas, casas, escolas, hospitais e distribuiu livros e material escolar gratuito. Por tudo isso e não por acaso, foi violentamente perseguido pelos representantes da elite, do empresariado e da mídia conservadora local, os quais tentaram, durante todo seu mandato, provocar seu impeachment ou simplesmente derrubá-lo por meio de incessantes acusações de corrupção e fraude. Qualquer semelhança com o que acontece atualmente com qualquer político que não se curve ao status-quo não é mera coincidência...

No livro, Long virou Willie Stark e no filme é representado por Sean Penn. Só que o protagonista da história é, na verdade, um jornalista (Jude Law, discreto) que inicia a história cobrindo a campanha do político e acaba se transformando no seu braço direito depois de eleito. Cabe a ele o papel de “consciência” frente aos acontecimentos que são apresentados sempre de maneira ambígua e polêmica, sem maniqueísmos, “mocinhos” e “bandidos” ou aquelas irritantes explicações didáticas. Tudo e todos no filme são cinzas, nebulosos e passíveis de diversas interpretações - exatamente como acontece no mundo real.

Repleto de frases lapidares e diálogos afiados, “A Grande Ilusão” tem, além do invejável elenco que traz ainda Anthony Hopkins e Kate Winslet, o grande mérito de mostrar que, em política, ninguém faz nada sem sujar as mãos e o que vale mesmo são as intenções. “O bom feito a partir do mal ainda é bom, não é?”, diz Stark para tentar justificar suas ações moralmente duvidosas.

O filme, todavia, não é perfeito. A atuação de Penn é sofrível, exagerada e beira a caricatura já que ele se preocupou mais em imitar (mal) os trejeitos do político no qual o filme se inspira do que em passar as nuances do caráter complexo dele. Além disso, tem uma trilha musical pesada e sufocante composta por James Horner (que ao menos dessa vez não copiou suas partituras antigas) e o roteiro deixa de aprofundar detalhes e personagens que teriam enriquecido mais a trama.

Mas, afinal de contas, os fins justificam os meios? Felizmente, o diretor e roteirista Steven Zaillian não procura responder essa questão, muito menos julgar os personagens. Ao mesmo tempo em que mostra as reais boas intenções do político, não esconde as falhas de caráter nem o comportamento dúbio dele e de todos à sua volta. Isso significa que cada espectador deverá refletir sobre o que viu e tirar suas próprias conclusões, a partir da visão de mundo e ideologia que tem.

Deve ser por isso que recebeu tantas críticas negativas e fracassou. A julgar pelo ridículo nome que inventaram para o filme aqui no Brasil, dá para perceber que concluíram algo como: "político bonzinho é eleito e fica malvado, portanto tudo foi uma grande ilusão". Depois tem gente que acha estranho algo grotesco como Big Brother Brasil fazer tanto sucesso...

Cotação: * * * 1/2
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terça-feira, 6 de março de 2007

Leitura recomendada: "Che - Uma Biografia"

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O MITO EM QUADRINHOS

- por André Lux, crítico-spam
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Muito bacana a biografia em quadrinhos do líder revolucionário e ícone da esquerda mundial, Ernesto "Che" Guevara, feita pelo sul-coreano Kim Yong-Hwe.

Ela retrata a vida e a luta de Guevara. Da infância na Argentina à captura e execução em La Higuera, na Bolívia, os eventos que levaram Che Guevara a se transformar no símbolo que é hoje são recontados nos quadrinhos de Kim Yong-Hwe, um dos grandes talentos coreanos da HQ.

O mais legal dessa adaptação é o fato do autor criá-la como se fosse um livro didático, para crianças mesmo, mas sem ser bobo ou infantil. Entre um capítulo e outro da história, ele se dá ao trabalho de fazer um pequeno resumo dos eventos, contextualizar as situações dentro da História e tecer pequenos comentários sobre alguns termos usados no texto, como "imperialismo", por exemplo.

Interessante também o paralelo que Yong-Hwe traça entre Guevara e o personagem Neo, da trilogia "Matrix". Afinal, ambos eram considerados "terroristas" (sic) pelas autoridades e pela mídia corporativa, mesmo lutando pela liberdade e pela igualdade entre as pessoas. Já vi profissionais da opinião dizendo que essa comparação é absurda, mas absurdo mesmo é que mais gente não a tenha feito antes (para vocês verem como tem gente que ainda não entendeu nada do que "Matrix" é feito). Veja abaixo reproduções das páginas que mostram o Neo-Che (clique nas figuras para vê-las em tamanho maior).



A leitura é leve e chega a emocionar em alguns momentos - como quando "Che" encontra uma menina morta depois do ataque de um bombardeiro a um bairro pobre na Guatemala ou quando a população carente de Cuba ajuda os guerrilheiros dando seus alimentos a eles.

Os desenhos são feitos no estilo dos mangas orientais, mas isso não chega a incomodar, pois o autor ao menos tenta adaptá-los à feição de cada personagem.

Obviamente, a turma da direita e seus papagaios de pirata vão malhar a obra dizendo que é pura e simples mitificação de um "baderneiro profissional", enquanto outros vão afirmar que eles não fizeram nada de bom, apenas retiraram um ditador (Fulgêncio Batista) para colocar outro no lugar (Fidel Castro).

Entretanto, para quem tem um mínimo de conhecimento de História (especialmente a cubana) e costuma buscar informações além do que é mostrado (e omitido) pela parcial mídia corporativa, este "Che" é uma pequena jóia que presta uma bonita homenagem a esse ser humano exemplar, o qual continua influenciando corações e mentes mesmo 40 anos depois de seu assassinato na Bolívia, pelas mãos de mercenários financiados pela CIA.

Um trabalho que vale a pena conhecer e disseminar, principalmente entre os mais jovens.

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O produto está à venda no site do Submarino ou na Loja Conrad.

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