segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Filmes: "LEÕES E CORDEIROS"

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ROMA ESTÁ EM CHAMAS

Cineasta quer que jovens se engajem politicamente ao invés de se renderem à ladainha da mídia que tem o objetivo de deixá-los alienados a serviço das elites.

- por André Lux, crítico-spam

“Robert Redford (que também dirigiu), Tom Cruise e Meryl Streep poderiam apenas ter aparecido na tela por alguns minutos com cartazes dizendo, 'A Guerra é Ruim' e pronto. Salvaria todo mundo do preço do ingresso.” É com essa afirmação que um tal de Bill Goodykoontz inicia sua análise do filme “Leões e Cordeiros” no The Arizona Republic e demonstra bem o estado lastimável em que a crítica profissional se encontra atualmente.

O filme de Roberto Redford pode receber várias ressalvas, mas tentar reduzir sua mensagem a um mero panfleto contra a guerra chega a ser ofensivo. “Leões e Cordeiros” é cinema engajado explícito. O cineasta entende que é preciso despertar a juventude estadunidense para a situação lamentável em que se encontra seu país, atualmente governado por um bando de demagogos fundamentalistas que se enfiam de cabeça em qualquer aventura bélica que gere lucros para quem os financia e arrastam a opinião pública junto via mentiras e distorções publicadas na imprensa serviçal. Para isso, Redford constrói um roteiro que divide a ação em três tempos narrativos que não se cruzam, mas se relacionam tematicamente.

Em um deles, experiente jornalista da imprensa corporativa interpretada por Meryl Streep é convidada a visitar um jovem senador republicano (Cruise) conservador e moralista - desses que, entre discursos homofóbicos e intolerantes, são presos fazendo sexo com outros homens em banheiros públicos. O político deseja passar a ela, em primeira mão, informações vagas sobre a nova tática de guerra implantada pelo exército do tio Sam "para vencer o mal" no Afeganistão sob ordens diretas dele. A jornalista, que vê semelhanças trágicas com a guerra do Vietnam e fareja tratar-se apenas de outra jogada de marketing para tirar o foco do fracasso no Iraque, tenta em vão extrair mais informações do senador.

São exemplares os discursos hipócritas e falso-moralistas e as ameaças veladas que o senador republicano usa para tentar convencer a jornalista a divulgar sua notícia mentirosa, só para ajudá-lo a preparar terreno para uma possível disputa pela presidência da república. Nesse ponto o filme é preciso ao mostrar como, atualmente, os jornalistas da imprensa corporativa se deixam usar por políticos cujos interesses coincidem com os dos donos da mídia que pagam seus salários.

No outro segmento, acompanhamos o início da inútil operação militar no Afeganistão, onde recebem destaque dois soldados – um negro e outro latino – que são jogados para fora do helicóptero depois de um ataque surpresa em pleno ar e passam o resto da narração lutando para sobreviver à medida que os soldados afegãos se aproximam. Tudo isso é acompanhado, via satélite, pelos oficiais que comandam a operação e são incapazes de engendrar um resgate adequado.

O terceiro foco narrativo mostra uma reunião entre professor universitário e um de seus alunos, cujo potencial para o debate político ele tenta despertar novamente depois que o jovem perde o interesse pelo tema. É aí que “Leões e Cordeiros” mostra a que veio, ficando a cargo do próprio Redford, no papel do professor, listar os objetivos de sua obra. “Roma está em chamas”, afirma ele ao abestalhado aluno, “e o que vocês estão fazendo para mudar isso? Nada, exceto desviar do fogo enquanto isso ainda é possível”.

A mensagem é óbvia. Redford quer que os jovens de seu país se engajem politicamente, ao invés de se renderem à ladainha anti-política propagada pela mídia corporativa que tem justamente o objetivo de deixar as futuras gerações alienadas e alijadas do processo, o que vem bem a calhar para os interesses de conservadores e reacionários em geral a serviço das elites oligárquicas.

A construção narrativa de “Leões e Cordeiros” tem o propósito de deixar o espectador angustiado, irritado até. Ao intercalar as duas letárgicas conversas de gabinete com as cenas de guerra, Redford cria uma sensação de tensão que vai aumentando na medida em que piora a situação dos soldados - dois de seus ex-alunos que optaram, para desgosto do professor, em se alistar no exército para ingenuamente tentar fazer alguma diferença. Não por acaso, os protagonistas olham constantemente para seus relógios e a alegoria é novamente clara: “enquanto jogamos conversa fora, a vida de pessoas está em perigo”.

Não sei se o objetivo de Redford será atingido, pois atualmente os jovens estão cada vez menos propensos (se é que um dia estiveram) a prestar atenção em filmes que não contenham toneladas de efeitos visuais, correria desenfreada e pirotecnia visual. E nesse ponto bem que o diretor poderia também ter dado uma enxugada nos bate-papos (especialmente entre professor e aluno), deixando-os mais dinâmicos e vibrantes. Mas, falhas e ingenuidades à parte, ao menos a intenção é boa e os objetivos do diretor são expostos de forma clara e honesta. Coisa rara na indústria cultural estadunidense.

Cotação: * * *
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JERRY GOLDSMITH VIVE! CD duplo traz a trilha musical completa de "ALIEN"

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Uma das trilhas musicais mais impressionantes composta para o filme mais aterrorizante da história do cinema finalmente recebe o tratamento que merece! O selo Intrada Records, especializado em música de cinema, acaba de lançar um CD duplo com a trilha sonora completa de "Alien", composta pelo mestre Jerry Goldsmith.

O pacote majestoso inclui nada menos do que:
1) A trilha completa original conforme idealizada por Goldsmith para o filme;
2) As faixas alternativas;
3) As faixas do album original lançando em 1978, remasterizadas;
4) Faixas bônus adicionais.

Essa confusão toda entre a trilha original conforme idealizada por Goldsmith e as faixas alternativas se dá pelo fato do diretor Ridley Scott e o compositor não terem se dado bem durante a pós-produção. Goldsmith reclama que Scott nunca lhe deu o feedback necessário para compor a música e que ele se baseou quase que unicamente na sua própria reação ao filme. Talvez seja por isso que Goldsmith criou músicas de gelar o sangue, utilizando instrumentos musicais nada ortodoxos para produzir sons extremos, às vezes até radicais demais! Talvez por causa disso, o diretor e seu montador acabaram realizando um extenso trabalho de reedição da trilha no filme, trocando músicas de uma cena para outra, excluindo totalmente algumas e substituindo-as por faixas da trilha de Goldsmith para "Freud" - fatores que obviamente enfureceram o compositor.

Mesmo assim, Goldsmith ainda aceitou trabalhar com Scott em "A Lenda" e, novamente, teve seu trabalho desrespeitado pelo diretor que, cedendo à pressão dos executivos da Universal, deixou que a maravilhosa música original de Goldsmith fosse literalmente jogada no lixo sendo trocada por uma fraquíssima do grupo de rock progressivo alemão Tangerine Dream (mais "comercial", na visão dos engravatados).

Confira abaixo a relação das faixas do CD duplo de "Alien" e vá até a página da Intrada Records para ouvir alguns samples da trilha:

DISC 1
The Complete Original Score
01. Main Title 4:12
02. Hyper Sleep 2:46
03. The Landing 4:31
04. The Terrain 2:21
05. The Craft 1:00
06. The Passage 1:49
07. The Skeleton 2:31
08. A New Face 2:34
09. Hanging On 3:39
10. The Lab 1:05
11. Drop Out 0:57
12. Nothing To Say 1:51
13. Cat Nip 1:01
14. Here Kitty 2:08
15. The Shaft 4:30
16. It's A Droid 3:28
17. Parker's Death 1:52
18. The Eggs 2:23
19. Sleepy Alien 1:04
20. To Sleep 1:56
21. The Cupboard 3:05
22. Out The Door 3:13
23. End Title 3:09
Total Time 57:06

The Rescored Alternate Cues
24. Main Title 4:11
25. Hyper Sleep 2:46
26. The Terrain 0:58
27. The Skeleton 2:30
28. Hanging On 3:08
29. The Cupboard 3:13
30. Out The Door 3:02
Total Time 19:48
Total Disc Time 76:54

DISC 2
The Original 1979 Soundtrack Album
01. Main Title 3:37
02. The Face Hugger 2:36
03. Breakaway 3:03
04. Acid Test 4:40
05. The Landing 4:31
06. The Droid 4:44
07. The Recovery 2:50
08. The Alien Planet 2:31
09. The Shaft 4:01
10. End Title 3:08
Total Time 35:44

Bonus Tracks
11. Main Title (film version) 3:44
12. The Skeleton (alternate take) 2:35
13. The Passage (demonstration excerpt) 1:54
14. Hanging On (demonstration excerpt) 1:08
15. Parker's Death (demonstration excerpt) 1:08
16. It's A Droid (unused inserts) 1:27
17. Eine Kleine Nachtmusik (source) 1:49
Total Time 13:45
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