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ESTAMOS FERRADOS!
Documentário comprova que o destino da raça humana está nas mãos dos políticos dos EUA, que são financiados por grupos que querem manter tudo como está.
- por André Lux, crítico-spam
Se você acha que o aquecimento global é só uma invenção de ambientalistas histéricos, melhor rever seus conceitos. O documentário "Uma Verdade Inconveniente", que é o registro de uma longa e bem intencionada palestra do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore (aquele que foi derrotado por Bush Júnior na mais fajuta eleição de todos os tempos), demonstra clara e didaticamente os efeitos que a superpopulação, o desmatamento e a emissão de dióxido de carbono estão provocando no ecossistema mundial.
São alterações espantosas que, infelizmente, já começaram a provocar graves conseqüências tais como furacões cada vez mais violentos, derretimento de geleiras, aumento do nível do mar, estações do ano desreguladas, entre muitas outras. Já é possível, por exemplo, prever que mais de 50% da população da Terra vai ter problemas com a falta de água nos próximos anos, causada principalmente com o derretimento das geleiras cuja água é usada para abastecer enormes comunidades.
Contudo, o mais perturbador nessa história toda é descobrirmos que mais de 30% das emissões de CO2 são feitas pelos Estados Unidos, nível superior à soma de tudo que é lançado pela América do Sul, Ásia e Europa. Ou seja, o destino da humanidade está nas mãos dos políticos daquele país.
Não quero soar pessimista, mas vamos ser francos: estamos ferrados! Sim, porque as medidas que podem vir a surtir algum tipo de efeito real sobre o problema dependem quase que totalmente das decisões políticas dos governantes das grandes potências, os quais, como bem sabemos, são financiados e dominados justamente por grupos que querem manter tudo como está.
É óbvio que cada pessoa no planeta pode tomar medidas que ajudem a melhorar o problema e é por aí que sempre vão as campanhas de "conscientização" produzidas pela grande mídia corporativa. Mas, será que você realmente acredita que trocar algumas lâmpadas ou usar menos o seu carro vai fazer grande diferença quando são lançados diariamente na atmosfera cerca de 70 bilhões de toneladas de poluição, a imensa maioria oriunda de grandes fábricas e da queima de plantações, carvão e petróleo? Só para se ter idéia do tamanho da encrenca, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, o "Exterminador do Futuro" em pessoa, tentou aprovar leis que exigem a redução da emissão de CO2 nos carros em seu Estado, mas já está sendo interpelado judicialmente pelas grandes montadoras que não aceitam esse tipo de controle. Seria cômico se não fosse absolutamente trágico!
E isso não é o pior, pois mesmo que sejam tomadas todas as medidas radicais necessárias para minimizar o problema, o ecossistemas do planeta já está de tal forma prejudicado que no máximo vamos impedir que ele se deteriore ainda mais. Para voltar tudo ao normal, só daqui a centenas de anos ou mais.
Como se vê, o sistema capitalista, que visa o lucro acima de tudo e de todos, enfim vai deixar registrado uma impressionante marca para todo o sempre: a destruição do planeta e a extinção da vida nele. E o mais incrível é que nem mesmo seus mais ferrenhos defensores percebem que não vão estar vivos para poder festejar essa conquista "invejável"...
Cotação: * * * *
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
Filmes: "BORAT"
RINDO DO GROTESCO
Não vejo nada de genial num sujeito que, usando bigodão falso e sotaque esdrúxulo, sai provocando pessoas com frases ofensivas ou promovendo ações escatológicas chocantes
- por André Lux, crítico-spam
Ok, "Borat" é um filme engraçado. Dei muitas risadas durante a projeção. Mas, daí a chamar seu autor de gênio ou achar que é extremamente politizado e quer "desmascarar" o racismo e a intolerância do povo estadunidense, como muitos profissionais da opinião têm feito, já é ir longe demais.
Sinceramente, não vejo nada de genial num sujeito que, usando um bigodão falso e sotaque esdrúxulo, sai por aí provocando as pessoas com frases ofensivas ou promovendo ações escatológicas chocantes (os comediantes do "Casseta & Planeta", quando ainda eram engraçados, cansaram de fazer esse tipo de coisa).
Assim, quando vai "entrevistar" um grupo de feministas, Borat profere comentários chauvinistas e denigre a inteligência das mulheres. Ao entrar numa arena de rodeio, infestada por caipiras preconceituosos e fundamentalistas, ridiculariza os esforços de guerra dos EUA e o hino nacional deles. Quanto se vê "cercado" por judeus, age como pavor e joga dinheiro neles. E assim por diante... Isso quer dizer que seu método de provocar risos é primitivo, embora eficaz, afinal todo mundo gosta de ver os outros sofrendo "pegadinhas" e sendo vítima de discursos nada politicamente corretos. Ou seja, qualquer criança de seis anos de idade já está acostumada a fazer esse tipo de coisa com seus amiguinhos. Que garoto nunca teve suas cuecas puxadas para cima da calça no meio de uma festa, por exemplo? Todo mundo ri, menos a vítima da piada.
É partindo desse princípio humorístico que Sacha Baron Cohen concebe seus quadros, ligados por um fiapo de história que o tira de sua terra natal, o Cazaquistão (que logicamente é retratado de maneira extremamente ofensiva e nada tem a ver com o país real), para os EUA, a fim de "aprender com a cultura" daquele país. Infelizmente, o filme peca por tentar esconder que quase tudo aquilo que vemos na tela foi combinado previamente. E, mesmo quando algo acontece supostamente de maneira imprevisível (como o jantar, a entrevista da TV ou o rodeio), fica sempre a impressão de engodo, pois nunca somos informados sobre como Borat conseguiu chegar lá. As pessoas sabiam que se tratava de um comediante fazendo um filme ou achavam que ele era realmente um jornalista do Cazaquistão em visita pela América? Essa interrogação paira sobre quase todo o filme e acaba desviando o foco da atenção.
Além disso, o ator não sabe tirar proveito máximo de seu personagem, caindo muitas vezes para o exagero e para a afetação, quando a situação exigia uma atuação mais fria e séria justamente para servir de contraponto à bizarrice que ocorre à sua volta.
Sacha, evidentemente, não é John Cleese, muitos menos Peter Sellers, cujas inacreditáveis caras-de-pau transformavam sketchs muitas vezes banais em clássicos da comédia, seja nos shows do grupo Monty Python ou nos filmes da "Pantera Cor de Rosa", respectivamente.
Quando eu tinha uns 16 anos e morava com um primo sarrista, tivemos a grande idéia de dublar filmes. Para tanto, escolhíamos uma cena, definíamos quem dublava quem e pronto, saíamos falando no gravador qualquer asneira que viesse à mente. Nem preciso dizer que chegamos a literalmente chorar de rir quando ouvíamos as pérolas que saíam no meio daquela histeria toda. Imagino que se eu embalar tudo aquilo num formato "pretensioso" e soltar na internet, vai ter muita gente entoando loas à nossa "genialidade em lapidar frases e piadas em cima de filmes clássicos". Se bobear, somos até indicados ao Oscar de melhor roteiro original...
Menos, por favor, menos. Rir de besteiras e cenas grotescas, tudo bem. Agora, querer enxergar genialidade e politização nesse tipo de humor rasteiro e primário já é demais, não? Fala sério...
Cotação: * * *
Não vejo nada de genial num sujeito que, usando bigodão falso e sotaque esdrúxulo, sai provocando pessoas com frases ofensivas ou promovendo ações escatológicas chocantes
- por André Lux, crítico-spam
Ok, "Borat" é um filme engraçado. Dei muitas risadas durante a projeção. Mas, daí a chamar seu autor de gênio ou achar que é extremamente politizado e quer "desmascarar" o racismo e a intolerância do povo estadunidense, como muitos profissionais da opinião têm feito, já é ir longe demais.
Sinceramente, não vejo nada de genial num sujeito que, usando um bigodão falso e sotaque esdrúxulo, sai por aí provocando as pessoas com frases ofensivas ou promovendo ações escatológicas chocantes (os comediantes do "Casseta & Planeta", quando ainda eram engraçados, cansaram de fazer esse tipo de coisa).
Assim, quando vai "entrevistar" um grupo de feministas, Borat profere comentários chauvinistas e denigre a inteligência das mulheres. Ao entrar numa arena de rodeio, infestada por caipiras preconceituosos e fundamentalistas, ridiculariza os esforços de guerra dos EUA e o hino nacional deles. Quanto se vê "cercado" por judeus, age como pavor e joga dinheiro neles. E assim por diante... Isso quer dizer que seu método de provocar risos é primitivo, embora eficaz, afinal todo mundo gosta de ver os outros sofrendo "pegadinhas" e sendo vítima de discursos nada politicamente corretos. Ou seja, qualquer criança de seis anos de idade já está acostumada a fazer esse tipo de coisa com seus amiguinhos. Que garoto nunca teve suas cuecas puxadas para cima da calça no meio de uma festa, por exemplo? Todo mundo ri, menos a vítima da piada.
É partindo desse princípio humorístico que Sacha Baron Cohen concebe seus quadros, ligados por um fiapo de história que o tira de sua terra natal, o Cazaquistão (que logicamente é retratado de maneira extremamente ofensiva e nada tem a ver com o país real), para os EUA, a fim de "aprender com a cultura" daquele país. Infelizmente, o filme peca por tentar esconder que quase tudo aquilo que vemos na tela foi combinado previamente. E, mesmo quando algo acontece supostamente de maneira imprevisível (como o jantar, a entrevista da TV ou o rodeio), fica sempre a impressão de engodo, pois nunca somos informados sobre como Borat conseguiu chegar lá. As pessoas sabiam que se tratava de um comediante fazendo um filme ou achavam que ele era realmente um jornalista do Cazaquistão em visita pela América? Essa interrogação paira sobre quase todo o filme e acaba desviando o foco da atenção.
Além disso, o ator não sabe tirar proveito máximo de seu personagem, caindo muitas vezes para o exagero e para a afetação, quando a situação exigia uma atuação mais fria e séria justamente para servir de contraponto à bizarrice que ocorre à sua volta.
Sacha, evidentemente, não é John Cleese, muitos menos Peter Sellers, cujas inacreditáveis caras-de-pau transformavam sketchs muitas vezes banais em clássicos da comédia, seja nos shows do grupo Monty Python ou nos filmes da "Pantera Cor de Rosa", respectivamente.
Quando eu tinha uns 16 anos e morava com um primo sarrista, tivemos a grande idéia de dublar filmes. Para tanto, escolhíamos uma cena, definíamos quem dublava quem e pronto, saíamos falando no gravador qualquer asneira que viesse à mente. Nem preciso dizer que chegamos a literalmente chorar de rir quando ouvíamos as pérolas que saíam no meio daquela histeria toda. Imagino que se eu embalar tudo aquilo num formato "pretensioso" e soltar na internet, vai ter muita gente entoando loas à nossa "genialidade em lapidar frases e piadas em cima de filmes clássicos". Se bobear, somos até indicados ao Oscar de melhor roteiro original...
Menos, por favor, menos. Rir de besteiras e cenas grotescas, tudo bem. Agora, querer enxergar genialidade e politização nesse tipo de humor rasteiro e primário já é demais, não? Fala sério...
Cotação: * * *
Homenagem a um gênio da música: BRAVO, ENNIO!
Emocionante. Essa é a melhor palavra para descrever o que senti ao ver o grande Ennio Morricone finalmente recebendo seu mais do que merecido Oscar - só que pelo conjunto de sua carreira. Para ser bem sincero, foi a única coisa que prestou naquela chatíssima cerimônia na qual desfilam as celebridades da indústria cinematográfica estadunidense, muitas delas em vestidos que mais parecem cortinas de bordel ou embalagens de bombons...
Enfim, adorei ver Morricone, que já compôs mais de 400 trilhas para o cinema, agradecer pelo prêmio em italiano, dando assim uma banana para os imperialistas que, fossem mais inteligentes, já teriam dado dezenas de Oscars para o genial compositor, autor de algumas das mais importantes e maravilhosas trilhas sonoras - entre as quais destaco minhas favoritas: "A Missão", "Os Intocáveis", "Era Uma Vez na América", "Cinema Paradiso", "Era Uma Vez no Oeste", "Quando Explode a Vingança", "Uma Simples Formalidade", "A Lenda do Pianista do Oceano", "O Bom, O Mau e O Feio", "O Enigma de Outro Mundo", "Orca" e tantas outras...
Essa semana foi especial para mim, pois não apenas pude ver Morricone falando ao vivo pela primeira vez, como acabei de receber meu CD duplo da trilha de "Quando Explode a Vingança" - também conhecido como "Duck, You Sucker!", "Giu La Testa", "A Fistfull of Dynamite" ou "Era Uma Vez na Revolução" (título francês) -, penúltimo filme do genial cineasta Sergio Leone.
Além disso, encontrei um DVD excelente numa dessas megastores, "Morricone conducts Morricone", que é a gravação de um concerto regido pelo compositor realizado na Alemanha com orquestra completa, coral e solistas. As perfomances de "Era Uma Vez na América", "Cinema Paradiso", "A Missão", "Pecados de Guerra" e das trilhas dos filmes de Sergio Leone fizeram eu e minha esposa chorar de emoção!
Fiquei muito feliz também por saber que o concerto que Morricone apresentou na ONU há algumas semanas, chamado de "As Vozes do Silêncio", era uma cantata pela paz escrita logo após o 11 de Setembro, mas “dedicada às vítimas silenciosas de tantas tragédias com menor visibilidade”. Por alguns instantes, fiquei com medo que ele havia se rendido ao politicamente correto e à hipocrisia, igual àqueles que só são capazes de fazer homenagens a vítimas de tragédias ocorridas entre a elite mundial.
Felizmente, Morricone demonstrou que sua inteligência também está a serviço das causas políticas e sociais.
Bravo, Ennio!
Abaixo, a homenagem que o jornalista Mino Carta prestou a Morricone em seu blog:
O digno Morricone
"Às vezes me alegro pela minha origem italiana. Disse às vezes, e sublinho. Por que, por exemplo, posso pensar em Berlusconi, em Andreotti (um dos maiores tartufos do século passado), nem se fale de Mussolini e da Praça Veneza apinhada de camisas pretas. Etc., etc. Tenho, neste momento, o consolo oferecido por Ennio Morricone, velho e grande músico, o do seu comportamento na hora de receber o Oscar. Digno, composto, comovido na medida certa. Não se esforçou para falar na língua do lugar, usou a dele, com Clint Eastwood, o ator dos spaghetti westerns musicados por Morricone, a funcionar como intérprete, este Clint merecedor de prêmio bem mais que Scorsese, outro italiano que não me convence. Acompanhava-o a mulher, trajada como convém a uma velha dama, ao contrário de muitas no auditório. E dedicou o seu Oscar a todos aqueles que não o receberam, embora fizessem jus à estatueta. Em compensação, a ganharam Titanic e O Gladiador, para falar de eventos recentes."
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Enfim, adorei ver Morricone, que já compôs mais de 400 trilhas para o cinema, agradecer pelo prêmio em italiano, dando assim uma banana para os imperialistas que, fossem mais inteligentes, já teriam dado dezenas de Oscars para o genial compositor, autor de algumas das mais importantes e maravilhosas trilhas sonoras - entre as quais destaco minhas favoritas: "A Missão", "Os Intocáveis", "Era Uma Vez na América", "Cinema Paradiso", "Era Uma Vez no Oeste", "Quando Explode a Vingança", "Uma Simples Formalidade", "A Lenda do Pianista do Oceano", "O Bom, O Mau e O Feio", "O Enigma de Outro Mundo", "Orca" e tantas outras...
Essa semana foi especial para mim, pois não apenas pude ver Morricone falando ao vivo pela primeira vez, como acabei de receber meu CD duplo da trilha de "Quando Explode a Vingança" - também conhecido como "Duck, You Sucker!", "Giu La Testa", "A Fistfull of Dynamite" ou "Era Uma Vez na Revolução" (título francês) -, penúltimo filme do genial cineasta Sergio Leone.
Além disso, encontrei um DVD excelente numa dessas megastores, "Morricone conducts Morricone", que é a gravação de um concerto regido pelo compositor realizado na Alemanha com orquestra completa, coral e solistas. As perfomances de "Era Uma Vez na América", "Cinema Paradiso", "A Missão", "Pecados de Guerra" e das trilhas dos filmes de Sergio Leone fizeram eu e minha esposa chorar de emoção!
Fiquei muito feliz também por saber que o concerto que Morricone apresentou na ONU há algumas semanas, chamado de "As Vozes do Silêncio", era uma cantata pela paz escrita logo após o 11 de Setembro, mas “dedicada às vítimas silenciosas de tantas tragédias com menor visibilidade”. Por alguns instantes, fiquei com medo que ele havia se rendido ao politicamente correto e à hipocrisia, igual àqueles que só são capazes de fazer homenagens a vítimas de tragédias ocorridas entre a elite mundial.
Felizmente, Morricone demonstrou que sua inteligência também está a serviço das causas políticas e sociais.
Bravo, Ennio!
Abaixo, a homenagem que o jornalista Mino Carta prestou a Morricone em seu blog:
O digno Morricone
"Às vezes me alegro pela minha origem italiana. Disse às vezes, e sublinho. Por que, por exemplo, posso pensar em Berlusconi, em Andreotti (um dos maiores tartufos do século passado), nem se fale de Mussolini e da Praça Veneza apinhada de camisas pretas. Etc., etc. Tenho, neste momento, o consolo oferecido por Ennio Morricone, velho e grande músico, o do seu comportamento na hora de receber o Oscar. Digno, composto, comovido na medida certa. Não se esforçou para falar na língua do lugar, usou a dele, com Clint Eastwood, o ator dos spaghetti westerns musicados por Morricone, a funcionar como intérprete, este Clint merecedor de prêmio bem mais que Scorsese, outro italiano que não me convence. Acompanhava-o a mulher, trajada como convém a uma velha dama, ao contrário de muitas no auditório. E dedicou o seu Oscar a todos aqueles que não o receberam, embora fizessem jus à estatueta. Em compensação, a ganharam Titanic e O Gladiador, para falar de eventos recentes."
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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
Filmes:"ROCKY BALBOA"
TRISTE FIM
Decadência do ex-garoto propaganda do imperialismo dos EUA transforma despedida do "Garanhão Italiano" num show deprimente
- por André Lux, crítico-spam
É um pouco chocante testemunhar nas telas a decadência, tanto física quanto artística, do canastrão Sylvester Stallone. O ex-fortão, que outrora foi um dos mais orgulhosos garotos-propaganda das políticas imperialistas de extrema-direita dos EUA nos cinemas, transformou-se hoje em um sessentão perdido e esquecido.
Sem muitas opções para tentar recuperar o velho prestígio e os dólares, resolveu ressuscitar o personagem do boxeador Rocky Balboa, que lhe rendeu um inacreditável Oscar de melhor filme em 1976 (para você ver como devemos levar a sério esse tipo de premiação da indústria cinematográfica estadunidense), dividendos generosos e uma série com cinco filmes progressivamente piores.
Nessa suposta despedida do “Garanhão Italiano” (nunca diga nunca em Hollywood, que ninguém fique surpreso se amanhã aparecer um "Rocky no Espaço"...), Stallone não tem muito o que fazer, exceto passar metade do filme repetindo o mote do bobo-bonzinho que deu o tom aos dois primeiros filmes da série - isso antes de Rocky virar o “Rambo dos Ringues” na parte III e IV, aonde ele chega a desbancar, enrolado na bandeira dos EUA, um monstruoso boxeador comunista, cujas cenas em que devorava criancinhas certamente foram cortadas na última hora.
Já na parte final, repete as manjadas seqüências de treinamento e da luta propriamente dita, agora contra o atual campeão mundial de pesos-pesados (30 anos mais jovem), que é interpretado por um sujeito franzino e sem graça, que de peso-pesado não tem nada. De tão inverossímil, tudo acaba ficando até desfrutável. Ao menos a música do veterano Bill Conti continua empolgante, embora reciclada.
Stallone sabe como manipular sua platéia, injetando altas doses de sacarose (nas lamentações à esposa morta e no seu indefectível olhar de peixe-morto) e de frases feitas dignas do que existe de pior na literatura de auto-ajuda (principalmente no relacionamento entre pai e filho) que seriam intragáveis, não fosse a sua sinceridade macarrônica - o ator/diretor/roteirista realmente tem fé naquilo tudo, coitado!
Mas acima de qualquer outra coisa, impressiona e deprime a presença física do ator, completamente deformado e inchado (provavelmente pelo excesso de anabolizantes ingeridos durante sua vida), o que acaba transformando “Rocky Balboa” num show triste e melancólico, de fim de carreira mesmo - no pior sentido que o termo possa significar. Chegou a me provocar lágrimas, confesso. Afinal, em tempos de alienação e ignorância, eu também torcia empolgado pela vitória dos Rambos e Rockys da vida em favor do "american way of life"...
Felizmente, hoje em dia essa ladainha não convence mais ninguém. Sem dúvida, um triste fim.
Cotação: * * 1/2
Decadência do ex-garoto propaganda do imperialismo dos EUA transforma despedida do "Garanhão Italiano" num show deprimente
- por André Lux, crítico-spam
É um pouco chocante testemunhar nas telas a decadência, tanto física quanto artística, do canastrão Sylvester Stallone. O ex-fortão, que outrora foi um dos mais orgulhosos garotos-propaganda das políticas imperialistas de extrema-direita dos EUA nos cinemas, transformou-se hoje em um sessentão perdido e esquecido.
Sem muitas opções para tentar recuperar o velho prestígio e os dólares, resolveu ressuscitar o personagem do boxeador Rocky Balboa, que lhe rendeu um inacreditável Oscar de melhor filme em 1976 (para você ver como devemos levar a sério esse tipo de premiação da indústria cinematográfica estadunidense), dividendos generosos e uma série com cinco filmes progressivamente piores.
Nessa suposta despedida do “Garanhão Italiano” (nunca diga nunca em Hollywood, que ninguém fique surpreso se amanhã aparecer um "Rocky no Espaço"...), Stallone não tem muito o que fazer, exceto passar metade do filme repetindo o mote do bobo-bonzinho que deu o tom aos dois primeiros filmes da série - isso antes de Rocky virar o “Rambo dos Ringues” na parte III e IV, aonde ele chega a desbancar, enrolado na bandeira dos EUA, um monstruoso boxeador comunista, cujas cenas em que devorava criancinhas certamente foram cortadas na última hora.
Já na parte final, repete as manjadas seqüências de treinamento e da luta propriamente dita, agora contra o atual campeão mundial de pesos-pesados (30 anos mais jovem), que é interpretado por um sujeito franzino e sem graça, que de peso-pesado não tem nada. De tão inverossímil, tudo acaba ficando até desfrutável. Ao menos a música do veterano Bill Conti continua empolgante, embora reciclada.
Stallone sabe como manipular sua platéia, injetando altas doses de sacarose (nas lamentações à esposa morta e no seu indefectível olhar de peixe-morto) e de frases feitas dignas do que existe de pior na literatura de auto-ajuda (principalmente no relacionamento entre pai e filho) que seriam intragáveis, não fosse a sua sinceridade macarrônica - o ator/diretor/roteirista realmente tem fé naquilo tudo, coitado!
Mas acima de qualquer outra coisa, impressiona e deprime a presença física do ator, completamente deformado e inchado (provavelmente pelo excesso de anabolizantes ingeridos durante sua vida), o que acaba transformando “Rocky Balboa” num show triste e melancólico, de fim de carreira mesmo - no pior sentido que o termo possa significar. Chegou a me provocar lágrimas, confesso. Afinal, em tempos de alienação e ignorância, eu também torcia empolgado pela vitória dos Rambos e Rockys da vida em favor do "american way of life"...
Felizmente, hoje em dia essa ladainha não convence mais ninguém. Sem dúvida, um triste fim.
Cotação: * * 1/2